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domingo, 30 de outubro de 2011

Beijo - poesia de Jorge de Sena

Beijo

Um beijo em lábios é que se demora
e tremem no de abrir-se a dentes línguas
tão penetrantes quanto línguas podem.
Mas beijo é mais. É boca aberta hiante
para de encher-se ao que se mova nela
E dentes se apertando delicados.
É língua que na boca se agitando
irá de um corpo inteiro descobrir o gosto
e sobretudo o que se oculta em sombras
e nos recantos em cabelos vive.
É beijo tudo o que de lábios seja
quanto de lábios se deseja.
Jorge de Sena

Nasceu em Lisboa a 2 de Novembro de 1919 e faleceu em Santa Barbara (Califórnia) a 4 de Junho de 1978. Foi poeta, crítico, ensaísta, ficcionista, dramaturgo, tradutor e professor universitário.

Marisa Monte QUEBRA O SILÊNCIO...





O CD TÁ LINDO! NÃO PERCAM!!!

"O que Você Quer Saber de Verdade" - Marisa Monte



Marisa Monte lança 8º CD e quebra o sossego dos últimos anos

Marisa de Azevedo Monte passa ilesa pelos olhares de mais de 30 pessoas de uma equipe de TV que grava na porta do parque das Ruínas, no bairro carioca de Santa Teresa, onde foram feitas algumas fotos deste ensaio. Talvez porque ela não se pareça com Marisa Monte.
A carioca de 44 anos usa uma malha cinza, calça skinny e óculos de casco de tartaruga. Nos pés, bota de couro vinho e salto quadrado, amarrada atrás como um espartilho. Os cabelos também estão amarrados, num coque alto. Nada fluido, florido nem molinho como a imaginação tende a vestir a cantora. E sua boca não é vermelha nessa tarde de terça.
É que a faceta cantora de Marisa Monte anda ficando mais em casa. "Trabalhei demais até os 35. Tinha turnê de 80 shows que acabava tendo 120. Não quero mais isso, não", comenta com o fotógrafo Walter Firmo, logo que chega.

Walter Firmo/Folhapress
A cantora Marisa Monte, que lança seu 8º CD, em ensaio especial para a revista *Serafina*
A cantora Marisa Monte, que lança seu 8º CD, em ensaio especial para a revista Serafina
Os dois se conheceram na sessão de fotos para a Serafina. Firmo fez história retratando sambistas desde 1960 e Marisa sonhava em ser fotografada por ele.
Ela aparece pouco na mídia. E quando o faz é com intuito certeiro. Dessa vez, a ideia é promover o lançamento do CD "O que Você Quer Saber de Verdade" neste 31 de outubro, no Brasil e em mais 30 países. Além de apontar por quem, onde e como preferia ser clicada, o "entourage" ao seu redor pediu que a reportagem respeitasse seu silêncio. Não daria entrevista.
Grandes colaboradores dela, procurados pela reportagem, também optaram por não falar. Caso de Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes, parceiros de composição, que alegaram estar muito ocupados.
Mas Marisa não se opôs à presença do repórter na sessão de fotos. E falou abertamente nas cinco horas de sessão. Cumprimentou todo mundo com dois beijos, comeu um sanduíche de
queijo amarelo na hora do almoço. Mais antidiva, difícil.
"Ela comprou fotos minhas", disse o fotógrafo Firmo antes de a cantora chegar. O retrato de Pixinguinha ela deu para o pai. O de Clementina de Jesus, de costas, ficou com ela. A compra dos dois somou R$ 30 mil. Dinheiro que ela tem, mas em que não se liga. "Não sou do tipo de pessoa que quer ter um jatinho. Nunca tive o sonho da ilha própria", continua no set.
Mais antidiva, improvável.
Duas horas de maquiagem, cabelo e escolha de roupas e sai do camarim Marisa Monte: vestido fluido, cabelo solto, boca carmim e uma sandália dourada. A gravação pela qual ela passou batida pausa para ver passar a cantora, agora com a cara que sua música teve durante a carreira.
Ela se apoia na parede de tijolos aparentes. Vira-se de costas e mostra o zíper do vestido, que travou e não conseguiram fechar. "Não faz mal. Tá tudo bem." Ao fazer as primeiras poses, pede: "Posso segurar o vestido, pra ele não sujar?". Mais antidiva, impossível.
Terminada a sessão em que sentou numa cadeira de palhinha, imitando Pixinguinha em foto dos anos 1960, Marisa improvisa. Sobe no parapeito do prédio, com vista para o Pão de Açúcar. Abre os braços sobre o muro, a uns cinco metros do chão, sem nada que a segure em caso de queda.
"Adoro seu perfil", diz o fotógrafo. "Eu também adoro meu perfil", responde. Fazem então várias fotos dela de lado, e sua desenvoltura deixa claro que é dona do próprio nariz.
DONA DO NARIZ
Mesmo: Marisa é a feliz proprietária de tudo o que gravou na vida. São 115 obras e 310 fonogramas que lançou desde 1987, quando iniciou o ofício. Conquistou a independência de fazer o que quer.
Isso permite que ela hoje escolha o que grava e o que lança e relança. Sem alarde nem avisar gravadora. O novo álbum, por exemplo, foi gravado em seis meses, com viagens a São Paulo, Nova York, Los Angeles e Buenos Aires.
Ela diz no site oficial que o CD é seu oitavo. Exclui da conta "Infinito ao meu Redor" (2008), trilha do documentário autobiográfico de mesmo nome, e "Tribalistas" (2002), com Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes. "É um projeto coletivo", explica ela na página da internet.
Por mais que negue "Tribalistas" como obra própria, é desse álbum que saiu "Velha Infância", a música mais executada de sua carreira no rádio, tanto na categoria compositora quanto como cantora, atesta levantamento feito pelo Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) para a Serafina.
Para o CD, Marisa aprendeu a "falar" com um novo instrumento. "Ela descobriu no uquelele uma maneira de se expressar que tem muito a ver com ela", diz Adriana Calcanhotto, amiga de Marisa desde que esta foi ver sua primeira apresentação no Rio, em 1989.
O instrumento é primo havaiano do machete. "Os portugueses levaram a viola, chamada de braguinha, para a ilha no fim do século 19", diz o luthier Marcelo Silva, que produz uqueleles. "É como se fosse um cavaquinho, bem brasileiro, mas virado ao contrário."
É que as cordas do uquelele fazem o caminho inverso dos outros parentes do violão: as de cima são as primas, de som mais agudo, e as de baixo são os bordões, notas mais graves. A inversão da lógica no instrumento em que ela diz ter se encontrado vale também para sua carreira.
VOZ PELADA
Marisa Monte surgiu para o público de uma vez, como uma erupção. "Ela contrariou os hábitos e as regras", diz Nelson Motta, que a produziu para o pop quando a cantora ainda pertencia ao universo erudito e cantava ópera, no fim da década de 1980.
"Com ela, eu consegui fazer um trabalho sem nenhuma concessão." Por liberdade total, Motta quer dizer apresentar a cantora com um CD ao vivo, sem truques de gravação em estúdio nem programas eletrônicos para melhorar o timbre. Ela estreou de voz pelada.
O resultado foi "MM", álbum que vendeu meio milhão de cópias e emplacou "Bem que Se Quis" como trilha de novela global. Pronto: nascia junto à década a primeira --e única?--- diva dos anos 1990.
Desde então, Marisa vendeu 10 milhões de CDs. Recolocou Tim Maia na moda musical. Pôs o samba de volta em posição cool e ganhou três Grammy. "Ela toma as escolhas certas, sempre. Faz o que quiser", diz Motta. "Parece um roteiro pré-escrito em que tudo dá certo."
Resolvida a vida profissional, os últimos anos da cantora foram dedicados à pessoal.
"Tem uns três anos que a Portela não vê a Marisa", conta Tia Surica, sambista da Velha Guarda da Portela, grupo retratado no documentário "O Mistério do Samba", que Marisa produziu e protagonizou.
O filme estreou nos cinemas em 2008. A data coincide com o nascimento de Helena, filha de Marisa e de Diogo Pires Gonçalves. Ele é empresário e agente de atores e de outros cantores, como Silvia Machete, mas não da própria mulher.
"Eu tenho família. Dois filhos, uma de três [anos, Helena] e outro de oito [anos, Mano Wladimir, filho do músico Pedro Bernardes]. Não dá para levar a mesma vida de antes", diz a cantora a Firmo.
Desde que virou mãe de dois, a escola de samba azul e branco da rua Clara Nunes, em Madureira, saiu da sua rotina.
A sambista Surica diz que, mesmo à distância, a comunidade "morre de amores por essa menina. Sempre morreu".
O pai de Marisa é Carlos Monte, figura central da Portela, que voltou à diretoria da agremiação em 2004. "Quando eu tenho uma necessidade, ligo para ela, deixo recado e resolvo o que tenho que resolver", continua Tia Surica. Mas e a saudade? "Saudade também, mas ligo mais por coisas práticas, ela é muito prática", conta a tia de consideração.
O hiato de três anos, em que Marisa só participou de alguns shows, como o da cantora mexicana Julieta Venegas, foi acompanhado por poucos amigos. Calcanhotto foi um deles: "Acho incrível poder desfrutar do silêncio com alguém de quem a gente gosta muito".
O lutador Anderson Silva diz que adorou gravar o clipe de "Ainda Bem", música nova. Nele, Silva e Monte dançam num encontro silencioso, enquanto ela canta ao fundo.
E a volta da cantora parece que será feita do mesmo silêncio, quando não estiver cantando. Marisa Monte não está no Facebook. Teve uma conta por dez minutos e cometeu suicídio virtual. Explicou depois, em carta aos fãs, que a decisão foi "ao me dar conta da demanda".
Quem quiser romper o silêncio dela que compre seu CD novo. Ou entre no perfil dela no site de perguntas e respostas FormSpring, onde ela adota o nome Procure Saber (formspring.me/mmprocuresaber) e explica sua quietude: "Muito tempo se perde com informações sem a menor relevância. Tempo para mim é precioso e tenho preferido usá-lo com outras coisas".

CHICO FELITTI
http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/998624-marisa-monte-lanca-8-cd-e-quebra-o-sossego-dos-ultimos-anos.shtml





Bandinha é a mãe

Aqui, mais sobre a banda de Wagner Moura


Por Ariane Abdallah

Sua Mãe não é uma bandinha de brincadeira, na qual Wagner Moura toca nas horas vagas. Sua Mãe é a banda que existe há 17 anos, graças à dedicação de seus sete integrantes: Gabriel, Claudio David, Ede Marcus, Serjão Brito, Tangre, Leco. Ah, sim, e Wagner, o vocalista.
Todos eles são amigos de infância, se conheceram em Salvador. Compor e tocar juntos viraram desculpas para continuarem se encontrando depois que cada um seguiu seu caminho – a maioria dos integrantes é jornalista, inclusive Wagner, que se formou em Salvador. Quando se conheceram, ainda meninos, curtiam rock inglês. E escutavam música “brega” porque morar na Bahia significa ouvir as vozes de Reginaldo Rossi, Odair José, Waldick Soriano, Amado Batista, Roberto Carlos... enquanto se caminha pela rua. Sempre tem um boteco tocando esses cantores ou um rádio ligado na janela da casa de alguém. “Quando começamos, a banda era um pouco cover do The Cure, Smiths, Joy Division, New Order, mas, todos nós baianos, ouvíamos muito também 'músicas de puteiro'. Então a onda era juntar a melancolia do rock inglês com a melancolia desses compositores superpopulares”, explica Wagner. “A banda cresceu com esse conceito que eu acho muito original pra uns garotos de 15 anos”, defende ele, empolgado com o lançamento do primeiro CD no dia 9 de maio, Dia das Mães, com um compilado de composições desses 17 anos.





"Sou só um cara" - Wagner Moura


Não há controvérsia: Wagner Moura é um dos atores mais respeitados do Brasil. Mesmo assim, nunca assinou contrato com a Globo. É um dos homens mais desejados pelas mulheres. Mesmo assim, está casado há nove anos com uma fotógrafa que não frequenta colunas sociais. Faz parte da lista de celebridades de revistas de fofoca. Mesmo assim, nunca posou para a Caras. Baiano de fala mansa, ganhou fama como o truculento capitão Nascimento, em Tropa de Elite. Desse jeito nada óbvio, o ator de 33 anos abriu sua casa e o camarim de Tropa de Elite 2 para falar à Tpm de família, casamento, medo e assédio


Coronel Nascimento sobe a escada da livraria e vem em minha direção. Mas desvia, senta numa mesa, pede um café, fala meia dúzia de palavras que não parecem ensaiadas e... “Cortou”, anuncia José Padilha. “Vamos fazer mais uma?”, sugere o diretor de Tropa de Elite 2, com estreia prevista para o segundo semestre de 2010. Há uma hora, a cena se repete diante de mim – que, até o fechamento desta edição, fui a única jornalista a visitar os bastidores do filme mais esperado do ano.

“Vamos fazer de novo, mas antes deixa eu falar com a Ariane”, responde o ator Wagner Moura, 33. Agora sim, caminha realmente em minha direção. Segura no meu ombro e fala: “Será que pode trocar de lugar? Fico te vendo aí atrás e me confundo”, com a voz baixa, o jeito baiano e uma gentileza que não faz diferença entre esta repórter, um amigo e uma fã.

“O Wagner Moura é lindo! Estou encostando a mão nele!”, grita, ao telefone, uma garota que passava em frente à delegacia carioca onde foi a gravação no dia anterior. “Me sinto como um suvenir”, observa o ator, mais tarde. As seis horas de conversa que tive com ele – em sua casa, no set e em um café – resultaram em uma parceria inédita com nossa revista irmã, a Trip, que neste mês também publica, nas Páginas Negras, parte da entrevista com Wagner, com enfoque no tema da edição: drogas.

Homem pra casarWagner – que em Tropa de Elite chamou a atenção de muita mulher com uma cena em que chega em casa e diz para a esposa: “Quem manda nessa porra aqui sou eu!” – tornou-se uma espécie de unanimidade. Quando eu contava para mulheres que iria entrevistá-lo, elas mandavam beijos e diziam frases como “Ele é para casar”. Enquanto os homens reconheciam: “É um grande ator”. Se o foco do papo são suas ideias, drogas, política, Wagner vai longe em suas reflexões. Mas, quando os questionamentos migram para família, experiências pessoais, assédio feminino... as frases custam a ser concluídas.

O ator recebeu esta repórter em sua casa ecologicamente correta – com reaproveitamento de água de chuva e ar-condicionado com um gás que não prejudica a camada de ozônio. Lá, mora com a família: sua mulher, a fotógrafa Sandra Delgado (grávida de seis meses), e o filho Bem, de 4 anos.

Aquela era a sexta semana de filmagem de Tropa 2, e a imprensa estava proibida de entrar no set por causa do trauma com o primeiro filme, em 2007, que foi para os camelôs antes de chegar à telona. Entrei na delegacia com a atriz e colunista da Tpm Maria Ribeiro e, pouco a pouco, conquistei a confiança do diretor José Padilha. Por isso, pude ver cenas como a do cabelo de Wagner sendo pintado com um pó branco por cerca de 40 minutos antes de gravar – no longa, ele está grisalho. No dia seguinte, fui convidada a fazer figuração numa cena. O que poderia ser mais rico para entender o universo do meu entrevistado do que participar dele?

Mas o universo de Wagner vai bem além de caminhar de um lado para o outro à ordem de “ação”. Nascido em Salvador, começou a fazer teatro na escola. Formou-se em jornalismo, mas mudou para o Rio de Janeiro para viver de arte, em 2000, quando estreou o espetáculo A Máquina, dirigido por João Falcão. Hoje, tem 18 longas, 7 peças, 2 novelas e mais de 20 prêmios na bagagem – dois deles pela peça Hamlet, de 2008. No cinema fez, por exemplo, Ó paí ó (Monique Gardenberg, 2007) e Cidade Baixa (Sérgio Machado, 2004), mas estourou em Tropa de Elite, ao mesmo tempo em que vivia o vilão Olavo, na novela global Paraíso Tropical.

Além de Tropa 2, Wagner está no filme VIPs, de Toniko Melo, com estreia prevista para o segundo semestre, quando ele começa a rodar Homem do Futuro, longa de Claudio Torres. Mas nenhum trabalho o empolga mais do que o lançamento, em 9 de maio, Dia das Mães, do primeiro CD de sua bandaThe Very Best of Greatest Hits of Sua Mãe –, criada com amigos de infância, em 1992.






A seguir, você conhece Wagner Moura, o cara que jamais diria “quem manda nessa porra aqui sou eu”, mas também não entende esse mundo em que homem pinta a unha.

Tpm. Em Tropa de Elite tem uma cena em que o capitão Nascimento chega em casa e grita com a mulher: “Quem manda nessa porra aqui sou eu!”. Já ouvi mulheres dizendo que adoram essa parte e outras que abominam. O que você pensa sobre a cena?
Wagner Moura.
O personagem é evidentemente um macho diferente de mim [risos]. Mas eu vejo ali um homem frágil em relação à mulher, apesar de a cena representar o oposto, de a mulher estar inferiorizada. Eu estou em pé, a Maria está sentada. Ele bota o dedo na cara dela, rasga o papel dela, mas eu vejo um homem precisando de ajuda. Um homem pequeno em relação à vida. Essa caricatura de que o homem é o cara que manda na casa é reflexo de uma insegurança dessa pessoa que passa o filme inteiro se tremendo, tendo ataque do coração, tomando remédio. Mas as mulheres acham essa cena boa?

Algumas sim, dizem: “Queria um desse lá em casa!”. Nunca tinha pensado nessa cena assim... Mas hoje vejo que o mundo caminha para uma coisa de metrossexualismo, um novo tipo de homem, que me parece esquisito. Alguns homens heterossexuais estão se feminilizando, e mulheres se masculinizando. Mas sei que os homens gostam das mulheres femininas. E o que eu vejo hoje é um “pós-tudo”, parece que está ficando careta ser homem. Talvez seja um fenômeno do contemporâneo. Eu sou antigo, não tenho iPod, não sei o que é Twitter, Orkut, MSN, compro CD, livro, não leio coisa na internet. Mas acho que as mulheres que gostam dessa cena estão buscando o arquétipo do macho perdido. Talvez sintam falta de um cara que, pô, não vai no salão de beleza e fica pintando a unha.

Que tipo de homem você é? O cara mais normal que existe, que leva o filho na escola, trabalha, volta pra casa. Sou canceriano, caseiro, gosto de ficar com a minha mulher, com a minha família, com meus amigos. Sou esse cara mediano, sabe? Que toma cerveja no sábado, assiste o jogo, mas gosta de Shakespeare. Aí falam: “Tem uma sensibilidade, é artista” [risos].

A Sandra (Delgado, mulher de Wagner) é simples, uma pessoa comum. Você gosta dessas mulheres que reinventam o próprio corpo? Tem algumas que ficam lindas, grandes... Mas eu gosto do tipo da San. Acho mais bonito. Gosto de pessoa com cara de pessoa. De mulheres e homens que pareçam seres humanos. Tem pessoa que parece outra coisa diferente, principalmente artista. [Pausa] San é linda, cara.

O que te levaria a falar alto na sua casa? Aqui tudo é muito negociadinho, conversado, impera a harmonia. Não tem grito nem estresse no meu dia a dia. Se precisa falar mais sério, falamos, tanto eu quanto San. Pra eu gritar demora muito, é raro. Se alguém pode dizer que “quem manda nessa casa aqui sou eu”, não sou eu [risos].
O que faz você chegar ao limite? [Pensa por alguns segundos] Uma coisa que tenho aprendido com meu filho é que às vezes tem que falar sério com as crianças. O Bem é Leão com Escorpião, é danado. Sei que tenho uma função importante de ser a figura que administra, que situa ele. Educar uma criança é uma aventura incrível. E eu tenho esse compromisso com ele, que é o mais importante da minha vida: fazer ele virar um cara legal. Falar sério sem gritar, fazer ele entender que tem pai, autoridade.

Essa ideia de como educar vem de onde? Meus pais são do interior da Bahia, meu pai tem 74 anos. Quando eu era criança, não tinha essa onda de desobedecer pai, dizer malcriação. Então tenho essa herança. Hoje em dia, vejo tanta criança mal-educada, que bate no pai, grita com a mãe... Eu vou ter outro filho agora, e só penso nisso. É outra coisa desse fenômeno do “mundo pós”, não sei se por conta do liberalismo dos anos 70... Mas as crianças pedem autoridade. Essa coisa debatida com os estudiosos de educação de deixar a criança fazer tudo não é uma demonstração de amor. Ao contrário, amor é dizer “não pode”, o que é mais difícil.

Como foi a sua infância? Quando eu era criança morava no interior, e tem algumas coisas que não eram tão legais. Por exemplo, hoje em dia sou mais aberto com meu filho. Meu pai me protegia muito. Às vezes vejo o Bem fazendo uma coisa e falo: “Deixa ele fazer”. Porque o cara cai e aí se liga. Tem essa coisa que contradiz a educação que eu tive, que é deixar rolar. E, ao mesmo tempo, que reafirma, que é impor limite. Hoje em dia, meus pais falam: “Você está sendo duro com o menino”. Mas eu gosto de ser tanto amoroso quanto duro.

Quando comentava com homens e mulheres que ia entrevistá-lo, em geral, as reações eram positivas. Você sente essa admiração que as pessoas têm por você? Eu não tenho muita ideia do que as pessoas pensam de mim, não. E procuro não me relacionar com isso. Sou preocupado e até vaidoso com meu trabalho, com o que as pessoas pensam dele. Selton [Mello, ator e diretor de cinema] diz que não lê mais crítica. Eu leio, discordo, fico puto e acho bom quando a crítica é boa. Mas quanto a uma imagem que eu tenha, se é que isso existe, não sei o que ela é. Por outro lado, entendo as pessoas querendo saber, conhecer...

“O que eu vejo hoje é um pós-tudo, parece que está ficando careta ser homem. Talvez seja um fenômeno do contemporâneo”
Em algum momento você se deslumbrou? Não. Mas todos nós somos um tanto narcisistas. Tenho um superorgulho de tudo o que fiz, tenho projetos pra dirigir, escrever, lançar minha banda, que é uma coisa que adoro. Aliás, é um perigo porque é muito mais astral do que trabalhar como ator.

Como assim? Os caras [da banda Sua Mãe, formada por ele, vocalista, e mais seis integrantes] são meus amigos da escola, e o rock tem uma coisa desencanada, uma falta de rigor. Talvez se eu tivesse que fazer um show por semana ficasse chato, mas do jeito que é posso tomar uma cerveja que não fico preocupado se vou ficar rouco, que amanhã tenho que acordar cedo. Isso me dá um prazer muito grande. Eu fiquei adulto, né?

Quantos anos você tinha quando chegou ao Rio de Janeiro? 23. Eu trabalho como ator desde os 14, e uma hora comecei a achar que não ia rolar mais, não tava rolando trabalho, ao mesmo tempo eu estava indo forte na faculdade, achava que ia ser jornalista. Aí teve o Enecom, Encontro Nacional de Estudantes de Comunicação, em Floripa. Comprei minha passagem com a galera. Aí uma diretora de teatro com quem trabalhei um monte, Hebe Alves, me ligou e falou: “José Possi Neto [diretor de teatro] está aqui em Salvador e precisa de atores homens. Indiquei você e Vladimir [Brichta, amigo de Wagner]. Só que era no dia que eu ia viajar. Falei: “Porra, Hebe, eu vou pra Florianópolis, acho que não sou ator...”. Mas por um lado era como se alguém estivesse dizendo: “Você tem mais uma chance de fazer isso”. Fiquei com essa questão me atormentando. Quando estava todo mundo no ônibus, eu peguei minha passagem, dei pra um amigo que estava sem e fui fazer o teste. Aí o Possi falou: “Gostei muito da sua leitura”. Era de noite, estava chovendo, mas eu fui embora correndo até minha casa, que era longe. Não consegui ficar parado de tanta felicidade. E essa alegria, desse jeito, não tenho mais com o que faço. Tenho alegrias, acontecem coisas superlegais, trabalhos que gosto, mas não tenho mais esse frisson de correr na chuva. E a banda é uma coisa que me dá uma alegria parecida com isso.

Desde quando tem a banda? Desde 1992, regularmente tocando. Shows que cinco pessoas viram [risos].


Por que chama Sua Mãe?
 Não lembro mais. É nome de banda de garoto, né? “Sua Mãe é massa”, “Poxa, Sua Mãe é legal...” [risos].

Quem é sua mãe? Minha mãe é quem brincava comigo quando eu era criança. Meu pai se esforçava pra brincar, mas não tinha a manha. A minha mãe era menina, me teve com 21 anos, e era uma cabrita de cidade do interior da Bahia. Até hoje se conserva muito jovial. A gente tem esse gosto de cantar junto. Às vezes eu saía com ela em Salvador, falava: “Aí, mãe, vamos tomar uma cerveja?”. E a gente ia. Era um programa que não rolava muito com meu pai. Ele é o contrário, tem uma coisa serena. Com ele era mais um lance de conversar, ele era dos livros, da leitura. Minha mãe era também muito louca, muito honesta nos sentimentos dela. Tipo: “Ah, você é uma criança? Foda-se, tô puta”.

Você tem uma irmã dois anos mais nova. Como é a relação de vocês? É um amor muito grande que eu tenho pela Leu [Lediane]. Ela é pediatra de UTI, faz plantão, e eu durmo tarde, então a gente se fala muito na madrugada. Três da manhã, e ela: “E, aí, tá fazendo o quê?”. E eu: “Ah, tô de bobeira”. Meu pai e minha mãe são muito diferentes, e minha irmã e eu sempre fomos muito unidos. A gente tinha uma coisa de querer descobrir quem são nossos pais. De sacar eles, de entender pra onde é que está indo a nossa vida [risos].

Você é casado há quanto tempo? Vai fazer dez anos.

Não deve ser fácil ser mulher do Wagner Moura. Isso é muito tranquilo, cara. Eu sou famoso, mas ela é uma pessoa milhões de vezes mais interessante que eu [risos].

Ela também é de Salvador. Como se conheceram? A gente se conhecia da faculdade. Entrei um pouquinho antes, mas a gente fazia parte da mesma turma. Só fomos namorar depois, quando eu já estava fazendo A Máquina e fui passar um Carnaval em Salvador. A gente já vinha se encontrando, se olhando... Aí ficamos juntos o Carnaval inteiro, depois eu tinha que voltar pro Rio. Falei [pausadamente, quase gaguejando]: “Eu tô morando lá no Rio, vou voltar para lá, e quero que você venha também”. Ela falou: “Tá bom”. Aí veio. A gente ficou se conhecendo morando junto. É chocante, né? Ainda bem que deu certo.

Não teve medo?
Eu me apaixonei por ela, não quis deixar isso pra trás. E nunca fui um cara medroso.

Você pensava em casar, ter filho? Não. Mas os cancerianos são caseiros. Tenho uma relação com a família, com a coisa da casa, desde menino. O meu pai, militar, é um homem lindo, mas é sertanejo. A primeira vez que veio pro Rio, moleque, foi no pau de arara, pra ser porteiro, lavador de prato. Sempre se preocupou com minha educação, e a impressão que eu tinha é que ele achava um desperdício eu, um garoto inteligente, ser ator. Ele nunca me botou contra a parede, mas isso nunca foi um barato pra ele. Então eu tive que bancar um negócio que não tinha certeza se ia dar certo. Foi uma época de sensação de solidão, a coisa de família não era tão clara.

Você assistiu ao parto do Bem? Assisti. Foi muito louco porque eu estava filmando Saneamento Básico em Bento Gonçalves. A filmagem acabou num dia e, à noite, San me liga, muito calma, e fala: “Ó, a bolsa estourou”. Eu saí de lá feito louco, mobilizei o filme inteiro. Era meia-noite, me botaram num táxi na madrugada, cheguei de manhãzinha em Porto Alegre. Peguei um voo, fiz escala em Curitiba, e, nisso, falando no telefone com a médica. Cheguei no Rio, puta engarrafamento no caminho. Parecia filme. Falei pro taxista: “Deixa minhas coisas ali na próxima maternidade que vou correndo” [risos]. Cheguei eram 10h50, ele nasceu às 11h02. Foi o dia mais emocionante que tive na vida.

O que aconteceu quando você o viu? Foi incrível. Eu acho que a mãe desenvolve uma relação com o neném muito imediata, porque ele está dentro dela. O pai fica ali meio... um cara idiota que quer ajudar. Mas, quando peguei ele, me senti tipo Rei Leão. Pensei: “Sou pai”.

Depois da fama, em nenhum momento deu um nó na sua cabeça, de pensar que agora pode ter a mulher que quiser? Não é isso também... As pessoas estão se relacionando com uma imagem, não sou eu. Não sou um galã. Eu vejo os caras bonitos, Rodrigo Santoro, Cauã Reymond, gatões... Eu sou só um cara aí [risos].

Vi no YouTube uma cena de você discutindo com um jornalista na entrada de um show do João Gilberto... O jornalista me chamou de estrela. Fiquei muito chateado com aquilo. Me senti muito agredido por ele. Porque o meu comportamento anticelebridade, de não me relacionar com determinado tipo de imprensa [ele nunca saiu na Caras e já declarou que não concede entrevista à Veja], por incrível que pareça, me coloca às vezes numa posição de antipático.

Me disseram que você empurrou o repórter nesse dia. Imagina. Jamais empurrei. Só falei: “Nunca mais falo com você”.

Qual foi o assédio mais absurdo que teve? Ah, aquilo que você viu ontem [a menina que, em frente ao set, se pendurou no pescoço dele, pediu para tirar foto e ligou para alguém para contar].

Você já perdeu a paciência alguma vez? Não. Às vezes San fica irritada, diz: “Desculpa, a gente está jantando, lamento”. Eu fico mais nessa de tentar entender a situação, não fico sorrindo se não estiver com vontade.

Ao contrário de atores da sua geração, como seus amigos Lázaro Ramos e Vladimir Brichta, Selton Mello e Mateus Nachtergaele, você nunca teve contrato com a Globo. Por quê? Eu não ia me sentir bem. Agora mesmo eu ia fazer a novela do Gilberto Braga, mas achei que não era hora e respondi isso com tranquilidade. Como eu poderia dizer: “Porra, quero ir pra Bahia, ficar com meu filho...”, se eu estivesse ganhando uma grana todo mês?

O que você faz quando tem um dia livre? Acordo supertarde, fico com o Bem, brincando com ele...

“Não sou um galã. Eu vejo os caras bonitos, Rodrigo Santoro, Cauã Reymond, gatões... Eu sou só um cara aí”
Quem são seus amigos? Tenho poucos e bons. O Lazinho [o ator Lázaro Ramos, padrinho de seu filho] virou meu amigo porque um dia, eu tinha uns 18 anos, fui ver uma peça dele e falei: “Vamos ser amigos?”. O Vlad, Ângelo [Paes Leme, ator], os meninos da banda, de Salvador. Mas a maioria é jornalista, que estudou comigo... Quando admiro alguém, quero ser amigo. Por exemplo, uma menina que conheci que fiquei querendo ser amigo foi a Mallu Magalhães. Ela é uma graça. Pensei: “Eu só tenho amigo velho”. Achei ela tão inteligente, tão simpática. Não sei se ela quer ser minha amiga. Da mesma forma, sou amigo de Aderbal Freire [Filho, diretor de teatro], que tem 69 anos.

Qual foi a última vez que você chorou? Fiz uma cena agora no Tropa 2 que bateu uma emoção, uma coisa com filho – porque tenho um filho grande no filme –, que eu chorei muito. Não choro tanto, gostaria de chorar mais [risos]. Me sinto bem depois.

Li em entrevistas que você era deprimido na adolescência, verdade? Não é que eu fosse deprimido. Nasci em Salvador, meus pais são de Rodelas [cidade no interior da Bahia, a 550 quilômetros da capital, com cerca de 7 mil habitantes]. Meu pai era sargento da aeronáutica, e, quando eu nasci, ele logo foi transferido para o Rio. Então veio morar aqui de novo, desta vez com a gente, fui alfabetizado aqui. Mas ele era saudoso de voltar pro sertão, ouvia Luiz Gonzaga, tinha o sentimento de estar no lugar errado. Por isso, quando se aposentou, voltamos para morar no sertão. Até que ele resolveu ir para Salvador, em 89, porque queria que a gente estudasse em boas escolas. Eu era um menino que vivia livre no interior. Não me achei naquele universo.

Por quê? Eu não me interessava pelas coisas que os garotos se interessavam. Tinha uma resistência, era como se forçasse minha natureza a gostar de ir naquelas festas, daquele papo dos caras que pegavam o carro dos pais. Fiquei muito sozinho nesse período. Logo meu apelido na escola virou “óvni”. E era triste isso porque quando você tem essa idade o que mais quer é que as meninas gostem de você, que os caras joguem bola com você e isso não aconteceu comigo, eu era... óvni [risos]. Mas fazia teatro lá, e, por incrível que pareça, nas peças eu relaxava, as pessoas se impressionavam que eu fazia teatro direito. Também tive dificuldade com o ensino, porque eu nunca tinha visto um compasso, nunca tinha tido aula de inglês. Nunca fiz recuperação na vida porque era muito cara a escola pro meu pai pagar.
“Fiz uma cena, no Tropa 2, que bateu uma emoção, uma coisa com filho, chorei muito. Não choro tanto, queria chorar mais”
Você tinha essa consciência na época? Claro. Minha mãe não trabalhava, tinha Danone na minha casa uma vez por mês. Eu estudava pra caralho. Quando foi em 92, mudei para uma escola que tinha acabado de abrir, então ninguém se conhecia. Senti que lá podia ser quem eu quisesse, não precisava mais ser óvni. E aí foi massa, conheci Gabriel [companheiro de banda], comecei a fazer teatro numa escola que uma amiga me levou... Essas coisas importantíssimas, que acontecem por acaso e podem determinar sua vida.

Você acredita em acaso? Acho que a vida é isso. Mas não tenho a menor dúvida de que a gente faz nosso caminho, de que temos um poder grande também. Me interesso muito por religião. Meus pais são espíritas kardecistas, minha avó era católica, eu fui coroinha da igreja em Rodelas. Em Salvador, eu não concebia o fato de ser um baiano que não tivesse uma relação com a cultura do candomblé. Então minha aproximação com o candomblé foi muito mais cultural do que religiosa. Nos últimos tempos tenho me interessado também pela ciência, na mesma batida, uma coisa que te faça entender o que não tem explicação.

E, em Deus, acredita? Tenho a impressão de que realmente nós todos somos Deus. Esse poder de construir o seu caminho é a onda do poder divino. Fico pensando que Deus é o homem do futuro, o cara que vai um dia usar seu potencial mental completamente e entender: “Caralho, sou Deus”.

Já fez terapia? Fiz terapia três vezes na vida. Na primeira vez, eu tinha 17 anos e não tinha... problemas [risos]. Mas eu queria me autoanalisar, ver melhor quem eu era, me potencializar. Mas vida de ator você viaja... eu passo dois meses filmando, aí, quando volto, esqueço de ir, paro. E a terapia tem uma disciplina. Quando vim para o Rio, fiz com uma terapeuta freudiana. Eu estava me sentindo só, não sabia como ia ser minha vida, se mudava pra cá, se voltava para a Bahia. “Será que eu vou frustrar o meu pai? Será que vou morrer de fome? Será que vou ser um poeta bêbado? Não quero... [Risos.]” Me ajudou a aceitar essa transição, a relaxar. Fiz também um pouco antes de o Bem nascer, ia ser pai e estava com medo dessa passagem... “Será que eu vou virar um adulto? Vou perder certa inconsequência?” Não é porque tenho filho que quero ficar com medo das coisas, de aprender a decolar um avião, como fiz para o filme VIPs, ou andar de moto. Eu morro de medo é da mediocridade, do meio, do burocrático.

Você hoje faz meditação transcendental. Como é na prática? Fico assim [sentado numa cadeira com as pernas paralelas e as mãos sobre as pernas] e fecho o olho. Vinte minutos de manhã e 20 à noite. Nesse ritmo de filmagem faço só uma vez por dia. É um lance que vai ao encontro dessa coisa de ser Deus. Nada mais é do que olhar pra si mesmo e reconhecer em você o universo inteiro.

Texto por Ariane Abdallah Fotos Jorge Bispo
http://revistatpm.uol.com.br/revista/97/paginas-vermelhas/sou-so-um-cara.html#20

“Boo”


When Did Ghosts Start Saying “Boo”?

Everyone knows that ghosts say “boo,” but when did they first start using that scary word? And what about ghosts in other parts of the world—do they have their own version of boo?

Ghosts were saying "boo!" by the middle of the 19th century, though the exclamation had been used to frighten English-speaking children for at least 100 years before that. Perhaps the first appearance of boo in print comes from the book-length polemic Scotch Presbyterian Eloquence Display’d (1738), in which author Gilbert Crokatt defines it as , “a word that’s used in the north of Scotland to frighten crying children.” (It's not clear why people in Scotland would want to frighten a crying child.) The verbal tactic had been adopted by proper ghosts—and people with sheets on their heads—by the 1820s at the latest.
Variations of the word boo—including bo and boh—have been found in books as published as far back as 500 years ago. While the Oxford English Dictionary notes the similarity between bo and the Latin boāre and the Greek βοãv, both meaning “to cry aloud, roar, shout,” it’s unlikely that bo and boo—as nonsensical exclamations—derived from these words. An etymological dictionary of Scottish from 1808 notes that the sound might denote "a sound in imitation of the cry of a calf," or be related to menacing creatures like the bu-kow and the bu-man (a possible ancestor of the modern bogeyman).

The combination of the voiced, plosive b- and the roaring -oo sounds makes boo a particularly startling word. Some linguists argue that the “ooh” or “oh” sounds can be pronounced at a higher volume than other vowel sounds, such as the “ee” in “wheel.” Since boo is a monosyllable, it can also be said very quickly, which may add to its scariness.

If you want to frighten someone in Spain, you can say uuh (pronounced like ooh in English), and in France you can say hou. A Czech ghost might say baf. In most European languages, including non-Romance languages like Polish and Turkish, the sound boo is also understood as an attempt to scare someone, but it comes in different spellings. For example, the Spanish version is written as ¡bú!
The use of the word boo for jeering doesn’t seem to have come about until the 19th century. Boo is now used in slang to mean boyfriend or girlfriend (the term appears to derive from beau, meaning lover), and in the 1950s it was hipster slang for marijuana—but these usages seem to be unrelated.

By
http://www.slate.com/articles/life/explainer/2011/10/why_do_ghosts_say_boo_.html?GT1=38001