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segunda-feira, 16 de setembro de 2013
SE HOUVESSE LUA
Nei Duclós
Se houvesse lua, eu lembraria. Mas foi no escuro. Quando acordei, já tinhas ido.
Joguei fora, achando que permanecia. Mas a ausência se vinga.
Nem tudo o verso conserta. Preciso do sentimento, bálsamo da diferença.
Vieste em busca da poesia mas descobriste que só existe alguém enredado na tua teia.
Tens a natureza do vime, que perdura e toma a forma da cesta que guarda meu coração cativo.
Nada me inspira, já tenho dito antes de te vir sozinha. Formato o verso te imaginando minha.
Nunca vens diretamente. Fazes uma volta, como as andorinhas antes de mergulhar no precipício.
Tenho a palavra exata para este momento. A que desata o nó do teu vestido.
Ninguém notou o assombro de tua passagem junto ao vento. Confundiram com a brisa e era apenas o leve ondular do teu seio.
Vamos nos reencontrar no dia perfeito, gravado nas nuvens esparsas de uma primavera ainda tímida.
Eternidade é quando nossa consciência migra, da porção terrena para um lote do paraíso.
A linha do tempo costura e depois desfaz a biografia, para que o mistério persista.
Escrevi a profecia para desenhar o futuro, mas o tempo passa borracha no caderno de desejos.
O que significa essa mensagem que me sopraste? perguntou o médium. Sei lá, disse o anjo. É ao portador. Depende de quem receber. Muito cômodo, disse o medium. Sopras o que não adivinhas. Sou poeta, disse o anjo.
Essa cara de quem não se importa, de deixar a morte fazer o serviço e aguardar o que vem depois, se o Nada ou um solo de Frank Sinatra
http://outubro.blogspot.com.br/
Se houvesse lua, eu lembraria. Mas foi no escuro. Quando acordei, já tinhas ido.
Joguei fora, achando que permanecia. Mas a ausência se vinga.
Nem tudo o verso conserta. Preciso do sentimento, bálsamo da diferença.
Vieste em busca da poesia mas descobriste que só existe alguém enredado na tua teia.
Tens a natureza do vime, que perdura e toma a forma da cesta que guarda meu coração cativo.
Nada me inspira, já tenho dito antes de te vir sozinha. Formato o verso te imaginando minha.
Nunca vens diretamente. Fazes uma volta, como as andorinhas antes de mergulhar no precipício.
Tenho a palavra exata para este momento. A que desata o nó do teu vestido.
Ninguém notou o assombro de tua passagem junto ao vento. Confundiram com a brisa e era apenas o leve ondular do teu seio.
Vamos nos reencontrar no dia perfeito, gravado nas nuvens esparsas de uma primavera ainda tímida.
Eternidade é quando nossa consciência migra, da porção terrena para um lote do paraíso.
A linha do tempo costura e depois desfaz a biografia, para que o mistério persista.
Escrevi a profecia para desenhar o futuro, mas o tempo passa borracha no caderno de desejos.
O que significa essa mensagem que me sopraste? perguntou o médium. Sei lá, disse o anjo. É ao portador. Depende de quem receber. Muito cômodo, disse o medium. Sopras o que não adivinhas. Sou poeta, disse o anjo.
Essa cara de quem não se importa, de deixar a morte fazer o serviço e aguardar o que vem depois, se o Nada ou um solo de Frank Sinatra
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