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quarta-feira, 1 de maio de 2013

Sei Que Não Vou Por Aí





Eu escolho meus amigos do Facebook. Seleciono quem vou seguir no twitter. Só vou – por opção – a ambientes que considero acolhedores. Tenho um grupo de amigos maravilhoso. Sempre fui criteriosa com quem partilho meu riso no trabalho, na rua, na universidade...eu construo meu mundo de várias formas e, uma delas, é estando com pessoas que me fazem bem. Não faço de conta que os problemas não existem, não fecho meus olhos para as tensões sociais, não ignoro as opiniões que considero toscas, inconsistentes ou limitadas. Apenas escolho não ter que lidar com elas mais do que o necessário. Não vou ler Reinaldo Azevedo, por exemplo. Porque? Pra que? Não acrescenta e me ofende. Me faz mal E me faz má. E eu detesto não ser o melhor possível. Eu não sou boa, já disse antes. Mas isso não me faz má, me faz humana. Limitada. Imperfeita. Mas há ambientes, textos, discursos me fazem má, mesmo. E eu detesto. Detesto me sentir mesquinha, intolerante, irascível. Cruel. E é o que sou quando leio certas coisas. 

Por exemplo? Eu vivo em um mundo onde se divide, de forma machista, as mulheres entre vadias e santas. Biscates X mulheres pra casar. Não ignoro isso. Tô na rua, com meu decote grande e minhas ideias barulhentas. Escrevo num blog chamado Biscate Social Club. Mas não vou conversar sobre isso como se fosse um tema passível de dúvida. Não é matéria aceitável na minha mesa de bar. Na minha casa. No meu coração. Não é pauta. Não tem um se. Dividiu o mundo assim, amigo? Tá fora. Pega seu boné. Ou melhor: eu estou fora. Não sei se me explico bem, como cantava a Maysa, é que não dá pra ser feliz, como dizia o guerreiro Gonzaguinha. E os instantes de felicidade são preciosos pra mim. Já tem muita angústia, dor, desassossego sem que eu procure mais. Porque, olha, dói. Não é figura de linguagem, não é drama (e sim, eu sei, sou dramaqueen), não é recurso estilístico: dói. Dói em mim, fisicamente, ver pessoas tão à vontade para pautar o desejo alheio. Tão levres para julgar a vivência alheia. Me dói ver tanta gente com o carimbo na mão, disposta a usá-lo...e rápido. Tanta gente que tem tanta certeza do que é certo não só pra si e sim pra todos. Dói perceber tanta gente indiferente à dor e delícia de cada um de nós ser o que é. Dói, de chorar sabe? De precisar ir pra varanda respirar devagar, devagar, pra não aposentar o sonho. Dói.

Então, eu guardo o brilho no olho com muito carinho. Protejo o riso. Alimento o calor no peito, a vontade de dar as mãos, a fé no homem, fé na vida, fé no que virá...

Então eu prefiro manter os balões e os sonhos coloridos. Escolho a generosidade e a tolerância. Não escolho pros outros, escolho pra mim. Escolho não me ofender e não ofender alguém. Não ser cínica, sarcástica, cruel. Escolho ter palavras boas, abraço bom. 

E aí agora há pouco eu vi um filme divertidíssimo chamado Wedding Fever In Campobello. Em certo momento um dos personagens diz: sabe a diferença entre os alemães e os italianos? É que os alemães procuram problemas e os italianos já tem problemas.E completa: como já temos problemas, não precisamos mais procurar e já podemos ir pra praia. Eu estou nesse time, sabe. Já tenho um montão deles, não estou precisando de mais e vou partindo pra praia. Porque, como cantava a bethania: aqui faz muito calor, no Nordeste faz calor também, mas lá tem brisa. Viver de brisa é melhor, #ficadica.


"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...