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terça-feira, 9 de julho de 2013

A FLOR DO JAZZ BRASILEIRO

por  em 09 de jul de 2013 

Blubell, nome originado de uma delicada florzinha azul inglesa, tornou-se o pseudônimo de uma simpática cantora, dona de uma voz bastante peculiar e especial. Ela traz na sua música, fortes influências do jazz clássico e limpo, jazz este de Billie Holiday, Ella Fitzgerald, Louis Armstrong e tantos outros que fizeram história e atravessam gerações.
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Na última quinta-feira (04/07), Blubell me concedeu uma entrevista muito bacana na qual falou sobre várias coisas, como, por exemplo, a formação da sua bagagem musical; a experiência de cantar no festival Lollapalooza (2012), por ocasião do qual foi muito elogiada e surpreendeu a todos; além de nos revelar suas atuais fontes de inspiração e o que podemos esperar do seu novo CD.
A cantora que começou a tocar aos treze anos e nunca mais parou. Hoje vive da música apesar das dificuldades de se viver de arte no nosso país. Já recebeu elogios de artistas consagrados, como a cantora Marisa Monte e do diretor Fernando Meirelles. Confira o que rolou na entrevista.
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Foto de Rodrigo Schmidt
Grand Café (Obvious): Blubell é uma flor inglesa muito rara em outros lugares do mundo, certo? Gostaria que você me contasse como foi a escolha do seu pseudônimo.
Blubell: Esse pseudônimo foi um apelido que eu ganhei de um amigo português.
Grand Café (Obvious): Não tem nada a ver com a flor?
Blubell: Tem a ver com a flor, sim. É que meu nome é Isabel, daí ele me apelidou pela florzinha, Blubell.
Grand Café (Obvious): Como nasceu a paixão pela música e quando você decidiu seguir carreira?
Blubell: Com treze anos de idade comecei a tocar violão e ai nasceu a paixão pela música. Aí eu não parei mais de cantar e tocar. Mas, pra decidir seguir a carreira... nossa, é muito difícil pra falar a verdade, porque daqui que você comece a ganhar dinheiro e poder se sustentar demora, né? Nossa! Eu fiquei muito incerta. Acho que até o momento em que eu gravei meu primeiro disco em 2006 eu ainda tinha dúvida se devia seguir cantando e compondo ou não. Acho que foi quando eu lancei meu primeiro disco que eu entendi que sou compositora e aí não tinha mais volta.
Grand Café (Obvious): Você foi meio que levada a isso então, né?

Blubell:
 É. Acontece isso, sabe?! Teve uma fase antes de eu gravar meu disco que parei com a música e fui estudar design. Daqui a pouco já estava com banda, cantando, fazendo show e não conseguia ir às aulas. Então, foi isso... a música sempre me puxou.

Grand Café (Obvious):
 Que influências musicais você teve nessa época? E atualmente, que fontes de inspiração você nos citaria?
Blubell: Olha, passei por tudo. Comecei com os discos dos meus pais. Aqueles que tínhamos em casa. Então, tinha bastante MPB: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Tom Jobim e, depois, meu pai começou a se interessar muito por jazz e começou a colecionar discos de jazz. Então eu ouvia clássicos do jazz, desde bem pequena. E depois meu irmão mais velho me apresentou ao rock: Beatles, Led Zeplin, The Doors... todas essas bandas do anos 60 e 70. E... depois, teve uma fase que eu me interessei muito pelos anos 80. Enfim, eu sempre gostei de música. Sabe, eu gosto de quase tudo.

Gran Café (Obvious):
 Sendo música boa, né?
Blubell: Exatamente. E agora, eu tenho ouvido muita coisa dos anos 50. Sabe? Quando o jazz começa a virar rock. E meio que flerta com o soul e com o blues. Com a música negra americana dos anos 50. Isso já está influenciando as minhas composições. Tem algumas músicas no disco novo já, que tem essa pegada meio anos 50.

Grand Café (Obvious):
 O seu primeiro álbum Slow motion ballet também foi a sua estreia como Blubell. Ele tem uma pegada mais rock. Já o seu segundo álbum, Eu sou do tempo em que a gente se telefonava, traz jazz. Como foi essa transição? O jazz veio pra ficar?
Blubell: Olha, eu acho que não dá pra saber (risos). Eu ainda tenho 35 anos ainda. Tem chão. Vai que aos cinquenta eu resolva que eu quero tocar só tcha-tcha, então não dá pra saber. E na verdade isso é bom, porque é bom você ter essa liberdade, sabe? Eu não quero ficar presa num estilo só. Na verdade, na transição o que aconteceu é que o Slow motion ballet foi uma parceria minha com dois produtores, Luciano Kurban e Paulo Corcione, e eu não tive como dar nenhum “pitaco” na produção desse disco. Então eu fui simplesmente a compositora das músicas e a intérprete. Agora, do jeito que ele foi feito, bem puxado para o rock e outras músicas mais puxadas pro eletrônico e tal. Foi o que os produtores colocaram. Então, eu considero o slow motion meio que o disco zero, sabe? (risos) O eu sou do tempo já foi mais o primeiro disco, porque eu tinha mais liberdade para escolher quem ia tocar comigo, fazer os arranjos, está participando na hora de fazer os arranjos, participando na hora de mixar e etc... Então, por isso que aconteceu. E também se passou cinco anos entre um disco e outro. Minha cabeça “tava” diferente também.
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Foto de Fabiana Brandão
Grand Café (Obvious): Em 2012 você tocou no palco alternativo do Lollapalooza. Li que seu show foi curto, mas marcou presença. Muitos o descrevem como uma das apresentações mais curiosas do festival e destacam que ele chamou bastante atenção pela mistura de idiomas, tanto nas letras das músicas, quanto na interação com o público. Como foi a sensação de apresentar seu segundo álbum para o público que conhecia poucas músicas suas, como “Chalala”, abertura da série Aline da Rede Globo, e, mesmo assim, conseguir encantar a todos?
Blubell: Então... o show foi curto porque eles quiseram adiantar o show quando a gente chegou lá no dia. O show já ia ser um pouco curto, 45 minutos de show. Daí eles quiseram, por conta do problema de time com o palco principal, que a gente ia ter que adiantar. Só que já “tava” super cedo, não dava tempo para abrir os portões do Jóquei e as pessoas chegarem, porque é uma caminhada, assim... Então, eu preferi, ao invés de adiantar, fazer um show mais curto, mas começar na hora que estava marcado. Também é sacanagem a pessoa chegar lá na hora e já começou o show. Por isso, que ficou meio curto. Foi muito interessante fazer um show com esse formato que é com um público grande, espaço grande, né? Você tem que forçar mais a voz, dar tudo de si. Eu fiquei molhada, “tava” suando “bicas”. É uma coisa bem diferente do tipo de show que eu costumo fazer, que é em lugares bem menores. Eu faço muito show em teatro que você mexe um dedinho e todo mundo vê. Num lugar como o Lollapalooza não funciona isso. Pra mim então foi bem interessante essa experiência. E agora a gente fez a Virada Paulista, em Bauru. Também tinha muita gente. E eu também tive essa sensação de show em estádio. Aquele que pode correr de um lado pro outro e brincar com o público. Não dá pra ficar falando muito tem que ter ação, sabe? (risos) Fora a exposição que te dá um festival desse, né? Teve bastante retorno, bastante gente passou a me conhecer ali. Então, foi demais! Eu queria poder tocar todo ano no Lollapalooza.
Grand Café (Obvious): O projeto I charleston the world passou por várias cidades do mundo, fazendo pessoas dançarem o charleston que é um estilo de dança do jazz anos 20. Como surgiu a ideia de trazer o projeto para o Brasil?
Blubell: Bem, “tava” querendo fazer uma mudança já há muito tempo e conversando com a Daniela Cuchiarelli e a Bianca Lombardi, que foram as diretoras do clipe, a gente conversou, até que eu dei a ideia de fazer uma homenagem ao filme Flashdance, aquele filme dos anos 80. Daí a gente descobriu que a Jennifer Lopez já tinha feito (risos). Aí quando a Dani foi ver o meu show, nesse ultimo show que eu “tava” fazendo, eu estava cantando a música charleston, do Balão Mágico, que é da minha infância a Simony que cantava e tal. Nesse mesmo tempo ela ficou conhecendo esse projeto I charleston the world e trouxe a ideia, e eu abracei na hora, que tinha tudo a ver realmente com o que eu estava fazendo. E aí elas tiveram a ideia de a gente fazer o Crowd Funding, que foi uma experiência muito bacana. Eu como a maioria das pessoas tinha a impressão de que o Crowd Funding era meio que pedir esmola, e não é, né? Cada pessoa que contribui um pouquinho ganha uma recompensa. Então, eu achei muito legal, porque que ao invés de ser os diretores de marketing das grandes empresas serem aqueles que escolhem que artista vai ser contemplado. Eles têm o direito de patrocinar os artistas grandes e tal, mas ninguém melhor que o público pra decidir que artista vai ser contemplado ou não. Então eu sou super apoiadora do Crowd Funding, quem quiser fazer, eu dou o maior apoio.

Grand Café (Obvious):
 Sei que um álbum novo está sendo cuidadosamente preparado e em breve poderemos apreciá-lo. Você gostaria de nos contar um sobre o que podemos esperar dele?
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Blubell: Eu posso te contar que eu sou a única autora de todas as onze faixas e isso faz com que o disco seja um retrato bastante fiel assim do que foi minha vida nesse últimos dois anos, que foi o período em que eu compus essas músicas. Então, tem muito humor, muito mais do que Eu sou do tempo que a gente se telefonava que teve um pitadinha. Esse já “tá” mais escancarado assim, mas a sonoridade, apesar da banda ter trocado inteira, continua com jazz mas um pouco mais pop. Esses meninos que estão comigo agora eles conseguem circular mais entre o pop e o jazz.

Grand Café (Obvious):
 Gostaria de encerrar com a seguinte pergunta: e os projetos futuros? O que você poderia nos revelar sobre eles?
Blubell: Olha, lançar esse disco. Eu quero tentar lança-lo no segundo semestre ainda e fazer bastante shows, viajar, ir para cidades onde eu ainda não fui, algumas capitais, Salvador, por exemplo, Brasília, são cidades que toda hora tem alguém me pedindo pra ir. Mas eu ainda não tive essa oportunidade. E eu quero continuar com as coisas paralelas, como “tá” sendo o trabalho com o Black Tie, continuar com esse trabalho de intérprete. Eu tenho a impressão de que meu próximo disco, depois desse que vamos lançar agora, vai ser um disco mais como intérprete, fazendo versões e tal. Acho que eu quero alternar entre o trabalho de autora e de intérprete. E eu estou estudando, fazendo aulas de Charleston, para poder dançar cada vez melhor e... é isso. Tem bastante coisa ainda para fazer.
I charleston SP:
What if...:
Chalala:
Blubell e Filipe Catto (Johnny, Jackie and Jameson):


Artigo da autoria de Larissa Mota Calixto.
Escritora que adora jazz, folk, dias chuvosos, conversas interessantes e cinema..
Saiba como fazer parte da obvious.

BURN THE CORSET. WATCH THE FLAME.

em arte por  em 18 de abr de 2012 às 01:20

Coleção criada pela artista Courtney Murphy mostra a mulher nos seus pequenos gestos, na sua forma mais relaxada, verdadeira, entregue; na sua característica delicadeza.
O movimento é sedutor pela pose descompromissada das personagens. Pela cena que parece ser espreitada por detrás da porta. Pelo olhar de alguém que se apaixonou pelos pequenos movimentos. O dobrar do pé para colocar o sapato, o puxar o zíper do vestido, o deitar no sofá e largar os saltos pelo chão.
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Os trabalhos que você verá fizeram parte da coleção exibida em 2012: Burn The Corset. Watch the Flame, No ArtSquare, Leesburg,VA.
Há alguma coisa nessa obra que remete ao espírito dos quadros de Hopper. Embora na maior parte das figuras pintadas em óleo sobre madeira, o rosto não apareça, a figura feminina surge no gesto, delineado com destreza, dramaticizado na sombra com um leve apelo sensual.
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Para chegar a um resultado como esse, que atinge precisamente o ponto pretendido com o argumento, Courtney Murphy passou por diversas escolas. Em 1998, na California Art Institute Thousand Oaks, CA; em 2000, The Art Center, Pasadena; em 2004, Pont Aven School of Contemporary Art, Brittany, France; em 2005, University of California Davis, B.A. Studio Art, Davis, CA; em 2008, New York Academy of Art, M.F.A. Painting, New York, NY.
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Foi premiada em 2011 com o Merit Award, Red Barn Exhibition, “Tango”; anteriormente em 2010, Featured Artist, Climate Gallery, New York, NY e o Merit Award, Red Barn Exhibition, “Ruby Red” Best in Show; em 2009 os prêmios Artist in Residence, Eden Rock Gallery, St. Barths, French West Indies e Merit Award, Red Barn Exhibition, “Shoal Bay”.
Acho ainda pertinente reparar que o esmero técnico não está acima da sensibilidade transmitida pela imagem. Uma pincelada precisa não se traduz em uma imagem realista, mas em uma imagem forte, expressiva.

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Artigo da autoria de Mariana Martins.
Flanêur, escritora, observadora, mochileira, arquiteta-urbanista pela FAU USP. Paulista e Paulistana - com muito orgulho -, com um pezinho na cidade do Porto, Portugal de onde tem muitas saudades. Twitta no le_papillon_m..
Saiba como fazer parte da obvious.

LANI HALL & SERGIO MENDES - DREAMER (TOM JOBIM)


do vício