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domingo, 7 de julho de 2019

João Gilberto - Sua Música
























































João Gilberto - Despedida













Aos 88 anos, morre João Gilberto, ícone da Bossa Nova



Artista baiano redefiniu a música brasileira com batida revolucionária







O cantor e compositor João Gilberto, considerado um dos precursores da Bossa Nova, morreu neste sábado (6), aos 88 anos, no Rio de Janeiro.


Os últimos anos da carreira e vida do cantor foram marcados por sua reclusão, dívidas e conflitos familiares. Não recebia ninguém em casa, a não ser alguns familiares, tampouco concedia entrevistas ou se apresentava nos palcos. O cantor e compositor baiano completou 88 anos no último dia 9 de junho.


João Gilberto morreu na casa onde vivia, no Rio de Janeiro, e deixou o imenso legado da Bossa Nova, ritmo que colocou a música brasileira em um novo patamar em relação ao mundo. O gênero, surgido no final da década de 50 pelas vozes de João Gilberto, Tom Jobim e Vinícius de Moraes, revolucionou o jeito de se fazer música no país, com uma mistura refinada de samba com jazz. Mais do que o resultado sonoro, a Bossa Novatornou-se um estilo, um movimento, remetendo ao Rio de Janeiro da metade do século passado e sua Garota de Ipanema, regravada mais de 200 vezes ao redor do mundo.


Caetano Veloso definiu em poucas palavras o que a música de João Gilberto significou para o Brasil e o mundo. Após recitar estrofes de canções de outros famosos intérpretes brasileiros, proclamou: “melhor que isso só o silêncio. Melhor que o silêncio, só João”.


Com sua interpretação de Chega de Saudade, composta por Tom Jobim e Vinícius de Moraes, deu início a uma revolução que sacudiria a música brasileira e mundial. Sem aquele disco, Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil e muitos outros não existiriam. João Gilberto sempre foi um perfeccionista e um sofredor nato: “Minha imagem dele é a de um Quixote que luta por afinar um universo inevitavelmente desafinado”, afirmou Zuza Homem de Mello, crítico musical e amigo pessoal do cantor.



João Gilberto Prado Pereira de Oliveira, cantor e violonista baiano, concluiu em 1961 a trilogia de álbuns fundamentais que apresentaram a Bossa Nova ao mundo, foram eles “Chega de saudade” (1959), “O amor, o sorriso e a flor” (1960) e “João Gilberto” de 1961.


O artista não parou com suas criações e seguiu com shows e discos que se tornaram obras de arte, como é o caso de “Amoroso”, álbum gravado nos Estados Unidos entre 1976 e 1977 sob o selo Warner Music.


O disco foi relançado no Brasil em formato longo no ano passado, durante os festejos dos 60 anos da Bossa Nova. O álbum celebra o encontro harmonioso do artista brasileiro com o maestro alemão Claus Ogerman (1930 – 2016).


“Não se pode machucar o silêncio, que é sagrado.”
– João Gilberto


"Em João Gilberto, o violão é metade de um conjunto sonoro completado pela voz, formando um bloco, uma entidade unívoca de voz e violão, e não de voz com violão."
-Zuza Homem de Mello


“O gênio criador se revela a raros eleitos, a quem confia os mistérios da criação e concede a capacidade de mudar o rumo da história e dar à arte a regra. A genialidade é um dom, mas a grandeza capaz de sustentá-la é trabalho humano, esforço pessoal do artista devotado ao seu ofício e consciente da tarefa de elevar os outros à altura da sua arte.”
- Edinha Diniz


“João sempre tratou a música com ternura, como a deusa de sua vida. É o que basta para conferir aos seus espetáculos uma superioridade fora do comum, situando-os entre os mais envolventes e memoráveis que se podem assistir.”
- Zuza Homem de Mello



"Há tanta coisa bonita a ser consertada"
- João Gilberto, em 'revista Bravo (Mario Sergio Conti)', março 2010.


“Canto pra esse mundo todo, mas a Bahia é diferente. Eu fico até nervoso.”
- João Gilberto, no show em Salvador, set. 2008.


“É crime, portanto, achar que você pode fazer ruído quando João Gilberto está em ação, emitindo o caldo original de uma cultura, a expressão mais elevada desta meta-raça brasileira, como queria Gilberto Freyre, definida pela vivência, a geografia, a mistura, a diversidade. Não se põe João Gilberto ao entardecer para ver o tempo passar, mas para vislumbrar essa porta entre os mundos, como queria Juan Mattus, em que temos um pé na miséria e outro no mistério.”
- Nei Duclós


“Eu não sou poeta, não. Poeta é Drummond.”
- João Gilberto


“A criação original de João Gilberto para o samba, que se internacionalizou com o nome de bossa nova, e que é, até hoje, a contribuição brasileira mais importante à cultura mundial, corre na veia de boa parte da música popular que se faz no mundo. Esse trabalho de transformação do samba e sua consolidação, é obra de uma personalidade artística genial, dessas que surgem de tempos em tempos com uma missão civilizadora heróica. Não é à toa que é qualificado de Mito. Sua trajetória repete a do herói mítico, no combate à banalidade e procura da pureza.”
- Edinha Diniz


“João parece existir para se deleitar com a música, para tocar seu violão, em seu canto, sossegado.”
- Luciano Matos – BA


“O que ele faz não precisa de nada, nem do estalar de dedos, nem dos conceitos sobre jazz ou samba. Não tilinte copos ou bata caixa de fósforos, nem pertença a qualquer religião sonora conhecida. Por se vergar ao alicerce, por se dedicar à coluna mestra, por se circunscrever ao quintal, João Gilberto atingiu a essência. Desse pequeno asteróide armou a flor da sua conversa.”
- Nei Duclós


“Nenhuma figura da música popular brasileira esteve tão perto da perfeição.”
- Sergio Cabral (crítico)


“He could read a newspaper and sound good.”
- Miles Davis









https://www.revistaprosaversoearte.com/aos-88-anos-morre-joao-gilberto-icone-da-bossa-nova/?fbclid=IwAR1wD7M9QvtmMU5jKzk4baJ2kH8xv8tkf-tdEZ04Z9V1GkgSRprAA1jLibM


http://www.elfikurten.com.br/2011/05/joao-gilberto-o-papa-da-bossa-nova-mito.html