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domingo, 23 de setembro de 2012

Ô sorte!


 
 
 
 
 
 


Wilson das Neves

Instrumentista. Compositor. Cantor. Baterista. Estudou música com Joaquim Naegle e, mais tarde, com Darci Barbosa.
Conhecido pelo bordão "ô sorte", com o qual é saudado e reconhecido no meio artístico, mas segundo o próprio Wilson a criação deste bordão foi do cantor e compositor Roberto Ribeiro, que assim costumava comprimentar o amigo baterista nas rodas de samba na Escola de Samba Império Serrano.

sábado, 22 de setembro de 2012

" SALMO " - MARIA BETHANIA


"amor é uma coisa, sexo é outra"

Regina Navarro Lins

 
 
17.09.2012 | Texto por Nina Lemos Fotos Christian Gaul / Estilo: Helena Luko
 
Christian Gaul


A psicanalista Regina Navarro Lins bate na mesma tecla há mais de duas décadas: amor é uma coisa, sexo é outra. Em sua obra mais recente, O livro do amor, declara guerra ao idealismo: “As pessoas precisam parar de acreditar em fidelidade e amor romântico. Dentro de 30 anos, o sexo será mais livre. A bissexualidade é uma tendência”

Falar de sexo não é problema para Regina Navarro Lins. Carioca de Copacabana, mãe de dois filhos e avó de uma menina, a escritora e psicanalista de 63 anos ganha a vida falando “daquilo”. E fala sem travas, sem tabus, sem moralismo, de um jeito que incomoda muita gente e põe em xeque os sonhos de uma vida amorosa e sexual ideal. E irreal.
Regina se considera “uma libertária”. Palavras como masturbação, sexo grupal (“são uma tendência”), bissexualidade (“outra tendência”) e orgasmos fingidos (“um absurdo”) saem da sua boca com uma facilidade que justifica os 12 livros que ela publicou. Todos sobre sexo e relacionamentos. Por causa deles, participa de programas de rádio, escreve colunas em jornais, artigos em revistas, blogs, e, este mês, ganha um quadro na terceira temporada de Amor e sexo, apresentado por Fernanda Lima, na Globo. Tornou-se uma espécie de militante da liberdade sexual e amorosa.
Em sua mais recente obra, O livro do amor, volumes 1 e 2, ela conta como evolui o sentimento desde a Pré-História até os dias de hoje. “Passei cinco anos debruçada sobre esse assunto”, diz. “A gente tem que saber do passado para entender por que as coisas são como são no presente.” Seu objetivo: esclarecer o maior número de pessoas possível. “Elas não percebem que são infelizes porque seguem padrões que não levam a nada, como acreditar que em um casamento é possível a exclusividade.” Regina prefere este termo: “exclusividade”. “Traição não é uma pessoa sentir desejo por outra, isso é natural. Traição é enganar um amigo, um irmão.” A psicanalista também ataca outras frentes carregadas de polêmica. Incentiva, por exemplo, o uso de vibradores (“para que mais mulheres gozem”) e é “absolutamente” contra o cavalheirismo. “Por que um homem tem que pagar a sua conta ou tirar uma cadeira para você sentar? É porque a mulher é um ser frágil e incapaz até de puxar uma cadeira?”
Essa filosofia de vida é um espelho da sua rotina. Há 11 anos está casada com o escritor Flávio Braga, seu terceiro marido. “Não temos um pacto de exclusividade. As pessoas estranham até coisas bobas na gente”, diz. Exemplo: ela não gosta de cozinhar, seu marido gosta. Ele vai além, cuidando da casa, lavando os pratos... “Tenho amigos intelectualizados que acham isso um absurdo”, conta Regina. “Fico chocada com essas reações.”
A cama na varandaFalar e escrever sobre relacionamentos foi um caminho natural para Regina. “Sempre gostei do tema”, diz. Filha de uma família de classe média da zona sul carioca, casou aos 23 anos (“não virgem e não na igreja, claro”). Até então, seguia o destino de uma psicóloga comum. Abriu um consultório, fez formação psicanalítica. “Mas percebi que esse não era o meu caminho”, explica. “Precisava falar mais de amor e sexo. Eram assuntos que toda hora surgiam na minha clínica.”
Em 1992, ela compilou suas posições sobre o tema e lançou A cama na varanda. Um best-seller com mais de 50 mil cópias vendidas. Nele, fez uma previsão que balançou certezas e atiçou a atenção de quem desconfia de que esse negócio de viver a dois é uma luta arriscada e dolorosa por algo quase impossível. Para Regina, num futuro que deverá chegar dentro de 30 anos, viveremos a era do poliamor e de um sexo menos encanado.
Com essas teses todas no colo, a escritora passou a ser uma das pessoas mais ouvidas do Brasil sobre o tema. “Acho um absurdo que em um país como o nosso não existam mais especialistas que pensem sobre isso”, diz a psicanalista, que cutuca seus colegas de profissão. “Um psicanalista normal fica fechado lá com seus dez pacientes. Assim, fica difícil ter uma visão do mundo.”
Para ter essa visão, ela usa a internet e conversa regularmente com seus leitores por e-mail e Twitter. Ou em palestras. Ou mesmo na rua. “Ouço as pessoas. Vejo o que está acontecendo e, a partir daí, posso apontar tendências.” Entre elas: o fim do casamento tal qual o conhecemos. “Quem disse que não é possível amar mais de uma pessoa? É sim!”
Na entrevista, a psicanalista demoliu até mesmo os contos de fadas. “Uma mãe que lê um livro de uma Cinderela da vida está sendo irresponsável com a sua filha.”
Tpm. Você se considera uma pessoa libertária. Como isso surgiu?Regina. Acho que já nasci libertária. Sou filha de uma família de classe média. Minha mãe sempre foi muito careta. Ela só começou a trabalhar depois que meu pai morreu, em um desastre de avião, quando eu tinha 14 anos. Minha irmã, que é quatro anos mais velha, também é assim, supermoralista. Mas eu tive uma avó maravilhosa, que veio do Líbano com 14 anos e desquitou com quatro filhos pequenos. Isso na década de 30! Imagina o que era isso? Essa avó deve ter me influenciado de alguma maneira. Ela sustentou sozinha os quatro filhos e ainda ajudava o meu avô com dinheiro.
E quando ficou claro que você era como ela? Aos 8 anos, fui fazer primeira comunhão, porque todas as minhas amigas faziam. Minha mãe não me forçou. Isso é uma coisa que agradeço a ela – minha mãe não tinha essa religião. Agradeço mesmo por não terem me colocado a culpa católica [risos]. Na primeira aula de catecismo, lembro até hoje, vi um livrinho em que tinha uma menina entrando num pote de melado e estava escrito: “Deus tudo sabe e tudo vê”. Nunca mais voltei.
Você foi adolescente nos conservadores anos 50. Casou virgem? Não. Perdi a virgindade com meu primeiro marido, quando a gente namorava. Antes já tinha tido dois namorados. Não transei com eles porque eles não quiseram! Era uma época em que se gozava nas coxas [risos]. Lembro que para um deles eu falava: “Tira a minha virgindade!”. E ele respondia: “Não, porque se eu tirar a sua virgindade e depois a gente se separar você vai sofrer”. E eu falava: “Pode tirar, não vou sofrer” [risos].
A vontade de ser psicóloga e trabalhar na área da sexualidade e do amor surgiu de que jeito? Sempre quis fazer psicologia, desde os 15 anos. Por 18 anos, trabalhei como psicanalista comum, tinha consultório, dava aula em universidade e atuei até em uma penitenciária. Até que descobri que grande parte dos problemas das pessoas era ligada a amor e sexo. Daí me senti mal em ficar naquela coisa só de interpretação. Comecei a me especializar nesses dois temas, a dar palestras sobre isso. Sempre quis trabalhar com um grande público. Achava que com quanto mais gente eu falasse, melhor. Em 1992, assinei com a editora Rocco para lançar meu primeiro livro, A cama na varanda. Foi um grande sucesso. Tinha um programa diário de sexo no rádio. Fui indo. Hoje dou palestras pelo Brasil todo. Sinto que tenho muito material e que é absurdo guardar isso só para mim.
Você está no seu terceiro casamento e prega o amor livre. Como é isso dentro das suas uniões? Primeiro casei com 23 anos e tive minha filha [a advogada Taísa, 37 anos]. Separei depois de cinco anos. Era um casamento normal. A gente não questionava isso. Mas também não tinha pacto de exclusividade. Já sabia que, se eu quisesse transar com alguém, isso seria um direito meu. Nunca pensei diferente. Depois casei outra vez, tive outro filho [o jornalista Deni, 27] e fiquei nove anos sozinha. E fiquei muito bem. Isso é bastante importante. É fundamental que as pessoas saibam que podem ficar bem sozinhas. Que se livrem dessa ideia do amor romântico, essa coisa que diz que você tem que ter um par. A pessoa tem que saber ficar sozinha até para escolher quando quiser se juntar com alguém, e não ficar com o primeiro que aparecer só por medo da solidão.
Como foi ficar nove anos sem alguém? Foi uma fase meio radical. Não queria casar nem namorar. Queria ficar sozinha. Eu já tinha publicado A cama na varanda e tinha lançado também uma coletânea de minhas colunas no Jornal do Brasil. Aí, escrevi um novo livro chamado Na cabeceira da cama, em que fui bem contundente. Nessa época, achava impossível o tesão continuar em um casamento. Completamente impossível! Hoje, estou mais amena. Acho viável desde que você não tenha um pacto de exclusividade.
Foi nessa fase radical que você conheceu seu atual marido? Foi. Conheci o Flávio em 1999, quando eu dava palestra, publicava livros e todo o resto. Ele já sabia quem eu era, o que eu pensava. Em 12 anos, não vi nenhum moralismo nele. Não temos pacto de exclusividade. Se ele transar com alguém, não tenho nada a ver com isso. E se eu transar com outra pessoa, ele também não tem nada a ver com isso. Mas estamos sempre juntos, somos superparceiros, trabalhamos juntos [o casal já escreveu livros em parceria, entre eles, Fidelidade obrigatória e outras deslealdades]. E ele é muito delicado, muito respeitador. Jamais me pergunta o que fiz, aonde fui. Nosso casamento é ótimo, inclusive sexualmente. Acho difícil o tesão se manter quando existe controle. A coisa mais comum de ver no casamento é dependência emocional de um e do outro. Quando você sabe que o outro tem pavor de te perder, que ele está ali no seu pé... o tesão fica inviável. Tem que existir um mínimo de insegurança para você ter tesão.
“É fundamental que as pessoas saibam que podem ficar bem sozinhas. Que se livrem dessa ideia do amor romântico, essa coisa que diz que você tem que ter um par”

Como é a rotina de vocês? O Flávio gosta muito de cozinhar, eu detesto. Ele lava prato cantando, eu não suporto cuidar da casa. Eu cuido de ir ao banco, chamar o encanador, essas coisas. Mas as pessoas são muito caretas. Outro dia estava ao telefone com um amigo e o Flávio gritou: “O almoço está na mesa”. E meu amigo disse: “Então você é o homem da casa?”. Fiquei chocada! Como uma pessoa intelectualizada fala uma coisa dessas?
Você acha que existe diferença entre o masculino e o feminino? Tenho horror daquela história de “meu lado masculino, meu lado feminino”. Minha irmã sempre me falava: “Você tem alma masculina”. Essa coisa de masculino e feminino são estereótipos para aprisionar as pessoas. As mulheres têm que ser sensíveis e frágeis. E os homens, corajosos e bravos. Imagina! Isso é tudo criação. Todos nós somos fortes e fracos, ativos e passivos, depende do momento.
Sexualmente, existe diferença? Claro que não! É tudo cultural. Existem pesquisas no exterior que dizem que as mulheres transam fora do casamento praticamente tanto quanto os homens e que não sentem mais tanta culpa. Eu recebo uma quantidade imensa de mensagens que provam isso. Vejo que as mulheres estão tendo mais relações extraconjugais. Tenho a impressão de que a sexualidade, com o tempo, vai ser mais livre. Você vê as casas de suingue, por exemplo. O número de casais que frequenta casas de suingue é enorme! E pessoas que você nem imagina. Com o meu trabalho, minhas pesquisas, posso apontar tendências.
E quais são as outras “tendências sexuais”? Sexo grupal, por exemplo. O sexo vai ser mais livre, a bissexualidade também é uma tendência. Acho que ela será predominante daqui a uns 30 ou 40 anos. Porque o patriarcado está se dissolvendo. A tendência é que as pessoas busquem mais objetos de amor entre seus interesses do que entre ser homem e mulher. Outra tendência é o fim do amor romântico.
Como assim? O amor romântico é aquele que está nas músicas, nos filmes, aquele que diz que você vai encontrar a pessoa certa. A busca por esse tipo de amor está em baixa. Ainda bem! Por quê? Porque esse amor prega a fusão completa, ao mesmo tempo que estamos vivendo um momento em que existe uma busca clara pela individualidade, que não tem nada a ver com o egoísmo, como muitos conservadores acham. A grande viagem do ser humano hoje é para dentro de si mesmo. O amor romântico propõe o oposto dos anseios atuais. Claro que você vai encontrar muitas mulheres que vão largar tudo, trabalho, mestrado, por causa do homem. Mas isso está começando a sair de cena. Vai surgir outro tipo de amor.
Que tipo? Um amor não calcado na idealização. Acho que você vai poder se relacionar com mais de uma pessoa. E, ao sair de cena, o amor romântico está levando com ele a sua principal característica: a exclusividade.
Traição ainda é um grande tabu? É. E fidelidade para mim não tem nada a ver com sexualidade. A palavra traição é muito inadequada para definir uma relação sexual com outra pessoa. Traição é uma coisa muito séria. É você trair um amigo, um irmão. As pessoas falam muito a palavra traição por hábito. Prefiro chamar de exclusividade. O que as pessoas precisam é parar de fazer um pacto que não vão cumprir. Com o amor romântico saindo de cena, ele leva junto a exclusividade. Acredito que cada vez mais as pessoas vão optar por não se fechar em uma relação e preferir relações múltiplas. Porque essa coisa de você amar duas pessoas, três, isso acontece o tempo todo. Eu atendo pessoas nessa situação e elas sofrem muito por isso. Acho que existem muitas chances de esse poliamor predominar. Porque amor é uma construção social. As pessoas pensam que o amor é só o amor romântico, mas não é nada disso. Quando eu critico o amor romântico, tem gente que acha que sou contra o amor.
Mesmo depois da contracultura e do feminismo ainda tememos coisas como a traição. Você acha que seguimos muito caretas? Não acho. No meu O livro do amor descobri que há 5 mil anos, quando o sistema patriarcal se instalou, a mulher foi aprisionada. Na Idade Média, houve concílio para decidir se mulher tinha alma ou não. Até o século 19, ainda se discutia o tamanho da vara com que os homens podiam espancar a mulher. Por isso que eu acho engraçado, sabe? Uma vez me ligaram de uma revista semanal dessas e me perguntaram: “Você é feminista?”. Respondi horrorizada: “Claro, por quê? Você não é?” [risos]. Acho que não ser feminista é concordar com todos esses
absurdos. As pessoas não entendem isso porque são ignorantes. Mas com tanta opressão, olha, acho que estamos até bem.
A religião é um outro problema para a sexualidade? Nossa! E como! O que houve de culpabilização do desejo sexual na Igreja durante todo esse tempo! Tanto moralismo... A Igreja fez barbaridades, como por exemplo apoiar a caça às bruxas. Esse foi um período terrível de violência contra a mulher, em que aconteceram atrocidades das mais horríveis. É importante conhecer o passado para a gente entender o presente. A Igreja usava uma coisa chamada danação eterna para assustar as pessoas. Imagina isso! A repressão era tanta que muita gente fugia para o deserto do Egito para se mortificar, para tirar os pensamentos da cabeça e fugir dessa “danação eterna”. Essa ideia foi de profissional, né? [Risos] Imagina, danação eterna! A nossa história é um hospício. É inacreditável!
“Sexo grupal é uma tendência, a bissexualidade também. Acho que ela será predominante daqui a uns 30 ou 40 anos”

Em um dos seus livros, você diz que é contra o cavalheirismo. Por quê? O conceito de cavalheirismo não serve para nada, né? O que é cavalheirismo? Que vergonha! Gentileza, sim. O homem tem que ser gentil com a mulher, a mulher com o homem. Cavalheirismo implica que a mulher é incompetente para puxar uma cadeira? Ela malha, segura 10 quilos, mas não consegue puxar uma cadeira ou abrir uma porta? Cavalheirismo é um horror! Precisamos pensar sobre isso, gente! A mulher deve dividir a conta do motel com o homem? Outro dia joguei essa questão para uma amiga. E ela: “Ah, divido restaurante, cinema, mas motel não”. E eu pergunto: “Motel não por quê?”. É como se a mulher quisesse os benefícios da emancipação, mas não quisesse os ônus! Então, depois não reclama que ganha menos.
O que você acha desses guias de autoajuda com regras para “conquistar” um homem? Acho um absurdo! As mulheres foram condicionadas a acreditar que são frágeis, que precisam de um homem para cuidar delas. Quando você chega à idade adulta, foi tão condicionada que não sabe mais se faz as coisas porque deseja ou porque te educaram para isso. Por exemplo, uma mulher vai a uma festa, está aos amassos com um cara. Ele a chama para fazer sexo e ela diz: “Não tenho vontade, não faço sexo no primeiro encontro!”. Até parece! Isso é para agradar o homem, porque se criou essa ideia de que homem não gosta de mulher que é fácil! Então, ela tem medo de que os caras não liguem no dia seguinte. Muitas mulheres ainda acreditam em príncipe encantado.
E essa ideia de príncipe, dos contos de fadas? Essas histórias tipo Cinderela e Branca de Neve não deviam ser lidas para as crianças. Elas incentivam as mulheres a ser o quê? O que você quer para a sua filha? Passar uma imagem subliminar de que ela só vai ser salva se aparecer um homem? O que diz a história da Cinderela? Que o pé tem que caber naquele sapatinho! Ou seja, que a mulher tem que ajustar a sua imagem aos padrões masculinos. Os contos de fadas são muito nocivos. As mães não sabem. Não pararam para pensar. Espero que menos gente conte essas histórias para seus filhos.
Você já contou para seus filhos? Contei porque era ignorante. Mas para a minha neta, de jeito nenhum!
O casamento tende a acabar? Não consigo acreditar que quem está nascendo agora vai ter, daqui a 30 ou 40 anos, casamentos do jeito que eles são hoje. Li uma pesquisa que diz que 80% dos casamentos são infelizes. Bom, infelizes no sentido de uma convivência boa, de bom relacionamento sexual, de acrescentar coisas para a pessoa. Esse modelo de casamento que está aí é um horror.
“Fidelidade não tem nada a ver com sexualidade. A palavra traição é muito inadequada para definir uma relação sexual com outra pessoa. Traição é você trair um amigo, um irmão. Prefiro chamar de exclusividade”

Por quê? As pessoas precisam reformular as expectativas a respeito da vida a dois. Como todo mundo casa regido pelo amor romântico, a pessoa acha que vai ser aquilo, que o outro vai cuidar de todas as suas necessidades, e por aí vai. Mas isso não é real! As pessoas têm que ter vida própria, têm que ter liberdade de ir e vir, amigos separados, não pode haver controle da vida do outro, controle da sexualidade do outro. A exigência de exclusividade é uma obsessão.
Uma insegurança. Sim. As pessoas são muito inseguras. Nós nascemos do útero. No útero temos todas as nossas necessidades garantidas, mas, quando saídos de lá, somos tomados por um sentimento de desamparo. A nossa cultura prega o tempo todo que você tem que encontrar alguém que te complete.
As pessoas passam a vida inteira procurando alguém que vá dar aquela sensação que você tinha no útero. O amor romântico se presta a isso. A criança pequena também é assim: ela sem a mãe por perto morre. Por isso, as crianças são ciumentas, possessivas. Quando meus filhos eram pequenos percebia isso.
Se você está muito tempo no telefone, a criança dá um jeito de machucar o pé, de cair, de fazer qualquer coisa para chamar sua atenção [risos]. O adulto é capaz de lidar com seus problemas cotidianos razoavelmente bem. Ele resolve tudo, uma briga com o síndico, uma briga no trabalho. Mas é entrar em um relacionamento e mudar. Ele se torna ciumento, possessivo, controlador. Ele reedita o que fazia quando era criança.
Que conselho você dá para as mulheres que vivem com medo de perder a “exclusividade”? Ninguém deveria se preocupar com quem o parceiro ou a parceira transou. Dentro de um relacionamento, você só tem que responder a duas perguntas: “Me sinto amada? Me sinto desejada?”. Se a resposta para essas duas perguntas for “sim”, tudo bem. Agora, ficar se perguntando o que o seu parceiro faz quando não está com você? Ora, isso não é da sua conta!
Mas muitos jovens ainda acreditam naquele modelo da “família margarina”, não é? Muitos acreditam mesmo. E isso vem dos anos 50. A década de 50 era uma década de modelos. Se você saísse deles, ficava marcado. Tenho uma amiga que, quando separou, nunca mais foi convidada para as festas do prédio. Isso nos anos 80. Porque são modelos: “Você tem que ser casado, ter dois filhos, uma geladeira, uma televisão de não sei quantas polegadas”. Acho anacrônico quem fala hoje: “Ah, porque a sociedade não aceita isso”. Gente, a sociedade somos nós! Mas o mais importante disso tudo é: não estou propondo outro modelo. Estou propondo que não haja modelo. Se alguém quiser ficar casado 30 anos com uma pessoa e só fazer sexo com essa pessoa, tudo bem. Se quiser ficar casado com quatro, tudo bem também. O importante é não ter modelos. Os modelos aniquilam as singularidades.
Você disse em uma entrevista que usava vibrador muitas vezes quando fazia sexo com seu marido. Isso ainda choca as pessoas? Essa questão de vibrador tem muito tabu também. O sexo ainda é visto como algo sujo. Mas há 2 mil anos era pior. Era visto como uma coisa tão terrível que acho até um milagre que as pessoas conseguissem ter orgasmo. Era tanta repressão acumulada que cada orgasmo é quase um milagre e um sucesso [risos]. Outro dia estava conversando com uma psicanalista e falei de vibrador. Sabe o que ela me disse: “Eu não, não preciso desses brinquedinhos”. Virei para ela e falei: “Escuta, não é precisar de brinquedinho, é uma coisa concreta. Se você estimula duas zonas erógenas ao mesmo tempo, isso tem um efeito. Se o cara está te penetrando e você usa um vibrador no clitóris, vai ter um orgasmo melhor!”. E não tem dedinho que substitua um vibrador. Agora, não só as mulheres, mas os homens também têm problema com isso. Eles competem com o vibrador. Acham que, se a mulher usa, é porque ele não está dando conta. As mulheres em geral usam sozinhas, para masturbação, mas não com o parceiro.
Por que os homens temem a concorrência do vibrador? Na verdade, os homens são muito inseguros. São dependentes das mulheres como crianças. E isso é culpa do sistema patriarcal. O menino aprendeu a se defender da mãe muito cedo. Imagine a seguinte cena: um menino e uma menina estão brincando no play. Se a menina cai e rala o joelho, começa a gritar, pede o colo da mãe, que faz chamego na filha, fala que ela é meiga. O menino tem que engolir o choro, coitado. O menino passa o tempo todo negando a necessidade da mãe, e por isso começa a desvalorizar a mulher. Mais tarde, quando entra em uma relação amorosa, fica frágil. E a mulher acaba cuidando dele. Tem casos de homens que têm empresas de 10 mil empregados e não conseguem decidir a roupa! É uma loucura! Muitos são extremamente dependentes! O sistema patriarcal foi o maior inimigo dos relacionamentos. Colocou a mulher e o homem, cada um de um lado, e criou uma guerra dos sexos.
Essa guerra dos sexos cria que tipo de desencontro na cama? O homem vai pro sexo, inconscientemente, para provar que é macho. Então, tem que ficar de pau duro e ejacular. As preliminares ficam pra lá. Para estar no ponto, a mulher precisa de cinco vezes mais sangue irrigando os órgãos sexuais do que o homem. E também de mais tempo para ter um orgasmo. Já o cara, ele quer gozar logo para não perder a ereção. E fica naquele movimento igual, de ir pra frente e pra trás, que faz com que a mulher tenha cistite, mas não tenha orgasmo [risos]. Agora, a mulher aprendeu que tem que corresponder à expectativa feminina. E aí, ela finge orgasmo.
Você já afirmou que a última vez que fingiu um orgasmo foi com 20 anos... Sim! Eu não faço isso e ninguém devia fazer. É um absurdo! Se uma mulher fingir um orgasmo, vai ser muito difícil ela ter um. E por que ela está fazendo isso? Só para agradar o homem! Para o cara não trocar ela por outra, para segurar o homem.
Como foi educar dois filhos, um menino e uma menina, tendo esse pensamento libertário? Sempre denunciei para os meus filhos o moralismo. Nessa área do amor e do sexo, busquei mostrar para eles o que havia de preconceito. Lembro que uma vez fui botar meu filho para dormir e ele estava vendo um seriado em que tinha um padre que se torturava, sofria por causa do seu desejo sexual. E falei para ele: “Meu filho, isso não pode ser assim, sexo não é algo ruim, é uma coisa boa”. Sempre expliquei tudo. E meus filhos sempre dormiram com namorado em casa. Às vezes chegam pais com essa questão pra mim e falam: “Ah, porque é muito complicado...”. E eu falo: “Não é, não”.
Você acha que as coisas estão melhorando? Sim! Muito! A minha filha, por exemplo, teve um filho de produção independente. Ela tinha 20 anos e um namoradinho de 17. E foi maravilhoso. Assisti ao parto da minha filha e, imagina, ela nunca foi discriminada por ninguém por causa disso. Na minha geração, as mulheres eram muito discriminadas nessa situação. Aconselho homens e mulheres a questionar tudo isso e jogar o moralismo no lixo. Isso se quiserem viver melhor. Mas para isso é preciso uma coisa muito difícil: ter coragem.

Arquivo pessoal
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Arquivo pessoal
Aos 3 anos, na rede do sítio da família, em Miguel Pereira (RJ)
 
 

Viñetas - Erlich




Bernardo Erlich (Tucumán, 1963) es diseñador y humorista gráfico. Vive y se desempeña en Tucumán, donde además ejerce la docencia como profesor en la Licenciatura en Diseño Gráfico de la Universidad del Norte Santo Tomás de Aquino. En 1990 ganó el premio recomendación en la Bienal Coca Cola en las Artes y en las Ciencias, con jurado compuesto por Quino, Caloi y Jorge Guinzburg. Ha publicado material gráfico y escrito en el semanario La Semana de Tucumán, en el suplemento Sátira/12 del diario Página 12 así como también ha integrado muestras individuales y colectivas junto a Sábat, Rep, Garaycochea y Sendra, entre otros. En internet ilustraMás respeto que soy tu madre - elegido por la Deusche Welle como Mejor Weblog del Mundo - y algunos tsuvenires para Rudy. Escribe y dibuja Por Dios!, blog de la Palabra Divina, ¡Mi querido Tato! (homenaje a Tato Bores), y es responsable de La Estrella del Norte.En España hay editados tres libros con ilustraciones suyas: Más respeto que soy tu madre, por Plaza y Janes y Ana y los patos y El color de mi familia - este último de su autoría - por Editorial A fortiori. Actualmente publica una viñeta diaria en Elpais.com, edición digital del diario El País de España, e ilustra el blog Espoiler para el mismo periódico online.

http://www.elerlich.com/autor.php

 

Rogério Duarte por ele mesmo

O designer Rogério Duarte, do marxismo, do Cinema Novo, da Tropicália, do Hare Krishna

por

O blog reproduz aqui reportagem do jornalista Rodrigo Sombra para O GLOBO (texto e foto) com uma figura fundamental na intelectualidade brasileira dos anos 1960 e 70. O designer Rogério Duarte hoje leva vida religiosa em Salvador e terá sua trajetória contada em documentário. Leia o texto a seguir, é muito interessante.

A reclusão de Rogério Duarte, mentor do tropicalismo

SALVADOR – ‘Quando eu vejo aquela Nina da novela xingando Carminha: “Sua vaca, sua vaca!”, eu penso: Meus Deus, que mulher imbecil, quanta ignorância… — diz o designer Rogério Duarte, devoto Hare Krishna, em protesto contra a heresia ao santo nome da vaca.

Rogério é caso singular na arte brasileira de quem atravessou marxismo, Cinema Novo, Tropicália e realizou-se na filosofia hinduísta. Celebrado pelas capas de LPs que fez para Gil, Gal e Caetano, foi mentor intelectual do tropicalismo nas artes gráficas e fora delas. Zé Celso Martinez Corrêa, Hélio Oiticica e Torquato Neto são tributários de suas ideias. O homem que Glauber Rocha disse estar “por trás de todos nós”, contudo, há décadas acostumou-se ao anonimato. Convertido ao movimento Hare Krishna, recolheu-se a uma vida religiosa e passou a se ocupar da discreta missão de traduzir sânscrito.

Em fase de pré-produção, um documentário sobre sua trajetória a ser rodado nos próximos meses pelo cineasta baiano Walter Lima promete devolvê-lo à superfície.

— A ideia (do documentário) é mostrar o Rogério pensador — explica Walter. — Além de um designer maravilhoso, ele é uma figura fundamental na intelectualidade brasileira dos anos 1960 e 70, como foi Oswald (de Andrade) na década de 1920.

Há anos Rogério vive sozinho em Salvador e diz raramente encontrar os amigos tropicalistas. Práticas de meditação, trigonometria e xadrez on-line hoje lhe ocupam os dias. Mais magro do que nas fotografias conhecidas da juventude, há um ano superou um câncer nas cordas vocais e aparenta levar uma vida austera. Na sala de seu apartamento quase nada sugere a ideia de decoração. Imagens não ornam paredes, caixas empilham-se umas sobre as outras e uma lousa com o alfabeto sânscrito ladeia uma pilha caótica de peças de xadrez. Em um canto, cartazes carcomidos dos filmes “Meteorango Kid” e “Idade da Terra” dão testemunho de seu ofício como designer.

— Recebo (convites), mas recuso. Não tô mais fazendo — diz Rogério, sobre projetos como artista gráfico. — Minha obra é histórica, pertence a um momento da história do design mundial, não é para ser pasteurizada.

Afastado do design, foi professor universitário e encurtou a distância entre o leitor brasileiro e a literatura sânscrita. É dele a primeira versão direta para o português do épico hinduísta “Bhagavad Gita”, publicado nos anos 1990 pela editora Companhia das Letras. Sem grande repercussão, lançou em novembro passado sua tradução do “Gitagovinda”, poema medieval de Jayadeva Goswami que narra os passatempos sexuais de Krishna às margens do Rio Jamuna. Conhecido por sua visão erotizada da transcendência, o texto pertence ao cânone das letras indianas.

— Ali tem coisas que só os grandes poetas do Ocidente alcançaram, como (T.S.) Eliot, Goethe… — diz Rogério, admirador exaltado da comunhão entre o sexo e o divino que há em “Gitagovinda”. — É absolutamente necessário que nossa mente suja ocidental seja lavada pelas águas eróticas do Rio Jamuna, para a gente entender que sexo é a coisa mais nobre e sublime.

Karma e tortura

Chancelada pelo professor Howard Resnick, PhD em sânscrito pela Universidade de Harvard, a edição brasileira de “Gitagovinda” saiu com a módica tiragem de mil exemplares. Rogério revisou, editou, elaborou a capa e bancou-a do próprio bolso.

Grande parte da obra pela qual Rogério é celebrado se concentra na década de 1960. A pujança criativa desse período seria abalada na Páscoa de 1968, quando ele e seu irmão Ronaldo participaram de um protesto no Centro do Rio e foram presos e torturados por militares. O nome Rogério Duarte Guimarães pode ser encontrado em relatórios dos órgãos de repressão recém-abertos no Arquivo Nacional. Em ficha do SNI (Sistema Nacional de Informações) emitida cinco dias após sua soltura da prisão, ele ocupa menos de meia página e é descrito sucintamente como “elemento de esquerda, assim como o irmão Ronaldo, ligado às atividades de artes plásticas”. Um carimbo estampado ao final da ficha informa que anexos foram destruídos. À época, a notícia da prisão dos irmãos Duarte — uma das primeiras denúncias contra a tortura cometida pelo exército — provocou sismos na opinião púbica pré-AI-5.

Quarenta e quatro anos depois, a posição de Rogério sobre o episódio da tortura é matizada. Como anistiado, reclama uma reparação mais justa e diz guardar “um pouco de mágoa”. Espiritualmente, a interpretação é outra.

— O trauma, só a filosofia da Índia explica: a teoria do karma. De algum modo aquilo teria que acontecer. É a teoria de Jung, da sincronicidade. Não existe acaso puro, as coisas têm um sentido. Porque tudo poderia ser evitado, eu poderia simplesmente não ter ido ali naquele dia. Algo em mim me levou para as câmaras de tortura — diz, sem qualquer tom de ironia ou amargura. — Antes, era para mim tão inimaginável a ideia de ser torturado que, por uma estranha razão, talvez eu pensasse: “É a única coisa que não experimentei”.

Rogério conservou ao longo da vida uma saudável antipatia a receituários. Conhecedor de arte burguesa na fauna marxista do CPC (Centro Popular de Cultura) da UNE, hinduísta entre universitários, intelectual de esquerda entre hinduístas, sua figura jamais comportou descrições fáceis. Não por acaso, ele costuma reivindicar para si um lugar de marginal na arte brasileira. Traduzir sânscrito seria apenas a etapa mais recente de uma obra historicamente ungida pela dissonância. O aspecto iconoclasta de suas ideias teve impacto fundo na formação de tropicalistas mais novos, como Caetano e Gil.

— Conversávamos muito. E sobre mil assuntos. Sobretudo, ele falava. Eu adorava ouvir e aprender — conta Caetano, sobre a convivência no período tropicalista.

Rogério é padrinho do primeiro filho do compositor, Moreno, e um sentido mútuo de admiração ainda hoje acompanha a amizade entre eles.

— Sua dedicação ao estudo e à tradução desses textos (em sânscrito) deveria ser acompanhada com grande seriedade crítica — diz Caetano. — Ainda assim, o conjunto de suas atividades não pode prescindir da mensagem perene de atirar-se à margem da margem. Essa atitude existencial dá cor especial a cada trabalho, a cada gesto de Rogério.

Para os Hare Krishnas, Rogério Duarte é Raghunatha das. A inflexão ao hinduísmo data do fim dos anos 1970 e coincide com sua fase de maior ostracismo. Os esforços mais recentes em trazê-lo à baila vêm do exterior e atualizam o poder de suas ideias. Em 2009, ele foi homenageado com uma retrospectiva individual na Narrow Gallery, em Melbourne, Austrália. Um ano depois, a revista japonesa de design “Idea” dedicou 24 páginas à sua obra.

Apesar de celebrações esporádicas, Rogério crê que seu legado ainda exige revisão. Para ele, seus cartazes e capas de discos teriam transcendido sua função original de uso e ganhado autonomia como arte histórica.

— Velázquez pode ter feito retratos de encomenda, assim como eu fiz capas, mas depois eles passaram a valer milhões de dólares. Andy Warhol fez capas de disco e cartazes igual a mim. Mas Andy Warhol vale milhões de dólares, e eu quero que Rogério Duarte valha pelo menos milhões de reais — diz, com um sorriso jocoso por baixo do bigode. — Quando eu digo milhões, milhões não é nada. É o valor real que eu quero. É a devida consideração pela criatividade, pela inteligência que ordenou aquilo, pela capacidade de síntese e também pela novidade.

Entre soberbo e abnegado

Dado a autoelogios, Rogério deixa a forte impressão de ser um homem cindido. Ao longo da conversa, ora compraz a si mesmo com sua figura de jovem prodígio, e até se permite ataques de genialidade (“Eu já nasci erudito”), ora palavras em sânscrito se insinuam em sua fala e reavivam os temas religiosos que hoje ordenam seu mundo.

Apelidado de Caos na juventude, aos 73 anos Rogério parece oscilar entre o artista soberbo e o discípulo abnegado de Krishna. E é aí que a tarde cai, e ele mira o relógio. Pede licença para rezar seu último mantra do dia. Fecha os olhos e balbucia orações por entre os fios da barba grisalha. Minutos depois, reabre-os e diz:

— Essas coisas que eu te falei agora, que sou um grande artista, que devo ser reconhecido, justiçado: tudo isso é Maia (ilusão). Fiz essa meditação agora para me devolver a mim mesmo.

Mais adiante, pede que interrompamos a entrevista. A fragilidade das cordas vocais ameaça a conversa. Despede-se com gentileza, fecha a porta e volta a recolher-se. No encontro anterior, havia dito que, a esta altura da vida, a poesia era a única coisa que lhe restava. Recentemente, Rogério voltou a escrevê-la. Em sua página do Facebook, publicou uma quadra:

“Agora entendo o mistério/ Desse nó que não desata/ Eu preciso ser Rogério/ Pra também ser Raghunatha.”

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/a-reclusao-de-rogerio-duarte-mentor-do-tropicalismo-6099969#ixzz277p6uXmS

 

Meus cinquenta tons de…


Esse é um post-pinceladas. Fiquei com vontade de escrever sobre isso desde que começou o ruído sobre “Cinquenta tons de cinza”. Devo dizer que não li o livro: não li nem vou ler. Mas não foi preconceito não, cheguei a pegá-lo numa livraria, a ler trechos e mais trechos. Não me deu vontade de continuar. E olha que o tema me interessa.
Achei o livro muito sem tons. Muito “pão, pão, queijo, queijo”, sabe como é? Meio manual de motor de carro. Pegou aqui, fez ali, cutucou acolá. Sinto muito. Não acho graça nenhuma.
(Achei muita graça, em compensação, no “Marcelinho lendo 50 tons de cinza”. Mas deixa pra lá).
Outro dia escrevi que não gosto de superlativos: sou mais de eufemismos, desde aquele lindo de “Le Cid” , em que Chimène diz a Don Rodrigue : “je ne te hais point” (eu não te odeio). Ô declaração de amor bonita, sô.
Então: eufemismos. Vislumbres. Devaneios. Sugestões. Sutilezas. O olhar de Mastroianni para Laura Antonelli em Esposamante. Nastassja Kinski/Tess, sua boca vermelha, a fruta vermelha. Os braços roliços e molhados de Clara lavando roupa, em “As Pupilas do Senhor Reitor (falei desse aqui). O pequeno pé fugidiamente visto na “Pata da Gazela”, de José de Alencar – livro erótico por excelência, como bem lembrou Eliane Brum em tuíte-conversa recente. Imagens, obsessões. Desejo, necessidade. Vontade.
Em francês diz-se “J’ai envie de toi”, e é uma delícia de ouvir. Tenho vontade de você. Te desejo. Como uma fruta. Pra morder. Pra beliscar. Pra pegar.
O conto “Uns braços”, do Machadão. O conto “Dentro da Noite”, de João do Rio. “Dentro da Noite” traz outro elemento que me parece altamente erótico: o desejo que não se controla, o desejo apesar da vontade. O cara tinha tesão de enfiar alfinetes no braço da mulher. Ele não queria, ele não gostava de machucá-la. E no entanto, não conseguia. Era mais forte do que ele. Uma vontade acima da vontade. Desejo. Necessidade.
Uma passada de dedo, de leve, sobre lábios carnudos. Uma mão que distraidamente recolhe mechas soltas para trás da orelha, descobrindo-a. Umas mãos segurando e acendendo o cigarro. Umas mãos fortes pousadas na mesa, em repouso. Uns pés descalços. Um olhar. Um olhar. Um olhar.
Li quando criança um livro chamado “Le Tambour des Sables” – mulher tuaregue na primeira pessoa. Contava do véu e do cuidado com os olhos. O khôl passado para realçar. Os olhos com os quais se encanta e seduz em terras de véus. Olhares.
O desejo apesar de, ainda. Para além dos próprios tabus, para além dos próprios preconceitos. Filmes: “The Crying Game”. “Lua de Fel“. “Damage“. Tem todos os de padres, de freiras. Desejo versus tabu. O que eu me lembro de gostar mais é “Camila“.
Os estranhos desejos de tempos de guerra, onde mulheres ficavam sós para tocar a vida cotidiana, homens dormiam e acordavam com outros homens. Um dos meus livros favoritos, aqui, é “Amor de Inverno”, de Han Suyin. Delícia de história entre mulheres, em tempos de guerra. Orelha pequena, brinquinhos. Longos cabelos. Encantamento. Tempos de exceção. E o depois.

Erótico é assim pra mim. O não-dito. O imaginado. O sonhado. Voz, também. Voz rouca. Voz grave. Voz. Um jeito de falar pausado. Um sorriso entremeando as palavras. Sorriso de canto. Ou os mais sombrios, os mais calados. Os silêncios. Os respiros. Os suspiros contidos. Ai.
Eróticos são os véus, são os caminhos das sombras, são os movimentos das mãos. Texturas, sabores. Toques de leve, muito de leve. Deslizando os dedos. Arrepios. Frissons. Frio na boca do estõmago. Fome. Desejo Necessidade. Vontade. Vazio.

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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Homenageando o "SUSSURRO"



MARAVILHA!!!!
O coração da bloguera agradece!!!!


Nota: Vou deixar esse post aberto para quem quiser mandar um mimo para o "Sussurro", pode ser texto, poema, música, desenho, o que quiser, e eu irei acrescentando aqui.
Pode entrar em contato através da área de comentários ou por e-mail rsmsn1@msn.com
GRATÍSSIMA!!!!
regina

ANIVERSÁRIO DO SUSSURRO


 

 

No dia 21 de setembro de 2011, não sei bem porque, me deu vontade de abrir uma janela para o mundo cibernético. Tudo foi saindo de uma maneira espontânea e sem rumo ou meta, até o nome, eu vi a palavra sussurro de passagem e me pegou, assim como eu, suavemente sem alarde, e ficou.

Estamos saindo do engatinhar e tentando dar os primeiros passos nesse primeiro ano. Não sei até onde vai dar, mas sigo... Encontrei uma maneira de trazer aqui o que acho de bom por aí, vasculhando jornais, revistas, livros, vídeos, e outros blogs, assim como se eu quisesse me mostrar através do que apresento em suas variadas formas.

Tenho sorte de contar com a companhia de vocês, meus amigos, que vêem aqui me visitar, dar uma olhadinha, curtir uma musiquinha, conhecer algum poeta ou poema e se divertir um pouco. Alguns são mais generosos e trocam uma palavrinha comigo (ah, como eu gosto disso!!!) deixam seus comentários aos quais sempre respondo, esperando um retorno. Gente de pelo menos 39 países diferentes, esse o grande beneficio da Internet, num total de 18.785, já leram/viram os 2.009 postes.

Digo que estou contente porque gosto quando faço e quando leio o blog, me habituei a ele, me estimula a seguir lendo e escrevendo na minha língua mãe, o português, apesar de estar longe da pátria amada, levar até outros povos o que temos de melhor, na minha opinião, ao mesmo tempo que vou misturando tudo com outras línguas e culturas.

Acho que todos nós temos algo a dizer e esse espaço cibernético veio à calhar com meu desejo de expandir meu mundo mais pra lá da minha janela. Vocês me encontrarão aqui, nas entre linhas, tudo tem algo de mim e eu vou sussurrando......

Abraços!!!!

regina
 
TIM! TIM!
 

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Andando de Coletivo - Caju & Castanha


Já vi de tudo
Andando coletivo
Brigar por qualquer motivo
Ai meu Deus quanta zoeira
Vi uma gorda
Enroscada na catraca
Um cara puxar a faca
E o outro bater carteira

Moça bonita
subir na porta de trás
E sair lá pela frente
Que ninguem não lhe ver mais
No empurra, empurra eu já tive a impressão
Que o meu anjo da guarda não pegou a condução

Depois lá dentro
Tem forró, tem batucada
Cantador de embolada
Esmoler tem de montão
Tem vendendor de pipoca, amendoim, chocolate ai de mim que tremenda confusão

Tem o tarado
Tem o cara folgadão que não sede seu lugar nem mesmo pra aleijado
O bebo chato
Que só fala palavrão
E o dono do ascento que viaja escancarado
Tem o cavalo
O sujeito ignorante
Que pisa no seu pé
E nem pede desculpa
Mais o pior é o tal de assaltante
Que alem de roubar
Lhe toma na força bruta

Já vi de tudo
Andando coletivo
Brigar por qualquer motivo
Ai meu Deus quanta zoeira
Vi uma gorda
Enroscada na catraca
Um cara puxar a faca
E o outro bater carteira

Moça bonita
subir na porta de trás
E sair lá pela frente
Que ninguem não lhe ver mais
No empurra, empurra eu já tive a impressão
Que o meu anjo da guarda não pegou a condução

Depois lá dentro
Tem forró, tem batucada
Cantador de embolada
Esmoler tem de montão
Tem vendendor de pipoca, amendoim, chocolate ai de mim que tremenda confusão

Tem o tarado
Tem o cara folgadão que não sede seu lugar nem mesmo pra aleijado
O bebo chato
Que só fala palavrão
E o dono do ascento que viaja escancarado
Tem o cavalo
O sujeito ignorante
Que pisa no seu calo
E nem pede desculpa
Mais o pior é o tal de assaltante
Que alem de roubar
Lhe toma na força bruta

Já vi de tudo
Andando coletivo
Brigar por qualquer motivo
Ai meu Deus quanta zoeira
Vi uma gorda
Enroscada na catraca
Um cara puxar a faca
E o outro bater carteira

Moça bonita
subir na porta de trás
E sair lá pela frente
Que ninguem não lhe ver mais
No empurra, empurra eu já tive a impressão
Que o meu anjo da guarda não pegou a condução

Depois lá dentro
Tem forró, tem batucada
Cantador de embolada
Esmoler tem de montão
Tem vendendor de pipoca, amendoim, chocolate ai de mim que tremenda confusão

Tem o tarado
Tem o cara folgadão que não sede seu lugar nem mesmo pra aleijado
O bebo chato
Que só fala palavrão
E o dono do ascento que viaja escancarado
Tem o cavalo
O sujeito ignorante
Que pisa no seu calo
E nem pede desculpa
Mais o pior é o tal de assaltante
Que alem de roubar
Lhe toma na força bruta

Já vi de tudo
Andando coletivo
Brigar por qualquer motivo
Ai meu Deus quanta zoeira
Vi uma gorda
Enroscada na catraca
Um cara puxar a faca
E o outro bater carteira

Moça bonita
subir na porta de trás
E sair lá pela frente
Que ninguem não lhe ver mais
No empurra, empurra eu já tive a impressão
Que o meu anjo da guarda não pegou a condução

No empurra, empurra eu já tive a impressão
Que o meu anjo da guarda não pegou a condução

      Você já andou de ônibus ?

      Por que andar de ônibus faz bem ao seu caráter


      Não confie completamente em uma pessoa que nunca andou de ônibus. Não importa se hoje você tem um Camaro Amarelo
      (e é doce doce doce), se você já andou de ônibus em uma fase de sua vida, você não é a mesma pessoa. Digo mais: ainda que você tenha condições de comprar um Porsche para o seu filho quando ele fizer 18 anos, permita que ele passe ainda que poucos meses andando de ‘busão’. É que, para mim, este meio de transporte forma nosso caráter como chinelada nenhuma consegue fazer. Explico nos pontos seguintes.



      1) PaciênciaTudo começa no processo de espera. Você se vê encostado na parada de ônibus esperando pela boa vontade do mesmo. Você até já decorou o horário que o “seu” ônibus passa. Mas se o motorista resolver pisar forte no acelerador e passar 3 minutos antes, só resta a você esperar mais 45 minutos pelo próximo.
      2) Lidar com a humilhação
      Vem ao longe o ônibus. Você reconhece no letreiro luminoso que é o SEU ônibus. Seu coração acelera. Você corre atrás dele como o Super Mario corre atrás da Princesa. Ele se aproxima e você percebe que o condutor não diminuiu a velocidade. Por algum motivo, o motorista passou direto com direito a um sorriso maroto, apontando para um suposto ônibus que vem atrás. Você fica com cara de tacho e a mão apontando para o nada.
      3) Respeito às diferençasQuando o “ônibus de trás” finalmente chega após 23 minutos, é claro que ele estará parcial ou totalmente lotado. Você se depara com um misto de sons e batuques, pessoas do Manassés pedindo doação, menino vendendo balinha e o cobrador com o humor pior do que o de um siri na lata. Você toca, ainda que não queira, pessoas que você jamais tocaria na zona de conforto de seu carro. Você é obrigado a lidar com gente diferente, sentar ao lado delas e até puxar assunto sobre “como o tempo hoje está quente”. Enfim: você deixa de lado seu ego e deixa de tanta frescura.
      4) Altruísmo
      Ainda que contra sua própria vontade, as Leis da Ética de Ônibus™ ‏dizem que você deve ceder seu lugar aos mais velhos e se oferecer para segurar os livros do estudante de ensino médio do cabelo esquisito que está em pé ao seu lado. Resumindo: você aprende NA MARRA a ser gente boa.
      5) Capacidade cognitiva e filosófica
      Janela de ônibus é praticamente a janela de sua alma. Não existe um lugar melhor para refletir sobre sua vida e colocar os pensamentos em ordem. Nem seu travesseiro; nem montes no Himalaia. Você acaba encontrando soluções para seus problemas, resolvendo cálculos complexos e tendo a ideia que faltou naquele brainstorm da reunião. Ou seja, de certa forma você se torna mais inteligente.



      6) Educação
      É no ônibus que você coloca em prática as palavras mágicas que sua mãe ensinou: “obrigado” (para o motorista, na hora de descer), “por favor” (a Deus, para que seu ônibus não demore tanto – todo dia peço isso a Ele) e principalmente o “COM LICENÇA” (por motivos óbvios). Ou seja: 1 ano de estágio probatório pegando ônibus e você se torna um gentleman ou uma lady.
      7) Histórias para contar pros netos
      Quem nunca passou por situações exóticas, engraçadas e inusitadas em ônibus? Quem nunca pegou o ônibus errado e foi parar em uma boca de fumo? (eu já!) Quem nunca ia descendo do ônibus e só na escadinha disse: “eita, esqueci de pagar! Perae moço!” (eu já) Quem nunca já sentou ao lado de uma senhora que foi com sua cara e resolveu te aconselhar com muita sabedoria? (eu já…)
      -
      É isso, pessoal. Se vocês lembrarem de mais benefícios trazidos pelo ônibus, deixe nos comentários...


      http://fernandapaiva.com/blog/2012/09/19/por-que-andar-de-onibus-faz-bem-ao-seu-carater/



      NOTA: Sugestão do Marco. Adorei, e vocês?

      Soube que os "evangélicos" andam pregando nos ônibus... aí, haja saco!!!!!


      Azulão

         

      • Azulão

        Manuel Bandeira, acrilírico poeta, escreveu: estou farto do lirismo comedido, do lirismo bem comportado, não quero mais saber do lirismo que não é libertação. Eu quero a estrela da manhã. Poeta maior que se dizia menor. Poeta do alumbramento e da finitude, em seus versos a celebração da vida e a angústia da morte. Ainda jovem, teve tuberculose e aguardava diariamente a indesejada das gentes chegar. E viveu muito. Sempre com a consciência de quão provisória esta vida é. Nos seus poemas, a delicadeza da infância. Para ele, o poético poderia acontecer no mais humilde cotidiano. Belo belo belo, tenho tudo quanto quero [...] Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples, ele ensinou.

        A primeira vez que ouvi Azulão foi assistindo ao filme Inocência, baseado no romance de Visconde de Taunay, dirigido por Walter Lima Jr. Numa cena sublime, Fernanda Torres, Inocência, bordava e cantava a canção. Alumbramento. Que canção era aquela? Depois disso, passei a perseguir o Azulão, com cuidado, para ele não bater asas e voar para sempre. Eu sabia que era de Manuel Bandeira e Jayme Ovalle. Procurei em discos, fui às lojas de música do centro da cidade, atrás de uma possível partitura e nada... Isto foi no começo dos anos 70. Nesta época eu já era leitora de Bandeira, tinha um livro de sua obra completa, da Aguilar, aqueles de papel bíblia, que eu sempre lia. Com Bandeira eu conversava meus desacertos com o mundo, afinava o olhar e a pele. Tanta sensibilidade e musicalidade naquele poeta. Seus versos pareciam cantar. O Azulão que não encontrei ficou sonhando em mim. Quem sabe um dia?


        Em 92, quando fiz o roteiro de Canção Brasileira – nossa bela alma, resolvi retomar aquela busca, queria tanto cantar aquela canção. Aí fui procurar naquele livro, o da obra completa, quem sabe alguma indicação, uma pista... Comecei a folhear e lá estava, impressa numa das folhas do livro, a partitura. Lá estava: melodia, letra e harmonia, prontinha para ser tocada e cantada. E eu procurando há tanto tempo e ela já estava comigo. Lembrei de um ensinamento oriental que diz que vivemos buscando aquilo que já temos: Minima moralia.

        No Itinerário de Pasárgada, Bandeira fala da questão da relação entre a poesia e a música:“Cedo compreendi que o bom fraseado não é o fraseado redondo, mas aquele em que cada palavra está no seu lugar exato e cada palavra tem uma função precisa, de caráter intelectivo ou puramente musical, e não serve senão a palavras cujos fonemas fazem vibrar cada parcela da frase por suas ressonâncias anteriores e posteriores.”
        O poema para ele tem uma musicalidade interna, subentendida, que decorre da natureza intrínseca da emoção poética. Esta natureza intrínseca da emoção poética é composta pela unidade entre o sentido, a sonoridade e o ritmo. Bandeira faz aqui a distinção entre a “música propriamente dita” e a “musicalidade do poema”: a musicalidade subentendida do poema sugere várias possibilidades de composição de “música propriamente dita”, acentuando a possibilidade da criação de diferentes melodias para um mesmo texto.

        Azulão foi composto para uma melodia de Jaime Ovalle e depois teve mais duas versões musicais, a de Camargo Guarnieri e a de Radamés Gnattali. “A musicalidade subentendida poderia ser definida por outro músico noutra linha melódica. O texto será um como que baixo-numerado contendo em potência numerosas melodias”, disse Bandeira. A melodia de Ovalle inspirou a letra e nasceu o Azulão, que então se descolou da melodia original, bateu asas e voou. Aí, como poema alado, inspirou outras duas melodias.
        O ato de compor em parceria se assemelha, em certa medida, ao de interpretar uma canção: cada interpretação cria uma nova versão da canção.


      http://revistapiaui.estadao.com.br/blogs/questoes-musicais/geral/azulao



      quarta-feira, 19 de setembro de 2012

      Sabiá




      Vou voltar
      Sei que ainda vou voltar
      Para o meu lugar
      Foi lá e é ainda lá
      Que eu hei de ouvir cantar uma sabiá,
      Cantar uma sabiá

      Vou voltar
      Sei que ainda vou voltar
      Vou deitar à sombra de uma palmeira que já não há
      Colher a flor que já não dá
      E algum amor talvez possa espantar
      As noites que eu não queria
      E anunciar o dia

      Vou voltar
      Sei que ainda vou voltar
      Não vai ser em vão
      Que fiz tantos planos de me entregar
      Como fiz enganos de me encontrar
      Como fiz estradas de me perder
      Fiz de tudo e nada de te esquecer.

      Chico Buarque e Tom Jobim
       

      

      Grande Otelo 1957 "Mágoa de Sambista"



      Grande Otelo canta "Mágoa de Sambista" de Zé Keti, no filme "Rio Zona Norte" produção de Nelson Pereira dos Santos, de 1957 com participação de Jece Valadão e Paulo Goulart.

      Poesia de Carlos Drummond de Andrade


      O universo musical de baden powell


      terça-feira, 18 de setembro de 2012

      Improv Everywhere: os 10 melhores vídeos

       

      • Sabe aquela coisa que você acha e guarda com carinho, para compartilhar com todo mundo que puder se interessar? Pra mim, O Improv Everywhere é bem isso. Um dos meu tesouros de estimação da internet.
      O Ian Black queimou a largada e falou sobre isso no PdH em 2010:
      O Improv Everywhere é um coletivo de pessoas que acreditam no que eles chamam de “diversão organizada”: acontecimentos extraordinários protagonizados em locais públicos por um grupo de tamanho variado com o objetivo de divertir a si próprios e aqueles que os assistem.
      O coletivo nasceu em 2001 a partir de uma ideia de Charlie Todd, um ator norte-americano que decidiu que não precisava de um palco para entreter as pessoas. Com essa ideia (na qual ele se passava pelo músico Ben Folds) ele juntou alguns amigos e começou a colocar em prática, e em público, o que eles chamam de “missões”.
      Algumas delas ficaram muito conhecidas como quando centenas de pessoas permaneceram imóveis, como estátuas vivas, na Grand Central Station de Nova Iorque. Eles também já arrumaram problemas, como no episódio em que eles se passaram pelo U2 tocando no topo de um edifício na cidade ou quando promoveram uma invasão da Best Buy com pessoas vestindo roupas com as mesmas cores das usadas pelos vendedores da loja.
      O projeto já rendeu um livro e um DVD.
      Você provavelmente já viu dois ou três vídeos deles e talvez nem saiba. Eles são tão bons que de vez em quando um deles se torna viral, o que significa que muita gente vê sem saber direito o que é, só porque um amigo compartilhou com uma frase entusiasmada.
      Por isso te convido a parar por alguns minutos e assistir, comigo, aqui, bem juntinho, os meus dez vídeos favoritos deles. Faz a pipoca lá no microondas que eu vou arrumando os negócios aqui na sala.

      O botão de mudo


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      Uma praça. Vários grupos. Um bando de gente dançando break. Um cara falando alto no celular. Outro tocando trombone. Um casal brigando. Do nada, todo mundo continua fazendo o que está fazendo, só que sem som.

      Black Tie Beach 2012


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      Casamento = traje de gala. Praia = sunga ou biquíni. Mas por que não pirar um pouco e inverter as coisas, juntando uma galera para aparecer em uma praia e curtir a areia e o mar como se estivessem em um casamento? (Ideia: alguém podia gravar um casamento onde os convidados aparecem de sunga e canga, né?)

      Sinfonia de Alarmes


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      Todo mundo deixa o carro no estacionamento de um shopping, dá a volta por trás do muro e liga o alarme do carro ao mesmo tempo. Ninguém entende nada.

      Quadrigêmeos


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      O quão raro é ver quadrigêmeos idênticos? O quão raro é ver 8 grupos de quadrigêmeos idênticos em um parque ao mesmo tempo?

      O metrô do descanso


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      Já que todo mundo dorme no metrô tarde da noite, por que não colocar umas camas e oferecer um serviço melhorzinho?

      Encontro romântico instantâneo


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      Você e a sua namorada/mulher estão de boa num banco de praça, conversando sobre a novela, quando vem alguém e simplesmente começa a servir um jantar maravilhoso e romântico, com vinho e tudo. Ali, no meio das pessoas, a céu aberto. Depois ainda rola uma música clássica ao vivo.

      Levando os computadores de mesa pro Starbucks


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      Levar notebook pro Starbucks todo mundo leva. Quero ver usar um desktop. “Ah, quer? Então toma.”

      O experimento mp3


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      Centenas de pessoas com fones de ouvido, seguindo as instruções faladas por um mp3 secreto. Ninguém que não está ouvindo entende qualquer coisa.

      Nada de várzea


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      Imagine que você é uma criança, jogando futebol com seus amiguinhos no campinho do bairro. Do nada, chegam torcidas organizadas fazendo barulho pelos times, repórteres, fotógrafos, carro de transmissão de TV com narradores… foi isso que fizeram com uns guris que estavam jogando Baseball lá nos EUA.

      Espelho humano


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      Dezenas de gêmeos idênticos ocupando lados opostos de um vagão de metrô e imitando os movimentos do seu par, formando um espelho humano que confunde os outros passageiros.