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domingo, 29 de abril de 2012

Para Uma Menina Com Uma Flor

Para uma Menina com uma Flor
Porque você é uma menina com uma flor e tem uma voz que não sai, eu lhe prometo amor eterno, salvo se você bater pino,
o que, aliás, você não vai nunca porque você acorda tarde, tem um ar recuado e gosta de brigadeiro: quero dizer, o doce feito com leite condensado.
E porque você é uma menina com uma flor e chorou na estação de Roma porque nossas malas seguiram sozinhas para Paris e você ficou morrendo de pena delas partindo assim no meio de todas aquelas malas estrangeiras.
E porque você sonha que eu estou passando você para trás, transfere sua d.d.c. para o meu cotidiano, e implica comigo o dia inteiro como se eu tivesse culpa de você ser assim tão subliminar. E porque quando você começou a gostar de mim procurava saber por todos os modos com que camisa esporte
eu ia sair para fazer mimetismo de amor, se vestindo parecido. E porque você tem um rosto que está sempre um nicho, mesmo quando põe o cabelo para cima, parecendo uma santa moderna, e anda lento, e fala em 33 rotações mas sem ficar chata. E porque você é uma menina com uma flor, eu lhe predigo muitos anos de felicidade, pelo menos até eu ficar velho: mas só quando eu der uma paradinha marota para olhar para trás, aí você pode se mandar, eu compreendo.
E porque você é uma menina com uma flor e tem um andar de pajem medieval; e porque você quando canta nem um mosquito ouve a sua voz, e você desafina lindo e logo conserta,
e às vezes acorda no meio da noite e fica cantando feito uma maluca. E porque você tem um ursinho chamado Nounouse e fala mal de mim para ele, e ele escuta e não concorda porque ele é muito meu chapa, e quando você se sente perdida e sozinha no mundo você se deita agarrada com ele e chora feito uma boba fazendo um bico deste tamanho. E porque você é uma menina que não pisca nunca e seus olhos foram feitos na primeira noite da Criação, e você é capaz de ficar me olhando horas. E porque você é uma menina que tem medo de ver a Cara-na-Vidraça, e quando eu olho você muito tempo você vai ficando nervosa até eu dizer que estou brincando.
E porque você é uma menina com uma flor e cativou meu coração e adora purê de batata, eu lhe peço que me sagre seu Constante e Fiel Cavalheiro.
E sendo você uma menina com uma flor, eu lhe peço também que nunca mais me deixe sozinho, como nesse último mês em Paris; fica tudo uma rua silenciosa e escura que não vai dar em lugar nenhum; os móveis ficam parados me olhando com pena;
é um vazio tão grande que as mulheres nem ousam me amar porque dariam tudo para ter um poeta penando assim por elas, a mão no queixo, a perna cruzada triste e aquele olhar que não vê. E porque você é a única menina com uma flor que eu conheço, eu escrevi uma canção tão bonita para você, "Minha namorada", a fim de que, quando eu morrer, você, se por acaso não morrer também, fique deitadinha abraçada com Nounouse cantando sem voz aquele pedaço que eu digo que você tem de ser a estrela derradeira, minha amiga e companheira, no infinito de nós dois.
E já que você é uma menina com uma flor e eu estou vendo você subir agora - tão purinha entre as marias-sem-vergonha
- a ladeira que traz ao nosso chalé, aqui nessas montanhas recortadas pela mão de Guignard; e o meu coração, como quando você me disse que me amava, põe-se a bater cada vez mais depressa.
E porque eu me levanto para recolher você no meu abraço, e o mato à nossa volta se faz murmuroso e se enche de vaga-lumes enquanto a noite desce com seus segredos, suas mortes, seus espantos - eu sei, ah, eu sei que o meu amor por você é feito de todos os amores que eu já tive, e você é a filha dileta de todas as mulheres que eu amei; e que todas as mulheres que eu amei, como tristes estátuas ao longo da aléia de um jardim noturno, foram passando você de mão em mão até mim, cuspindo no seu rosto e enfrentando a sua fronte de grinaldas; foram passando você até mim entre cantos, súplicas e vociferações - porque você é linda, porque você é meiga e sobretudo porque você é uma menina com uma flor.

E Por Falar Em Saudade...

 

...onde anda você?
e por falar em paixão, em razão de viver,
você bem que podia me aparecer,
nesses mesmos lugares, na noite,
nos bares, aonde anda você?

“O único poeta que viveu como poeta”, disse Drummond. E como poeta morreu. Ou ainda: ele era um amor. E mais, ele era o amor. O amor nem sempre chega na hora certa nem nos dá o que esperamos. Aliás, quase sempre o amor nos surpreende. Mas é também ele, amor, que nos comove, que nos faz ser tanto, que nos exige e nos alegra, que nos excita e transforma. Que nos faz cada vez mais nós mesmos sendo cada vez mais outros. Então, Vinícius.

Teve mulheres, muitas, todos sabemos. E as amou de forma tal que enternece pela entrega absoluta. Que mal há em saber o amor temporário se o sabemos eterno na sua duração? Era sua forma de estar no mundo, este coração nos olhos, na mão, na bandeja. Esta sede do outro. Ele sabia-se para encontros. Porque era de tantos e a tantos se dava. Foram vários os parceiros como Tom Jobim, Carlinhos Lyra, Baden Powell, Toquinho, Chico Buarque, Pixinguinha, e diversas as pessoas com quem dividiu palco e disco: Maria Creuza, Quarteto em Si, Maria Bethania, Clara Nunes...Amar não lhe era pesado. Vinha fácil. Punha brilho no olho e beleza nas letras.

Vinícius correu o mundo e fez do mundo todo sua mesa de bar: lugar de risos, afetos, intimidade e samba. Encantador, sabia-se fazer amado, mas amor com amor pagava e era um encantado pela vida. E pela vida no outro. E pela vida no outro.

Não farei biografia, há lugares em demasia pra saber em que dia e hora nasceu ou morreu, que foi diplomata, crítico e sei lá mais quê antes, durante e depois de ser o poeta que era sempre. Não vou listar canções e poemas que me fazem ser sem pele e sentir em tal intensidade que morrer não é idéia que se descarte. Não direi da identidade que me deu com seu Para Uma Menina Com Uma Flor nem explicarei porque minha filosofia de vida é a letra de uma canção sua: “porque a vida só se dá pra quem se deu, pra quem chorou, pra quem amou, pra quem sofreu”. Não falarei do seu Orfeu, tão meu, que deu ritmo à peregrinação que é sempre amar: ir ao Inferno, encontrar quem amamos e deixá-lo lá. Não mencionarei seu lirismo, sua capacidade de fazer simples o sublime e sublime o corriqueiro e de dar a tudo os ares do atemporal e, ainda assim, rotineiras imagens.

Só o que quero é dizer que o amo. Amo-o pelo que explicitamente escreveu e pelo que não foi claro, pelo que produziu e pelo que me deixou a desejar, pelo que era e pelo que fazia ser. Havia, em seus olhos, beleza. Foi poeta, podia ter sido, talvez, mergulhador, sabia ser leve e profundo, ver - onde havia demasiada pressão - graciosidade e encanto, sabia mergulhar com coragem onde ninguém ia e, também, fazer dos espaços onde se vai todo dia sem perceber, lugares de encontro e deslumbre.

Há talvez, quem torça o nariz pro Vinícius. Eu respeito, mas não passo nem perto de entender. Porque não há nada no mundo que me pareça mais digno de letras que o amor. Nada mais real que amar. E ele era um amor. Era, talvez, o amor. Tá na hora de rever o menino bochechudo, nú e com flechas, estou a pensar que o amor é um senhor com um copo de uísque na mão.
 
 

White House Correspondents’ Dinner: The party Twitter loves to hate




Mila Kunis and Wolf Blitzer at the White House Correspondents' Dinner, April 30, 2011. (Alex Brandon/AP)

Generally speaking, there are two kinds of people in this world: those who get invited to the White House Correspondents' Association dinner--the annual gathering of celebrities, politicians and media in Washington--and those who do not.
Those who get invited to so-called "nerd prom" get drunk, get starstruck, and get on Twitter to post photos of George Clooney--without noticing New Jersey Gov. Chris Christie in the same frame.
The people who do not get drunk, get mad and get on Twitter to rip the people who do. Happens every year.
But the outsiders--perhaps mirroring the tone set by the traditional roasts delivered by President Obama and host Jimmy Kimmel at Saturday's 98th annual dinner--seemed a tad more vicious this time.
"It is the single most revolting annual gathering of pseudojournalistic &*&*suckery in all the land," Gawker's Hamilton Nolan wrote. "The White House Correspondents' Association Dinner is a shameful display of whoredom that makes the 'average American' vomit in disgust." Nolan was not invited.
"I ask one question every year," CBS News' Mark Knoller (who was invited) wrote. "Who are all these people? Didn't see any of them covering [the president] at Ft. Stewart yesterday."
"The White House Correspondents' Dinner underlines everything that's systemically wrong with American journalism," Milo Yiannopoulos, editor of Kernal magazine, wrote. "The purpose of a free press is to hold the powerful to account. You can't do that if you're sucking up, hoping for swanky dinner invitations."
"This has become such a happening, such an event, the nerds can't get in anymore," the Washington Post's "Reliable Source" columnist Amy Argetsinger observed.
It wasn't always that way: the White House Correspondents' Dinner used to be a chance for the "nerdy" reporters to dine with their political sources. It's now become D.C.'s schmooze-y answer to the Oscars, and inspires nearly as much hate.
"Is the fawning, sycophantic worship service to wealth, power and celebrity over?" Politico's Ben White pondered early Sunday. "Or is there more crap today?"



Jimmy Kimmel high-fives the president at WHCD 2012. (AP)



[ Highlights from the 2012 White House Correspondents' Dinner ]
"Celebrities and red carpets have ruined #NerdProm," the Stuff Journalists Like Twitter feed noted. "The real nerds are at home, tweeting about the #WHCD."
"With Lindsay Lohan and Kim Kardashian attending the White House Correspondents' Dinner," @JournalistsLike added, "I'm pretty sure we can stop calling it the #NerdProm." Lohan and Kardashian were invited by Fox News.
"The WHCD is indistinguishable in tone from the Oscars," Yiannopoulos wrote. "That should terrify the American people."
It scared Sallie Cunningham of Madison, Wisc., who tweeted: "WHCD confirmed my loss of faith in the media. Trust in media and politicians @ all-time low & plummeting."
Perhaps all the vitriol was justified.
"You know it's been a good party when George Clooney bearhugs you farewell at 3 a.m.," CNN's Piers Morgan wrote on Twitter. "Thanks @goldiehawn--you were a fabulous date!"
"Loved meeting @Diane_Keaton at #WHCA dinner last night," Wolf Blitzer--who brought actress Mila Kunis as his "nerd prom" date last year--tweeted. "She watches @CNNSitRoom."
"After the dinner I met for the first time NBC's Ann Curry and Al Roker," Fox News' Greta Van Susteren, who invited Lindsay Lohan to the event, wrote in between tweets about Kardashian and Lohan. "Both were extremely nice--just as they are on TV. I had been told that Ann Curry was nearby and went looking for her. I wanted to talk to her because she had been to the Nuba Mountains in Sudan about a month before I was there."
"Reese Witherspoon at my table, quite pregnant," Howard Kurtz, host of CNN's "Reliable Sources," reported. (Earlier, Kurtz boasted about a gift bag from one of the WHCD pre-parties: "Swag bag from People party already legendary: hundreds of dollars of lotions, candies, books and assorted goodies.")
"Omg!" partygoer @DCDebbie wrote. "Rachel @Maddow just made me a drink! #NerdProm."

http://news.yahoo.com/blogs/cutline/white-house-correspondents-dinner-party-twitter-loves-hate-182932546.html



Não se esqueça de mim - Nana Caymmi

Na cozinha, como se estivesse no mar

Foto: Fernando Vivas | Ag. A TARDE

Trinta anos atrás, Lucius Gaudenzi começou a pegar onda neste mesmo mar que agora avista. Aos 12, ele já competia profissionalmente. Foram muitos treinos, tombos e campeonatos até que decidisse abandonar a carreira, aos 25. Trabalhou um tempo como auditor financeiro, mas, apesar do gosto que tinha pela matemática, sempre soube que aquela não era a sua paixão. Reencontrou-a nas lembranças das farras que aprontava na cozinha de casa e das idas ao restaurante do pai. Já tinha feito um curso de gastronomia na época em que serviu ao Exército, mas, para cozinhar profissionalmente, encasquetou de estudar na melhor escola. Foi pesquisar na internet os países onde havia filiais da francesa Le Cordon Bleu e acabou parando na Austrália, para não ter que deixar de vez o surfe. Ele acaba de concluir o curso e pretende voltar a morar no Brasil, depois de oito anos vivendo no exterior. “Minha ideia é aplicar as técnicas que aprendi na culinária brasileira”, conta, mais que saudoso dos sabores da terra, de “mainha” e do filho, de 7 anos. Até na cozinha, o espírito surfista não o abandona. “Você vê esse monte de chef brabo, furioso, mas se você pega onda de manhã e depois vai trabalhar, não tem como ficar estressado… Quando estou cozinhando, sempre coloco uma música gostosa para tocar e tento levar no mesmo ritmo, como se estivesse no mar”.
Em seu blog, Luicius compartilha viagens e receitas, como a do Spaguetti com camarões na manteiga ao molho de manjericão e alho. Anote:

Ingredientes
250 g de camarões
25 ml de azeite
25 g de manteiga
1 dente de alho picado
5 folhas picadas e 5 inteiras de manjericão fresco
100ml de vinho branco
1 pitada de sal e pimenta preta
Modo de preparo
Tempere os camarões com sal e pimenta, aqueça a panela e adicione o azeite, cozinhe os camarões 2 minutos de cada lado ou até ficarem dourados, ‘deglaze’ com vinho, reduza em 2/3, adicione o alho, o manjericão picado e a manteiga. Sirva com qualquer pasta cozida al dente

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A majestosa Cidade Velha

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Aninha Franco

Fiz uma visita ao Centro Histórico, meu bairro residencial diurno. Entrei em ruas que, até então, eram tabu, porque pertenciam ao tráfico, como a Três de Maio, e descortinei uma nova e, como sempre, majestosa Cidade Velha. Corri as ruas com engenheiros, arquitetos, empresários, com Herbert Frank e Edmond Lucas, assessores de Jaques Wagner, com Capinan, criador e construtor do Museu Afro-Brasileiro, e com Rita Assemany.
Edmond cozinha bem. Para avaliar um homem, ponha-o na cozinha, aprendi com as pós-feministas que não queimavam sutiãs nem discutiam o pagamento da conta. Herbert Frank não cozinha, mas é um gourmand, escreveu Flutuador, obra de baianidade absoluta, e coordenou A Grande Salvador (1978), monumento de papel sobre a cidade. Aos poucos, em sessões de vinhos e conversas enxadristas, conviemos que somos baianos e queremos o melhor para a Bahia, e começamos a pensar nela.
Avisita começou pela Rocinha, agora um matagal que frequentei nos tempos em que era um buraco do reggae, e de onde, um dia, precisei correr, com Márcia Ganem e Gil Maciel, porque quando um regueiro cantou que Selassie era um rei que gostava de reggae, eu gritei que, além de reggae, ele gostava de matar e torturar. A obra da Rocinha está prometida para já e urge que o PAC faça do espaço moradia digna para as famílias que de lá saíram para facilitar a construção. Li que apenas 7% dos 100% das obras do PAC caminharam.
Se há dinheiro, é tempo de aumentar a porcentagem, fazendo da nova rocinha habitação, espaço para o lazer das crianças e oficinas para a sobrevivência das famílias que para lá voltarão. Sobrevivência que pode estar no próprio Centro Histórico, bairro vertical e colonial, esperando que o negócio do turismo se aperfeiçoe, se requinte em bons serviços e programações adequadas, como uma indústria de turismo bem-sucedida exige. Da Rocinha, caminhamos por ruas de casas reformadas, ruas de casas a reformar, vazios idealizados que as próximas Trilhas contarão se assim os Orixás quiserem, e eles haverão de querer, porque amam este lugar que tão bem lhes recebeu.

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