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quarta-feira, 20 de março de 2013

Simultaneidade




- Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!
- Você é louco?
- Não, sou poeta.
( Mario Quintana )

Homenagem a Fernando Sabino

Uma pequena homenagem a Fernando Sabino

 
Depois de algum tempo sem dar as caras por aqui – não foi por falta de vontade, acreditem -, retorno com um texto sobre Fernando Sabino, um de meus mestres (o principal, na verdade). Este texto não é senão uma versão reduzida de uma matéria que escrevi e que foi publicada na revista Conhecimento Prático Literatura nº 27, de dezembro de 2010.

 
Nascido em Belo Horizonte, em 12 de outubro de 1923, Sabino começou a carreira literária muito cedo, aos treze anos de idade, quando teve publicado um conto na revista Argus, da polícia de Minas Gerais. No livro “O tabuleiro de damas”, seu “esboço autobiográfico” – como ele mesmo costumava dizer –, Sabino conta que, estimulado por uma irmã, começou a participar do concurso de crônicas de uma revista do Rio de Janeiro, a Carioca. Depois, começou a participar do concurso de contos promovido pela mesma revista, e foi também premiado pelas ficções curtas. Era tão comum ganhar os concursos – que eram semanais – que Sabino passou a “receber o dinheiro adiantado do representante da revista em Belo Horizonte”.
E foi no conto e na crônica que Sabino conquistou mais leitores. Suas crônicas – a maioria delas bem-humoradas e divertidas, mas há também as sérias e críticas – e seus contos inusitados e engraçados – não há como não citar “O homem nu”, adaptado duas vezes para o cinema, e “Macacos me mordam” – têm um alcance um pouco maior que seus romances e novelas. Mas é inegável que, não obstante a qualidade e a popularidade de seus contos, foi com as crônicas engraçadas, com os casos que só ele conseguia contar que o escritor mineiro mais se destacou – até porque foi o gênero que mais praticou durante toda a carreira.
Há quem diga que, melhor cronista que Sabino, só Rubem Braga. Para não causar discussão, o melhor mesmo é fazer como um personagem de uma crônica do próprio Fernando, e dizer que fica resolvido, assim, o impasse de qual dos dois é o maior cronista brasileiro: resolvemos depois.
O primeiro livro publicado de Fernando Sabino foi “Os grilos não cantam mais”, de contos, em 1941, aos dezoito anos de idade. Já o segundo foi uma novela, “A marca”, em 1944, elogiadíssima na época – e ainda hoje. Depois deles vieram “A cidade vazia” (1950, crônicas) e “A vida real” (1952, composto por três novelas). Somente em 1956 é que “O encontro marcado” seria publicado. Daí para a publicação de “O grande mentecapto”, seu segundo romance, se passariam 23 anos. Sendo que o livro teve parte de seu material escrito em 1946. Sabino conta em “O tabuleiro de damas” como tudo aconteceu:
“Num domingo de 1979, mexendo no meu arquivo, encontrei as cinquenta e poucas páginas que havia escrito sobre Viramundo [protagonista do livro], já amareladas pelo tempo. Tomei-me de brios e entrei num transe tão maluco como os de meu personagem. Comecei a escrever dia e noite sem parar, terminei o livro em dezoito dias, em meio a crises de riso e de choro”.
“O menino no espelho”, o terceiro romance, teve mais sorte e não demorou muito para vir à luz, o que aconteceu em 1982, apenas três anos depois do anterior. Em 2004, alguns meses antes da sua morte, foi publicado “Os movimentos simulados”, romance que o autor havia escrito em 1946 – um ano produtivo para o autor, percebe-se – e que foi útil durante a realização de “O encontro marcado”, mas que havia sido deixado de lado, guardado em alguma gaveta. Nos últimos anos de sua vida, ao fazer o inventário de sua obra, Sabino reencontrou o livro “perdido” e decidiu publicá-lo, mantendo a linguagem original, “meio rebarbativa, sem escanhoá-la”, diz o autor na nota introdutória ao livro, que completa, portanto, o quarteto que forma a obra romanesca de Fernando.
Obra essa que foi ofuscada pelas crônicas. Hoje, talvez apenas “O encontro marcado” tenha ainda um grande apelo, que infelizmente parece nem ser mais tão grande assim. Os outros romances, apesar de ainda lidos e comentados, não têm a atenção que merecem. Jorge Amado considerava, por exemplo, “O menino no espelho” como sendo uma obra-prima (em “Navegação de cabotagem”, o escritor baiano revela que é este o livro de Sabino que mais gosta). Nele, Fernando narra sua infância com toques de realismo fantástico, de fábula: ele voa num pedaço de bambu, se torna agente secreto, é campeão mineiro de futebol pelo América – fazendo o gol do título, contra o Atlético –, entre outras façanhas.
Além de romances, crônicas, contos e novelas, Fernando Sabino escreveu uma série de perfis sobre pessoas com as quais conviveu (publicados em “Gente”), reportagens publicadas em vários jornais e revistas, deixou para seus leitores sua correspondência com Clarice Lispector (“Cartas perto do coração”), uma seleta das cartas que enviou para Otto, Hélio e Paulo (“Cartas na mesa”), e vários textos seus que não haviam sido publicados ainda em livro – inclusive revelando uma outra faceta do escritor, a de crítico literário – em “Livro aberto”(2001). Além disso, Sabino foi cineasta (filmou dez documentários sobre dez escritores brasileiros) e era um amante do jazz – tocava bateria, e dizem que era dos bons.
Sabino faleceu em 11 de outubro de 2004, às vésperas de completar 81 anos de idade. Morreu em casa, cercado pelos filhos, como queria que fosse. Ele e sua obra se mantêm vivos, tendo os filhos de Fernando desempenhado um trabalho louvável e incansável para divulgar os livros e a figura do autor. Em 2006, quando “O encontro marcado” completou 50 anos, foi lançada uma edição comemorativa, com um encarte especial produzido pelos filhos do escritor. Há um projeto chamado “Encontro marcado com Fernando Sabino” que já passou por Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo – além de, claro, Belo Horizonte, onde foi inaugurado – que expõe objetos do escritor, painéis que retratam suas obras e sua vida, fotos e muitas outras atrações. Como se pode ver, o homem se foi, mas sua obra permanece, e através dela Fernando Sabino continua vivo, encantando e divertindo milhares de velhos e novos leitores.
 
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Discurso de Pepe Mujica en Río+20

Photo: POR FAVOR, LÉANLO.. ES FANTÁSTICO!


Discurso de Pepe Mujica en Río:
El discurso ya se está considerando histórico,
Mujica habló ante una audiencia de mandatarios que con desgano escucharon las verdades brutales que les decía, recien a días del discurso, la prensa internacional y el mundo comienzan a tener en cuenta que no fue un simple discurso el que dijo el presidente uruguayo.

Autoridades presentes de todas la latitudes y organismos, muchas gracias. Muchas gracias al pueblo de Brasil y a su Sra. presidenta, Dilma Rousseff. Muchas gracias también, a la buena fe que han manifestado todos los oradores que me precedieron. 
Expresamos la íntima voluntad como gobernantes de apoyar todos los acuerdos que, esta, nuestra pobre humanidad pueda suscribir. 

Sin embargo, permítasenos hacer algunas preguntas en voz alta. 

Toda la tarde se ha hablado del desarrollo sustentable. De sacar las inmensas masas de la pobreza. 

¿Qué es lo que aletea en nuestras cabezas? ¿El modelo de desarrollo y de consumo que queremos es el actual de las sociedades ricas? 

Me hago esta pregunta: ¿qué le pasaría a este planeta si los hindúes tuvieran la misma proporción de autos por familia que tienen los alemanes? Cuánto oxígeno nos quedaría para poder respirar? 

Más claro: ¿tiene el mundo los elementos materiales como para hacer posible que 7 mil u 8 mil millones de personas puedan tener el mismo grado de consumo y de despilfarro que tienen las más opulentas sociedades occidentales? ¿Será eso posible?

¿O tendremos que darnos otro tipo de discusión? 

Hemos creado esta civilización en la que hoy estamos: hija del mercado, hija de la competencia y que ha deparado un progreso material portentoso y explosivo. 

Pero la economía de mercado ha creado sociedades de mercado. Y nos ha deparado esta globalización, cuya mirada alcanza a todo el planeta. 

¿Estamos gobernando esta globalización o ella nos gobierna a nosotros? 

¿Es posible hablar de solidaridad y de que “estamos todos juntos” en una economía que basada en la competencia despiadada? ¿Hasta dónde llega nuestra fraternidad? 

No digo nada de esto para negar la importancia de este evento. Por el contrario: el desafío que tenemos por delante es de una magnitud de carácter colosal y la gran crisis que tenemos no es ecológica, es política. 

El hombre no gobierna hoy a las fuerzas que ha desatado, sino que las fuerzas que ha desatado gobiernan al hombre. Y a la vida. 
No venimos al planeta para desarrollarnos solamente, así, en general. Venimos al planeta para ser felices. Porque la vida es corta y se nos va. Y ningún bien vale como la vida. Esto es lo elemental. 

Pero la vida se me va a escapar, trabajando y trabajando para consumir un “plus” y la sociedad de consumo es el motor de esto. Porque, en definitiva, si se paraliza el consumo, se detiene la economía, y si se detiene la economía, aparece el fantasma del estancamiento para cada uno de nosotros. 

Pero ese hiper consumo es el que está "agrediendo" al planeta. 

Y tienen que generar ese hiper consumo, cosa de que las cosas duren poco, porque hay que vender mucho. Y una lamparita eléctrica, entonces, no puede durar más de 1000 horas encendida.
¡Pero hay lamparitas que pueden durar 100 mil horas encendidas!
Pero esas no, no se pueden hacer; porque el problema es el mercado, porque tenemos que trabajar y tenemos que sostener una civilización del “úselo y tírelo”, y así estamos en un círculo vicioso. 

Estos son problemas de carácter político.
Nos están indicando que es hora de empezar a luchar por otra cultura. 

No se trata de plantearnos el volver a la época del hombre de las cavernas, ni de tener un “monumento al atraso”.
Pero no podemos seguir, indefinidamente, gobernados por el mercado,
"sino que tenemos que gobernar al mercado". 

Por ello digo, en mi humilde manera de pensar, que el problema que tenemos es de carácter político.
Los viejos pensadores –Epicúreo, Séneca y también los Aymaras- definían: “pobre no es el que tiene poco sino el que necesita infinitamente mucho”.
Y desea más y más. 

"Esta es una clave de carácter cultural" 

Entonces, voy a saludar el esfuerzo y los acuerdos que se hagan.
Y lo voy acompañar, como gobernante.
Sé que algunas cosas de las que estoy diciendo "rechinan".
Pero tenemos que darnos cuenta de que la crisis del agua y de la agresión al medio ambiente no es la causa.
La causa es el modelo de civilización que hemos montado.
Y lo que tenemos que revisar es nuestra forma de vivir.

Pertenezco a un pequeño país muy bien dotado de recursos naturales para vivir. En mi país hay poco más de 3 millones de habitantes.
Pero hay unos 13 millones de vacas, de las mejores del mundo.
Y unos 8 o 10 millones de estupendas ovejas.
Mi país es exportador de comida, de lácteos, de carne.
Es una penillanura y casi el 90% de su territorio es aprovechable. 

Mis compañeros trabajadores, lucharon mucho por las 8 horas de trabajo. Y ahora están consiguiendo las 6 horas.
Pero el que tiene 6 horas, se consigue dos trabajos; por lo tanto, trabaja más que antes.
¿Por qué?
Porque tiene que pagar una cantidad de cosas: la moto, el auto, cuotas y cuotas y cuando se quiere acordar, es un viejo al que se le fue la vida. 

Y uno se hace esta pregunta: ¿ese es el destino de la vida humana?
¿Solamente consumir?

Estas cosas que digo son muy elementales: el desarrollo no puede ser en contra de la felicidad.
Tiene que ser a favor de la felicidad humana; del amor a la tierra,
del cuidado a los hijos, junto a los amigos. "Y tener, sí, lo elemental" 

Precisamente, porque es el tesoro más importante que tenemos.
Cuando luchamos por el medio ambiente, tenemos que recordar que el primer elemento del medio ambiente se llama "felicidad humana"

El discurso ya se está considerando histórico.

Mujica habló ante una audiencia de mandatarios que con desgano escucharon las verdades brutales que les decía, recien a días... del discurso, la prensa internacional y el mundo comienzan a tener en cuenta que no fue un simple discurso el que dijo el presidente uruguayo.

Autoridades presentes de todas la latitudes y organismos, muchas gracias. Muchas gracias al pueblo de Brasil y a su Sra. presidenta, Dilma Rousseff. Muchas gracias también, a la buena fe que han manifestado todos los oradores que me precedieron.
Expresamos la íntima voluntad como gobernantes de apoyar todos los acuerdos que, esta, nuestra pobre humanidad pueda suscribir.

Sin embargo, permítasenos hacer algunas preguntas en voz alta.

Toda la tarde se ha hablado del desarrollo sustentable. De sacar las inmensas masas de la pobreza.

¿Qué es lo que aletea en nuestras cabezas? ¿El modelo de desarrollo y de consumo que queremos es el actual de las sociedades ricas?

Me hago esta pregunta: ¿qué le pasaría a este planeta si los hindúes tuvieran la misma proporción de autos por familia que tienen los alemanes? Cuánto oxígeno nos quedaría para poder respirar?

Más claro: ¿tiene el mundo los elementos materiales como para hacer posible que 7 mil u 8 mil millones de personas puedan tener el mismo grado de consumo y de despilfarro que tienen las más opulentas sociedades occidentales? ¿Será eso posible?

¿O tendremos que darnos otro tipo de discusión?

Hemos creado esta civilización en la que hoy estamos: hija del mercado, hija de la competencia y que ha deparado un progreso material portentoso y explosivo.

Pero la economía de mercado ha creado sociedades de mercado. Y nos ha deparado esta globalización, cuya mirada alcanza a todo el planeta.

¿Estamos gobernando esta globalización o ella nos gobierna a nosotros?

¿Es posible hablar de solidaridad y de que “estamos todos juntos” en una economía que basada en la competencia despiadada? ¿Hasta dónde llega nuestra fraternidad?

No digo nada de esto para negar la importancia de este evento. Por el contrario: el desafío que tenemos por delante es de una magnitud de carácter colosal y la gran crisis que tenemos no es ecológica, es política.

El hombre no gobierna hoy a las fuerzas que ha desatado, sino que las fuerzas que ha desatado gobiernan al hombre. Y a la vida.
No venimos al planeta para desarrollarnos solamente, así, en general. Venimos al planeta para ser felices. Porque la vida es corta y se nos va. Y ningún bien vale como la vida. Esto es lo elemental.

Pero la vida se me va a escapar, trabajando y trabajando para consumir un “plus” y la sociedad de consumo es el motor de esto. Porque, en definitiva, si se paraliza el consumo, se detiene la economía, y si se detiene la economía, aparece el fantasma del estancamiento para cada uno de nosotros.

Pero ese hiper consumo es el que está "agrediendo" al planeta.

Y tienen que generar ese hiper consumo, cosa de que las cosas duren poco, porque hay que vender mucho. Y una lamparita eléctrica, entonces, no puede durar más de 1000 horas encendida.
¡Pero hay lamparitas que pueden durar 100 mil horas encendidas!
Pero esas no, no se pueden hacer; porque el problema es el mercado, porque tenemos que trabajar y tenemos que sostener una civilización del “úselo y tírelo”, y así estamos en un círculo vicioso.

Estos son problemas de carácter político.
Nos están indicando que es hora de empezar a luchar por otra cultura.

No se trata de plantearnos el volver a la época del hombre de las cavernas, ni de tener un “monumento al atraso”.
Pero no podemos seguir, indefinidamente, gobernados por el mercado,
"sino que tenemos que gobernar al mercado".

Por ello digo, en mi humilde manera de pensar, que el problema que tenemos es de carácter político.
Los viejos pensadores –Epicúreo, Séneca y también los Aymaras- definían: “pobre no es el que tiene poco sino el que necesita infinitamente mucho”.
Y desea más y más.

"Esta es una clave de carácter cultural"

Entonces, voy a saludar el esfuerzo y los acuerdos que se hagan.
Y lo voy acompañar, como gobernante.
Sé que algunas cosas de las que estoy diciendo "rechinan".
Pero tenemos que darnos cuenta de que la crisis del agua y de la agresión al medio ambiente no es la causa.
La causa es el modelo de civilización que hemos montado.
Y lo que tenemos que revisar es nuestra forma de vivir.

Pertenezco a un pequeño país muy bien dotado de recursos naturales para vivir. En mi país hay poco más de 3 millones de habitantes.
Pero hay unos 13 millones de vacas, de las mejores del mundo.
Y unos 8 o 10 millones de estupendas ovejas.
Mi país es exportador de comida, de lácteos, de carne.
Es una penillanura y casi el 90% de su territorio es aprovechable.

Mis compañeros trabajadores, lucharon mucho por las 8 horas de trabajo. Y ahora están consiguiendo las 6 horas.
Pero el que tiene 6 horas, se consigue dos trabajos; por lo tanto, trabaja más que antes.
¿Por qué?
Porque tiene que pagar una cantidad de cosas: la moto, el auto, cuotas y cuotas y cuando se quiere acordar, es un viejo al que se le fue la vida.

Y uno se hace esta pregunta: ¿ese es el destino de la vida humana?
¿Solamente consumir?

Estas cosas que digo son muy elementales: el desarrollo no puede ser en contra de la felicidad.
Tiene que ser a favor de la felicidad humana; del amor a la tierra,
del cuidado a los hijos, junto a los amigos. "Y tener, sí, lo elemental"

Precisamente, porque es el tesoro más importante que tenemos.
Cuando luchamos por el medio ambiente, tenemos que recordar que el primer elemento del medio ambiente se llama "felicidad humana".


*El video de la intervención del Presidente de Uruguay, José Mujica, durante la Conferencia ONU sobre Desarrollo Sostenible Río+20, en la que hizo un llamado a cambiar el modelo económico, se ha difundido rápidamente por las redes sociales.


Published on Jun 22, 2012
José Pepe Mujica Río + 20