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domingo, 18 de março de 2012

Muitos a cantaram, aqui alguns...






'Garota de Ipanema' completa 50 anos

Em foco: 'Garota de Ipanema' completa 50 anos cheia de popularidade

Olha que coisa mais linda

‘Garota de Ipanema’ é a segunda canção mais tocada da História

 

Lançada numa boate de Copacabana, música se tornou febre planetária

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FRANK SINATRA e Tom em 1967, durante as gravações do disco cuja faixa principal é "Garota de Ipanema": música tem 500 versões
Foto: Divulgação
FRANK SINATRA e Tom em 1967, durante as gravações do disco cuja faixa principal é "Garota de Ipanema": música tem 500 versões.
RIO - Consta que é a segunda canção mais executada da História, atrás apenas de "Yesterday", dos Beatles. De acordo com a editora do grupo Universal, que administra a comercialização da música, há mais de 1,5 mil produtos (LPs, CDs, DVDs) com ela. É impossível saber ao certo o número de interpretações gravadas, mas deve ultrapassar 500. Na internet, encontram-se versões em finlandês, estoniano e até esperanto. E a inclusão em filmes, programas de TV, comerciais e jogos eletrônicos não para — só neste ano, os herdeiros de Tom Jobim e Vinicius de Moraes aprovaram a utilização na série "Mad men", num filme dos irmãos Coen e em campanhas da Nike e da Calvin Klein, dentre outras consultas.
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A saga de tamanho sucesso começou em 2 de agosto de 1962 numa casa noturna de 6 x 40 m, com capacidade para 300 pessoas bem próximas umas das outras, na Avenida Nossa Senhora de Copacabana. O empresário Flávio Ramos inaugurou a boate Au Bon Gourmet, antes um restaurante, com a reunião em cena — que jamais se repetiria — da tríade principal da bossa nova. Tom, Vinicius e João Gilberto se apresentaram durante 40 noites, em seis semanas, ao lado do grupo Os Cariocas, do baixista Otávio Bailly e do baterista Milton Banana.
Era a primeira vez que o Itamaraty autorizava o diplomata Vinicius a subir num palco, mas ele não podia receber cachê. Para compensar, tinha direito a levar amigos para vê-lo. Cinco grandes canções foram lançadas naquela temporada: "Samba do avião", "Só danço samba", "Samba da benção", "O astronauta" e ela, "Garota de Ipanema", cuja letra Vinicius escrevera em Petrópolis para a melodia que Tom compusera em seu apartamento na Rua Barão da Torre.
— A música já fazia sucesso quando era cantada. A gente logo percebeu a força e a beleza dela — recorda Severino Filho, até hoje nos Cariocas, que gravaram a canção logo em 1963, mas depois de Pery Ribeiro, o primeiro a registrá-la, no mesmo ano.
Em seus shows, o quarteto continua apresentando a introdução que Tom e Vinicius criaram à época:
João — Tom, e se você fizesse agora uma canção que possa nos dizer, contar o que é o amor?
Tom — Olha, Joãozinho, eu não saberia sem o Vinicius escrever a poesia.
Vinicius — Para esta canção se realizar, quem me dera o João para cantar!
João — Ah, mas quem sou eu? Melhor se cantássemos os três.
Esse clima intimista seria trocado por uma onda planetária em 1964 — e já com atraso. Tom gravou uma versão instrumental de "Garota de Ipanema" em seu primeiro disco americano, "The composer of ‘Desafinado’ plays", de 1963. E em março desse ano, com Tom ao piano, João, sua mulher Astrud (desconhecida até então) e o saxofonista Stan Getz — que vendera 1 milhão de cópias do LP "Jazz samba" (1962), só de músicas brasileiras, realizado com o guitarrista Charlie Byrd — fizeram para "Getz/Gilberto" um misto de "Garota de Ipanema" e "The girl from Ipanema", pois Astrud cantou a letra em inglês do versionista Norman Gimbel.
O produtor Creed Taylor, depois de ficar por muitos meses com os áudios na gaveta, resolveu cortar a voz de João da faixa e lançá-la com menos de três minutos de duração — a original tinha mais de cinco. João ficou uma fera, mas a música virou uma febre. O disco ganhou o Grammy em 1964, e "Garota de Ipanema" começou a ser gravada pelos principais cantores americanos. Até que em 1967 chegou à voz do melhor, Frank Sinatra, que chamou Tom para fazer um disco inteiro com ele.
— Uma garota passando interessa às garotas que passam e aos homens que olham. É uma história antiga — justifica e brinca o violonista Paulo Jobim, acrescentando que o pai gostava muito da composição e não se queixava de sua massificação.
Banalizada e sofisticada
"Garota de Ipanema" se tornou, como se diz, trilha de elevador, de dentista, usada em filmes muitas vezes com objetivo irônico, pois de tão tocada se tornou banal. Mas a sofisticação da criação de Tom é inegável.
— Foi a música perfeita no momento perfeito: a genialidade e a simplicidade elegante do Tom batendo em ouvidos ainda acostumados a sons mais sofisticados, como o cool jazz, que era a música jovem no mundo pré-rock — opina Joyce Moreno, uma das que gravaram a canção. — A estrutura da música é no formato tradicional AA-B-A, ou seja, duas primeiras partes, uma segunda e a volta à primeira com outra letra. Simples assim. Ou não. O A é falsamente simplíssimo, o B é cheio de desenhos melódicos, mas o encaixe é perfeito. Só parece simples.
— O Tom já era um compositor maduro e com uma bela bagagem — destaca o violonista e arranjador Mario Adnet, com vários trabalhos baseados em Tom. — Imagino que a primeira parte tenha vindo fácil, como uma bênção, bem espontânea. Já a segunda (a B) deve ter dado um certo trabalho. É claro o uso de recursos teóricos de composição, modulando uma mesma frase duas vezes pra concluir a ideia e fazer com que também soasse redondo.
De Stevie Wonder (no último Rock in Rio) a Mike Tyson (no "Caldeirão do Huck"), de Amy Winehouse (em seu CD póstumo) a Xuxa (gravou este ano com Daniel Jobim, neto de Tom, ao piano), a "Garota" continua sendo cantada por todo o mundo.


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