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domingo, 1 de dezembro de 2013

Sua









Tudo pesa muito e afunda-me, densamente. Tudo me revela e me afasta desta que sou quando não sou contigo. Tudo me aborrece e todo mistério finda à margem – meu peito repartido no rebentar das ondas: minúsculos mares desfeitos; respingados corpos. Tudo enferruja os ossos, a boca, o discurso e afoga, insistentemente, as palavras que esqueci e fui quando fui contigo. Tudo pesa o peso da ausência – presença que assola as memórias sensíveis à pele. Pesa o peso do não expandido-se na sede. Tudo pesa o peso do inexistido que habita o leve – alguma parte sua tão solta desaguando feliz noutra boca. Pesa muito o teu longe sempre indo, nunca vindo, nunca breve.


Priscila Rôde


http://priscilarode.com/