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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

"fogo amigo"

Privataria Tucana: o vídeo sobre a reportagem da década


Em entrevista transmitida ao vivo pela internet na noite de sexta-feira (9), o jornalista Amaury Ribeiro Jr deu detalhes de algumas das operações financeiras fraudulentas que descreve em seu livro, A Privataria tucana. As respostas não pouparam os tucanos, a imprensa e até o PT. O autor foi entrevistado, por cerca de três horas, pelos jornalistas Renato Rovai, Rodrigo Viana, Luis Nassif, Luiz Carlos Azenha, Gilberto Maringoni, Conceição Lemes, Altamiro Borges e outros. Vale ver até o fim.




A obra trata de desvios de recursos durante as privatizações de empresas públicas no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Sobre o episódio em que foi acusado de montar dossiês contra lideranças do PSDB durante a eleição de 2010, o jornalista reiterou a versão apresentada à época, de que houve "fogo amigo" dentro do próprio PT.

Para o autor, as privatizações do período tucano tiveram um único propósito: "Foi para algumas pessoas enriquecerem, acumular fortuna pessoal. Não teve nada a ver com progresso, bem do país, nada disso". Segundo ele, José Serra, ex-governador de São Paulo e candidato derrotado à Presidência da República em 2002 e 2010, foi um dos principais beneficiários das "maracutaias" financeiras da venda de estatais.

O teor do livro reforça sua convicção. "Mais da metade do livro é documento, não é texto (opinativo). E são documentos disponíveis para consulta aberta, não tem nada conseguido com sigilo, estão na Polícia Federal."



O jornalista disparou diversas críticas à imprensa que, segundo suas investigações, mantém laços financeiros com grupos econômicos e políticos. "O (banqueiro) Daniel Dantas é sócio da Abril, manda na Veja", acusou. Também avaliou o papel que setores da mídia desempenharam na campanha presidencial de 2010 – "A imprensa foi canalha com a Dilma."

Para Ribeiro Júnior, o despreparo de grande parte dos jornalistas do país contribui para que esquemas de lavagem de dinheiro passem praticamente despercebidos do grande público. "Não é fácil seguir o caminho do dinheiro. As leis dos países facilitam a existência de paraísos fiscais e de empresas offshore. O público só se interessa quando aparece dinheiro em cofre, dentro de meias ou de cuecas. Mas isso é insignificante perto do que essa gente do poder faz."

O jornalista disse esperar que seu livro contribua para que sejam criados mecanismoss para regular o mercado financeiro mundial. "Tem acabar com parcerias de empresas brasileiras com entidades offshore, operações casadas em bolsa de valores, poder abrir empresas em paraísos fiscais e operar em outros países. Enquanto isso não acontecer, o crime organizado vai sempre nos vencer."

Fogo amigo
Ribeiro Júnior reiterou a versão apresentada durante a campanha eleitoral de 2010 de que foi vítima de uma disputa interna no PT quando foi acusado de ter forjado dossiês contra lideranças do PSDB. À época, circularam declarações de imposto de renda de tucanos que teriam envolvido quebra de sigilo junto à Receita Federal.

O jornalista atribuiu ao deputado estadual Rui Falcão (PT), atualmente presidente do PT, que disputava espaço dentro da campanha com Fernando Pimentel, hoje ministro do governo Dilma, a origem da acusação. Em abril deste ano, Rui Falcão chegou a ingressar na Justiça com queixa-crime contra Amaury Ribeiro Júnior.

Fonte: Rede Brasil e o canal de HervalJ do Youtube.

When I Think Of You

James deliver....







Delicia!

Tartar de salmón y aguacate

Por: Mikel López Iturriaga
Tartar-salmon-aguacate
Este tartar de salmón fresco, ahumado y aguacate se hace crema en la boca. La receta está adaptada del fantástico libro de Pep Nogué 'Comer bien por menos de 9 euros'.

Ingredientes
Para 8 personas
  • 600 gr. de salmón fresco sin piel ni espinas
  • 200 gr. de salmón ahumado
  • 4 aguacates medianos maduros
  • 60 gr. de pepinillos
  • 60 gr. de alcaparras
  • 2 escalonias (en su defecto, cebolletas)
  • 2 limones
  • 16 cucharadas de aceite de oliva
  • 2 cucharaditas de salsa Perrins
  • 1 cucharadita de tabasco
  • 2 cucharaditas de mostaza a la antigua
  • 2 cucharadas de cilantro picado (en su defecto, perejil)
  • Sal y pimienta negra recién molida
  • Ensalada verde con manzana para acompañar (opcional)
Preparación

1. Cortar el salmón fresco en dados lo más pequeños posible. Añadirle el salmón ahumado, los pepinillos, las alcaparras, la escalonia, el cilantro y el aguacate, todo picado fino. Mezclar y reservar en la nevera con los huesos del aguacate.

2. Preparar el aliño del tartar mezclando en un bote con tapa el aceite, dos cucharadas de zumo de limón, la mostaza, la salsa Perrins, el tabasco, sal y pimienta negra.

3. Antes de servir, agitar bien el aliño del tartar y añadirlo al salmón con aguacate. Mezclar y corregir de sal y pimienta. Colocarlo en los platos con un molde (si no se tiene, intentar hacer una forma más o menos compacta con una cuchara).

4. Servir los tartares, si se quiere, acompañados de ensalada verde con unos trocitos de manzana.

http://blogs.elpais.com/el-comidista/2010/12/receta-tartar-de-salmon-y-aguacate.html


"Mundo fala"

Violência, pobreza e corrupção ‘preocupam mais os brasileiros’

Atualizado em 12 de dezembro, 2011
Menino sem-teto no Brasil (Foto: Reuters)
Para brasileiros, pobreza extrema é o problema mais sério do mundo
A violência, a pobreza e a corrupção se destacaram como os problemas mundiais que mais preocupam os brasileiros entrevistados em uma pesquisa feita em 23 países a pedido do Serviço Mundial da BBC.
Em respostas espontâneas, 29% dos brasileiros disseram que a criminalidade é o principal problema do mundo, e 27% disseram que é o tema mais discutido no país.
Em seguida entre os temas mais discutidos, veio a corrupção, apontada por 21% dos entrevistados.
Esta percepção é semelhante à de outros países na América Latina, onde a questão da segurança encabeçou os temas mais discutidos em três dos seis países pesquisados, e a corrupção foi apontada como mais discutida em um.
Entretanto, nas respostas induzidas, nas quais os entrevistados foram apresentados a uma lista de 14 temas sobre o qual deveriam opinar – e que não incluía violência –, 95% e 94% dos brasileiros classificaram, respectivamente, os problemas da pobreza e da corrupção como "muito sérios".
Em seguida vieram a poluição e problemas ambientais e as guerras e conflitos (92% cada categoria).

 
A pesquisa anual BBC World Speaks ("Mundo fala") ouviu 12,3 mil entrevistados em 23 países entre julho e setembro a fim de estabelecer os temas que mais preocupam a população destes países e os mais discutidos.
As principais preocupações dos entrevistados no Brasil contrastam de certa maneira com as respostas dadas nos países desenvolvidos, onde a situação econômica global e o desemprego se sobressaíram como preocupações mais evidentes.
Para efeito de comparação, apenas 66% dos brasileiros consideraram as turbulências na economia global "muito graves" e o aquecimento global, que preocupava seriamente 90% dos brasileiros no ano passado, hoje preocupa apenas 80%.

Diferenças

No mundo, os assuntos mais discutidos foram a corrupção – que foi apontada por 24% dos entrevistados, três pontos percentuais a mais que no ano passado, a pobreza extrema – cuja preocupação também aumentou –, e o desemprego (ver tabela).
Entretanto, os pesquisadores perceberam um grande aumento na preocupação com o desemprego em relação a apenas dois anos atrás.
Em 19 países que participaram das três edições da pesquisa, o número de pessoas afirmando que discutiram as dificuldades no mercado de trabalho no mês anterior à entrevista subiu de apenas 3% em 2009 para 15% no ano passado e 18% neste ano.
Os pesquisadores notaram uma diferença entre as preocupações dos países de renda baixa, média e alta.
Entre os países mais pobres, a corrupção, o desemprego, a pobreza extrema e o aumento do preço dos alimentos estão entre os mais discutidos internamente.
Essas preocupações também são típicas dos países de renda média, ainda que em menor grau.
Já nos países ricos, a maior preocupação é de longe com o estado da economia mundial, o aquecimento global e a guerras.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/12/111209_bbc_pesquisa_pu.shtml

Minha rua tem tudo

Lucas Mendes: O café e o açaí do Aciar

 
Minha rua tem tudo. Quase tudo. O excelente hospital hospital St. Vincent faliu e fechou há quase dois anos, mas a vizinhança chora até hoje e faz campanhas por sua reabertura.
Só no meu quarteirão de cem metros, há um prédio de médicos, duas universidades, um cinema de arte com três telas e seis restaurantes, alguns entre os 10 melhores de Nova York, que atraem celebridades e ricos com suas limusines. Semana passada atraiu Barack Obama e eu tive de descer do táxi com minhas malas e caminhar dois quarteirões porque a área estava "congelada".
Na esquina da minha casa o agente do serviço secreto me barrou, mas fiz uma tal arenga que ele acompanhou até a porta, mas não me deixaram sair para uma caminhada antes do presidente com seus 29 carros sair do restaurante. Apesar disto vou votar nele.
Vamos caminhar para a Sexta Avenida, onde ficava um dos restaurantes favoritos do Village durante 35 anos. Joe Jr. era uma cafeteria greese spoon - ou "colher ensebada" -, como são apelidados os clássicos cafés-restaurantes gregos em lenta, inevitável e triste extinção nas esquinas novaiorquinas.
Quando o proprietário do imóvel tentou botar Joe Jr. para fora há uns dez anos a população do bairro se mobilizou e o grego, um trabalhador para variar, ficou, mas há dois anos, depois de um incêndio no porão, o custo da reconstrução era proibitivo.
A vizinhança se mobilizou, mas foi inútil. US$ 750 mil estavam fora de alcance do restaurante barato com um cheiro gostoso permanente de cebolas e batatas assadas na chapa aberta.
No lugar do grego veio O Café, completamente diferente e quase cem por cento brasileiro. O Pedro Andrade, vizinho de bairro, colega de mesa no Manhattan Connection e melhor guia de Nova York, me disse que O Café tem o melhor açaí da cidade.
Fui provar e conhecer o dono, Fernando Aciar, um chef argentino que passou por restaurantes paulistas, entre eles o Figueira em São Paulo, mas é um apaixonado pelo Rio, onde abriu e comandou muito anos o Café do Lage.
Jovem, 32 anos, filho e neto de cozinheiros, Fernando desde criança é ligadão em comida. Agora está na fase dos alimentos saudáveis e isto explica, em parte, o sucesso de O Café, aberto em janeiro. Só tem 18 cadeiras e as filas na porta são frequentes durante a manhã. Conquistou a vizinhança.
Na hora do almoço também lota e cinco pessoas atras do balcão tentam manter as filas curtas. Vale a pena. Minha lição sobre o café que ele traz do Brasil levou quase meia hora, ilustrada com um vídeo do fone dele sobre o processo de torrefação.
O café nobre de O Café vem da Fazenda Esperança, de Campos Sales, no cerrado mineiro. O chocolate, não menos excepcional, vem da Bahia. Mas a garrafinha de água de coco de US$ 4,5, vem da Tailândia e esgota rápido.
O açaí vem do Amazonas em barras congeladas que são batidas no liquidificador com banana, guaraná, agave, granola e quinoa. Será que esqueci alguma coisa? Acho um pouco adocicado, mas dá um coice energético. Fernando me garante que são calorias vegetais, do bem, que devoram as calorias do mal. Acredito nisto?
Há dez anos neste país quase ninguém sabia o que era açaí. Mesmo no Brasil ainda é bossa nova, mas se você escrevesse a palavra num papel e pedisse para o gringo pronunciar daria uma materinha no Jornal Nacional.
Hoje, mesmo com sua indecifrável cedilha, é palavra fácil em Nova York e a fruta pode fazer para os cofres amazônicos o que o kiwi fez pelos da Nova Zelândia, mas o açaí corre o risco de ser prostituído. Qualquer super mercado grande vende suco de açaí e não há um padrão nem é barato. O do Fernando custa quase US$ 9.
Na esquina seguinte o açaí é diferente. Ao contrário do kiwi, a fruta, que não sofre variações, o açaí varia do doce ao quase amargo, do ralo ao quase ensopado.
As histórias do Fernando Aciar são saborosas, variadas e instrutivas, mas eu rebati com uma que o deixou perplexo: a do meu pé de café. Em 1972, fui entrevistar um cientista num laboratório de Kalamazoo, no Michigan, numa área muito mais gelada do que Nova York. Era um especialista em estatinas que estava no começo da revolução contra o colesterol.
Na despedida, ele me mostrou um enorme pé de café dentro de casa. Fiquei deslumbrado e ganhei um vaso com um pezinho. Cinco ou seis anos depois, deu frutos. Lindos. Infelizmente, no meu divórcio a ex ficou com nosso pé de café e com a minha querida Jaboticaba, uma scotch terrier, mais conhecida como Jabot.
Jaboticaba o Fernando não tem, mas me disse que vai ter um pé de café na janela dele com vista para a rua 12, na esquina da Sexta Avenida. É só o que falta na minha rua. E aposto que jaboticabeira também cresce em vaso. Açaí eu duvido.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/12/111208_lucasmendes_tp.shtml

Segunda-feira: ame ou deixe-a

É meio unânime o fato de se odiar segundas-feiras. Todo o mau humor é desculpável nesse dia. Toda a reclamação é aceitável. Todas as coisas por fazer parecem piores neste dia que em qualquer outro. Se alguém aparece cantando e feliz logo é taxado de louco. Pois eis minha loucura: eu gosto de segundas-feiras.


Começou assim:

Sempre gostei de estudar, mas segunda-feira tinha aula de história e de português e de literatura, logo, um dos melhores dias da semana. Terça e sábado tinha filosofia no primeiro período, quer perfeição mais perfeita?

Quando entrei para a faculdade, depois de muito, mas muito estudo mesmo, eu o fiz para o curso de direito. Levei dois semestres e um mês para perceber nossa incompatibilidade epidérmica e chorava escondida por medo de fazer o óbvio. Isto é, ou eu abandonava o barco ou afundaria e passaria a vida afogada junto dele. Num desses dias, meu descontrole chegou aos olhos do meu pai e aí recebi minha primeira grande lição sobre segundas-feiras. "Duas coisas a gente não pode errar - disse ele - o que se faz ou com quem se está. Se você erra num deles, ou sua semana vai ser uma merda ou seu final de semana vai ser uma merda."

Lá fui eu seguir o sábio conselho paterno, embora, nem todos considerem assim. Há quem ache que minha continua busca por fazer apenas o que eu gosto seja uma porta para a depressão. Outros - quando reclamo - respondem com as pérolas: "a vida é assim mesmo"; "a gente sobrevive"; "às vezes, tem de se fazer o que não se gosta"; "tem que pagar as contas". É, tudo isso. Mas quem disse que tenho de me conformar? Quem disse que tenho de aceitar uma vida chata porque a vida "é assim"? Se eu aceitar isso, aceito o pior: a ideia de que a vida é coisa pronta, não em construção. Que eu sou coisa pronta e não em construção. Melhor morrer, digo eu. Não! (E farei uma Marcha sobre isso e sobre o direito à poder amar às segundas-feiras). Se não posso amá-las hoje, trabalharei o tempo que for para amá-las um outro dia. Enquanto trabalho, penso nesse dia futuro e amo ter segundas-feiras para começar a construí-lo.

Há algumas semanas, meu primo Vinícius disse-me algo genial: "As pessoas reclamam que segunda-feira começa tudo de novo. Não é bom poder começar tudo de novo?" Verdade. São os recomeços que dão sentido às coisas e não a continuidade, ou não só ela. Na semana em que ele me disse isso, eu estava preparando uma palestra sobre mitos e me foi impossível não associar. E, claro, lamentei um pouco o fato de, como humanidade, termos perdido a noção da real circularidade do tempo, dos ciclos de nascimento, morte e renascimento que nos comandam. A semana é apenas um deles. A gente morre no domingo à tarde, após as inversões do meio dia e dos seus excessos (coisas próprias de condenados), E renasce na segunda-feira.

Claro, os bebês nascem chorando, então, quer reclamar, reclame. Mas depois do choro inicial, criança choraminguenta é muito, mas muito chata.
 
 

A Chilena Isabel Allende

Entrevista exclusiva com a chilena Isabel Allende




Vencedora do Prêmio Nacional de Literatura do Chile em 2010 e autora do já clássico ‘A Casa dos Espíritos’, Isabel Allende, aos 69 anos, é, sem dúvida, a grande voz feminina da literatura latino-americana.
Sendo traduzida para mais de 30 línguas e tendo vendido cerca de 55 milhões de cópias, Allende concede entrevista exclusiva ao Vá Ler um Livro, onde conversa abertamente sobre a maneira como vê o leitor, como lida com o sucesso, a pressão que o reconhecimento exprime sobre sua obra e ainda dá dicas para novos escritores.
Em sua obra, é recorrente o uso de memórias – sejam elas pessoais ou de toda uma nação. Como você se sente ao escrever algo tão importante para você ou para outras milhares de pessoas? Existe um tipo especial de coragem nisto?
Eu não acredito que a coragem é necessária para escrever sobre a história de um lugar, mesmo quando esta história é muito trágica. Sobretudo, isso exige pesquisa. Algumas vezes é difícil ser objetiva, mas um escritor de ficção não tem que ser objetivo. Posso escrever conforme o meu coração pede.
Quando pensamos sobre a participação da mulher na literatura contemporânea latino-americana, é comum ter seu nome como o grande exemplo. Qual é o efeito disto em seu trabalho? Quando está escrevendo um novo livro, você imagina o que os seus fãs latino-americanos estão esperando dele, e qual imagem de sua cultura poderá ser transmitida para todo o mundo?
Eu sou sortuda por ter muitos leitores fiéis, mas quando começo um novo livro não fico intimidada pelo fato de que milhões de pessoas poderão lê-lo. Não escrevo por mim, tenho sempre em mente um leitor que quero seduzir, entreter, engajar e talvez mudar. Tento ser muito honesta na minha escrita e não me preocupar com a reação que os meus leitores poderão ter com a história.
Você é jornalista, e praticou este ofício em um momento muito produtivo e delicado da história latino-americana, tornando-se logo depois essa escritora fenomenal. O que poderia dizer para os jovens que desejam ser escritores reconhecidos no futuro? Qual a sua mensagem para eles?
Escrever é como treinar para esportes: você precisa de disciplina, esforço e tempo. Um livro requer dedicação e trabalho, ao menos que o escritor seja um gênio que possa produzir um ótimo romance em uma sentada, mas poucos realmente os são. Assim como um atleta treina todos os dias para estar preparado para jogar, um escritor tem que escrever todos os dias e nunca deve contar as páginas que vão para a lixeira. Se preciso, escreva uma centena de rascunhos, esse é o treinamento para os escritores. Ninguém se importa com o trabalho que alguém pôs na escrita, porque somente os resultados devem ser notados. Ler, pesquisar e escrever notas também é importante. Para um aspirante a escritor, eu recomendo que encontrem um ou vários mestres, leiam seu trabalho, estudem e veja como eles o fizeram. Um bom editor também pode ajudar, mas eles não são fáceis de se encontrar.
Qual o poder da literatura nos dias de hoje? Como ela pode modelar a visão de uma cultura ou de um povo neste mundo tão avançado tecnologicamente?
A tecnologia está mudando a maneira que nós lemos, alguns leem livros eletrônicos ou escutam audio books, mas a literatura continua tão importante como sempre esteve. Livros têm o poder de conectar pessoas, informar, algumas vezes mudar os leitores e ter um impacto em toda a sociedade. Por exemplo, A Cabana do Pai Tomas, de Harriet Beecher Stowe, contribuiu enormemente para informar o público sobre as atrocidades da escravidão e a ajudá-las no movimento abolicionista. Hoje, os romances contemporâneos sobre Afeganistão ou Iraque podem nos falar mais a respeito da guerra que os noticiários da TV. As histórias pessoais podem comover-nos mais que fatos.
Você escreve diariamente? Quais são suas principais inspirações, e como é seu processo de pesquisa, quando necessário?
Eu começo meus livros no dia 08 de Janeiro, e escrevo diariamente por vários meses até ter concluído o manuscrito. Gasto assim o resto do ano viajando, pesquisando para a próxima obra, palestrando, etc. Antes de começar um projeto eu pesquiso em vários outros, e, no processo de escrita, se preciso, busco os detalhes na internet.
Seu livro mais recente, O Caderno de Maya, foi lançado este ano. O que seus fãs podem esperar de seus próximos trabalhos?
No próximo ano, em 08 de janeiro, gostaria de começar um outro livro, mas ainda não sei ao certo sobre o que será. Estou pensando em um thriller, ou um romance policial, algo completamente diferente dos meus outros trabalhos. Gosto de desafios!


revolução entre o místico e os negócios, o romântico e o racional

Walter Isaacson, entrevista NY Times (traduzida)





Walter Isaacson, o escritor da única biografia autorizada do Steve Jobs, lançado aqui no Brasil pela Cia das Letras, concedeu uma entrevista para o New York Times contando mais sobre sua história e processo criativo.
Segue a entrevista, com tradução livre:
NY: Quando você conheceu o Steve Jobs?
Eu conheci o Steve mais ou menos em 1984. Eu estava na “Time Magazine” e ele veio para o nosso escritório para nos mostrar o Macintosh original. Ele ficou falando sobre esses ícones na tela com uma paixão, dizendo que aquilo mudaria o universo. Ao mesmo tempo ele estava furioso com uma história que a Time havia criado, então eu vi o seu lado petulante também.
NY: Você concordaria em escrever a biografia do Mr. Jobs se ele estivesse vivo hoje?
Eu não sei. Eu realmente pensei que ele ainda estaria vivo quando o livro fosse lançado. Ele me convenceu totalmente que ele ficaria um passo à frente do câncer. Ele me disse três meses antes que ele estava fazendo um novo tratamento e que ele venceria o câncer mais uma vez.
NY: Quando ele discutia sobre seu futuro, qual seria o próximo produto que ele estava planejando?
Tinham três coisas que ele gostaria de reinventar: a televisão, os livros e a fotografia. Ele realmente queria pegar essas coisas. Eu não vou entrar em detalhes sobre esses produtos no livro porque está implícito nas criações da Apple e não é justo que eu os revele. Mas, ele falou sobre a televisão. Ele me contou que, “Não há razão para ter todos esses botões remotos complicados”.
NY: Antes você escreveu a biografia do Albert Einstein. O Mr. Jobs entrou nesta lista de “pensadores”?
Eu acho que Einstein está em uma órbita diferente. Steve está igualado à Walt Disney ou Pablo Picasso. Disney foi provavelmente o mais próximo de Steve. A verdadeira geniosidade destes homens é que eles foram capazes de criar uma conexão emocional com seus produtos. Bob Dylan fez o mesmo com a música; Picasso com a arte. Ele foi um gênio real que amarrou a arte, emoção e a tecnologia em conjunto.
NY: As pessoas dizem que Mr. Jobs foi um idiota. Ele foi?
O tema do livro é a intensidade e paixão que eram refletidos em sua personalidade que era parte integrante do Steve. Foi o que o fez capaz de mudar as coisas, inventar e fazer produtos maravilhosos. Ele pode ter sido julgado como um idiota por conta de sua bruta honestidade com as pessoas. Mas sua petulância estava ligada com seu perfeccionismo. Se ele fosse realmente um idiota não teria construído uma equipe da Apple que foi mais leal do que qualquer outros executivos do topo da América.
NY: Então foi sua paixão que o levou à petulância?
Absolutamente. Não foi apenas grosseria. Foi sua paixão que o levou a fazer uma ótima companhia e ótimos produtos. Ele estava profundamente emocionado com todas as coisas ao redor dele.
NY: Ele tentou controlar o que você escrevia para o livro?
Eu esperava isso, mas não aconteceu. Ele me surpreendeu insistindo que ele não queria controlar nada sobre o livro e por ser extremamente aberto e honesto sobre tudo. Eu honestamente fiquei esperando que ele acabasse com tudo no livro, mas quando mais a gente conversava, mais eu escrevia e ele ia me fornecendo mais, se abrindo mais, cada vez com mais emoção. Ele me encorajou a falar com todo mundo, inclusive seus adversários.
NY: Porque você acha que Mr. Jobs não deu seu dinheiro para uma entidade filantrópica?
Essa é uma das coisas sobre ele que eu não sei muito bem. Houve uma privacidade sobre filantropia. Eu perguntei para ele sobre isso, mas ele preferiu não discutir. Laurene, sua esposa, tem sido muito ativa no movimento de reforma na educação, mas eu nunca soube os detalhes de suas doações.
NY: Depois de escrever o livro, quem você acha que foi Steve Jobs?
Ele tinha muitas contradições em sua personalidade. Conectando uma contracultura, rebeldia, um desajuste sensível no mundo dos negócios e a sensibilidade de sua engenharia que o fez ser contradiário, mas que também o fez ser extraordinário.
Ele aproximou todos esses aspectivos de suas vidas em todas essas contradições: seu câncer, seus produtos e sua vida pessoal.
NY: Ele pode ser substituído na Apple?
Ele não pode ser substituído por uma única pessoa, mas por duas. Tim Cook é o cérebro do Steve. Ele é meticuloso, científico e empreendedor. Jony Ive é o artista, emocional romântico do lado de Steve. Ambos, juntos, formam um time incrível que se manterá unida de uma forma muito boa.
NY: A Apple pode continuar lançando bons produtos sem a liderança de Mr. Jobs?
Steve tinha o poder da magia do pensamento. Ele incluiu a possibilidade de inventar o futuro por “pensar diferente”, e ele dividiu isso com Jony Ive, que foi um parceiro real e de alma do Steve. Entre os negócios de Tim e o design de Jony, eu não tenho dúvida que a companhia vai continuar criando ótimos produtos.
NY: Bom, qual são seus próximos projetos agora que o livro acabou?
Eu estou voltando para o meu real trabalho. Eu voltei a trabalhar no Instituto Aspen, já estou aqui há oito anos. E estou envolvido em ensinar para a América.
NY: Você não fica preocupado de seu nome estar sempre “linkado” ao Steve Jobs?
Não, isso é passado. Eu tenho uma vida paralela. Steve foi apenas uma das várias biografias que eu já escrevi.
NY: Você publicou o livro antes porque você sabia que Mr. jobs iria morrer?
O livro acabou em Junho. Eu conversei com meus editores e nós não tínhamos uma data para publicação. Por isso decidimos definir como a data que Steve saiu de seu cargo na C.E.O, em agosto. O final do livro era diferente: ele acabaria por deixar a Apple. É claro que, depois, o final teve que ser mudado.
NY: Você está feliz com o resultado final do livro?
Eu fiquei espantado. Tem sido bem recebido. É claro que as vendas do livro não são por minha causa, são por conta de Steve. Ele me deu um enorme material e o livro foi quase escrito por si mesmo.
NY: Você quer dividir alguma última coisa sobre Mr. Jobs?
A principal coisa é: sua petulância não é algo isolado. Fazia parte de sua paixão pela perfeição. Eu acho que ele realmente sabia que, por estar sendo exigente, ele estaria sendo inspirador. Ele criou equipes incrivelmente leais. Ele convenceu pessoas que eles poderiam fazer o impossível e eles atravessariam paredes por ele. Como resultado, a Apple continua fazendo produtos ótimos.
Tudo que ele faz foi uma revolução entre o místico e os negócios, o romântico e o racional. E estes se amarraram em cada caso. Os dois lados e o fato dele poder se juntar à isso fez um produto maravilhoso: Steve Jobs.