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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Um braço de mulher


Rubem Braga



Subi ao avião com indiferença, e como o dia não estava bonito, lancei apenas um olhar distraído a essa cidade do Rio de Janeiro e mergulhei na leitura de um jornal. Depois fiquei a olhar pela janela e não via mais que nuvens, e feias. Na verdade, não estava no céu; pensava coisas da terra, minhas pobres, pequenas coisas. Uma aborrecida sonolência foi me dominando, até que uma senhora nervosa ao meu lado disse que "nós não podemos descer!". O avião já havia chegado a São Paulo, mas estava fazendo sua ronda dentro de um nevoeiro fechado, à espera de ordem para pousar. Procurei acalmar a senhora.

Ela estava tão aflita que embora fizesse frio se abanava com uma revista. Tentei convencê-la de que não devia se abanar, mas acabei achando que era melhor que o fizesse. Ela precisava fazer alguma coisa, e a única providência que aparentemente podia tomar naquele momento de medo era se abanar. Ofereci-lhe meu jornal dobrado, no lugar da revista, e ficou muito grata, como se acreditasse que, produzindo mais vento, adquirisse maior eficiência na sua luta contra a morte.

Gastei cerca de meia hora com a aflição daquela senhora. Notando que uma sua amiga estava em outra poltrona, ofereci-me para trocar de lugar, e ela aceitou. Mas esperei inutilmente que recolhesse as pernas para que eu pudesse sair de meu lugar junto à janela; acabou confessando que assim mesmo estava bem, e preferia ter um homem — "o senhor" — ao lado. Isto lisonjeou meu orgulho de cavalheiro: senti-me útil e responsável. Era por estar ali eu, um homem, que aquele avião não ousava cair. Havia certamente piloto e co-piloto e vários homens no avião. Mas eu era o homem ao lado, o homem visível, próximo, que ela podia tocar. E era nisso que ela confiava: nesse ser de casimira grossa, de gravata, de bigode, a cujo braço acabou se agarrando. Não era o meu braço que apertava, mas um braço de homem, ser de misteriosos atributos de força e proteção.

Chamei a aeromoça, que tentou acalmar a senhora com biscoitos, chicles, cafezinho, palavras de conforto, mão no ombro, algodão nos ouvidos, e uma voz suave e firme que às vezes continha uma leve repreensão e às vezes se entremeava de um sorriso que sem dúvida faz parte do regulamento da aeronáutica civil, o chamado sorriso para ocasiões de teto baixo.

Mas de que vale uma aeromoça? Ela não é muito convincente; é uma funcionária. A senhora evidentemente a considerava uma espécie de cúmplice do avião e da empresa e no fundo (pelo ressentimento com que reagia às suas palavras) responsável por aquele nevoeiro perigoso. A moça em uniforme estava sem dúvida lhe escondendo a verdade e dizendo palavras hipócritas para que ela se deixasse matar sem reagir.

A única pessoa de confiança era evidentemente eu: e aquela senhora, que no aeroporto tinha certo ar desdenhoso e solene, disse suas malcriações para a aeromoça e se agarrou definitivamente a mim. Animei-me então a pôr a minha mão direita sobre a sua mão, que me apertava o braço. Esse gesto de carinho protetor teve um efeito completo: ela deu um profundo suspiro de alívio, cerrou os olhos, pendeu a cabeça ligeiramente para o meu lado e ficou imóvel, quieta. Era claro que a minha mão a protegia contra tudo e contra todos, estava como adormecida.

O avião continuava a rodar monotonamente dentro de uma nuvem escura; quando ele dava um salto mais brusco, eu fornecia à pobre senhora uma garantia suplementar apertando ligeiramente a minha mão sobre a sua: isto sem dúvida lhe fazia bem.

Voltei a olhar tristemente pela vidraça; via a asa direita, um pouco levantada, no meio do nevoeiro. Como a senhora não me desse mais trabalho, e o tempo fosse passando, recomecei a pensar em mim mesmo, triste e fraco assunto.

E de repente me veio a idéia de que na verdade não podíamos ficar eternamente com aquele motor roncando no meio do nevoeiro - e de que eu podia morrer.

Estávamos há muito tempo sobre São Paulo. Talvez chovesse lá embaixo; de qualquer modo a grande cidade, invisível e tão próxima, vivia sua vida indiferente àquele ridículo grupo de homens e mulheres presos dentro de um avião, ali no alto. Pensei em São Paulo e no rapaz de vinte anos que chegou com trinta mil-réis no bolso uma noite e saiu andando pelo antigo viaduto do Chá, sem conhecer uma só pessoa na cidade estranha. Nem aquele velho viaduto existe mais, e o aventuroso rapaz de vinte anos, calado e lírico, é um triste senhor que olha o nevoeiro e pensa na morte.

Outras lembranças me vieram, e me ocorreu que na hora da morte, segundo dizem, a gente se lembra de uma porção de coisas antigas, doces ou tristes. Mas a visão monótona daquela asa no meio da nuvem me dava um torpor, e não pensei mais nada. Era como se o mundo atrás daquele nevoeiro não existisse mais, e por isto pouco me importava morrer. Talvez fosse até bom sentir um choque brutal e tudo se acabar. A morte devia ser aquilo mesmo, um nevoeiro imenso, sem cor, sem forma, para sempre.

Senti prazer em pensar que agora não haveria mais nada, que não seria mais preciso sentir, nem reagir, nem providenciar, nem me torturar; que todas as coisas e criaturas que tinham poder sobre mim e mandavam na minha alegria ou na minha aflição haviam-se apagado e dissolvido naquele mundo de nevoeiro.

A senhora sobressaltou-se de repente e muito aflita começou a me fazer perguntas. O avião estava descendo mais e mais e entretanto não se conseguia enxergar coisa alguma. O motor parecia estar com um som diferente: podia ser aquele o último e desesperado tredo ronco do minuto antes de morrer arrebentado e retorcido. A senhora estendeu o braço direito, segurando 0 encosto da poltrona da frente, e então me dei conta de que aquela mulher de cara um pouco magra e dura tinha um belo braço, harmonioso e musculado.

Fiquei a olhá-lo devagar, desde o ombro forte e suave até as mãos de dedos longos. E me veio uma saudade extraordinária da terra, da beleza humana, da empolgante e longa tonteira do amor. Eu não queria mais morrer, e a idéia da morte me pareceu tão errada, tão feia, tão absurda, que me sobressaltei. A morte era uma coisa cinzenta, escura, sem a graça, sem a delicadeza e o calor, a força macia de um braço ou de uma coxa, a suave irradiação da pele de um corpo de mulher moça.

Mãos, cabelos, corpo, músculos, seios, extraordinário milagre de coisas suaves e sensíveis, tépidas, feitas para serem infinitamente amadas. Toda a fascinação da vida me golpeou, uma tão profunda delícia e gosto de viver uma tão ardente e comovida saudade, que retesei os músculos do corpo, estiquei as pernas, senti um leve ardor nos olhos. Não devia morrer! Aquele meu torpor de segundos atrás pareceu-me de súbito uma coisa doentia, viciosa, e ergui a cabeça, olhei em volta, para os outros passageiros, como se me dispusesse afinal a tomar alguma providência.

Meu gesto pareceu inquietar a senhora. Mas olhando novamente para a vidraça adivinhei casas, um quadrado verde, um pedaço de terra avermelhada, através de um véu de neblina mais rala. Foi uma visão rápida, logo perdida no nevoeiro denso, mas me deu uma certeza profunda de que estávamos salvos porque a terra existia, não era um sonho distante, o mundo não era apenas nevoeiro e havia realmente tudo o que há, casas, árvores, pessoas, chão, o bom chão sólido, imóvel, onde se pode deitar, onde se pode dormir seguro e em todo o sossego, onde um homem pode premer o corpo de uma mulher para amá-la com força, com toda sua fúria de prazer e todos os seus sentidos, com apoio no mundo.

No aeroporto, quando esperava a bagagem, vi de perto a minha vizinha de poltrona. Estava com um senhor de óculos, que, com um talão de despacho na mão, pedia que lhe entregassem a maleta. Ela disse alguma coisa a esse homem, e ele se aproximou de mim com um olhar inquiridor que tentava ser cordial. Estivera muito tempo esperando; a princípio disseram que o avião ia descer logo, era questão de ficar livre a pista; depois alguém anunciara que todos os aviões tinham recebido ordem de pousar em Campinas ou em outro campo; e imaginava quanto incômodo me dera sua senhora, sempre muito nervosa. "Ora, não senhor." Ele se despediu sem me estender a mão, como se, com aqueles agradecimentos, que fora constrangido pelas circunstâncias a fazer, acabasse de cumprir uma formalidade desagradável com relação a um estranho - que devia permanecer um estranho.

Um estranho — e de certo ponto de vista um intruso, foi assim que me senti perante aquele homem de cara desagradável. Tive a impressão de que de certo modo o traíra, e de que ele o sentia.

Quando se retiravam, a senhora me deu um pequeno sorriso. Tenho uma tendência romântica a imaginar coisas, e imaginei que ela teve o cuidado de me sorrir quando o homem não podia notá-lo, um sorriso sem o visto marital, vagamente cúmplice. Certamente nunca mais a verei, nem o espero. Mas o seu belo braço foi um instante para mim a própria imagem da vida, e não o esquecerei depressa.



O texto acima foi publicado no livro “Os melhores contos – Rubem Braga”, seleção de Davi Arrigucci Jr., Global Editora – São Paulo, e selecionado por Ítalo Moriconi para compor o livro “Os cem melhores contos brasileiros do século”, Editora Objetiva – Rio de Janeiro, 2000, pág. 169.


Cansada

 

Pendurando as Chuteiras

Cansei. De pesar as palavras, de domar os afetos, de esgueirar os sentidos. Cansei de explicar. De justificar. De emprestar minhas mãos para que se cavem abismos. Cansei das unhas quebradas e das pontas dos dedos em sangue. Não quero mais a cabeça baixa, os olhos famintos, a alegria capenga de um entendimento fugaz. Cansei de chegar antes, de esperar sentada, das mãos postas. Cansei de abrir portas e janelas, cansei de arrumar sala, cansei de servir o chá. Cansei do sorriso educado, da frase de efeito, do melhor ângulo pra fotografia. Cansei de esperar a palavra, o sorriso, o abraço. Cansei da dor que deixo surgir em mim. Cansei da garganta em sal, dos olhos molhados, do oco no peito. Estou cansada das horas, das páginas, das suposições. Cansei de adivinhar. Sou eu. Essa. Cansada. Sorriso mais triste, sigo. No espelho, desconheço a melancolia que pinta despedidas no meu olho. Lavo as mãos, a alma, largo os sonhos. Rasgo os diálogos planejados, as tiradas espontâneas disciplinadamente ensaiadas, volto um a um os passos que dei em direção ao nada que eu chamava encontro. Como quem cutuca a ferida, investigo as boas memórias que vão perdendo adjetivos. Não foram boas, não são memórias, são narrativas que fiz sobre o vazio. Ou quase. Nem isso. Nem posso dizer-te personagem meu. Estás ali, fora, inteiro, sem precisar e sem saber de mim mais do que o gesto fácil e a palavra leve. Então é isso: um lamento. Só um instante a mais antes de bater a chinela, sacudir os ombros, espiar a estrada e deixar o vento fazer seu serviço. Só um instante pra fazer de conta que escrever ajuda. Mas não. Bastava dizer: dói, vou ali chorar um pouco.

Body and Soul - Chet Baker



Body And Soul lyrics

Johnny W. Green / Edward Heyman / Robert Sour / Frank Eyton

You're making me blue
All that you do
Seems unfair
You try not to hear
Turn a deaf ear
To my prayer
It seems you don't want to see
What you are doingg to me
My arms are waiting to caress you
And to my heart they long to press you, sweet heart

My heart is sad and lonely
For you I cry
For you, dear, only
I tell you I mean it
I'm all for you
Body and soul

I spend my days in longing
And wondering it's me you're wronging
Why haven't you seen it
I'm all for you
Body and soul

I can't believe it
It hard to conceive it
That you'd turn away romance
Are you pretending
Don't say it's the ending
I wish I could have one more change to prove, dear
My life a hell your'e making
You know I'm yours for just the taking
I'd gladly surrender
Myself to you
Body and soul

Life's dreary for me
Day's seem to be long as years
I've looked for the sun
But can see none
Through my tears
Your heart must be like a stone
To leave me like this alone
When you could make my life worth living
By taking what I'm set on giving, sweet heart

My heart is sad and lonely
For you I cry
For you, dear, only
I tell you I mean it
I'm all for you
Body and soul

Bridge Over Troubled Water, Central Park - Simon & Garfunkel

Palavras BemDitas...

Com Fúria e Raiva




Com fúria e raiva acuso o demagogo
E o seu capitalismo das palavras



Pois é preciso saber que a palavra é sagrada
Que de longe muito longe um povo a trouxe
E nela pôs sua alma confiada


De longe muito longe desde o início
O homem soube de si pela palavra
E nomeou a pedra a flor a água
E tudo emergiu porque ele disse


Com fúria e raiva acuso o demagogo
Que se promove à sombra da palavra
E da palavra faz poder e jogo
E transforma as palavras em moeda
Como se fez com o trigo e com a terra

Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas"

Perguntas Cafeanas

 



Qual a diferença entre o amargo e o azedo?


 

Porque raio é que os furacões tem sempre nomes de mulher

 
 

Quando será que os gerentes dos restaurantes vão perceber que se fizerem um cliente esperar uma hora por uma simples omelete, o mais provável é esse cliente nunca mais vai lá querer por os pés?

O lado musical de Scorsese

por Ana Laura Malmaceda

scorsese 2

O diretor norte-americano Martin Scorsese não é conhecido só por sua obra ficcional, mas também como documentarista de música
O clássico do mês de BRAVO! em dezembro é o livro Conversas com Scorsese, uma série de entrevistas do crítico Richard Schickel com o diretor nova-iorquino Martin Scorcese. Além de ter feito parte da geração de cineastas que mudou o cinema em Hollywood, abrindo espaço para as produções mais autorais nos Estados Unidos, Scorsese teve uma relação íntima com bandas de rock e desenvolveu um trabalho documental rico sobre música. Confira a seleção de alguns documentários essenciais da filmografia de Scorsese:

Woodstock
No início de sua carreira, Scorsese participou da montagem e das gravações do festival Woodstock, marco do movimento hippie nos anos 60 e também dos filmes de concertos. Em Conversas com Scorsese, o diretor cita um episódio em que o iluminador Chip Monk, que, segundo ele, “fazia a melhor luz para shows de rock naquela época”, genialmente escolheu o violeta para destacar os black powers da banda funk Sly and The Family Stone. As películas eram extremamente sensíveis, incapazes de aguentar o estouro de cores gerado pela combinação entre a pele negra dos músicos e os holofotes de tom púrpura. O resultado foram as imagens reluzentes de “I Want to Take You Higher”:



The Last Waltz
O vídeo abaixo faz parte de The Last Waltz, filme sobre o último show da banda canadense The Band. O documentário é a “última valsa” do grupo, que se separou depois de 16 anos na estrada. No vídeo, os convidados (Neil Young, Muddy Waters, Joni Mitchell, Ron Wood, Joan Baez, Ringo Starr...) cantam "I Shall Be Released", composição do também participante Bob Dylan. A apresentação ocorreu no dia de ação de graças de 1976, mesmo ano de lançamento de Taxi Driver, título mais consagrado da filmografia do diretor. Scorsese produzia dois filmes na época, o musical New York, New York – um de seus trabalhos mais conturbados – e Caminhos Perigosos. A proposta inicial era apenas registrar algumas cenas do show. Entretanto, o material rendeu um filme, que Scorsese montou de graça. Outra curiosidade: dizem que na filmagem original, Neil Young aparece com uma sujeira branca no canto do nariz, retirada pelo diretor na edição.



Bad
Engana-se quem pensa que a história de gangues mais famosa da filmografia do diretor é entre Bill "Açougueiro" Cutting e Amsterdam Vallon, vividos respectivamente pelos atores Daniel Day-Lewis e Leonardo DiCaprio, em Gangues de Nova Iorque. Scorsese dirigiu um dos videoclipes mais famosos de Michael Jackson, Bad. Repare no minuto 3:45 do vídeo. O foragido no cartaz não parece o diretor?




Bob Dylan: No direction Home
No Direction Home é um retrato de Bob Dylan entre 1961 e 1966. O filme mostra a fase mais conturbada - e também mais inventiva - da carreira do músico. Registros inéditos até então, como o do show no qual ele é chamado de "Judas" por ter trocado o violão pela guitarra, aparecem pela primeira vez no título. Segundo o diretor, o fio condutor do longa é “Dylan ser ele mesmo onde quer que fosse levado”. Durante o filme, o cantor está sempre em movimento, durante as turnês “eletrificadas” de 1965. A fuga dos rótulos e da figura de “voz de uma geração” do músico mostra-se presente em todas as cenas, dentro e fora do palco. Mesmo não tendo filmado o documentário – a proposta de realizar No Direction Home veio do produtor e arquivista de Bob Dylan, Jeff Rosen, que abriu horas de filmagens inéditas –, Scorsese diz que o trabalho foi mais engrandecedor do que O Último Concerto de Rock e Shine a Light.



Shine a Light
Gravado em 2006, Shine a Light é um documentário sobre um show dos Rolling Stones durante a turnê A Bigger Bang Tour. O fôlego interminável da banda é o fio condutor do filme, que mescla cenas de arquivo, imagens de backstage e o show propriamente dito, cheio de convidados especiais como Christina Aguilera, Buddy Guy, Jack White e até Bill Clinton. Em Shine a Light, Scorsese não dirigiu os Stones, apenas registrou a performance. Prova disso é que o diretor não sabia quais seriam as canções dos dois dias filmagem.




George Harrison, Frank Sinatra, Mick Jagger...
Além do documentário Living in The Material World, sobre o introspectivo ex-beatle George Harrison, o diretor prepara para 2012 mais uma incursão musical, desta vez sobre Frank Sinatra, e tem planos para uma série de televisão sobre a história da música, em parceria com Mick Jagger. Veja o trailer do documentário sobre George Harrison para a emissora de televisão HBO, assinado pelo diretor:



O livro
Conversas com Scorsese, de Richard Schickel.
Editora: Cosac Naify e Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

Sob Medida

Maria Bethânia
Isabella Taviani
 Fafá de Belém
Todas "Sob Medida"

dizer o que??????????





Fatal Attraction






The Golden Gate Bridge is an iconic structure; a symbol of San Francisco, the West, freedom -- and something more, something spiritual, something words cannot describe.

The director and crew spent an entire year focusing on the Bridge. Running cameras for almost every daylight minute, they documented nearly two dozen suicides and a great many unrealized attempts. In addition, the director captured nearly 100 hours of incredibly frank, deeply personal, often heart-wrenching interviews with the families and friends of the departed, as well as with several of the attempters themselves.

THE BRIDGE is a visual and visceral journey into one of life's gravest taboos, offering glimpses into the darkest, and possibly most impenetrable corners of the human mind.

Available on DVD June 12, 2007
http://www.kochlorberfilms.com/product.asp?ID=KLF-3122