Pesquisar este blog

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Clarão



Clarão by Cacaso and Olivia Byington

O rochedo tem dureza
o corisco tem clarão
é do mar a profundeza
a escureza é do carvão

Toda vez que te procuro
e você me diz que não
a tristeza põe a mesa
na palma da minha mão

Onde nasce uma paixão
passa um rio de ilusão
passa de brincadeira
deixa de brincadeira
entra na brincadeira
a vida não vai passar em vão

Natureza tem beleza
o azedo é do limão
é do rio a correnteza
a leveza é do balão

Toda vez que te perjuro
E você me dá razão
passa um rio de incerteza
dentro do meu coração

Toada




Eu gosto desta canção. E gosto ainda mais que você a tenha tocado em minha cama, sem que eu lembrasse de pedir, sem que você esquecesse de lembrar que eu gosto tanto desta canção. Felicidade é isso, pergunta a menina inquieta que joga amarelinha em meu peito. Esse instante que é arte e, por ser assim, é completamente inútil? Felicidade é isso, esse momento quase tela, quase som, quase letra, uma perfeição que do outro lado do espelho só poderia ser sussurrada: angústia? 
Eu gosto desta canção, digo, depois, deitada em teu corpo, as mãos brincando de dedilhar notas antigas e preguiçosas, escorregando na pele que se desfaz e, em um susto, sabemos: toca-se o coração.
Cá dentro, eu sei: gosto, de uma forma terna e dolorida, que não cheguemos nunca a nos amar, mesmo com toda essa fome que temos um pelo outro. Gosto que não cheguemos nunca a nos amar, tantos futuros se desencontrando. 
Gosto que não cheguemos nunca a nos amar, eu repito, agora em voz alta, e as nossas mãos se procuram e são mornas e salgadas. Você entende e me conta do seu primeiro bichinho de estimação: um porquinho da índia que um dia, tão velho, tão velho, sumiu e você quis acreditar quando a sua mãe abraçou apertado e disse: ele fugiu. 
E eu também, eu também quis acreditar na fuga do porquinho. E em futuros. Porque você sempre sabe o jeito certo de encaixar as pernas, a piada, os sonhos. Porque nunca nos falta vontade, assunto ou fôlego. Porque brincamos nus, bebemos no mesmo copo e fazemos caretas. Porque podia ser pra sempre, porque é tão mais fácil ficar, eu quis acreditar e dizer: onde será que ele está agora? Mas eu sei as mortes todas, respiro como quem se afoga e faço silêncios. 

http://borboletasnosolhos.blogspot.com/2012/08/toada.html


De novo, o violão. Nunca uma Toada foi tão bonita. Dizem que o belo é feito de impossíveis.



 
TOADA (NA DIREÇÃO DO DIA)
(Composição: Zé Renato / Juca Filho / Claudio Nucci)

Vem morena ouvir comigo essa cantiga
Sair por essa vida aventureira
Tanta toada eu trago na viola
Prá ver você mais feliz

Escuta o trem de ferro alegre a cantar
Na reta da chegada prá descansar
No coração sereno da toada, bem querer

Tanta saudade eu já senti, morena
Mas foi coisa tão bonita
Da vida, nunca vou me arrepender

Morena, ouve comigo essa cantiga
Sair por essa vida aventureira
Tanta toada eu trago na viola
Prá ver você mais feliz

Escuta o trem de ferro alegre a cantar
Na reta da chegada prá descansar
No coração sereno da toada, bem querer

Tanta saudade eu já senti, morena
Mas foi coisa tão bonita
Da vida, nunca vou me arrepender

Vem morena (6x)

Vem morena ouvir comigo essa cantiga
Sair por essa vida aventureira
Tanta toada eu trago na viola
Prá ver você mais feliz

Escuta o trem de ferro alegre a cantar
Na reta da chegada prá descansar
No coração sereno da toada, bem querer