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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Boa Noite Vinicius (poetinha porreta!)



Bancarrota Blues - Ed Motta

'Estou na infância da velhice', diz Caetano Veloso


“O meu cabelo está ficando todo branco. É só uma constatação etária. Mas não estou cansado, não"

Para Caetano Veloso, o tempo ajuda a melhorar, a se renovar e a incorporar aprendizagens para seguir desfrutando de uma música que rendeu ao cantor o deu reconhecimento mundial e com a qual hoje se sente "na infância da velhice".

"Estou na infância da velhice. Sem querer, dediquei toda a minha vida à música popular e foi algo muito bom porque desde muito pequeno adorava cantar"

Caetano, de 67 anos, conta que quando era jovem tinha outros interesses, como a literatura e o cinema, mas que a música foi se impondo em sua vida com força.

Ele diz que se sente "agradecido", como "se uma mulher bonita o tivesse escolhido", e que, por isso, trabalha "como se não tivesse dado ainda tudo que ela merece".

POESIA DE VINICIUS DE MOARES

Pela luz dos olhos teus

Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar
Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus só p'ra me provocar
Meu amor, juro por Deus me sinto incendiar
Meu amor, juro por Deus
Que a luz dos olhos meus já não pode esperar
Quero a luz dos olhos meus
Na luz dos olhos teus sem mais lará-lará
Pela luz dos olhos teus
Eu acho meu amor que só se pode achar
Que a luz dos olhos meus precisa se casar.


Soneto da separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.


Se eu morrer antes de você, faça-me um favor. Chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele haver me levado. Se não quiser chorar, não chore. Se não conseguir chorar, não se preocupe. Se tiver vontade de rir, ria. Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão. Se me elogiarem demais, corrija o exagero. Se me criticarem demais, defenda-me. Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam. Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo. Se falarem mais de mim do que de Jesus Cristo, chame a atenção deles. Se sentir saudade e quiser falar comigo, fale com Jesus e eu ouvirei. Espero estar com Ele o suficiente para continuar sendo útil a você, lá onde estiver. E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase : ' Foi meu amigo, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus !' Aí, então derrame uma lágrima. Eu não estarei presente para enxuga-la, mas não faz mal. Outros amigos farão isso no meu lugar. E, vendo-me bem substituído, irei cuidar de minha nova tarefa no céu. Mas, de vez em quando, dê uma espiadinha na direção de Deus. Você não me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele. E, quando chegar a sua vez de ir para o Pai, aí, sem nenhum véu a separar a gente, vamos viver, em Deus, a amizade que aqui nos preparou para Ele. Você acredita nessas coisas ? Sim??? Então ore para que nós dois vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver direito. Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo. Eu não vou estranhar o céu . . . Sabe porque ? Porque... Ser seu amigo já é um pedaço dele !


Testamento - Toquinho & Vinicius de Moraes


OBRIGADA, POETA!

Quer casar comigo?


Você nunca pediu ninguém em casamento? Não sabe o que está perdendo... Pedir alguém em casamento é levantar a plaquinha “e nós fomos felizes para sempre” enquanto o coração acelera. É jurar que este momento vivido agora merece (e vai) durar pra sempre. É baixar a cabeça humilde ao mesmo tempo em que diz “você me merece”. Gente, tem coisa melhor do que dizer “você me merece” sem ser pedante?
E não estou pregando o machismo. Ninguém aqui falou que é o homem que pede a mulher em casamento. Tá achando antiquado? Ninguém falou que só namorados, namoradas e afins podem ser o alvo da pergunta amada. Pedir alguém em casamento é muito maior do que pedir fidelidade, programar as Havaianas customizadas com a cara do casal ou discutir o nome dos filhos. Não sei quem inventou esse negócio de que é preciso separar de um para casar com outro. E por que não casar em grupo para eternizar aquela cantoria conjunta à beira-mar? E quem falou que depois de pedir alguém em casamento vem todo aquele script: morar junto, ir ao cinema aos sábados e brigar no domingo durante a pizza? Esse roteiro já está muito batido! Vamos inovar, pessoal!
Vai lá, compra um anel de plástico, um sonho de valsa ou kitkat e pede sua melhor amiga em casamento. Vale chorar, ajoelhar, abrir um proseco e fazer festa de despedida de solteira! Quem tiver sorte pode pedir o chefe ou, por que não, a equipe inteira em casamento? Peça seu irmão, a sogra, sua blogueira preferida, um amigo novo por quem está apaixonado... Bora casar de corpo e alma com quem a gente merece. Bora jurar amor eterno e colocar foto com ímã de coração na geladeira.
Não se acanhe! O primeiro pedido de casamento a gente nunca esquece. E quando chegar o seu dia (oxalá seja logo!) você vai tremer, vai derreter e entender o poder da pequena (quase brega) frase: quer casar comigo?


Não existe amor em SP - Criolo






“Todo mundo tem fome. Se não é de feijão e farinha, é de amor” - Criolo




Autor do disco mais elogiado do ano, incensado pela crítica e por uma devota massa de fãs, indicado a cinco prêmios no VMB, shows abarrotados. Criolo está por cima, não se discute. Mas o seu o sucesso é tudo, menos repentino. Está apenas colhendo os frutos de mais de 20 anos de rap – e 35 de uma dedicada e improvável história de educação em família

Você pergunta. Mas não encontra uma resposta pronta. E sim uma incontida fala ornada de poesia, difusa e um tanto disléxica. Um flow caudaloso de imagens, gestos, pausas dramáticas, recorrências e repetições que não denota um MC experiente – o que, de fato, Criolo é. Parece mais o lapidado sintoma de um homem angustiado. E não serão shows apinhados, fãs de todos os orçamentos, elogios rasgados e impressos, discos esgotados, uma capa da Trip ou um dueto com Caetano Veloso que vão acalmar, um pouco que seja, sua alma trêmula. Porque toda essa atividade sísmica na psique de nosso entrevistado não diz respeito a fama, dinheiro ou prestígio. Tem a ver com... carma?
Porque, cá pra nós, talvez essa angústia tenha começado há muito tempo, antes mesmo de Kleber nascer. Quando sua mãe, a dona Vilani, era só uma criança correndo com um pedaço de carne crua embrulhado no jornal do dia anterior. Ela tinha que chegar logo em casa, antes que o sangue manchasse todas as letras no papel e nada mais fosse legível. Era como ela matava sua fome por leitura e completava, autodidata, sua alfabetização. Já que não havia escola, nem livros, nem dinheiro... e a embalagem era a única coisa com palavras impressas disponível na região carente do Ceará. Escritos que ela decifrava a duras penas, comparando com seu nome (tudo o que sabia escrever quando seu pai morreu) e deduzindo as demais letras, depois sílabas e palavras. Hoje, ao escutar sua mãe descrevendo essa cena, Kleber tem os olhos empoçados.
Mais do que música, é essa improvável urgência o que Criolo nos oferece. Quando compõe, canta, improvisa ou, simplesmente, fala em uma entrevista. “Muito legal o que está acontecendo comigo hoje. Mas legal mesmo seria eu não sentir essa dor no peito”, ele diz, ao refletir sobre a repercussão de seu novo álbum, Nó na orelha. O disco rapidamente transcendeu as invisíveis, e agora menos rigorosas, fronteiras entre o rap nacional e a canção. Entre seus fãs antigos de rinhas e eventos de hip hop e um público mais amplo, menos aguerrido. Provocou um tiroteio de adjetivos generosos da crítica, que, refém de rótulos e preconceitos, enumerou não sei quantos “estilos” entre as dez faixas do disco. Muita gente, como se houvesse distinção, decretou que Criolo fez “a ponte que faltava entre o rap e a música brasileira”. Bobagem... Se ele fez alguma ponte nesse disco, foi entre sua história e um público cada vez maior – e mais carente.
Divulgação
Nó na Orelha
Nó na Orelha
“Todo mundo tem fome. Se não é de feijão e farinha, é de amor”, filosofa. E com isso explica um pouco do que está por trás da unanimidade que a canção “Não existe amor em SP” alcançou. A música nem deveria estar no álbum. Foi feita de repente, melodia e letra, enquanto esperava os atrasados produtores do disco, na porta do estúdio El Rocha. A letra que fala sobre o abismo entre a cidade e as pessoas, sobre a solidão de viver entre milhões de desconhecidos, evocou um amor mais difuso, espiritual – e tocou muita gente. Foram mais de 200 mil downloads em três meses, versões na voz de outros artistas. Canção, disco e clipe de “Subirudoistiozin” lhe renderam cinco indicações para o VMB, entre elas disco e artista do ano. Além do convite para dividir o palco da cerimônia em um dueto com Caetano Veloso e um coro emocionado em todo show.
Rajneesh do Grajaú
Até pouco tempo, ele era Criolo Doido. MC de boa quilometragem em São Paulo, um dos fundadores da Rinha de MCs, tradicional duelo de rappers bons de improviso, e voz frequente no Pagode da 27, samba comunitário de seu bairro, o Grajaú, na zona sul da cidade. Mas, Doido ou não, Criolo estava em crise. “Me questionava se eu deveria continuar no palco”, ele confessa, “se eu não tinha outras formas de colaborar. Foi quando Marcelo Cabral veio com a ideia de gravar algumas músicas do amigo. Até para não passar batido.” Sem pretensão, do começo ao fim, o projeto tomou corpo.
Curiosamente, o disco é fruto de tudo, menos dessa tal falta de amor em SP. Sem gravadora, orçamento super-reduzido, Criolo virou apenas o talento ao redor do qual gravitou muita gente que... amou o projeto. E estava a fim de ajudar sem esperar muito em troca. Cabral convidou Ganjaman para coproduzir a bolacha. Músico experiente, rodado no mainstream e no underground, Ganja entendeu logo o que tinha na mão. “Eu faria na boa um disco tradicional de rap. Mas quando ele cantou umas músicas vi que era um material rico pra cacete. Que tinha espaço ali para arranjos de banda mesmo.”
Ganja hospedou o cantor em sua casa, e trabalharam duro. Alistaram alguns dos melhores músicos de São Paulo. O único selo que acompanha o disco independente é o da Matilha Cultural, um coletivo de São Paulo do qual Cabral faz parte e que reúne artistas e ativistas em torno de diferentes causas. Entre elas, apoiar a gravação do que muita gente está chamando de melhor disco do ano. Sem verba de divulgação, com uma assessoria de imprensa voluntária, foi na rede que as primeiras faixas de Nó na orelha correram como rastilho de pólvora.
“Legal esse momento que estou vivendo. Mas legal mesmo seria não precisar cantar o que canto. Sentir essa dor no peito”
E seus shows ganharam não apenas uma finíssima banda, mas um público mais heterogêneo e devotado. É ao vivo, arrisca o repórter, que se entende melhor os tantos holofotes sobre o rapaz. Ele tem real domínio do público e de sua voz. Sabe se colocar ao mesmo tempo como líder e como um mero membro de uma súbita congregação. Mesmo entre boleros, raps, afrobeats, covers de Nelson Ned, é difícil não pensar que paira sobre as mãos erguidas e as vozes em uníssono um ar de culto, de igreja. Criolo não assume, nem é besta de admitir, a presença e o pique de profeta. Mas, por conta de frequentes, e sinceros, arroubos metafísicos e hiperbólicos, o rajneesh do Grajaú ganhou entre os mais chegados o apelido de Criosho.
MC, intérprete, compositor, artista 24 horas de plantão... Papéis cada vez mais públicos que ele assume. Exceto um, que ocupou 12 anos de seu currículo: professor. Dando aulas de arte em escolas ou no delicado papel de arte-educador, em que tentava a difícil primeira abordagem a menores de rua. “Não gosto de falar sobre isso”, desvia, “não quero parecer que estou me promovendo em cima disso.” Mas foi essa vocação, sonhada desde criança e herdada de sua mãe, que parece ter um papel inevitável em sua poesia e sua visão do mundo. E o contraste radical entre o amparo, a educação e os valores que aprendeu em casa e a carência, o egoísmo e o descaso que testemunhou nas ruas é o que parece ter criado essa urgência que construiu o homem angustiado, o MC de verbo farto, o artista de que todos falam. E o entrevistado a seguir.

sigam lendo em: http://revistatrip.uol.com.br/revista/203/paginas-negras/criolo.html

Alguém cantando - Gal e Caetano

O melhor de Glauber

Nelson Motta mergulha no universo nada comum do cineasta e edita A primavera do dragão

Acervo Tempo Glauber
Yoná Magalhães e Geraldo Del Rey em cenda de Deus e o diabo na terra do sol
Yoná Magalhães e Geraldo Del Rey em cenda de Deus e o diabo na terra do sol

“Caótico, rigoroso com seu trabalho e sempre rodeado de belas mulheres.” É assim que o escritor paulistano Nelson Motta descreve brevemente o diretor baiano Glauber Rocha, ícone da geração que criou o cinema novo brasileiro, no início da década de 60, e projetou os longas nacionais da época para o mundo. Glauber também é responsável por chamar a atenção para nomes de peso do cenário cultural francês do último século, como o cineasta François Truffaut, o filósofo Jean-Paul Sartre e a escritora Simone de Beauvoir.

O autor de Noites tropicais e Vale tudo optou por retratar, em seu novo relato, o frescor do cineasta baiano, sua juventude e o início do cinema novo – movimento que propôs retratar a realidade brasileira, incluindo seus problemas políticos e sociais. “Aos 14 anos Glauber já tinha um programa de rádio diário sobre cinema, aos 23 dirigiu Deus e o diabo na terra do sol. Preferi me ater a sua genialidade precoce”, conta Nelson, que encerra o livro na premiação em que Deus e o diabo concorre à Palma de Ouro em Cannes. “Queria só o melhor de Glauber, e esse filme foi uma obra-prima do cinema novo”, explica o escritor.

Acervo Tempo Glauber

Filha de Glauber com a atriz Helena Ignez, Paloma Rocha tinha 21 anos quando o pai morreu. Hoje, aos 51, diz ter convivido com o diretor menos do que gostaria, embora a qualidade da companhia tenha compensado a sua ausência. “Ele era um pai muito carinhoso, dava bons conselhos”, conta Paloma, que tinha 2 anos quando os pais se separaram – depois de descobrir uma traição de Helena, Glauber saiu de casa e ficou com a guarda da filha.


Mulherengo

“Mesmo sendo politicamente libertário, ele era xiita quando o assunto era mulher”, conta Nelson, lembrando que fidelidade não era o forte de Glauber. “Ele era mulherengo mesmo, tinha inúmeras amantes”, concorda Paloma. “Mas não conheci uma mulher que não progrediu com ele”, defende a filha. “Naquela época toda mulher queria ser artista de cinema. O sonho feminino era ser a musa de um bom diretor”, diverte-se o autor – que, como admirador, se recusa a diminuir Glauber, mesmo em seus tropeços machistas.



Vai lá: A primavera do dragãoA juventude de Glauber Rocha, de Nelson Motta, ed. Objetiva

Dois tangos para Vitor Hugo



BOM DIA & FELIZ ANIVERSÁRIO