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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Andando de Coletivo - Caju & Castanha


Já vi de tudo
Andando coletivo
Brigar por qualquer motivo
Ai meu Deus quanta zoeira
Vi uma gorda
Enroscada na catraca
Um cara puxar a faca
E o outro bater carteira

Moça bonita
subir na porta de trás
E sair lá pela frente
Que ninguem não lhe ver mais
No empurra, empurra eu já tive a impressão
Que o meu anjo da guarda não pegou a condução

Depois lá dentro
Tem forró, tem batucada
Cantador de embolada
Esmoler tem de montão
Tem vendendor de pipoca, amendoim, chocolate ai de mim que tremenda confusão

Tem o tarado
Tem o cara folgadão que não sede seu lugar nem mesmo pra aleijado
O bebo chato
Que só fala palavrão
E o dono do ascento que viaja escancarado
Tem o cavalo
O sujeito ignorante
Que pisa no seu pé
E nem pede desculpa
Mais o pior é o tal de assaltante
Que alem de roubar
Lhe toma na força bruta

Já vi de tudo
Andando coletivo
Brigar por qualquer motivo
Ai meu Deus quanta zoeira
Vi uma gorda
Enroscada na catraca
Um cara puxar a faca
E o outro bater carteira

Moça bonita
subir na porta de trás
E sair lá pela frente
Que ninguem não lhe ver mais
No empurra, empurra eu já tive a impressão
Que o meu anjo da guarda não pegou a condução

Depois lá dentro
Tem forró, tem batucada
Cantador de embolada
Esmoler tem de montão
Tem vendendor de pipoca, amendoim, chocolate ai de mim que tremenda confusão

Tem o tarado
Tem o cara folgadão que não sede seu lugar nem mesmo pra aleijado
O bebo chato
Que só fala palavrão
E o dono do ascento que viaja escancarado
Tem o cavalo
O sujeito ignorante
Que pisa no seu calo
E nem pede desculpa
Mais o pior é o tal de assaltante
Que alem de roubar
Lhe toma na força bruta

Já vi de tudo
Andando coletivo
Brigar por qualquer motivo
Ai meu Deus quanta zoeira
Vi uma gorda
Enroscada na catraca
Um cara puxar a faca
E o outro bater carteira

Moça bonita
subir na porta de trás
E sair lá pela frente
Que ninguem não lhe ver mais
No empurra, empurra eu já tive a impressão
Que o meu anjo da guarda não pegou a condução

Depois lá dentro
Tem forró, tem batucada
Cantador de embolada
Esmoler tem de montão
Tem vendendor de pipoca, amendoim, chocolate ai de mim que tremenda confusão

Tem o tarado
Tem o cara folgadão que não sede seu lugar nem mesmo pra aleijado
O bebo chato
Que só fala palavrão
E o dono do ascento que viaja escancarado
Tem o cavalo
O sujeito ignorante
Que pisa no seu calo
E nem pede desculpa
Mais o pior é o tal de assaltante
Que alem de roubar
Lhe toma na força bruta

Já vi de tudo
Andando coletivo
Brigar por qualquer motivo
Ai meu Deus quanta zoeira
Vi uma gorda
Enroscada na catraca
Um cara puxar a faca
E o outro bater carteira

Moça bonita
subir na porta de trás
E sair lá pela frente
Que ninguem não lhe ver mais
No empurra, empurra eu já tive a impressão
Que o meu anjo da guarda não pegou a condução

No empurra, empurra eu já tive a impressão
Que o meu anjo da guarda não pegou a condução

      Você já andou de ônibus ?

      Por que andar de ônibus faz bem ao seu caráter


      Não confie completamente em uma pessoa que nunca andou de ônibus. Não importa se hoje você tem um Camaro Amarelo
      (e é doce doce doce), se você já andou de ônibus em uma fase de sua vida, você não é a mesma pessoa. Digo mais: ainda que você tenha condições de comprar um Porsche para o seu filho quando ele fizer 18 anos, permita que ele passe ainda que poucos meses andando de ‘busão’. É que, para mim, este meio de transporte forma nosso caráter como chinelada nenhuma consegue fazer. Explico nos pontos seguintes.



      1) PaciênciaTudo começa no processo de espera. Você se vê encostado na parada de ônibus esperando pela boa vontade do mesmo. Você até já decorou o horário que o “seu” ônibus passa. Mas se o motorista resolver pisar forte no acelerador e passar 3 minutos antes, só resta a você esperar mais 45 minutos pelo próximo.
      2) Lidar com a humilhação
      Vem ao longe o ônibus. Você reconhece no letreiro luminoso que é o SEU ônibus. Seu coração acelera. Você corre atrás dele como o Super Mario corre atrás da Princesa. Ele se aproxima e você percebe que o condutor não diminuiu a velocidade. Por algum motivo, o motorista passou direto com direito a um sorriso maroto, apontando para um suposto ônibus que vem atrás. Você fica com cara de tacho e a mão apontando para o nada.
      3) Respeito às diferençasQuando o “ônibus de trás” finalmente chega após 23 minutos, é claro que ele estará parcial ou totalmente lotado. Você se depara com um misto de sons e batuques, pessoas do Manassés pedindo doação, menino vendendo balinha e o cobrador com o humor pior do que o de um siri na lata. Você toca, ainda que não queira, pessoas que você jamais tocaria na zona de conforto de seu carro. Você é obrigado a lidar com gente diferente, sentar ao lado delas e até puxar assunto sobre “como o tempo hoje está quente”. Enfim: você deixa de lado seu ego e deixa de tanta frescura.
      4) Altruísmo
      Ainda que contra sua própria vontade, as Leis da Ética de Ônibus™ ‏dizem que você deve ceder seu lugar aos mais velhos e se oferecer para segurar os livros do estudante de ensino médio do cabelo esquisito que está em pé ao seu lado. Resumindo: você aprende NA MARRA a ser gente boa.
      5) Capacidade cognitiva e filosófica
      Janela de ônibus é praticamente a janela de sua alma. Não existe um lugar melhor para refletir sobre sua vida e colocar os pensamentos em ordem. Nem seu travesseiro; nem montes no Himalaia. Você acaba encontrando soluções para seus problemas, resolvendo cálculos complexos e tendo a ideia que faltou naquele brainstorm da reunião. Ou seja, de certa forma você se torna mais inteligente.



      6) Educação
      É no ônibus que você coloca em prática as palavras mágicas que sua mãe ensinou: “obrigado” (para o motorista, na hora de descer), “por favor” (a Deus, para que seu ônibus não demore tanto – todo dia peço isso a Ele) e principalmente o “COM LICENÇA” (por motivos óbvios). Ou seja: 1 ano de estágio probatório pegando ônibus e você se torna um gentleman ou uma lady.
      7) Histórias para contar pros netos
      Quem nunca passou por situações exóticas, engraçadas e inusitadas em ônibus? Quem nunca pegou o ônibus errado e foi parar em uma boca de fumo? (eu já!) Quem nunca ia descendo do ônibus e só na escadinha disse: “eita, esqueci de pagar! Perae moço!” (eu já) Quem nunca já sentou ao lado de uma senhora que foi com sua cara e resolveu te aconselhar com muita sabedoria? (eu já…)
      -
      É isso, pessoal. Se vocês lembrarem de mais benefícios trazidos pelo ônibus, deixe nos comentários...


      http://fernandapaiva.com/blog/2012/09/19/por-que-andar-de-onibus-faz-bem-ao-seu-carater/



      NOTA: Sugestão do Marco. Adorei, e vocês?

      Soube que os "evangélicos" andam pregando nos ônibus... aí, haja saco!!!!!


      Azulão

         

      • Azulão

        Manuel Bandeira, acrilírico poeta, escreveu: estou farto do lirismo comedido, do lirismo bem comportado, não quero mais saber do lirismo que não é libertação. Eu quero a estrela da manhã. Poeta maior que se dizia menor. Poeta do alumbramento e da finitude, em seus versos a celebração da vida e a angústia da morte. Ainda jovem, teve tuberculose e aguardava diariamente a indesejada das gentes chegar. E viveu muito. Sempre com a consciência de quão provisória esta vida é. Nos seus poemas, a delicadeza da infância. Para ele, o poético poderia acontecer no mais humilde cotidiano. Belo belo belo, tenho tudo quanto quero [...] Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples, ele ensinou.

        A primeira vez que ouvi Azulão foi assistindo ao filme Inocência, baseado no romance de Visconde de Taunay, dirigido por Walter Lima Jr. Numa cena sublime, Fernanda Torres, Inocência, bordava e cantava a canção. Alumbramento. Que canção era aquela? Depois disso, passei a perseguir o Azulão, com cuidado, para ele não bater asas e voar para sempre. Eu sabia que era de Manuel Bandeira e Jayme Ovalle. Procurei em discos, fui às lojas de música do centro da cidade, atrás de uma possível partitura e nada... Isto foi no começo dos anos 70. Nesta época eu já era leitora de Bandeira, tinha um livro de sua obra completa, da Aguilar, aqueles de papel bíblia, que eu sempre lia. Com Bandeira eu conversava meus desacertos com o mundo, afinava o olhar e a pele. Tanta sensibilidade e musicalidade naquele poeta. Seus versos pareciam cantar. O Azulão que não encontrei ficou sonhando em mim. Quem sabe um dia?


        Em 92, quando fiz o roteiro de Canção Brasileira – nossa bela alma, resolvi retomar aquela busca, queria tanto cantar aquela canção. Aí fui procurar naquele livro, o da obra completa, quem sabe alguma indicação, uma pista... Comecei a folhear e lá estava, impressa numa das folhas do livro, a partitura. Lá estava: melodia, letra e harmonia, prontinha para ser tocada e cantada. E eu procurando há tanto tempo e ela já estava comigo. Lembrei de um ensinamento oriental que diz que vivemos buscando aquilo que já temos: Minima moralia.

        No Itinerário de Pasárgada, Bandeira fala da questão da relação entre a poesia e a música:“Cedo compreendi que o bom fraseado não é o fraseado redondo, mas aquele em que cada palavra está no seu lugar exato e cada palavra tem uma função precisa, de caráter intelectivo ou puramente musical, e não serve senão a palavras cujos fonemas fazem vibrar cada parcela da frase por suas ressonâncias anteriores e posteriores.”
        O poema para ele tem uma musicalidade interna, subentendida, que decorre da natureza intrínseca da emoção poética. Esta natureza intrínseca da emoção poética é composta pela unidade entre o sentido, a sonoridade e o ritmo. Bandeira faz aqui a distinção entre a “música propriamente dita” e a “musicalidade do poema”: a musicalidade subentendida do poema sugere várias possibilidades de composição de “música propriamente dita”, acentuando a possibilidade da criação de diferentes melodias para um mesmo texto.

        Azulão foi composto para uma melodia de Jaime Ovalle e depois teve mais duas versões musicais, a de Camargo Guarnieri e a de Radamés Gnattali. “A musicalidade subentendida poderia ser definida por outro músico noutra linha melódica. O texto será um como que baixo-numerado contendo em potência numerosas melodias”, disse Bandeira. A melodia de Ovalle inspirou a letra e nasceu o Azulão, que então se descolou da melodia original, bateu asas e voou. Aí, como poema alado, inspirou outras duas melodias.
        O ato de compor em parceria se assemelha, em certa medida, ao de interpretar uma canção: cada interpretação cria uma nova versão da canção.


      http://revistapiaui.estadao.com.br/blogs/questoes-musicais/geral/azulao