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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

A verdade por trás de 10 fotos famosas

Albert Einstein

Roberto Martínez, do jornal mexicano “El Universal”,  numa reportagem publicada em 2011, explica fatos curiosos que deram origem a algumas das fotos e pôsteres mais famosos do mundo. “A função de qualquer pôster é comunicar uma mensagem, seja por meio de gráficos, textos, fotografia ou pela combinação dos três”, afirma Martínez. Por trás de uma foto, ou de um pôster, sempre há uma história, que merece ser contada e, mesmo, explicada. Eles (pôsteres) ou elas (fotos) se tornam verdadeiros “ícones” — algumas vezes. Aqui, é contada a história de 10 pôsteres populares. A tradução dos textos (não muito precisa e com ligeiros acréscimos) é de minha autoria.

Almoço na construção de um arranha-céu

Para muitos, a fotografia parece uma fotomontagem. Na realidade, não é assim. Essa foto foi feita no piso 69 do edifício RCA (atualmente edifício GE), em 29 de setembro de 1932, por Charles Ebbets. A foto mostra 11 trabalhadores no momento do seu descanso para comer. A maioria dos homens foi identificada pelos membros de suas famílias.
No mesmo dia, Ebbets fez uma foto com os mesmos homens e a intitulou de “homens dormindo em uma viga”. Um dado curioso: o crédito da fotografia ficou desconhecido durante anos. Os direitos de autor da fotografia só foram outorgados a Charles Ebbets em 2003, depois de meses de trabalho de uma empresa de investigação particular.

We can do it!

J. Howard Miller é o autor deste cartaz. Em 1941, a obra de Miller chamou a atenção da Westinghouse e foi contratado para criar uma série de cartazes para patrocinar (ou divulgar) a empresa War Production Coordinating Committee. Este pôster, que se conhece normalmente com o nome de “Rosie the Riveter”, no momento de seu lançamento não havia relação alguma com a imagem.
Somente um ano depois, quando se lançou a canção patriótica popular chamada “Rosie the Riveter”, o público entendeu a mensagem. O cartaz converteu-se num símbolo para as mulheres que produziam material de guerra e assumiram postos de trabalho em substituição aos homens que serviam às forças armadas americanas.
Foi Geraldine Dolye, trabalhadora de uma fábrica, que posou para o cartaz. Mas o dado curioso é que ela ficou sabendo disso só em 1984, ao ler, na revista “Modern Maturity”, um artigo que a relacionava com a foto do pôster.

Farrah Fawcett

Quando se fez esta foto Farrah Fawcett era uma atriz desconhecida. Ainda não tinha sido convidada para fazer parte da exitosa série “Los Ángeles de Charlie” (“As Panteras”). Mas havia feito trabalhos comerciais. Seus agentes queriam uma foto dela de biquíni e contrataram o fotógrafo independente Bruce McBroom, que havia trabalhado com ela anteriormente.
Fawcett arrumou seu cabelo e a maquiagem sem ajuda. Provou várias roupas, até optar pelo maiô vermelho, para encobrir uma velha cicatriz de infância.
O cartaz (de 1976) feito a partir da foto vendeu 12 milhões de cópias. Detalhe curioso: a família doou várias coisas da atriz para o Smithsnian’s National Museum, incluindo o traje de banho vermelho usado no pôster.

Lord Kitchener te quer

O famoso cartaz de recrutamento mostra o secretário de Estado para a Guerra, Lord Kitchener. Apareceu pela primeira vez em 5 de setembro de 1914, na porta do “London Opinion”. Durante esse mês, o país teve o maior número de voluntários. A Comissão Parlamentar de Recrutamento obteve mais tarde permissão para utilizar o desenho em formato de pôster.
Em 1916, Lord Kitchener morreu quando o navio de guerra que o levava para as negociações na Rússia foi afundado por uma mina alemã. O dado curioso é que o cartaz se converteu em inspiração para o legendário Tio Sam e seu cartaz “I Want You for the US Army” que os Estados Unidos utilizaram para a Primeira e a Segunda Guerra Mundial.

A garota do Tênis

A fotografia deste cartaz foi feita por Martin Elliot em 1976. Foram vendidas mais de 2 milhões de cópias. A maioria dos compradores provavelmente era adolescente. A foto mostra Fiona Butler, uma estudante de arte de 18 anos que era namorada de Elliot nessa época. A foto foi feita numa quadra de tênis da Universidade de Birmingham.
Fiona não jogava tênis com regularidade, por isso teve de pedir uma roupa emprestada (os tênis eram de seu pai) e utilizar as bolas com quais seu cachorro brincava. Elliot a convenceu a fazer uma foto levantando o vestido e passando a mão no bumbum.
Posteriormente, Elliot vendeu os direitos da imagem à empresa Athena, mas conservou os direitos de autor. Ele ganhou cerca de 250 mil euros.
A informação curiosa é que, depois de mais de 30 anos negando-se a voltar a posar, Fiona decidiu promover uma exposição sobre tênis. Fiona é uma mulher de 54 anos e não recebeu um centavo pela foto. Elliot morreu aos 63 anos.

Albert Einstein

A famosa e popular foto do cartaz de Albert Einstein foi feita em 14 de março de 1951 pelo fotógrafo da UPI Arthur Sasse. Depois de um evento em Princeton em honra a Einstein, em comemoração ao seu aniversário de 72 anos, Sasse e outros fotógrafos trataram de convencer o cientista a sorrir para a câmera. Cansado de sorrir durante todo o dia, no evento, dizem que gritou: “Já basta! É suficiente!” Como as palavras não “acalmaram” os fotógrafos, a reação do cientista foi ainda mais forte. Ele pôs a língua para fora, como se estivesse, digamos assim, dando uma banana aos inconvenientes precursores dos atuais paparazzos.
A informação curiosa é que Einstein gostou tanto da foto que recortou a imagem de modo que mostrasse apenas seu rosto. Logo fez várias cópias e enviou a imagem em cartões (tipo postais) aos seus amigos. Na imagem original o acompanhavam o dr. Frank Aydelotte, ex-diretor do Instituto de Estudos Avançados, e sua mulher.

Garota americana na Itália

A imagem é reconhecida por aparecer em várias pizzarias ao redor do mundo. Foi feita pela fotógrafa americana Ruth Orkin, em 1951. Orkin foi para Israel para fazer fotos para a revista “Life” e, de lá, dirigiu-se para Florença, onde conheceu a artista e compatriota Jinx Allen (agora conhecida como Ninalee Craig).
As duas conversaram sobre suas experiências ao viajar como jovens solteiras. Isto inspirou Ruth Orkin a fazer uma série de fotografias intitulada “Não tenha medo de viajar só”.
Ruth Orkin fotografou Jinx Allen nos mercados de compras, cruzando as ruas, sobre um veículo e coqueteando num café. Ao notar os olhares lascivos dos homens, quando caminhava por uma praça da cidade, Ruth Orkin pediu que caminhasse pelo local mais uma vez. Ruth Orkin morreu de câncer em 1985 com 63 anos.
O detalhe curioso é que a mulher da foto, Ninalee Craig, declara: “Me cobri bem com meu xale. Era minha proteção, meu escudo. Eu estava caminhando por um mar de homens. Eu estava desfrutando de cada minuto. Eles eram italianos e os italianos me encantam”. A fotografia completou 60 anos em 2011.

 O beijo, do Hotel de Ville

Em 1950, a revista “Life” solicitou ao fotógrafo francês Robert Doisneau que fizesse uma série de fotos sobre amantes de Paris. Depois de ver um casal beijando-se, Doisneau perguntou se podiam beijar de novo para que pudesse fotografá-lo. Françoise Delbart, de 20 anos, e Jacques Carteaud, de 23 anos, aspirantes à carreira de ator, foram levados a três lugares distintos para fazer as fotografias, incluindo a do Hotel de Ville.
Depois que apareceu na revista “Life”, a foto ficou esquecida durante mais de 30 anos, nos arquivos da agência de fotos na qual Doisneau trabalhou. Finalmente foi adquirida por uma empresa de cartazes e se converteu em um dos pôsteres mais vendidos do mundo. Devido ao sucesso, muita gente fez declarações falsas garantindo ser a garota que beijava o namorado. Em 1993 uma mulher demandou com o fotógrafo porque ele “havia feito” a foto sem seu consentimento. A demanda obrigou Doisneau a revelar que a foto não havia sido espontânea e que havia utilizado dois modelos. Com isso a demanda não foi adiante.
A informação curiosa é que, menos de um ano depois de ter feito a foto, o casal se separou. Françoise se casou com Alain Bornet, um diretor de documentários, e Jacques Carteaud se tornou vinicultor, no sul da França, até sua morte, em 2004.
Robert Doisneau continuou como fotógrafo independente até morrer em 1994, duas semanas antes de completar 82 anos. Em 2005 Françoise Bornet leilou a impressão original, que havia recebido alguns dias depois de ter feito a foto, com a assinatura do fotógrafo. Esperava ganhar 25 mil, mas recebeu 200 mil dólares pela foto. A segunda imagem mostra Françoise com a foto original.

Che Guevara

A famosa foto, conhecida como “guerrilheiro heroico”, foi feita em Havana, Cuba, em 5 de março de 1960, por Alberto Korda. Ele fez a foto quando Guevara inesperadamente apareceu no cenário por um breve momento, enquanto Fidel Castro homenageava as vítimas da explosão de La Coubre.
A adaptação da foto, feita em 1968, é uma recriação do artista irlandês Jim Fitzpatrick. O trabalho é classificado entre as 10 melhores imagens icônicas do mundo, ao lado da Mona Lisa.
Detalhe curioso: devido ao que chamou de “grosseria comercial”, a forma de utilizar a imagem, Fitzpatrick anunciou em 2011 que tem a intenção de retomar os direitos de imagem. Inicialmente, os direitos do autor foram repassados para grupos revolucionários da Europa. O irlandês planeja entregar os direitos para a família do fotógrafo Alberto Korda, que morreu em 2001.

Ali versus Liston

Neil Leifer, fotógrafo de “Sport Illustrated”, é o autor da fotografia deste cartaz. Leifer é considerado um dos melhores fotógrafos do mundo esportivo. Em 25 de março de 1965, em Lewiston, Maine, Muhammad Ali e Sonny Liston se enfrentaram pela segunda vez. Ali (então Cassius Clay) ganhou a primeira luta, no ano anterior. O final da segunda luta segue sendo um dos mais controvertidos da história do boxe.
Na metade do primeiro round, Liston caiu na lona. Muitos creem que a queda não foi legítima. Negando-se a ir para o corner neutro, Ali, colocando-se sobre Liston, gesticulava e gritava: “Levante-se e lute, estúpido!” Foi quando Leifer fez a foto hoje icônica.
Detalhe curioso: Leifer disse que teve sorte ao fazer a foto porque se encontrava no lugar certo. “Sport Illustrated” envia amiúde dois fotógrafos. Nesse caso, o fotógrafo Herb Scharfman acompanhou Leifer. É possível ver Scharfman entre as pernas de Ali na foto. Fica claro que não era sua noite. Nem de Liston.

Sobre a obrigação de dar alguma opinião





Ainda que eu não seja daqueles que responsabilizam a internet pela dissolução da família, a violência nas ruas e a falta de assunto nas festas de reencontro de turmas (“ah, e eu fui pra Itália, sabia?” – “sei, eu vi seu álbum de 700 fotos, incluindo aquela empurrando a torre de pisa. assim, bem original”) eu considero que ela é uma das principais responsáveis por outro fenômeno perturbador e bastante típico da nossa era: o fato de que todos nós nos sentimos na obrigação de ter opiniões sobre tudo.

E isso não porque com o surgimento dos twitters e facebooks nós temos mais plataformas do que nunca para expressar as nossas opiniões, sejam elas quais forem, sobre o tema que for – “acredito que não apenas o homem não pisou na lua como esse descobrimento da américa tá meio mal contado”. E também não porque pelo próprio funcionamento dessas redes nós temos a possibilidade de emitir essas opiniões para um número ilimitado de pessoas, com uma quantidade mínima de filtros e em condições que vão desde a opinião ponderada e consciente sobre o novo lolo que é menos macio que o antigo até o ponto de vista alcoolizado e digitado no celular sobre a questão das cotas – “sou cntr as costas pa mullatps malhds”.

Mas sim porque a soma desses fatores criou um ambiente em que não apenas nos sentimos cada vez mais propensos a emitir opiniões nascidas de um nível cada vez menor de pesquisa – “sou contra porque minha amiga postou um gif dizendo que era ruim” – como nos sentimos quase culpados quando não opinamos e assim obrigados a ter pelo menos alguma posição diante de todas essas questões que diariamente são trazidas à tona, por mais que tenhamos pouca compreensão ou mesmo o mais absoluto desinteresse quanto aos temas abordados. Eu mesmo uma vez fui pressionado para dar uma opinião sobre a crise na Grécia e tudo que consegui dizer é que eu era contra, o que, acho, não deve ter feito muito sentido na hora e menos sentido ainda depois.

Então, ainda que em alguns instantes isso possa parecer quase impossível, é hora de aprendermos que é normal não ter opinião. Não saber do que se trata, pedir mais tempo pra pesquisar, sugerir que a pessoa explique melhor a questão, ir ao banheiro discretamente e de lá acessar a Wikipedia, ou mesmo admitir que você não tem picas a ver com o assunto, nada disso te torna necessariamente uma pessoa menos interessante ou menos engajada nos problemas do mundo. Apenas, muito provavelmente, diminui as suas chances de ser o cara que vai escrever um texto de duas páginas comentando uma notícia no facebook apenas para cinco minutos depois descobrir que ela foi inventada por um garoto no twitter ou a pessoa que diz genericamente que é contra todas as PECS porque entendeu que elas são tipo os atos institucionais – “PEC 42 deve ser tipo um AI5, só que, sei lá, quase dez vezes pior, né, cara?”.

Mas claro, essa é a minha opinião, e você tem todo o direito de não ter opinião nenhuma sobre ela (ou mesmo não ter nada a ver com isso)

(texto publicado originalmente na revista em minas)


http://justwrapped.me/2013/09/12/sobre-a-obrigacao-de-dar-alguma-opiniao/#more-3305