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domingo, 29 de abril de 2012

A majestosa Cidade Velha

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Aninha Franco

Fiz uma visita ao Centro Histórico, meu bairro residencial diurno. Entrei em ruas que, até então, eram tabu, porque pertenciam ao tráfico, como a Três de Maio, e descortinei uma nova e, como sempre, majestosa Cidade Velha. Corri as ruas com engenheiros, arquitetos, empresários, com Herbert Frank e Edmond Lucas, assessores de Jaques Wagner, com Capinan, criador e construtor do Museu Afro-Brasileiro, e com Rita Assemany.
Edmond cozinha bem. Para avaliar um homem, ponha-o na cozinha, aprendi com as pós-feministas que não queimavam sutiãs nem discutiam o pagamento da conta. Herbert Frank não cozinha, mas é um gourmand, escreveu Flutuador, obra de baianidade absoluta, e coordenou A Grande Salvador (1978), monumento de papel sobre a cidade. Aos poucos, em sessões de vinhos e conversas enxadristas, conviemos que somos baianos e queremos o melhor para a Bahia, e começamos a pensar nela.
Avisita começou pela Rocinha, agora um matagal que frequentei nos tempos em que era um buraco do reggae, e de onde, um dia, precisei correr, com Márcia Ganem e Gil Maciel, porque quando um regueiro cantou que Selassie era um rei que gostava de reggae, eu gritei que, além de reggae, ele gostava de matar e torturar. A obra da Rocinha está prometida para já e urge que o PAC faça do espaço moradia digna para as famílias que de lá saíram para facilitar a construção. Li que apenas 7% dos 100% das obras do PAC caminharam.
Se há dinheiro, é tempo de aumentar a porcentagem, fazendo da nova rocinha habitação, espaço para o lazer das crianças e oficinas para a sobrevivência das famílias que para lá voltarão. Sobrevivência que pode estar no próprio Centro Histórico, bairro vertical e colonial, esperando que o negócio do turismo se aperfeiçoe, se requinte em bons serviços e programações adequadas, como uma indústria de turismo bem-sucedida exige. Da Rocinha, caminhamos por ruas de casas reformadas, ruas de casas a reformar, vazios idealizados que as próximas Trilhas contarão se assim os Orixás quiserem, e eles haverão de querer, porque amam este lugar que tão bem lhes recebeu.

http://revistamuito.atarde.uol.com.br/

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