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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Forró, eita chamego bom!!!!






 

 

"É ferro na boneca, minha cara e nobre família baiana"

Por Onde Anda? Comunicador de sucesso nos anos 60 e 70, França Teixeira é conselheiro do TCE

Em entrevista ao iBahia, famoso radialista baiano fala da vida reclusa que leva e critica Salvador, além de admitir temer as máquinas




O prédio do Tribunal de Contas do Estado (TCE) no Centro Administrativo da Bahia (CAB) não foge ao padrão encontrado nas repartições públicas por aí. As paredes e divisórias são muito parecidas e a quantidade de documentos é grande. Haja papelada atrás de cada porta. No meio desse ambiente um tanto sem graça e de ausência de cores vivas, um dos sete conselheiros do TCE destoa: Antônio França Teixeira.

Um dos principais comunicadores da Bahia nos anos 60 e 70, ex-deputado federal e advogado ou ex-aluno de Direito, ele hoje tem 67 anos e mantém a irreverência dos tempos de radialista. Conhecido pelo bordão "É ferro na boneca, minha cara e nobre família baiana" e vanguardista, como ele mesmo se reconhece, recebeu a equipe do iBahia com uma simpática gravata borboleta em um fim de tarde, no seu gabinete nada extravagante, mas com espaço para molduras com camisas do seu Ypiranga e do Botafogo de Salvador. Sem falar nos "porquinhos" que carregam os escudos da dupla BaVi.

"Você não está me vendo aí de gravata borboleta? Eu sou vanguardista. Ter gravata borboleta não é vanguarda, não é?! Volta a ser no meu pescoço", exalta França, que comandou uma das mais famosas resenhas esportivas da história do estado. A "Resenha do Meio-Dia", na Rádio Cultura da Bahia. Por sinal, se antigamente ele acordava cedo para preparar o programa que detinha a liderança da rádio baiana, atualmente o meio-dia é o momento de levantar. "Eu leio e escrevo até às 5h da manhã. Eu leio a noite toda, eu não durmo como você dorme. Os meus horários são diferentes. Durmo 4h30, 5h da manhã e geralmente acordo 11h, 11h30, meio dia, a partir daí eu venho trabalhar. Mas pela manhã eu não trabalho mais pra ninguém. Só à noite que eu acho muito melhor para você ler, escrever... Eu sempre fui notívago. A noite é mais silenciosa, mais tranquila", justifica.

Desde 1989 atuando como conselheiro do TCE, França Teixeira admite que a vida mudou seus planos e a comunicação, sua grande paixão, acabou ficando para trás. "Olha, eu não me adaptei aqui em 22 anos. Sabe por que? Tem muita interferência do executivo. E esse órgão não era pra ter interferência nenhuma, de ninguém. Ser independente, autônomo. Tô há 22 anos já, vim para passar cinco. Minha vida estava toda programada, eu ia voltar ao rádio depois de cinco anos, que era o tempo para eu me aposentar. Eu fui deputado federal sete anos e seis meses. Vim para passar cinco, mas se você me perguntar porque estou há 22... Eu sei lá", diz em tom tragicômico, uma vez que sente falta da atividade que o tornou conhecido nacionalmente.
Ypiranga é o time de coração do conselheiro do TCE
"Sinto muita saudade. Eu sou um frustrado. Gostaria de estar no rádio, na televisão. As coisas que eu sabia fazer, né?! Aqui (no TCE) eu não sei fazer nada, sou um eterno aprendiz", brinca e ainda completa: "não sou advogado, não sou bacharel em direito, sou ex-aluno. Sou ex-aluno de direito. Terminei o curso em dezembro de 1971". Enquanto se formava na Universidade Federal da Bahia (Ufba), França já fazia suas estripulias na rádio há quase uma década.

"Comecei em 1959 ou 1960 fazendo esporte, locução comercial, transmitia futebol. Conheci um pedaço do mundo. Na época não tinha internet, a gente tinha que viajar para transmitir. Isso me possibilitou a ir. Eu não conheço um pedaço do mundo, perdão, eu fui a um pedaço do mundo. A nossa viagem se resumia a aeroporto, hotel, estádio e gandaia. Gandaia era a sacanagem noturna, cabarés, essas coisas. Eu podia ter visto mais. Onde a seleção brasileira foi naquele tempo eu fui", relembra sem esconder a nostalgia da juventude.

Medo da capital - Criado no bairro da Liberdade, o conselheiro revela levar uma vida reclusa. Se antes o notívago vivia a caminhar pelas ruas soteropolitanas, ele agora restringe-se a um pequeno espaço da capital. "Meu limite é a Pituba. Eu moro em Patamares e meu limite é a Pituba. Eu não transito mais como já transitei antes. Embora goste muito do Centro, mas confesso que tomei medo. Raramente, muito raramente, eu passo da Pituba. Na Pituba tem os shoppings, o cinema, é uma pena que não passe filme de arte".

Se a capital desagrada e "não tem mais qualidade de vida", como exclama França, a cultura musical da Bahia deixa o ex-radialista desanimado. "Não gosto. Acho que isso é ruim. Negócio de Axé. Quem inventou o termo Axé foi Chocolate da Bahia. Axé é uma saudação e ele trouxe isso do Mercado Modelo para o nível cultural da Bahia. Axé enquanto música não faz meu gênero. Não posso vir aqui lhe dizer que estou satisfeito". França estende as
críticas ao futebol brasileiro. "Uma esculhambação, uma merda. Hoje rola muito dinheiro e o futebol brasileiro é extremamente comprometido porque é mal dirigido. Eu não sei como fizeram esse campeonato que todo mundo gosta, esse campeonato brasileiro. Eu faria pontos corridos e mata-mata com os quatro melhores".

A empolgação com o futebol vem mesmo dos tempos de cronista esportivo. Depois de lembrar do "Juventude Transviada", time de jovens do Bahia que substituiu o principal quando em viagem pela Europa no final dos anos 50, ele fala da equipe de coração. "Na minha infância, eu fui Ypiranga. O Ypiranga só me dá prazer e alegria. Não treina, não ganha, não perde, não joga. Eu só tenho com o Ypiranga prazer e alegria", conta, desprezando o retorno do Mais Querido aos gramados há alguns anos. Atualmente, o amarelo e preto disputa a divisão de acesso do Campeonato Baiano.
Fã do zagueiro Roberto Rebouças, França assistiu ao filme Bahêa Minha Vida há pouco tempo e dispara contra a película: "Um filme que não tem Roberto Rebouças pode falar do Bahia?", questiona, "Roberto Rebouças foi o maior craque nascido e criado no futebol da Bahia. Craque, craque, era Roberto Rebouças. Não fizeram uma alusão à Roberto Rebouças. Ninguém fala, ninguém diz nada. Foi vereador, bom vereador, se interessava, morreu muito jovem".

Confiante para falar de diversos assuntos, Antônio França Teixeira faz crítica à televisão brasileira e diz não assistir mais. "Aboli televisão dos meus hábitos. Ainda mais agora que tiraram as pernas bonitas da Patrícia Poeta do Fantástico", diverte-se, falando sobre a migração da jornalista para o Jornal Nacional. Ele justifica o desânimo com a tevê. "Acho muito medíocre. O homem mais importante da televisão brasileira não está atuando. Tá atuando na dele, lá em Ribeirão Preto. Boni. Esse é o homem. Foi o homem que fez a televisão brasileira".

Vida - Aos 67 anos, França Teixeira não se mostra um senhor satisfeito com a vida que levou. Não que lamente o que fez ou deixou de fazer, mas exatamente por não mirar um ponto final. "Muita aventura, muita vida, meu amigo. Eu acho que quando você se considerar um homem realizado, você será um homem frustrado. Nunca se considere realizado, tem sempre alguma coisa por fazer. Sempre, sempre, sempre", aconselha.

Sem jamais esquecer a vida de comunicador, ele revela qual o tipo de veículo favorito. "Rádio. Tevê eu fazia porque precisava fazer, porque ganhava dinheiro. Mas em primeiro lugar rádio. Comunicação pra mim é rádio. Hoje já não é mais. Comunicação hoje é televisão. Aliás, nem televisão. É a máquina de fazer maluco: internet. Computador. A máquina é um perigo. Porque quando ela cresce muito, vira bicho e come o homem. O computador vai terminar comendo gente aí e vocês não vão saber que estão sendo comidos. Já tem gente aí que está maluca. Eu conheço amigos meus que estão loucos por causa disso. Sou um exilado e excluído digital. Deus me defenda. Eu sou um leitor inveterado, eu gosto de música, de ler. Isso que eu gosto, mas eu sentar em frente a uma tela de computador... Eu não me submeto a máquina", conta com orgulho.

Perguntado se sequer lerá a matéria sobre ele no iBahia, o conselheiro do TCE mantém a descontração. "Você me avisa que essa eu leio, dou uma colher de chá. Sabe como eu vou ler? Vou mandar imprimir e me trazer. Vou ler com o maior prazer, mando imprimir vários até. Agora sentar na frente de um computador pra ler, confesso, não sento não", afirma aos risos. A irreverência, marca registrada dos tempos de radialista, virava polêmica na voz do personagem Zé Veneno.
"É ferro na boneca, minha cara e nobre família baiana"

"Era um fofoqueiro, falava da vida dos outros. Agora não era França o Zé Veneno, era você, era eu, eram todos. Sempre tinha alguém que tinha uma história para contar e eu juntava em Zé Veneno. Agora, eu interpretava a história ao meu modo". Isso fazia até com que França corresse perigo. "Vários foram lá na rádio para me agredir. Para implantar um rádio destemido, corajoso, imparcial, você nunca agrada todos. Vai ter sempre alguém que não vai gostar. Isso é como o mundo foi criado. Você não consegue agradar a todos".

O bate-papo durou pouco mais de uma hora. Tempo bastante para saber que infinitas histórias estão ali, na mente de Antônio França Teixeira, prontas para serem contadas. Deu para conhecer um pouco dele. Difícil é escrever e tentar passar as sensações. Vanguardista, ypiranguense, baiano, comunicador, político, ex-aluno de direito, conselheiro do TCE. Resumindo, um homem de várias facetas. Como ele mesmo dizia, "É ferro na boneca, minha cara e nobre família baiana". Pode imprimir a matéria, seu França.

Colaborou Rafael Sena



Nota: Eu conheci o França Teixeira no seu tempo de radialista na Bahia, que loucura de pessoa!!! Aquele vozeirão cheio de personalidade e pimenta!!! Lembro quando Gil chegou de Londres e veio estrear "Aquele Abraço" no programa dele do meio dia, "Resenha do Meio-Dia", na Rádio Cultura da Bahia, eu estava lá presente. Como mudou na aparência física!!!! Não o reconheceria se o visse na rua, talvez pela voz que era única e sua alegria que, espero, ainda a tenha... Abraços meu amigo França.

regina


Pela luz dos teus olhos

Hoje é dia de Santa Luzia


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Santa Luzia (ou Santa Lúcia), cujo nome deriva do latim, é muito amada e invocada como a protetora dos olhos, janela da alma, canal de luz.

Conta-se que pertencia a uma família italiana e rica, que lhe deu ótima formação cristã, ao ponto de Luzia ter feito um voto de viver a virgindade perpétua. Com a morte do pai, Luzia soube que sua mãe queria vê-la casada com um jovem de distinta família, porém pagão. Ao pedir um tempo para o discernimento foi para uma romaria ao túmulo da mártir Santa Ágeda, de onde voltou com a certeza da vontade de Deus quanto à virgindade e quanto aos sofrimento por que passaria, como Santa Ágeda. Vendeu tudo, deu aos pobres e logo foi acusada pelo jovem que a queria como esposa.

Santa Luzia, não querendo oferecer sacrifício ao deuses e nem quebrar o seu santo voto, teve que enfrentar as autoridades perseguidoras e até a decapitação em 303, para assim testemunhar com a vida, ou morte o que disse: "Adoro a um só Deus verdadeiro, e a ele prometi amor e fidelidade".

Somente em 1894 o martírio da jovem Luzia, também chamada Lúcia, foi devidamente confirmado, quando se descobriu uma inscrição escrita em grego antigo sobre o seu sepulcro, em Siracusa, Ilha da Sicília. A inscrição trazia o nome da mártir e confirmava a tradição oral cristã sobre sua morte no início do século IV.

Mas a devoção à santa, cujo próprio nome está ligado à visão ("Luzia" deriva de "luz"), já era exaltada desde o século V. Além disso, o papa Gregório Magno, passado mais um século, a incluiu com todo respeito para ser citada no cânone da missa. Os milagres atribuídos à sua intercessão a transformaram numa das santas auxiliadoras da população, que a invocam, principalmente, nas orações para obter cura nas doenças dos olhos ou da cegueira. Diz a antiga tradição oral que essa proteção, pedida a santa Luzia, se deve ao fato de que ela teria arrancado os próprios olhos, entregando-os ao carrasco, preferindo isso a renegar a fé em Cristo. A arte perpetuou seu ato extremo de fidelidade cristã através da pintura e da literatura.

Foi enaltecida pelo magnífico escritor Dante Alighieri, na obra "A Divina Comédia", que atribuiu à Santa Luzia a função da graça iluminadora. Assim, essa tradição se espalhou através dos séculos, ganhando o mundo inteiro, permanecendo até hoje.

Luzia pertencia a uma rica família de Siracusa. Sua mãe, Eutíquia, ao ficar viúva, prometeu dar a filha como esposa a um jovem da Corte local. Mas a moça havia feito voto de virgindade eterna e pediu que o matrimônio fosse adiado. Isso aconteceu porque uma terrível doença acometeu sua mãe. Luzia, então, conseguiu convencer Eutíquia a segui-la em peregrinação até o túmulo de santa Águeda ou Ágata. A mulher voltou curada da viagem e permitiu que a filha mantivesse sua castidade. Além disso, também consentiu que dividisse seu dote milionário com os pobres, como era seu desejo.

Entretanto quem não se conformou foi o ex-noivo. Cancelado o casamento, foi denunciar Luzia como cristã ao governador romano. Era o período da perseguição religiosa imposta pelo cruel imperador Diocleciano; assim, a jovem foi levada a julgamento. Como dava extrema importância à virgindade, o governante mandou que a carregassem à força a um prostíbulo, para servir à prostituição.

Conta a tradição que, embora Luzia não movesse um dedo, nem dez homens juntos conseguiram levantá-la do chão. Foi, então, condenada a morrer ali mesmo. Os carrascos jogaram sobre seu corpo resina e azeite ferventes, mas ela continuava viva. Somente um golpe de espada em sua garganta conseguiu tirar-lhe a vida. Era o ano 304.

Para proteger as relíquias de Santa Luzia dos invasores árabes muçulmanos, em 1039, um general bizantino as enviou para Constantinopla, atual território da Turquia. Elas voltaram ao Ocidente por obra de um rico veneziano, seu devoto, que pagou aos soldados da cruzada de 1204 para trazerem sua urna funerária. Santa Luzia é celebrada no dia 13 de dezembro e seu corpo está guardado na Catedral de Veneza, embora algumas pequenas relíquias tenham seguido para a igreja de Siracusa, que a venera no mês de maio também.

fonte;http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=247451

 

Gonzagão








Meu nome é Luiz Gonzaga, não sei se sou fraco ou forte, só sei que graças a Deus té pra nascê tive sorte, apôs nasci im Pernambuco, o famoso Leão do Norte.Nas terras do novo Exu, da Fazenda Caiçara, im novecentos e doze, viu o mundo minha cara.Dia de Santa Luzia, purisso é qui sô Luiz, no mês qui Cristo nasceu, purisso é que sô feliz.
Luiz Gonzaga

Esse 13 de dezembro inesquecível

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Helio Fernandes relembra o AI-5, que passou à História apenas como sigla. Foi tão selvagem, cruel e ditatorial, que não precisava mais nada.


O comentarista Jose Guilherme Schossland oportunamente nos envia essa pérola, um artigo de Helio Fernandes publicado no ano passado sobre o aniversário do AI-5, que completa hoje 43 anos.
***
Helio Fernandes
Esse 13 de dezembro é inesquecível. Não apenas para os atingidos, cassados, presos e desaparecidos, mas também para todo o país. Não começou nesse dia 13, vinha de antes, muito antes, na vontade de alguns, e na execução de alguns outros. E a palavra execução define e desarvora tudo.
Acho, não tenho certeza, que é a primeira vez que escrevo sobre esse “documento único” na História do Brasil, Monarquia ou República. Vou me prender, que palavra, apenas a fatos, nenhuma divagação, análise anterior, suposição ou seja o que for. Aqui, o que aconteceu a partir da divulgação desse Ato Institucional número 5, que como todos sabemos, se transformou histórica e ditatorialmente apenas numa sigla.
Retrocesso no tempo, apenas de uma semana, com duas participações de Djalma Marinho, extraordinária figura. No dia 5 de dezembro de 1968, eleição para presidente da Câmara, Djalma contra Nelson Marchesan, do Rio Grande do Sul, apoiado pela ditadura.
Eu era tão amigo de Djalma que não pude deixar de ir a Brasília. Assisti pessoalmente o massacre do deputado do Rio Grande do Norte. Ele era presidente da Comissão de Constituição e Justiça, que uma semana depois julgaria a licença para processar o jornalista-deputado do MDB, Marcio Moreira Alves.
Trocaram todos os oposicionistas da Comissão, ofereceram a Djalma Marinho não só a vitória para presidente da Câmara, mas o que ele quisesse. Os homens como Djalma jamais querem alguma coisa, resistência é o único objetivo, a recompensa. A obrigação do dever cumprido, sem lamento, ressentimento, aborrecimento, mas também sem dar a impressão de heroísmo.
No dia seguinte vim para o Rio. Tudo o que atingiria a muitos (cassação, prisão, censura, mais perseguição) já acontecera ao repórter há muito tempo. Também não podia fazer nada, a censura era brutal e de corpo presente, existiam quase tantos censores (policiais) quanto repórteres, um clima apavorante.
No dia 12 foi votada a licença para processar o jornalista, apenas um pretexto para ENDURECER o mais possível. Posso dizer com total segurança, não se esperava a derrota do governo ditatorial, a mobilização foi espantosa. Até o senador Daniel Krieger, um homem de sensibilidade, teve que trabalhar pela CASSAÇÃO do deputado. Embora senador e a votação fosse na Câmara, foi requisitadíssimo, principalmente pelo carrasco-mor, o Ministro da Justiça, Gama e Silva.
Queriam terminar tudo no dia 12 mesmo, Costa e Silva estava no Rio, no Laranjeiras, deu ordens ao Chefe da Casa Militar, Jayme Portela, D-U-R-Í-S-S-I-M-O: “Não quero ver ninguém, nem atender telefone”. (Ainda não havia celular, claro).
Costa e Silva ficou no segundo andar, com dois amigos civis, sem cargos no governo. Viu filmes (bangue-bangue, que adorava) até por volta de 3 da manhã. Não dormiu, lógico, quem dormiria com quase todos os oficiais das três Armas contra ele?
Só atendia o general Portela, que lhe dizia invariavelmente: “Gama e Silva precisa falar com o senhor, com urgência”. O presidente desligava, ou dizia: “Amanhã, amanhã resolveremos”. O Ministério da Justiça, ponta de lança dos militares mais ansiosos ou exaltados, não parava de agir, se considerava o mentor de tudo.
No dia seguinte, 13 de dezembro, Costa e Silva determinou ao Chefe da Casa Militar, que convocasse reunião ministerial no próprio Laranjeiras, às 13 horas. Discutiram pouco, não houve debate, todos estavam A FAVOR, mesmo alguns que no passado combateram ditaduras ostensivas ou não.
Costa e Silva, surpreendentemente ou para se vingar, já que sabia que estava praticamente deposto pelo Alto Comando, dizia o nome do Ministro e perguntava: “Como vota o senhor Ministro?”. Só o coronel Passarinho, narcisista e exibicionista, fingiu que pensava, demorou um pouco, e explodiu: “Presidente, VOTO A FAVOR do Ato Institucional, ÀS FAVAS COMO OS ESCRÚPULOS”.
O documento já estava redigido, Costa e Silva assinou tudo, o que fazer? Às 20,30, em cadeia da Agência Nacional, o AI-5 foi lido pelo locutor Alberto Cury, irmão de Jorge Cury e do cantor Ivon Cury. Era o fim de um período, a imposição de um regime que sacrificou a todos, incluindo o próprio presidente. Que não sobreviveu, morreria menos de um ano depois, já fora considerado INCAPACITADO.
Eu estava em casa, naquela época existiam jornais MATUTINOS e VESPERTINOS. Os matutinos saíam entre meia-noite e 1 da madrugada, os vespertinos (Tribuna, Globo, Correio da Noite) começavam a circular ao meio-dia. Trabalhávamos até as 6 da tarde, voltávamos às 6 da manhã, fechávamos, rodávamos e circulávamos, por volta de meio dia.
Ouvi a leitura do documento, comecei a me vestir. Rosinha me perguntou: “Você acabou de chegar, vai sair?”. Abraçando-a carinhosamente (o que até hoje é redundância ou pleonasmo), respondi: “Serei preso imediatamente, prefiro ser preso no jornal. Além do mais, tenho que tomar várias providências.
Já ia saindo, o telefone tocou, Rosinha atendeu, disse: “Helio, é o Carlos Lacerda”. Peguei o telefone, disse: “Você talvez seja a única pessoa que eu atenderia, estou indo para o jornal, no Rio devo ser o primeiro a ser preso, a Tribuna fica a 100 metros da Polícia Central”. O ex-governador, simplesmente: “E eu?”.
Respondi sem qualquer dúvida: “Carlos, você será preso e cassado”. Aí, do outro lado, um rugido e a resposta: “Não vou ser preso nem cassado, você está acostumado a adivinhar e acertar, mas essa você vai errar completamente”. Desliguei, o que fazer?
Cheguei ao jornal por volta das 10 horas da noite. Às 11 horas e quase 45 minutos, fui preso. Levado para a Polícia Central, quando entrava naquele edifício tétrico e assustador, o relógio macabro marcava exatamente meia noite, os dois ponteiros se divertiam. O repórter não demonstrava, mas como em outras oportunidades, assustadíssimo e com medo, mas não deixando ninguém perceber.
Me levaram para o Regimento Caetano de Farias, fiquei satisfeitíssimo: eu não fora o primeiro a ser preso, entrei num matagal sujíssimo (mas enorme, o que era ótimo), de lá do fundo surgiu a figura de Osvaldo Peralva. Grande jornalista, Redator-Chefe (como se chamava na época) do “Correio da Manhã”, intimíssimo amigo, ficamos conversando, não havia onde dormir. Até a manhã do dia seguinte, já 14, não apareceu mais ninguém.
Às 8 horas da manhã, quem chegava, evidentemente preso? Carlos Lacerda. Me abraçou como se não tivéssemos falado na véspera, garantiu: “Está bem, Helio, você acertou pela metade, estou preso mas NÃO SEREI CASSADO.
Respondi sem hostilidade, mas sem mascarar a realidade: “Está certo, trouxeram você para cá, apenas por diversão”.
Fomos todos levados para uma estrebaria (o quartel era um centro hípico), dormíamos no chão, não era o mais importante. Chegaram dois advogados que não conhecíamos. Às duas da tarde, uma festa: a entrada de Mario Lago, que foi preso no Teatro Princesa Isabel. Estava de saiote (fazia um personagem da Escócia), foi logo dizendo: “Aqui só quem me conhece é o Helio e o Carlos Lacerda, estou vestido assim, mas não sou viado”. (Na época era dito assim mesmo).
Eu e Lacerda tivemos momentos ótimos, de recordações, e péssimos, de crítica minha a ele. Lacerda só ficou do dia 14 até 22, eu, Peralva e Mário Lago ficamos até o dia 6 de janeiro, “Dia de Reis”. Os ditadores, geralmente, entre uma tortura e outra, são muito católicos.
Carlos Lacerda mandou um filho falar com o Cardeal (amigo dele), outro conversar com o general Sizeno Sarmento (que fora Secretário de Segurança dele governador), e o terceiro foi a São Paulo ver o que Abreu Sodré, grande amigo dele (e “governador”) podia fazer.
***
PS – Um dia disse a ele, que não gostou: “Carlos, preso não pede nem concede nada. Resiste e pronto”. Passamos Natal e Ano Novo lá, Lacerda não.
PS2 – No dia 30, soubemos, Lacerda foi cassado, nenhuma surpresa, só para ele. No dia 2 de janeiro de 1969, viajou para a Europa, ficaria lá mais ou menos 3 ou 4 anos. Teve a generosidade de ir se despedir de mim e de Mario Lago.
PS3 – Nunca mais participou de nada, voltou em 1973, se enclausurou na Nova Fronteira, editora que adorava. Nunca mais nos vimos. Morreu em 1977, de forma estranhíssima, da mesma morte sem explicação válida que atingiu Juscelino e Jango.
PS4 – Tinha 63 anos. Na prisão, num momento de calma, confessou: “Vou viajar, só volto à política para ser presidente”. Morreu dois anos antes da ANISTIA AMPLA, GERAL E IRRESTRITA.
PS5 – O país paga até hoje, nunca se reabilitou. Apesar de muitos acreditarem que tudo vai bem, “e que Dona Dilma será a salvação da lavoura”, como se dizia antigamente.”

http://www.tribunadaimprensa.com.br/

Depressão ameaça democracia na Europa

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Paulo Moreira Leite


Em sua coluna publicada hoje, no New York Times, o Premio Nobel Paul Krugman mostra que a crise econômica já ameaça as instituições democráticas do Velho Mundo. Leia:
“A crise do euro está matando o sonho europeu. Em vez de unificar o continente, a
moeda única criou uma atmosfera amarga de desentendimento.”
Krugmann afirma que as sucessivas demonstrações de força da Alemanha sobre
os demais parceiros do continente tem levado a um ambiente político muito ruim:
“O descrédito de governos e instituições é crescente. E os valores democráticos
estão sob ataque.”
No raciocínio do Premio Nobel, seria ingenuidade considerar que a situação é
pouco preocupante porque não atingiu (pelo menos até agora, digo eu) os 40% da
Alemanha em 1932, ou porque “não há um Hitler” (pelo menos até agora) em cena.
Ele recorda o crescimento de partidos de ultra-direita na Finlandia e na Austria.
Lembra da Hungria, que está fora da zona do euro, mas paga a conta pesada pela
crise. Ali, um governo conservador ensaia medidas de cunho autoritário aque
preocupam a própria Casa Branca.
O título do artigo é didático: “Depressão e democracia.”
O Premio Nobel lembra que o alimento para o nazismo europeu foi produzido pela
crise de 1929, quando os principais governos do Velho Continente não
conseguiram responder a altura.
A esse respeito, é bom fazer um esclarecimento. Antes, como agora, eles erraram
de diagnóstico. Cometeram o mesmo erro, aliás. Seu maior receio era impedir a volta da inflação. Por isso, estavam preocupados
em preservar suas moedas. Mas o drama real era outro: falta de crescimento.
Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, influenciadas até pelo belo filme O
Ovo da Serpente, de Ingmar Bergmann, que é uma grande aula de cinema mas
uma péssima lição de economia, a ascenção de Adolf Hitler ao poder não ocorreu
num período de inflação alta. A hiperinflação alemã é um fenômeno dos anos 20 e foi debelada graças a
imensos investimentos de empresas americanas, que até ajudaram na
recuperação da economia. Durante boa parte da década, a Alemanha não só
prosperou mas tinha excedente para pagar suas dívidas com os EUA. Hitler é um produto direto da depressão econômica produzida pela crise de 1929.
Em 1927, seu partido tinha menos de 2,5% dos votos e era motivo de anedota
junto a maioria dos analistas políticos. A mudança ocorreu depois de 1929, quando
a crise mundial jogou o país num desemprego que, em apenas três anos, envolveu
6 milhões de pessoas e bateu em 40%, uma taxa muito pior que a atingida nos
Estados Unidos.
Foi nessas condições que, em 1932, os nazistas se tornaram a principal força do
parlamento alemão.
Um ano depois da posse de Hitler, Victor Schiff, líder do partido social-democrata
alemão, fez uma autocrítica de valor histórico. Ele descreve um ambiente onde o
consumo está no chão, os preços caem, ninguém consegue trabalho. Mas a
inflação não é o problema. Afinal, com a população sem dinheiro, os comércio
encolhe e os preços caem.
Vale a pena ler:
– Se existe um ponto sobre o qual não existem divergências de opinião entre nós,
e não poderá existir, então é certamente que Hitler deve sua ascensão e
finalmente sua vitória essencialmente à crise econômica mundial: ao desespero
dos proletários desempregados, da juventude universitária sem futuro, dos comerciantes e artesões de classe média indo à falência e dos agricultores
seriamente ameaçados pela queda dos preços. Voltando a Krugman.
Ele encerra o artigo com uma advertência: se a Europa não modificar sua política
econômica, o risco de um retrocesso democrático é real “e neste caso o colapso
do euro será a menor das preocupações de seus governantes.”

Pegue o link: http://www.nytimes.com/2011/12/12/opinion/krugman-depression-and-
democracy.html?nl=todaysheadlines&emc=tha212

O dilema do procrastinador

daniella cornachione

Você acorda cedo, angustiado com as coisas que tem para fazer durante o dia. A preocupação o acompanha pelo resto da manhã, na hora do almoço, à tarde, à noite… Até que você vai dormir – pensando no monte de coisas que deixou de fazer no dia.

A charge ilustra de um jeito exagerado uma situação que a gente vive no dia a dia (pena que está em inglês).

Para não ficar só com o problema, trago uma solução proposta no vídeo publicado no divertido blog You’re not so smart. Procrastinar talvez não seja tão ruim assim. Desde que você não fique se sentindo culpado e passe a enrolar mais… Em vez de se ocupar com o que você tem para fazer amanhã, concentre-se no instante. O seu “eu futuro” vai dar um jeito nas coisas lá na frente (tomara!). Assista ao vídeo aqui (em inglês).

"Trem Azul": 30 anos do último show de Elis Regina

Entrevistas, fotos e vídeos recontam a última turnê de uma das maiores cantoras do Brasil


DANILO CASALETTI (REPORTAGEM); GUSTAVO CAMPOY, ERIC SCARANELLO, PEDRO SCHIMIDT E RENATO TANIGAWA (MULTIMÍDIA); DAVID MICHELSOHN (VÍDEO); LIUCA YONAHA (EDIÇÃO)
Selo Elis Regina - 30 anos de Trem Azul (Foto: reprodução)
Há exatos 30 anos, Elis Regina (1945-1982) subia ao palco pela última vez. Foi com o show Trem Azul, dirigido por Fernando Faro. Elis começou sua carreira cantando, ainda menina, em estações de rádio em Porto Alegre, sua cidade natal. O sucesso veio com “Arrastão”, defendida por Elis no I Festival de Música Popular Brasileira, em 1965. Foi assim, pela televisão, que o Brasil conheceu a voz de Elis, seus gestos firmes e, por vezes, exagerados. Logo em seguida, aos 20 anos de idade, ela passou a comandar um programa, o Fino da Bossa, líder de audiência. Não era só voz. Era imagem. Usava suas expressões e seu corpo para cantar.

Em “Trem Azul” – obviamente não sabendo que esse seria o último show da cantora –, o diretor Fernando Faro transformou Elis novamente em uma estrela de TV. “O azul eram as linhas da TV à noite, na casa das pessoas”, diz Faro. Era como se fechasse um ciclo. Uma carreira. Com essa inspiração, o show alterava momentos de drama, como em “Se eu quiser falar com Deus”, e de pura descontração, como no pout pourri de sucessos da época intercalados como vinhetas de programas de televisão.
A estreia de “Trem Azul” foi em São Paulo, no dia 22 de julho, no Canecão São Paulo. Depois seguiu para Curitiba e Porto Alegre. No final de outubro, chegou ao Rio de Janeiro, onde cumpriu temporada no teatro João Caetano. Em 11 de dezembro de 1981, Elis subiu pela última vez ao palco. Foi para uma única apresentação no Rio Palace (atual Hotel Sofitel, em Copacabana).
Neste especial, ÉPOCA resgata a história dessa temporada por meio de entrevistas, depoimentos, fotos e relíquias do show. Tudo serve para reconstruir “Trem Azul” e entender o momento pelo qual Elis passava na carreira e na sua vida pessoal. Uma homenagem à cantora que, por conta de seu talento e seu legado, resiste ao tempo e ainda é aclamada como uma das maiores cantoras do país.

(Clique na imagem para acessar o especial)