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terça-feira, 12 de março de 2013
prisão dinheiro
Conheço amigos que ralaram anos a fio em empregos merrecas, sofreram todo tipo de indignações e privações, e aguentaram tudo estoicamente: pagaram suas contas com dificuldade, mantiveram sua dignidade, não se deixaram corromper.
E, no entanto, bastou começarem a ganhar mais para perderem suas almas para sempre. Quando se entra nesse círculo vicioso é quase impossível de sair.
Funciona mais ou me...nos assim:
1. Primeiro, você arruma um trabalho. Fica quase envaidecido de alguém achar que merece o salário que lhe ofereceram e se promete fazer um excelente serviço! É o começo da sua vida profissional.
2. Fase da demanda reprimida: começa a consumir mais, todas aquelas coisas que não podia comprar quando ainda não tinha o trabalho. Seus gastos fixos crescem: leasing de carro, aluguel de apartamento maior, TV a cabo, plano de previdência privada, etc. Sobe seu padrão de vida.
3. Talvez por descontrole, talvez por uma emergência, se endivida pela primeira vez. Mas tudo bem, você paga até o final do ano.
4. Percebe subitamente que precisa manter aquele emprego, senão não conseguirá pagar o leasing, a previdência, as parcelas da viagem do ano passado, etc. Pensa nos seus gastos mensais antes do emprego e simplesmente não consegue entender como sobrevivia com tão pouco. Vida com menos de cem canais de televisão não é vida! Sente medo.
5. Trabalha ainda mais duro pra não perder o emprego. Fica estressado de tanto trabalhar, de tanto se preocupar, de tanto ter medo. Começa a tomar remédios. Brocha pela primeira vez. Mais e mais cabelos na escova.
6. Cansado física e emocionalmente, consome ainda mais. DVDs de séries idiotas, pornografia japonesa, livros que não vai ler nunca, qualquer coisa pra descansar sua cabeça e desacelerar seus nervos, de modo que possa acordar no dia seguinte capaz de trabalhar mais 15 horas. Ou então, livros sobre seu trabalho, quem mexeu no queijo do meu chefe, inglês pra executivos apressados, para tornar-se ainda mais eficiente e não ser – deus me ajude – demitido. Já não tem mais tempo livre, pois todo o seu tempo, mesmo quando não está no trabalho, gira em torno do trabalho.
7. De tanto consumir nervosamente, suas dívidas crescem, espalhadas por tantos lugares que nem dá pra acompanhar. Graças ao seu bom salário, o banco lhe deu um limite gigantesco pro cheque especial, que você achou que jamais atingiria, e fica chocado ao atingir. Mal sabe quantos pré-datados faltam pra cair, ou quantos pagamentos parcelados ainda vão bater no cartão de crédito. E o leasing do carro, meu deus? Se arrepende de pagar durante 10 meses por uma viagem de 5 dias que nem foi tão legal assim, mas todo mundo do escritório estava indo, você não poderia ser o último pra trás. A cada compra, você se pergunta: “qual é o melhor cartão de crédito pra usar? qual é mesmo o dia do vencimento do Visa? será que já estourei o Mastercard?”.
8. Desespero no trabalho. Horas extras, frilas, puxação de saco desenfreada. A economia está em crise, se for despedido agora é o fim de tudo. É tudo ou nada. Mais e mais remédios, menos e menos libido. Tudo o que pode fazer agora com as mulheres é dedá-las rapidinho – mas elas nem ligam, estão mais interessadas no seu emprego, no seu apartamento, no seu carro. Você nem liga: quem precisa de mulher se tem a internet?
9. Dívidas crescem. Tenta pegar um empréstimo rápido em uma financeira e descobre que seu nome está sujo na praça por causa de um cheque pré-datado que nem lembra mais pra quem foi. Sem esse empréstimo, a financeira (outra) vai tomar seu carro e vai perder tudo o que gastou no leasing! E como vai chegar no trabalho sem carro? Seu bairro de rico não tem serviço de transporte público decente. Com que cara vou ficar na agência se souberem que não tenho carro? É o fim de tudo, etc.
E assim continua. Não sei como termina. O final é sempre diferente, mas nunca é bonito.
(trecho da prisão dinheiro)
http://www.scribd.com/doc/34826684/Prisao-Dinheiro-Alex-Castro
E, no entanto, bastou começarem a ganhar mais para perderem suas almas para sempre. Quando se entra nesse círculo vicioso é quase impossível de sair.
Funciona mais ou me...nos assim:
1. Primeiro, você arruma um trabalho. Fica quase envaidecido de alguém achar que merece o salário que lhe ofereceram e se promete fazer um excelente serviço! É o começo da sua vida profissional.
2. Fase da demanda reprimida: começa a consumir mais, todas aquelas coisas que não podia comprar quando ainda não tinha o trabalho. Seus gastos fixos crescem: leasing de carro, aluguel de apartamento maior, TV a cabo, plano de previdência privada, etc. Sobe seu padrão de vida.
3. Talvez por descontrole, talvez por uma emergência, se endivida pela primeira vez. Mas tudo bem, você paga até o final do ano.
4. Percebe subitamente que precisa manter aquele emprego, senão não conseguirá pagar o leasing, a previdência, as parcelas da viagem do ano passado, etc. Pensa nos seus gastos mensais antes do emprego e simplesmente não consegue entender como sobrevivia com tão pouco. Vida com menos de cem canais de televisão não é vida! Sente medo.
5. Trabalha ainda mais duro pra não perder o emprego. Fica estressado de tanto trabalhar, de tanto se preocupar, de tanto ter medo. Começa a tomar remédios. Brocha pela primeira vez. Mais e mais cabelos na escova.
6. Cansado física e emocionalmente, consome ainda mais. DVDs de séries idiotas, pornografia japonesa, livros que não vai ler nunca, qualquer coisa pra descansar sua cabeça e desacelerar seus nervos, de modo que possa acordar no dia seguinte capaz de trabalhar mais 15 horas. Ou então, livros sobre seu trabalho, quem mexeu no queijo do meu chefe, inglês pra executivos apressados, para tornar-se ainda mais eficiente e não ser – deus me ajude – demitido. Já não tem mais tempo livre, pois todo o seu tempo, mesmo quando não está no trabalho, gira em torno do trabalho.
7. De tanto consumir nervosamente, suas dívidas crescem, espalhadas por tantos lugares que nem dá pra acompanhar. Graças ao seu bom salário, o banco lhe deu um limite gigantesco pro cheque especial, que você achou que jamais atingiria, e fica chocado ao atingir. Mal sabe quantos pré-datados faltam pra cair, ou quantos pagamentos parcelados ainda vão bater no cartão de crédito. E o leasing do carro, meu deus? Se arrepende de pagar durante 10 meses por uma viagem de 5 dias que nem foi tão legal assim, mas todo mundo do escritório estava indo, você não poderia ser o último pra trás. A cada compra, você se pergunta: “qual é o melhor cartão de crédito pra usar? qual é mesmo o dia do vencimento do Visa? será que já estourei o Mastercard?”.
8. Desespero no trabalho. Horas extras, frilas, puxação de saco desenfreada. A economia está em crise, se for despedido agora é o fim de tudo. É tudo ou nada. Mais e mais remédios, menos e menos libido. Tudo o que pode fazer agora com as mulheres é dedá-las rapidinho – mas elas nem ligam, estão mais interessadas no seu emprego, no seu apartamento, no seu carro. Você nem liga: quem precisa de mulher se tem a internet?
9. Dívidas crescem. Tenta pegar um empréstimo rápido em uma financeira e descobre que seu nome está sujo na praça por causa de um cheque pré-datado que nem lembra mais pra quem foi. Sem esse empréstimo, a financeira (outra) vai tomar seu carro e vai perder tudo o que gastou no leasing! E como vai chegar no trabalho sem carro? Seu bairro de rico não tem serviço de transporte público decente. Com que cara vou ficar na agência se souberem que não tenho carro? É o fim de tudo, etc.
E assim continua. Não sei como termina. O final é sempre diferente, mas nunca é bonito.
(trecho da prisão dinheiro)
http://www.scribd.com/doc/34826684/Prisao-Dinheiro-Alex-Castro
*Extraido do Facebook
pássaros surrealistas de Maurizio Bongiovanni
publicado em artes e ideias por diana guerra
À primeira vista, parecem fotografias alteradas na Photoshop. Mas nada disso: tratam-se de telas a óleo com efeitos surrealistas do pintor Maurizio Bongiovanni. Conheça melhor aqui o trabalho deste italiano.
Estes pássaros fazem-nos lembrar os "Relógios Derretidos" de Salvador Dalí, numa versão mais moderna e organizada. O efeito não é inovador, mas as reminiscências surrealistas aliam-se ao realismo de pormenor do cenário, construindo uma ponte pouco explorada na pintura e que nos faz lembrar fotografias distorcidas pelo Photoshop.
O trabalho pertence a Maurizio Bongiovanni, um italiado de Milão que define o seu trabalho como triste, correspondendo ao culminar de uma época de sofrimento. Trata-se de uma forma de libertação, construida em cores vivas e em temas muito relacionados com a natureza.
Entre a pintura realista e a abstrata, Bongiovanni interage com conceitos tradicionais e contemporâneas. O resultado são telas a óleo que tudo teriam para ser retratos realistas da natureza, caso não fossem empregues efeitos surreais que puxam os desenhos para cima ou para baixo, como uma qualquer força gravítica inesperada de uma geometria preocupante.
Mas a sua pintura não pára por aí: Bongiovanni tem evoluido, nas suas últimas telas a desconstrução do cenário é cada vez maior e passamos a ter dificuldade em identificar a realidade pormenorizada dos seus primeiros trabalhos: "Bird Rib" parece quase uma ilustração.
Quanto à inspiração para a composição destas telas, o artista diz que partiu de uma junção de ideias, muitas delas contemporâneas: a queda das Torres Gémeas no 11 de Setembro, os descarregamentos constantes da internet, o arco-íris, e do seu próprio computador, um Mac Book.
Longe de ser um novo Dalí, o trabalho deste italiano é digno de ser seguido no seu Flickr.
Leia mais: http://obviousmag.org/archives/2010/07/passaros_surrealistas_de_maurizio_bongiovanni.html?utm_source=obvious&utm_medium=cpc&utm_campaign=related_articles_bottom#ixzz2NM59VWb3
Tabacaria
em Artes e Ideias por vasco neves
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar?
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Génio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho genios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora génios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistámos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordámos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, para o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.
(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei que moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)
Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente
Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.
Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?),
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.
Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheco-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.
Álvaro de Campos
Leia mais: http://obviousmag.org/sphere/2013/02/tabacaria.html#ixzz2NM2fVEpJ
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