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quinta-feira, 21 de junho de 2012

A estrada não trilhada

Robert Frost –

 
A estrada não trilhada
Num bosque, em pleno outono, a estrada bifurcou-se,
mas, sendo um só, só um caminho eu tomaria.
Assim, por longo tempo eu ali me detive,
e um deles observei até um longe declive
no qual, dobrando, desaparecia…
Porém tomei o outro, igualmente viável,
e tendo mesmo um atrativo especial,
pois mais ramos possuía e talvez mais capim,
embora, quanto a isso, o caminhar, no fim,
os tivesse marcado por igual.
E ambos, nessa manhã, jaziam recobertos
de folhas que nenhum pisar enegrecera.
O primeiro deixei, oh, para um outro dia!
E, intuindo que um caminho outro caminho gera,
duvidei se algum dia eu voltaria.
Isto eu hei de contar mais tarde, num suspiro,
nalgum tempo ou lugar desta jornada extensa:
a estrada divergiu naquele bosque – e eu
segui pela que mais ínvia me pareceu,
e foi o que fez toda a diferença.
#Tradução: Renato Suttana*
Robert Frost (1874 – 1963)


The road not taken
Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;
Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same,
And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I marked the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.
I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I-
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.

*O tradutor Renato Suttana (n. 1966) é professor universitário e autor de Uma poética do deslimite: o poema como imagem na obra de Manoel de Barros (dissertação de mestrado, PUC-MG, 1995) e dos livros Visita do fantasma na noite (poesia, 2002), O livro da noite (prosa, 2005) e João Cabral de Melo Neto: o poeta e a voz da modernidade (São Paulo: Editora Scortecci, 2005) e Bichos (poesia, 2005, ed. integralmente ilustrada por NS).

Segura o forró...




Monitoramento de Dilma

                                                                                                       

Dilma foi monitorada pelo SNI na gestão Sarney





Presa e torturada pela ditadura militar, Dilma Rousseff continuou sob monitoramento do aparato de espionagem estatal nos primeiros anos do Brasil redemocratizado, quando respondia pela Presidência da República José Sarney.
É o que revelam documentos disponíveis no Arquivo Nacional. Foram organizados num banco de dados chamado ‘Acervo da Ditadura’. Mais de oito milhões de páginas. Coisa produzida durante o regime militar e na Era Sarney.
Ao mergulhar no papelório, o repórter Rubens Valente apalpou 181 documentos com menções a Dilma. As referências começam em 1968 e se estendem até o final dos anos 80 –aparecem em 17 documentos preparados pelo SNI (Serviço Nacional de Informações) na época em que Sarney era o inquilino do Planalto.
Nessa fase pós-ditadura, o SNI mobilizava arapongas e torrava dinheiro público para colecionar dados inúteis. Num texto, por exemplo, Dilma é retratada como peça de uma “infiltração comunista” em órgãos da prefeitura e do governo do Rio Grande do Sul. Deu-se realce à passagem dela por grupos da esquerda armada: VAR-Palmares e Colina.
Noutro relatório, lê-se que Dilma atuava em movimento feminista que, no dizer do SNI, almejava “a conscientização das massas, pretendida por facções esquerdistas que almejam o poder.” Bem verdade que a espionada chegou ao poder pelas mãos masculinas de Lula. Mas a arapongagem, sem querer, revelou-se premonitória.
Vigiou-se Dilma também numa viagem ao México. Os espiões acompanharam-na ainda num comício de 1988, contra a ampliação do mandato de Sarney. Nesse ato, a ‘subversiva’ estava acompanhada de outro personagem molesto: Lula.
Procurado, Sarney, hoje um fervoroso aliado do governo Dilma, manifestou-se por meio da assessoria. Mandou dizer que ordenara ao SNI que não realizasse “levantamentos sobre a vida privada” de “nenhum brasileiro”. O Planalto, agora sob o comando da ex-vigiada, preferiu não comentar. Abaixo, um extrato dos papéis:


‘Alguém tem que ser o primeiro’, diz o presidente José Mujica



Em entrevista durante a Rio+20, Mujica se mostrou confiante no sucesso da iniciativa



O presidente José Mujica durante uma conferência no Uruguai, em outubro de 2011
Foto: Matilde Campodonico/AP
O presidente José Mujica durante uma conferência no Uruguai, em outubro de 2011Matilde Campodonico/AP
O presidente do Uruguai, José “Pepe”Mujica, minimizou as críticas, a polêmica e o espanto causados por seu projeto de descriminalização da maconha. Com o estilo simples que lhe é peculiar, sem gravata ou seguranças, Mujica se mostrou confiante no sucesso da iniciativa. Ele conversou com o GLOBO durante a plenária dos chefes de Estado da Rio+20.
O GLOBO: Quais os riscos de descriminalizar o uso da maconha?
JOSÉ “PEPE” MUJICA: Veja bem, a ideia não é liberar. Ao contrário, vamos controlar através de uma rede estatal de distribuição. Não estamos propondo uma legalização que permita que qualquer um possa ir ao armazém, comprar quantidades de maconha e fazer o que quiser. O Estado vai ter controle da qualidade, da quantidade, do preço, e as pessoas estarão registradas. Os cigarros terão controle digital, sendo possível rastrear sua origem por meio da assinatura química da amostra. É importante frisar que se você comprar 20 cigarros, terá que consumi-los e não poderá vendê-los.
Mas como será possível garantir que não haverá uma revenda da droga?
MUJICA: Com o registro no Estado, esses usuários serão facilmente rastreados se as regras forem violadas. Estamos anunciando um pacote de 16 medidas para combater a insegurança, mas só se fala nessa. O que nós esperamos é reduzir o número de crimes nas cidades uruguaias. A maioria dos crimes, hoje, é cometida por jovens delinquentes.
Não é um passo ousado demais?
MUJICA: Existem propostas semelhantes na Europa, e alguém tem que começar na América do Sul. Alguém tem que ser o primeiro, porque nós estamos perdendo a batalha contra as drogas e a criminalidade no continente. Faço isso pela juventude, pois as formas tradicionais de enfrentar este problema não deram resultado até agora. Temos que buscar outro caminho, mesmo que alguns o considerem ousado. O Uruguai é um país pequeno, onde se podem fazer as coisas com mais facilidade. Não somos grandes como o Brasil.

http://oglobo.globo.com/mundo/alguem-tem-que-ser-primeiro-diz-presidente-jose-mujica-5271888