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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O melhor de Glauber

Nelson Motta mergulha no universo nada comum do cineasta e edita A primavera do dragão

Acervo Tempo Glauber
Yoná Magalhães e Geraldo Del Rey em cenda de Deus e o diabo na terra do sol
Yoná Magalhães e Geraldo Del Rey em cenda de Deus e o diabo na terra do sol

“Caótico, rigoroso com seu trabalho e sempre rodeado de belas mulheres.” É assim que o escritor paulistano Nelson Motta descreve brevemente o diretor baiano Glauber Rocha, ícone da geração que criou o cinema novo brasileiro, no início da década de 60, e projetou os longas nacionais da época para o mundo. Glauber também é responsável por chamar a atenção para nomes de peso do cenário cultural francês do último século, como o cineasta François Truffaut, o filósofo Jean-Paul Sartre e a escritora Simone de Beauvoir.

O autor de Noites tropicais e Vale tudo optou por retratar, em seu novo relato, o frescor do cineasta baiano, sua juventude e o início do cinema novo – movimento que propôs retratar a realidade brasileira, incluindo seus problemas políticos e sociais. “Aos 14 anos Glauber já tinha um programa de rádio diário sobre cinema, aos 23 dirigiu Deus e o diabo na terra do sol. Preferi me ater a sua genialidade precoce”, conta Nelson, que encerra o livro na premiação em que Deus e o diabo concorre à Palma de Ouro em Cannes. “Queria só o melhor de Glauber, e esse filme foi uma obra-prima do cinema novo”, explica o escritor.

Acervo Tempo Glauber

Filha de Glauber com a atriz Helena Ignez, Paloma Rocha tinha 21 anos quando o pai morreu. Hoje, aos 51, diz ter convivido com o diretor menos do que gostaria, embora a qualidade da companhia tenha compensado a sua ausência. “Ele era um pai muito carinhoso, dava bons conselhos”, conta Paloma, que tinha 2 anos quando os pais se separaram – depois de descobrir uma traição de Helena, Glauber saiu de casa e ficou com a guarda da filha.


Mulherengo

“Mesmo sendo politicamente libertário, ele era xiita quando o assunto era mulher”, conta Nelson, lembrando que fidelidade não era o forte de Glauber. “Ele era mulherengo mesmo, tinha inúmeras amantes”, concorda Paloma. “Mas não conheci uma mulher que não progrediu com ele”, defende a filha. “Naquela época toda mulher queria ser artista de cinema. O sonho feminino era ser a musa de um bom diretor”, diverte-se o autor – que, como admirador, se recusa a diminuir Glauber, mesmo em seus tropeços machistas.



Vai lá: A primavera do dragãoA juventude de Glauber Rocha, de Nelson Motta, ed. Objetiva

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