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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Tudo Que Você Podia Ser - Lô Borges

Brasília




À procura de uma cidade

por NICOLAS BEHR
 


não tente
gostar de brasília
tão rápido assim

blocos de verdade
sobrevoam
superquadras
imaginárias

superquadras
à procura
de uma cidade

*

anunciaram a utopia

mas foi brasília
que apareceu

*

o que mais
te fascina
em brasília?

a cidade ou o poder?

o céu

*

da próxima vez
que eu for
a brasília
não vou trazer
uma flor
do cerrado
pra você
vou depositá-la
no túmulo
do candango
desconhecido

*

o que não falei
sobre brasília
o tempo dirá por mim

*

todos os erros
de brasília
são meus

tolerar
outras brasílias
e explodir apenas
a cidade
onde a palavra
mágica é tabu

abracadabraxília

quero a dor
dessa cidade
pra mim


*

os candangos
foram então obrigados a morar
fora da cidade fortificada

já os brasilienses migraram
para a capital logo depois
encontrando a cidade pronta

mesmo após brasília
continuaremos desejando
viver em sociedade?

*

os candangos
pegavam na vida
sem luvas

a vida é um fio desencapado caído na rua
em noite de chuva

*

o traço do arquiteto
é superfície
pele, poste, poeta e papel
são superfícies
o subsolo da catedral
é superfície
o bloco soterrado, superfície
a solidão
da superquadra é superfície
onde nascem as raízes
é superfície
o céu de brasília,
superfície
o lago paranoá
mesmo seco é superfície

brasília é minha pele
ao avesso
profunda superfície


*

não descer do bloco
paranão te cumprimentar
subir pelas escadas
pois você está no elevador
sair pela garagem
paranão te ver no térreo
não levar o cachorro
pra passear
porque seu vizinho
também levou
ficar no apartamento
paranão te encontrar
na padaria

*

cidade-fora-da-órbita
cidade-fora-da-cidade
cidade-fora-da-lei

muro invisível
espaço intransponível

*

já é brasília?

não

apenas
a sensação


http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-70/poesia-nicolas-behr/a-procura-de-uma-cidade

NUA - PABLO NERUDA



Cien sonetos de amor

 

Soneto XXVII

Desnuda eres tan simple como una de tus manos,
lisa, terrestre, mínima, redonda, transparente,
tienes líneas de luna, caminos de manzana,
desnuda eres delgada como el trigo desnudo.
Desnuda eres azul como la noche en Cuba,
tienes enredaderas y estrellas en el pelo,
desnuda eres enorme y amarilla
como el verano en una iglesia de oro.
Desnuda eres pequeña como una de tus uñas,
curva, sutil, rosada hasta que nace el día
y te metes en el subterráneo del mundo
como en un largo túnel de trajes y trabajos:
tu claridad se apaga, se viste, se deshoja
y otra vez vuelve a ser una mano desnuda.


Photo: XXVII



NUA és tão simples como uma de tuas mãos,
lisa, terrestre, mínima, redonda, transparente,
tens linhas de lua, caminhos de maçã,
nua és magra como o trigo nu.

Nua és azul como a noite em Cuba,
tens trepadeiras e estrelas no pêlo,
nua és enorme e amarela
como o verão numa igreja de ouro.

Nua és pequena como uma de tuas unhas,
curva, sutil, rosada até que nasça o dia
e te metes no subterrâneo do mundo

como num longo túnel de trajes e trabalhos:
tua claridade se apaga, se veste, se desfolha
e outra vez volta a ser uma mão nua.


PABLO NERUDA

NUA és tão simples como uma de tuas mãos,
lisa, terrestre, mínima, redonda, transparente,
... tens linhas de lua, caminhos de maçã,
nua és magra como o trigo nu.

Nua és azul como a noite em Cuba,
tens trepadeiras e estrelas no pêlo,
nua és enorme e amarela
como o verão numa igreja de ouro.

Nua és pequena como uma de tuas unhas,
curva, sutil, rosada até que nasça o dia
e te metes no subterrâneo do mundo

como num longo túnel de trajes e trabalhos:
tua claridade se apaga, se veste, se desfolha
e outra vez volta a ser uma mão nua.


PABLO NERUDA

Take Five With...

       

Take Five With Jussi Reijonen

Take Five With Jussi Reijonen
Published: July 16, 2012
 
Meet Jussi Reijonen:

 Born in Rovaniemi, a small town on the Arctic Circle in northern Finland, fretted/fretless guitarist and oudist Jussi Reijonen is truly the product of a world with few frontiers. Having grown up moving back and forth between Finnish Lapland, the Middle East, and East Africa, and currently living in Boston MA, USA, Jussi has spent his life soaking up the sounds, scents and shades of Nordic, Middle Eastern, African, and now American culture, which are all reflected in his music.
Along his path, Jussi has worked—as bandleader, sideman, composer or arranger—with numerous front row artists both in and outside his native Finland, and has performed extensively in Finland, Sweden, Latvia, Germany, France, Lebanon and the United States. After relocating to the US in 2008, he has had the honor of performing with the likes of renowned jazz drummer Jack DeJohnette, flamenco cantaor legend Pepe de Lucia, Spanish multi-Grammy Award-winning producer and flamenco guitarist Javier Limón, Palestinian oud/violin master Simon Shaheen, fretless guitar pioneer David Fiuczynski, Turkey's gypsy clarinet legend Hüsnü Şenlendirici, and Lebanese nay virtuoso and multi-instrumentalist Bassam Saba, to name a few.
Jussi is currently preparing to release his much-anticipated debut album, un with his quintet in September, 2012.
Instrument(s):
Fretless and fretted guitars, oud.
Teachers and/or influences?
Teachers: Ran Blake, Simon Shaheen, Mick Goodrick, David Tronzo, Jon Damian, David Fiuczynski, David Gilmore, Bret Willmott, Tim Miller, Peter Lerche, Raoul Björkenheim, Bassam Saba and Ziyad Sahhab, among others.
Influences: Sounds. Shades.
Your sound and approach to music:
I believe in two musical fundaments: honesty and presence. For me, for any art to communicate and connect, it has to have both, and neither can exist without the other.
My music is the result of a life lived in Northern Finland, the Middle East, Africa and now the USA; in my music, I attempt to combine traditions of American and Scandinavian jazz and the folk musics of the Middle East and Africa.
Your dream band:
Pretty much the quintet I play with now: myself, Utar Artun on piano, Bruno Räberg on acoustic bass, and Tareq Rantisi and Sergio Martinez on percussion. I hope to keep working with them for quite some time yet, expanding our sound.
Your favorite recording in your discography and why?
I have to say my upcoming album un, which will come out in September this year. It's been years and years in the making conceptually, so it's a major step for me to be able to finally release it. I think it is a true reflection of my life story and my personality as a musician at the moment. The recording session was wonderful as well—two days, tracking live with my band.
As a sideman, I'd vote for Gabriela Martina's EP, Empathie. Very fond memories of that session; she and her band are unbelievable.
The first Jazz album I bought was:
I think Bill Evans' You Must Believe in Spring.
What do you think is the most important thing you are contributing musically?
Tough one... honesty is what I strive for, so hopefully that will come across to listeners as well. Many of my tunes are quite long and based on moods and states of being, if you will, so I'm really trying to fight the hectic nature of modern life by trying to get people to stop, breathe, and meditate for awhile.
CDs you are listening to now:
Munir Bashir, Concert Budapest 1992;
Nik Bärtsch's Ronin, Holon (ECM);
Camaron de la Isla & Tomatito, Paris 1987;
David Fiuczynski, Planet MicroJam (RareNoise Records).
How would you describe the state of jazz today?
I think it's healthy. I really enjoy following the younger players and where they are taking music. No worries there!
What are some of the essential requirements to keep jazz alive and growing?
Openness, honesty and presence.
What is in the near future?
I'll be releasing my debut album as a leader, un, in September, 2012. The record will feature my original compositions in solo, duo, quartet, quintet and sextet configurations, and takes elements of Scandinavian and African-American jazz, Middle Eastern and African folk musics, and ties all that together with Indian-based rhythms. The band on the album is my quintet, meaning myself on fretless and fretted guitar and oud, Utar Artun on piano, Bruno Räberg on acoustic bass and Tareq Rantisi and Sergio Martinez on percussion.

Photo Credit
Courtesy of Jussi Reijonen