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quinta-feira, 12 de abril de 2012

The Glory of Love

Big Bill Broonzy


The Glory Of Love


You've got to give a little, take a little,
And let your poor heart break a little.
That's the story of, that's the glory of love.

You've got to laugh a little, cry a little,
Until the clouds roll by a little.
That's the story of, that's the glory of love.

As long as there's the two of us,
We've got the world and all it's charms.
And when the world is through with us,
We've got each others arms.

You've got to win a little, lose a little,
Yes, and always have the blues a little.
That's the story of, that's the glory of love.
That's the story of, that's the glory of love.


Peggy Lee, Benny Goodman & Ella Fitzgerald

Balaio de Ideias: O “órum” está em festa

Mãe Stella fala sobre "imortais" que partiram em março, como Ederaldo Gentil. Foto: Arquivo A TARDE
Maria Stella de Azevedo Santos

Órum é o nome dado pelo povo yorubá ao que normalmente costumamos chamar de céu. Para lá seguiram em um mesmo mês, março: Cidália de Iroko, uma das poucas sacerdotisas do Brasil consagrada ao orixá Iroko, filha de Mãe Menininha do Gantois, que como diziam os antigos fazia parte da guarda-velha, pois ela era depositária de grandes conhecimentos relativos ao candomblé; o mestre Chico Anysio que, sutilmente, nos fazia lembrar que podemos ser muitos em um só; Millôr Fernandes que, sabiamente, tinha em si os fundamentos de várias religiões e filosofias, sem se deixar prender a nenhuma; e, por último, seguiu para o “órum” um dos maiores poetas da música brasileira, Ederaldo Gentil, que compôs o que costumo chamar de “minha música” – O ouro e a madeira –, através da qual somos alertados de que sendo menos, podemos ser muito mais. Ele assim cantava:
“Não queria ser o mar, me bastava a fonte; muito menos ser a rosa; simplesmente o espinho; não queria ser caminho, porém o atalho; muito menos ser a chuva, apenas o orvalho. Não queria ser o dia, só a alvorada; muito menos ser o campo, me bastava o grão; não queria ser a vida, porém o momento; muito menos ser concerto, apenas a canção. O ouro afunda no mar, madeira fica por cima, ostra nasce do lodo, gerando pérolas finas”.
Ederaldo Gentil não morreu, ele apenas desistiu de viver em uma sociedade onde a grande luta é pelo poder e pela fama; onde as pessoas correm e pisam umas nas outras visando alcançar o primeiro lugar, e quando lá conseguem chegar continuam pisando; onde as pessoas se esqueceram da sabedoria do segundo lugar, posicionamento que nos mantém olhando sempre para o alto, lembrando-nos que o primeiro lugar é um horizonte perdido como Shangri-la, uma espécie de paraíso que creio precisa ser encontrado, primeiro, dentro de si mesmo.
A humildade do segundo lugar guiou a caminhada de Ederaldo Gentil, que mais uma vez a enalteceu quando cantou: “Sou o menor dos pequeninos, o mais pobre dos plebeus, o alheio inquilino, o mais baixo pigmeu, o comum do singular, o último dos derradeiros, viandante e peregrino, o mais manso dos cordeiros. Eu sou maior em lampejos de brandura, de angélica candura dos mistérios do amor. Sou bem maior que os pinheirais da humildade, pelos campos da bondade, eu sou a felicidade”.
Ederaldo Gentil guardava em seus olhos a tristeza dos que estão vendo o que quase ninguém consegue ver e por isto são tomados por uma síndrome que acomete os grandes poetas. Confundida muitas vezes com depressão, a síndrome dos poetas revela um estado quase que permanente de melancolia, que nosso Ederaldo Gentil soube demonstrar através de uma composição onde a dor da constante dor ganha uma leveza que só os poetas conseguem transmitir. Ele canta:
“Depois que Maria da Graça foi embora, não tenho graça na vida. A vida pra mim é sem graça, toda hora escuto um cadê a Graça que eu tinha na vida, a graça que eu tinha em meu ser. Como posso eu viver sem Graça, se já não tenho graça em meu viver? Um dia aparece Aparecida, no outro Maria José, Maria das Dores da vida, Maria dos Prazeres de Nazaré. Assim eu vou vivendo nessa vida uma farsa, pois minha vida sem Graça não tem graça”.
Seria até lógico dizer que Ederaldo Gentil foi acometido pela depressão em virtude de seus poemas melodiosos não mais encontrarem espaço na mídia e por isto não atingirem o sucesso almejado por todos. Seria lógico, mas não provável. Quem teve o prazer de conhecê-lo ou de ver uma imagem sua da época em que explodia nos meios de comunicação, pode observar a tristeza já presente em seus olhos, os quais já espelhavam seus profundos sentimentos. Porém, são imortais todos que fazem de sua vida uma grande obra. Como Jorge Amado, Cidália de Iroko, Chico Anysio, Millôr Fernandes, Ederaldo Gentil não morreu. Parafraseando Gustavo Corção, digo: “Os seus acordes finais não são um fim. O silêncio que os segue não é um vazio. Os acordes finais anunciam que a beleza se consumou. E o silêncio que se segue é para que o encantamento não seja quebrado”.

Maria Stella de Azevedo Santos é Iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá. A cada 15 dias, artigos de sua autoria são publicados no jornal A TARDE, sempre às quarta-feiras.

http://mundoafro.atarde.uol.com.br/

Conversa de Botequim (Gravação Original) - Noel Rosa

Comida de Buteco

Comida de Buteco: Começa a temporada de comes e bebes em Salvador

Desta sexta-feira, 13 de abril (De 13 de abril a 13 de maio), o Comida di Buteco escolhe os melhores petiscos da capital baiana. Tem tira-gosto a partir de R$ 4,99

12.04.2012
Linda Bezerra
linda.bezerra@redebahia.com.br

Por 30 dias, Salvador é dos "botequeiros". Está aberta a sessão da conversa fiada, dos goles gelados e da petiscagem. Começa nesta sexta-feira (13), em 30 bares da capital, mais uma edição do Comida di Buteco, maior concurso de tira-gostos do país, que acontece em 15 cidades, simultaneamente. Funciona assim: o cliente prova a comida inscrita (de R$ 4,99 a R$ 28,80) e vota numa cédula com os seguintes critérios: sabor, atendimento, temperatura da bebida e higiene do local. Um júri de discretos degustadores também avalia.

Por onde passa, o concurso valoriza a culinária de raiz, despertando agradáveis lembranças. Delícias com carne de fumeiro, queijo coalho, chumbinho, cachaça, manteiga de garrafa; farofa d´água e de beiju; molho lambão, aipim, bolinho de arroz...

Para os donos dos botecos, o concurso não é pouca coisa. Jô da Bahia, cozinheiro de São Caetano, construiu sua casa com os lucros do petisco Piriguete, de tanto que vendeu na edição do ano passado: eram uns 50 todo dia, a R$ 5. Para o cliente é garantia de atendimento mais cuidadoso. Pelo menos nesse período, de olho na visibilidade, proprietários ficam mais espertos com o serviço prestado.

Alguns, vale a ressalva, não precisam dessa motivação. Seus bares são como divãs e eles, psicólogos pacientes, aturam as inconveniências do álcool. Boteco bom, afinal, é quando o dono te chama pelo nome, tolera seus gritos, traz aquela cerveja do fundo do freezer, serve o melhor tira-gosto e não tem essa de fechar quando a festa está começando.

Normélia Ribeiro, do Boteco do Sabor, biboquinha de Pituaçu, chama todo mundo, seja homem ou mulher, de "delícia" - no dia em que o casal vai, ela engole o gracejo, mas os clientes exigem o tratamento. Essa espontaneidade, aliás, é um dos critérios de escolha, assegura o organizador do Comida, Eduardo Maya.

Doido pra entrar no clima, o designer gráfico Peterson Sitônio já conseguiu o livrinho com a lista dos concorrentes. Promete cumprir o ritual de ir em todos. Sua marca está em 17 bares em 15 dias, mas isso porque soube tarde demais, na edição passada.

Este ano, artistas que adoram botecar pongaram na farra e vão fazer um circuito de artes, de bar em bar (nesse domingo acontece às 14h, na Cantina do Julliu´s). Pintura de quadros, instalações, música, um pouco do clima da Belle Époque: comer, beber, conversar e se inspirar. O cantor J. Velloso e o artista plástico Roney George estão empolgadíssimos. "É uma forma de ocupar o lugar que foi perdido", filosofam em tom de discurso. Toda a arte produzida, entre copos e petiscos, será exposta no grand finale, no dia 22 de maio, em local a definir, quando a festa Saideira apresenta o melhor tira-gosto.
Até lá, haja Sonrisal.

Mais informações no www.comidadibuteco.com.br

Tô dentro!!! regina


Casablanca 70th Anniversary Edition - Politics

Major Strasser: We have a complete dossier on you: Richard Blaine, American, age 37. Cannot return to his country. The reason is a little vague. We also know what you did in Paris, Mr. Blaine, and also we know why you left Paris.

Major Strasser: Don't worry, we are not going to broadcast it.

Rick: Are my eyes really brown?
 
 
 

John Lennon e Yoko Ono nus

12/04/2012

Fotos de John Lennon e Yoko Ono nus são leiloadas na Inglaterra

Duas fotografias em preto e branco de John Lennon e Yoko Ono posando nus foram vendidas nesta quinta-feira (12/4) em um leilão em Dorchester (sul da Inglaterra) por 860 libras (US$ 1.370, aproximadamente R$ 2500), depois que foram encontradas no sótão de uma casa.Os autorretratos, que foram utilizados para ilustrar a fachada do álbum "Unfinished Music No. 1: Two Virgins", que o casal gravou em 1968, mostra os dois nus de frente e de costas, rodeados por roupas empilhadas.
As fotos leiloadas pela sala Duke de Dorchester, que foram tiradas pelo Beatle e sua mulher com um temporizador, são um pouco maiores em tamanho que a capa do LP e mostram mais detalhes dos objetos aos pés do casal.

Ivor Sharp
Yoko Ono ao lado de John Lennon em protesto pelo fim da Guerra do Vietnã
Yoko Ono ao lado de John Lennon em protesto pelo fim da Guerra do Vietnã

Os autorretratos saíram à venda pela primeira vez depois que o vendedor os
 encontrou no sótão da casa de sua mãe após ela ter morrido, o que foi uma surpresa para ele, já que não sabe como as fotografias chegaram até ali.
As fotos foram utilizadas para ilustrar a capa do disco, com o nu frontal, e a contracapa, com o casal posando de costas, o que no momento de sua saída ao mercado causou bastante polêmica.
Muitas lojas se negaram a vendê-lo, e as que fizeram envolviam o LP, que foi gravado durante uma noite de improvisação, em uma capa de papel marrom.
Matthew Denney, da sala de leilões Duke, explicou que os especialistas nos Beatles com os quais tinha entrado em contato se mostraram muito interessados nas fotos que foram tiradas no apartamento de Londres de Ringo Starr.
No momento do polêmico lançamento do álbum, Lennon, que foi assassinado em Nova York em 1980, disse que a capa não tinha nada a ver com a nudez em si, mas sim com um casal com uma aparência pouco atrativa.
O autor de "Imagine" descreveu os retratos como "as fotografias de dois ex-junkies com um pouco de sobrepeso".

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1075117-fotos-de-john-lennon-e-yoko-ono-nus-sao-leiloadas-na-inglaterra.shtml

Confiram:
simboliza...as fotos ...

Para entender DIREITO


 

Ao contrário do que vários veículos têm divulgado (inclusive a própria assessoria do STF), o Supremo não está julgando a descriminalização do aborto dos anencéfalos. Primeiro, porque não seria o caso de descriminação. Na descriminação algo deixa de ser crime, mas continua sendo um delito (contravenção penal). Se queremos dizer que uma conduta deixou de ser ilegal, a expressão correta seria ‘legalização’.

Segundo, porque, no Brasil, apenas o Congresso Nacional pode legislar a respeito de delitos. O STF não poderia modificar a lei penal, criando uma nova possibilidade para que se possa fazer o aborto.

O que o STF está fazendo é julgar se a remoção de um feto anecéfalo é ou não aborto. Se for, continua sendo crime até que o Congresso mude a lei penal. Se não for aborto, não é crime.

A questão gira em torno de saber se o feto sem cérebro tem expectativa de vida.

Cometer aborto é por fim à expectativa de vida do feto. Se o feto anencéfalo não tem expectativa de vida, não há o que ser protegido. E se não há expectativa de vida a ser protegida, não há aborto. Ou, no voto do relator do processo, “aborto é crime contra a vida. Tutela-se a vida potencial. No caso do anencéfalo, repito, não existe vida possível (…) O anencéfalo jamais se tornará uma pessoa. Em síntese, não se cuida de vida em potencial, mas de morte segura”.

Por outro lado, se o STF decidir que o feto anencéfalo tem expectativa de vida, essa expectativa de vida está protegida pela legislação penal que diz que quem a elimina está cometendo um crime. Segundo nosso Código Penal, a expectativa de vida do feto só pode ser suprimida em dois casos: na gravidez resultante de estupro e nos casos em que há perigo de vida para a gestante.
 
 

Sei Lá - Miucha, Tom Jobim & Chico Buarque

Choro de Nada - Tom Jobim & Miúcha

E se a vida tivesse fundo musical...

publicado em
Vida boa é de personagem. Antes que os fatos aconteçam, já tem uma musiquinha ao fundo, dando a dica do que vem pela frente. A vida da gente é um tanto mais precária se comparada com a dos personagens de filmes e novelas.
Como seria a vida real se cada um de nós fosse portador de um ouvido invulgar para ouvir a música que toca em surdina, enquanto as coisas se preparam para acontecer? E se a audição não se restringisse exclusivamente à nossa música, mas pudéssemos sondar o futuro imediato dos outros e os outros também pudessem nos olhar com a percepção daquilo que nossa música prenuncia?
A gente ia pela rua e avistava uma gata esplendorosa. E ela avistava a gente. Bastava sintonizar no som desse avistamento recíproco. Se tocasse uma música de protesto, um rap contra a polícia, nem precisaria tentar. Não teria rolado a química que autoriza uma aproximação proveitosa. Mas digamos que tocasse uma balada romântica, uma música clássica das cenas de amor. Um “Tema de Lara”, por exemplo, do filme “Dr. Jivago”. Aí, sim, era só investir com capricho e determinação que o resultado seria seguramente favorável, sem essas batalhas de tentativas e erros, que tanto nos aborrecem pela vida. Se rolasse um “Ai, se eu te pego”, ou outro hit do sertanejo universitário, seria só uma ventura, um rala e rola eventual e nada mais.
A trilha sonora da vida real não serviria apenas para as conquistas amorosas. Sua utilidade se estenderia a todas as circunstâncias da vida. Você, no meio da noite erma, vai passando por uma avenida de luzes precárias. De repente vem vindo em direção contrária um grupo de rapazes, falando gíria e gingando o corpo e você se liga na trilha sonora. E para surpresa ouve um canto gregoriano ou um hit new age. Você não se abala e segue tranquilamente a trajetória. Se tocar um samba, se enturme e estique a balada. No entanto, na mesma cena, você ouve o som pavoroso da trilha do filme “Psicose’, de Alfred Hitchcock, ou mesmo de “Jogos Mortais”, de James Wan. Aí é pernas pra que te quero e escapar pela via lateral, enquanto digita desesperado o número 190 no celular para pedir socorro à polícia.
Numa realidade assim, antecipada pela música, a maior ou menor aptidão das pessoas seria medida pela capacidade de identificar as músicas que emanariam das relações. Porque não daria para ser uma audição geral e irrestrita. Todo mundo ouvido todas as músicas. Era preciso ter sensibilidade, uma espécie de dial psicológico para selecionar as músicas que estavam tocando ao redor. Se todo mundo ouvisse todas as músicas ao mesmo tempo, o mundo se tornaria num insalubre pela poluição sonora. Especialmente agora que já vamos passando dos sete bilhões de viventes de Homo sapiens sobre a Terra e todos os lugares estão apinhados, feito uma colmeia de maribondos.
Mas era só sintonizar. Político pensa em meter a mão na cumbuca. Ouve música de cinema-catástrofe. Logo recolhe a mão. Quer saber com vão os negócios. Ouça a música e afine as estratégias. Seu casamento, apesar de frio, parece que ainda vai bem. Se liga na música. Se já estiver desafinada, caia fora, antes que os prejuízos sejam insanáveis. Vida simples, prática e objetiva é assim: trilha sonora nos dando dica do futuro imediato a tempo de dar uma guinada e fazer os devidos ajustes.

POR EM 12/04/2012

Pergunta ao poeta

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- Qual seu meio preferido de distração?


- Olhar. Há muita gente que tem apenas olhos para ver. A capacidade de se ter, 'olhos de olhar' a vida, recolhendo dela tudo o que nos pode oferecer é mais empolgante.... e o mais barato de todos os divertimentos. (J. G. de Araújo Jorge)
 
 

As luvas pretas da Gilda

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O Heleno de Freitas era chamado de “Gilda” — pelos adversários, claro — porque era bonito e temperamental como uma diva. E a diva em evidência na época era a Rita Hayworth no papel de Gilda, num filme que causava escândalo porque tinha uma cena de strip-tease.


“Nunca houve uma mulher como Gilda” era a frase promocional do filme e até hoje tem gente que diz que nunca houve uma mulher como a Rita Hayworth fazendo Gilda, e que sua primeira aparição no filme é um dos momentos luminosos da história do cinema.

Sobre o strip-tease que escandalizava. Não me recordo se o Millôr incluiu no seu livro de expressões em português vertidas hilariantemente para o inglês (“The cow went to the swamp”) o nome para vestidos que só o busto da mulher e a providência divina mantêm no lugar: “tomara que caia”. Em inglês seria hope it falls?

De qualquer maneira, é um tomara que caia preto e longas luvas negras que a Gilda veste quando se levanta da mesa da boate, onde esteve bebendo demais, e começa a cantar “Put the blame on Mame” e a dançar. E começa, lentamente, a tirar uma das luvas pretas, que depois gira no ar e atira para a plateia de mulheres indignadas e homens babosos.

E começa a tirar a segunda luva preta, expondo, pouco a pouco, o outro braço nu. Neste ponto o marido — ou Glenn Ford, o amante, não me lembro mais — intervém e a tira do palco, mas não a tempo de evitar que o filme fosse proibido até 18 anos no Brasil.

O strip-tease era só isto, duas luvas sendo despidas, com a pressuposição de que a etapa seguinte seria o zíper sendo aberto para que o tomara que caia caísse. O cinema americano levou alguns anos até abrir o zíper e desnudar os seios de uma atriz, completando o que Gilda começara em 1946.

Mas mesmo incompleto o strip-tease da Gilda causou sensação. De certa maneira, o strip-tease implícito era mais excitante do que um impensável — na época — strip-tease de verdade.

O filme foi proibido para menores de 18 anos não pelo que mostrava, mas pelo que sugeria. Compare-se o apenas sugerido em “Gilda” com o que é visto no cinema hoje em dia e se terá uma ilustração perfeita do que o tempo faz com a moral e os costumes. Em algum lugar devem estar expostas as luvas pretas da Gilda como relíquias daquela nossa pré-história.

Pré-história pessoal: nós passávamos uma temporada em Caxambu, onde o único cinema da cidade estava exibindo “Gilda”. Não havia fiscalização, entrava todo mundo, até os muito menores de 18 como eu. Meu primeiro filme proibido. Não vou dizer que as luvas pretas da Gilda rondaram os meus sonhos, depois de ver o filme. Mas que perturbaram, perturbaram.

Luis Fernando Veríssimo -
12.4.2012