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sábado, 15 de fevereiro de 2014

AMOR NÃO É COISA QUE SE FAÇA






Nei Duclós


Amor não é coisa que se faça
Está fora dos ofícios, dos mecanismos da caça
É pomba sobre os telhados, pousa por ser destino
O que vem depois é água em direção ao abismo
borboleta no rastro de um cardume de golfinhos


Amor é bicho marinho fora da rede de arrasto
todo mundo viu, mas só poucos acreditam
não é fácil fisgá-lo da amurada de um barco
empiná-lo, lua cheia, nas nuvens da borrasca
resolvê-lo em cadernos de algoritmos escassos


Amor é forte em ruínas, com rifles enferrujados
a tropa fugiu de casa diante de uma vanguarda
cem canhões dispararam sobre teu perfil claro
levantei minha bandeira onde havia casamata
entrei conquistador na cidade sem abrigo


Amor não faz sentido, é sonho que não avisa
jogo de conchas no mapa do nosso grito
estaremos perdidos antes que venha o futuro
o final anunciado em trombetas manuscritas
Tenha dó da palavra, não atingirá o conflito


Amor é soco no ar, planta que agarra pedra
espinho com vocação de ser guardião da pétala
corpo de desafogo, pavio de longo compasso
nó de gravata nova antes do baile de gala
rosa posta na mesa quando teu beijo desatas


http://outubro.blogspot.com.br/2014/02/amor-nao-e-coisa-que-se-faca.html

Não falta interesse...






Mulheres não perdem o interesse sexual com a idade

Pesquisa da Universidade de Pittsburgh com 600 mulheres entre 40 e 65 anos desde 2005 mostra que, em 2013, 85% delas continuavam sexualmente ativas
Relatório foi publicado na revista “JAMA Internal Medicine”






Pesquisa mostra que mulheres são sexualmente ativas até a terceira idade StockPhoto


NOVA YORK - Há um consenso sobre a falta de interesse sexual da mulher na meia idade e após a menopausa que os cientistas acabam de derrubar. Pesquisadores da Universidade de Pittsburgh começaram a estudar 600 mulheres entre 40 e 65 anos em 2005 e, depois de quatro anos, classificaram 354 das iniciais 602 participantes como sexualmente ativas. No oitavo ano da pesquisa, 85% continuaram desta forma, segundo um relatório publicado na revista “JAMA Internal Medicine”.

- Mulheres que diziam que o sexo era moderadamente ou extremamente importante tinham três vezes mais chances de permanecer ativas em relação às que não consideravam sexo uma prioridade - explicou ao “Daily Mail” a pesquisadora Holly Thomas, que aponta este fator como principal para manter o desejo sexual ao longo da vida.

- Há esta percepção social de que, conforme a mulher envelhece, o sexo se torna desimportante ou que a mulher simplesmente para de fazer sexo com a idade. Pelo nosso estudo, nos parece que a maioria das mulheres continua a ter uma vida sexualmente ativa - disse Holly.

No total, 10% das mulheres estudadas consideravam sexo extremamente importante; 50% diziam que era moderadamente importante; e cerca de 20% afirmavam que não era muito importante. As demais não responderam à questão.

Aquelas que colocaram o assunto no topo de sua lista tiveram três vezes mais chances de permanecerem sexualmente ativas em comparação com as que não consideravam sexo importante — sexualmente ativa para o grupo de 48 a 73 anos significa pelo menos uma vez nos últimos seis meses.

O estudo não observou a frequência das relações sexuais, mas segundo a pesquisadora outro estudo apontou uma vez por mês como média para esta faixa etária.

- A vida sexual da mulher pode mudar com o tempo, mas isso não necessariamente significa que o sexo não é importante ou que ela não gosta de sexo - afirmou Holly.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/saude/mulheres-nao-perdem-interesse-sexual-com-idade-11596946#ixzz2tQ0Tg6Gz

Os cachinhos da Shirley Temple




Ruy Castro

folha de são paulo

De volta aos cachinhos

RIO DE JANEIRO - Minha velha amiga Margarida Sarda detestavaShirley Temple. Sua mãe a penteava como Shirley Temple --fazia-lhe todo dia os 56 cachinhos dourados de Shirley Temple. Metia-a em casaquinhos, saiotes e marinheiras de Shirley Temple. Calçava-lhe as meias curtinhas ou três quartos de Shirley Temple. E a inundava de bonecas, brinquedos e adereços de Shirley Temple. Só não lhe aplicou as covinhas de Shirley Temple. Em represália, Margarida passou a infância dedicando-se a não ser Shirley Temple. Conseguiu.

Por causa de Shirley Temple, todas as mães do mundo exigiam o impossível de suas filhas. A própria Shirley também só foi Shirley Temple enquanto não teve escolha. Dos quatro aos 12 anos, ela foi um produto de sua mãe, Gertrude --e de si própria, porque ninguém a ensinou a representar. Aos seis, já sabia fazer tudo que a venerada Ethel Barrymorelevara 60 para aprender.

Seus filmes, a uma média de quatro por ano, entre 1934 e 1939, rendiam milhões e podiam ser intoleráveis, mas ela não era. Na verdade, era quase impossível não admirá-la. E o quase vai por causa de Graham Greene, então crítico, para quem Shirley só podia agradar a gagás pedófilos. Não é verdade. Confira em "Dada em Penhor" (1934), "A Mascote do Regimento" (1935), "A Queridinha do Vovô" (dirigido por John Ford) e "Heidi" (1937) e "Sonho de Moça" (1938).

Aos 12 anos, em 1940, foi abandonada pelo público. Gertrude tirou-a do cinema e a botou para estudar. Shirley suspirou aliviada e nunca fez muita força para voltar ao estrelato. Tocou sua vida e, no futuro, sem ser da "carrière", tornou-se embaixadora dos EUA em Gana e na então Tchecoslováquia, em épocas conturbadas desses países. Shirley Temple finalmente chegara à idade adulta.

Mas bastou-lhe morrer, na segunda-feira, aos 85 anos, para ser devolvida aos cachinhos.


http://remediosdirce.blogspot.com/2014/02/ruy-castro_15.html?spref=tw