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terça-feira, 17 de julho de 2012
Dez chamamentos ao amigo - Hilda Hilst
VII
Sorrio quando penso
Em que lugar da sala
Guardarás o meu verso.
Distanciado
Dos teus livros políticos?
Na primeira gaveta
Mais próxima à janela?
Tu sorris quando lês
Ou te cansas de ver
Tamanha perdição
Amorável centelha
No meu rosto maduro?
E te pareço bela
Ou apenas te pareço
Mais poeta talvez
E menos séria?
O que pensa o homem
Do poeta? Que não há verdade
Na minha embriaguez
E que me preferes
Amiga mais pacífica
E menos aventura?
Que é de todo impossível
Guardar na tua sala
Vestígio passional
Da minha linguagem?
Eu te pareço louca?
Eu te pareço pura?
Eu te pareço moça?
Ou é mesmo verdade
Que nunca me soubeste?
Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news03/article.php?storyid=829#ixzz20wsRZmgO
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Conto Para Uma Estação
Publicado em 16/07/2012por Raquel Stanick
Nunca existiu nenhuma questão. Você veio. Depois de tantos esboços. Meu personagem preferido. Para me fazer perguntar quem inventou quem. Veio vestido em diferenças de tudo que não. Não pode, não devo, não quero.
Não era pela lógica dos fatos para ser. Mas é. E eu que sempre me encontrava em casas de espelhos refletindo o que era apenas mistério, tive que limpar os murmúrios às minhas costas, depois de deitar em verdes e abraços que apenas contei a outras pessoas que existiam em meu corpo.
Te mostrei pai e mãe no mundo, para que quando você chegasse aqui, nessa cama simples, não se assustasse com a minha humanidade ao adentrar portões e ilusões de herança e história, que eram apenas as raízes que finquei para que você me soubesse.
Quis amanhecer em suas idiossincrasias porque te mostrei as minhas, as asas quebradas, os restos de membranas que carrego entre os dedos.
Ah, eu briguei, você sabe. Comigo mesma, principalmente. Mas fui corajosa. Tentei. Era só a claridade de mais uma manhã. Mas eu que sempre mantive certezas trancadas em quartos escuros, não devo ter entendido alguma coisa.
O que foi?
Você esqueceu seu casaco, eu a educação, e o que não era pra ser aconteceu. Sua armadura virou despojo de uma guerra. E eu tola, achei que seria um sinal de sua volta, você voltaria para nós dois, como me preparei todos esses anos, sendo ponte e laço, até acreditar.
Tornou-se apenas disfarce pro silêncio e para uma mudança de quarto quando entrei sozinha, mais uma vez, na casa que ainda moro.
Menor, tão menor.
E eu não sabia.
Foi o vento que me contou.
Até ele, nesse momento, me dói a pele.
Então não quero nem vou ficar aqui esperando. Porque sei que as voltas do mundo serão para relembrar que você nos negou. Porque já fiquei tempo demais sem ar e suspirar pelos cantos só faz com que as teias que teci até que chegasses balancem nas paredes que não escondem mais nada. Nem impedem o anúncio de um longo inverno.
Porque você quis acreditar que o destino une, amanhã, daqui a pouco, depois, quando eu te mostrei, nua, que ele separa.
E eu não quero acreditar que não foi alegria o que eu senti. E que o amor é alegre.
Deixei, pois, teu casaco no lugar do primeiro reconhecimento de seu gosto, porque você já levou todas as minhas armas. Mas você precisa se proteger, eu sei. Até quase esquecer.
Por isso, com você, só posso compartilhar o silêncio que ainda me resta.
Porque nunca fomos amigos.
Porque nunca fomos amigos.
E quando eu contar essa história vai parecer só mais uma história dessas que uso como alimento em outras mesas, porque aqui, dentro de mim, é tão solitário desde muito antes. Até me convencer que é questão de tempo, o titã que engole os males inventando falsos sentimentos e estações. Que me trouxe uma notícia grandiosa só para esconder nosso segredo dos olhos alheios.
Sei que vou continuar sobrevivendo. Singrei muitos mares, desbravei tantos reinos, derramei dor demais para que chegasses. Estou desnorteada, mas continuo insistindo em escrever para alimentar a ilusão de que aquela noite poderá se repetir com outro alguém, e que esse alguém ao me convencer de que foi tudo uma mentira, me inserindo num conforto de normalidade e equilíbrio, me fará perguntar novamente: Porque você não acreditou em mim, que guardei tanto para te contar? Não há nada de assustador no desejo.
If It Kills Me - Jason Mraz
Lyrics:
Hello, tell me you know, yeah, you've figured me out
Something gave it away
And it would be such a beautiful moment to see the look on your face
To know that I know that you know now
And baby that's a case of my wishful thinking
You know nothing
'Cause you and I, why we go carrying on for hours on end
We get along much better than you and your boyfriend
Well, all I really want to do is love you
A kind much closer than friends use
But I still can't say it after all we've been through
And all I really want from you is to feel me
As the feeling inside keeps building
And I will find a way to you if it kills me, if it kills me
Well, how long can I go on like this, wishing to kiss you
Before I rightly explode
And this double life I lead isn't healthy for me in fact it makes me nervous
If I get caught I could be risking it all
Well, baby there's a lot that I miss in case I'm wrong
All I really want to do is love you
A kind much closer than friends use
But I still cant say it after all we've been through
And all I really want from you is to feel me
As the feeling inside keeps building
And I will find a way to you if it kills me, if it kills me
If I should be so bold, I'd ask you to hold my heart in your hand
Tell you from the start how I've longed to be your man
But I never said a word I guess I'm gonna miss my chance again
Well, all I really want to do is love you
A kind much closer than friends use
But I still can't say it after all we've been through
And all I really want from you is to feel me
As the feeling inside keeps building
And I will find a way to you if it kills me, if it kills me
I think it might kill me
And all I really want from you is to feel me
It's a feeling inside that keeps building
And I will find a way to you if it kills me, if it kills me
It might kill me
No tempo d' O Cruzeiro
O Cruzeiro: minha escola de Jornalismo
Maria Aparecida Torneros da Silva
Cheguei na redação da rua do Livramento em dezembro de 1971. Dr. Gomes Maranhão e Ubiratan de Lemos me deram as diretrizes. Estudante ainda, descobri que na revista O Cruzeiro encontrara minha grande escola de jornalismo. Convivi com Rachel de Queirós, que ia lá entregar seu artigo semanal, sentei ao lado de Davi Nasser que ...me passava astúcia, saía pra rua com os fotógrafos mais experientes, atrás do fato, farejando a notícia. No Japão, como correspondente, em 72, aprendi a me orgulhar da nacionalidade desta publicação. Escrevi a série "Um país made in Japan". Eu tinha apenas 22 anos.
O Cruzeiro era sinônimo de Brasil e onde estava um profissional da revista, lá estava o nosso país. Deixei publicadas 35 reportagens, em 4 anos. Isso muito me honra e dá muita saudade. Para escrever "Minha moto, meu amor", fui de moto do Rio a Teresópolis com mais cem motociclistas, em comitiva. Quando acompanhei as mulheres para-quedistas, fiz o curso com elas na Brigada Aero-Terrestre. Nosso trabalho era de ação.
Os mais velhos me contavam as proezas e aventuras. Quase todos já tinha contraído malária pelas viagens pela Amazônia. Isso tudo aconteceu num tempo em que a tecnologia não tinha os avanços de hoje.
Eu dependia, por exemplo, da tripulação de bordo da Varig para trazer de Tóquio, minhas laudas datilografadas semanalmente, ao velho aeroporto do Galeão, onde o office boy Ariston lá estava para levar correndo aos editores, garantindo a publicação da semana seguinte.
Não havia fax nem computador. Havia garra. Correria. Superação. Idealismo. História de um Brasil que era contada ao mundo através do ideal do grande Chatô. Grande exemplo para as novas gerações, que merece resgate histórico.
Maria Aparecida Torneros da Silva
Cheguei na redação da rua do Livramento em dezembro de 1971. Dr. Gomes Maranhão e Ubiratan de Lemos me deram as diretrizes. Estudante ainda, descobri que na revista O Cruzeiro encontrara minha grande escola de jornalismo. Convivi com Rachel de Queirós, que ia lá entregar seu artigo semanal, sentei ao lado de Davi Nasser que ...me passava astúcia, saía pra rua com os fotógrafos mais experientes, atrás do fato, farejando a notícia. No Japão, como correspondente, em 72, aprendi a me orgulhar da nacionalidade desta publicação. Escrevi a série "Um país made in Japan". Eu tinha apenas 22 anos.
O Cruzeiro era sinônimo de Brasil e onde estava um profissional da revista, lá estava o nosso país. Deixei publicadas 35 reportagens, em 4 anos. Isso muito me honra e dá muita saudade. Para escrever "Minha moto, meu amor", fui de moto do Rio a Teresópolis com mais cem motociclistas, em comitiva. Quando acompanhei as mulheres para-quedistas, fiz o curso com elas na Brigada Aero-Terrestre. Nosso trabalho era de ação.
Os mais velhos me contavam as proezas e aventuras. Quase todos já tinha contraído malária pelas viagens pela Amazônia. Isso tudo aconteceu num tempo em que a tecnologia não tinha os avanços de hoje.
Eu dependia, por exemplo, da tripulação de bordo da Varig para trazer de Tóquio, minhas laudas datilografadas semanalmente, ao velho aeroporto do Galeão, onde o office boy Ariston lá estava para levar correndo aos editores, garantindo a publicação da semana seguinte.
Não havia fax nem computador. Havia garra. Correria. Superação. Idealismo. História de um Brasil que era contada ao mundo através do ideal do grande Chatô. Grande exemplo para as novas gerações, que merece resgate histórico.
Aparecida Torneros
Da sua pagina no Facebook: Maria Aparecida Torneros DA Silva
"Kiss Cam"
Telão do ginásio onde as seleções olímpicas de basquete dos EUA e do Brasil se enfrentavam mostra o presidente Barack Obama beijando a primeira-dama Michell. A "Kiss Cam" (Câmera do Beijo) é uma brincadeira comum com os espectadores dos jogos.
Jonathan Ernst
Extrair - Arnaldo Antunes
jul 082012
exArnaldo Antunes (2012)
trair
do tempo improvável, do improvável,
de suas maquinações, ações,
do ato regular que se dissipa em método, todo
hábito que habito, repito,
da meta inalcançável que me fita, cripta
do incontável número dos dias vividos, idos,
da inumerável cota dos dias por vir, ir,
da engrenagem que não pára, dispara,
sacode o chão que piso, piso
de um ônibus em movimento, momento
em que me agarro ao cilindro de metal do alto
-
a vida
-
não a que resta ainda, indo,
mas a que transborda de cada ar expirado, inspirado,
até que arrebente, vente
sobre livros...
Convidado da semana: A trama do casamento
Por:
Bruno Leite
Assumo,
de peito aberto: fui ler A Trama do Casamento imbuído de toda
tendenciosidade existente na biosfera. Prazer, eu sou a Madeleine Hanna! Então,
permitam-me apresentar meu alter ego. Madeleine é uma estudante de letras que
escolheu o curso por ser uma apaixonada por livros. Mais precisamente por
literatura. Mas ao contrário do que ela - e do que eu também - pensava, tudo que
ela leu foram críticos, livros teóricos e alguns romances que representam bem
determinados períodos, não necessariamente grandes romances. Preciso dizer o
grau de insatisfação estampado na testa dela? Mas um desses teóricos salvou a
lavoura: Roland Barthes com Fragmentos de um Discurso Amoroso. Confesso
que paralelo ao livro do Eugenides, eu lia Fragmentos e se eu pudesse
resumir ele em uma palavra, seria em um palavrão bem sonoro e entusiasmado. Mas
me limito a dizer que é muito bom. Faz todo o sentido do mundo. No livro. Na
minha vida. Na sua vida. Quer uma dica? "esqueça" ele no criado mudo da sua mãe.
E da sua avó.
Voltando
a Srta. Hanna, ela tem um relacionamento conturbado com um personagem - no
mínimo - apaixonante: Leonard Bankhead (suspira). Ele é um biólogo gigantão,
barbudo, gentil, masca fumo, usa bandanas, sabe tocar músicas eslavas e o
principal: ele é bipolar. Porque eu e Madeleine não nos apaixonamos perdidamente
se não houver o elemento problema. Ela também se relaciona amigavelmente com
Mitchell Grammaticus - um loirinho fofo, inteligente, bondoso, carinhoso, todo
disponível. Em suma: o cara perfeito - pra ser melhor amigo, obviamente. Formado
o triângulo amoroso, o que se desdobra são quebras de paradigmas, de sonhos, de
posturas, de filosofias. Tudo vai caindo por terra, ou todos vão amadurecendo,
dependendo do seu nível de otimismo.
Isolando
a crítica literária dentro do livro - sobre como o divórcio e o feminismo
afetaram a estrutura do romance; dai o título - e as incríveis semelhanças de
Leonard com David Foster Wallace, na qual eu prefiro não opinar, o romance em si
vale cada esforço para mudar de página. Porque é desses que falam a verdade, que
capturam o que toda uma geração sente em comum - mesmo que seja a geração de 80.
Dói, profundamente, porque é de verdade; as verdades ditas se sustentam no mundo
real. Bem nessa hora você para de ler e olha pela janela do ônibus ou pra parede
do seu quarto e fica imaginando um "putz" se desenhando na sua frente.
Uma
coisa que ninguém disse, mas que eu achei muito latente, é o humor do Eugenides.
Ele é muito bobo. Ele vem seguindo uma linearidade narrativa quando de repente -
tá lá! A piada feita e você rindo alto. Um desses pontos altos é quando
Madeleine senta nua num sofá imundo e levanta torcendo pra não pegar uma
infecção urinária.
Falar
mais seria estragar o prazer de deflorá-lo: devore o quanto antes e vá ser
feliz.
Bruno
Leite: Um taurino neurótico. Um beatlemaníaco que samba. Porque literatura é
luz, raio,
estrela e luar.
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