26 de maio de 2012
Aninha Franco
Tenho um leitor em Paripe, ciumento, que me “acochou” semana passada: “Prezada cronista, o que é que eu tenho a ver com Roma?”. Tudo, eu lhe diria, mas ele prosseguiu: “Se desapegue de Roma e volte para a Baía”, o que me lembrou que é na Baía que eu moro, que é na Baía que eu optei por morar e de onde nunca saí, mesmo quando fui profissionalmente provocada. E desapeguei! Seu (…) estava defendendo seus interesses de leitor, que prefere que eu bata nos políticos, sempre merecedores de espancamentos.
Os políticos são uma classe que apanha sem reclamar, porque nem sabemos por que estamos batendo, mas eles sabem por que estão apanhando. “Diga a Aninha”, comunica à minha secretária, sua vizinha, depois de um espancamento político, “que ela brocou!”. E eu percebo o quanto ele gostou da batida porque o verbo brocar é pouco usado para escritores, e quase nunca para mulheres. Brocar é uma capacidade masculina.
Já o verbo desapegar é um brinco. E muito oportuno para os habitantes desta cidade linda da Baía de Todos-os-Santos, que deveria chamar-se Kiry Murê, apesar de já não ter papagaios emplumados, só humanos. Desapegar é tão preciso que eu quero dividir com todos nós, seus habitantes, a urgência de sua conjugação. Desapegar, com urgência, da mentalidade casagrandesenzala herdada dos bisavós escravocratas escravizados. Nem os fantasmas aguentam mais!
Desapegar a vida pessoal da vida profissional. E vice-versa. Desapegar das relações de compadrio que prevalecem sobre as da competência. Ainda! E crescer, sociedade, diminuindo a desigualdade infame.
E é fácil. É só qualificar os humanos para a viagem da sobrevivência. Que podem eles fazer se nada sabem fazer? Já passou da hora de desapegar da individualidade exagerada que nos paralisa e despertar a consciência coletiva, Bela Adormecida, que dorme à espera de um príncipe encantado que não vai chegar, não vai, porque está trabalhando muito longe, naqueles lugares onde tudo funciona, onde tudo dá certo.
http://revistamuito.atarde.uol.com.br/
Tenho um leitor em Paripe, ciumento, que me “acochou” semana passada: “Prezada cronista, o que é que eu tenho a ver com Roma?”. Tudo, eu lhe diria, mas ele prosseguiu: “Se desapegue de Roma e volte para a Baía”, o que me lembrou que é na Baía que eu moro, que é na Baía que eu optei por morar e de onde nunca saí, mesmo quando fui profissionalmente provocada. E desapeguei! Seu (…) estava defendendo seus interesses de leitor, que prefere que eu bata nos políticos, sempre merecedores de espancamentos.
Os políticos são uma classe que apanha sem reclamar, porque nem sabemos por que estamos batendo, mas eles sabem por que estão apanhando. “Diga a Aninha”, comunica à minha secretária, sua vizinha, depois de um espancamento político, “que ela brocou!”. E eu percebo o quanto ele gostou da batida porque o verbo brocar é pouco usado para escritores, e quase nunca para mulheres. Brocar é uma capacidade masculina.
Já o verbo desapegar é um brinco. E muito oportuno para os habitantes desta cidade linda da Baía de Todos-os-Santos, que deveria chamar-se Kiry Murê, apesar de já não ter papagaios emplumados, só humanos. Desapegar é tão preciso que eu quero dividir com todos nós, seus habitantes, a urgência de sua conjugação. Desapegar, com urgência, da mentalidade casagrandesenzala herdada dos bisavós escravocratas escravizados. Nem os fantasmas aguentam mais!
Desapegar a vida pessoal da vida profissional. E vice-versa. Desapegar das relações de compadrio que prevalecem sobre as da competência. Ainda! E crescer, sociedade, diminuindo a desigualdade infame.
E é fácil. É só qualificar os humanos para a viagem da sobrevivência. Que podem eles fazer se nada sabem fazer? Já passou da hora de desapegar da individualidade exagerada que nos paralisa e despertar a consciência coletiva, Bela Adormecida, que dorme à espera de um príncipe encantado que não vai chegar, não vai, porque está trabalhando muito longe, naqueles lugares onde tudo funciona, onde tudo dá certo.
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