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quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Chico Buarque: as 10 canções fundamentais de um gênio da música

Chico Buarque: as 10 canções fundamentais de um gênio da música

Chico Buarque: as 10 canções fundamentais de um gênio da música








Tem gente gozada nesse mundo. Certa feita, ao assistirmos juntos a um show de Chico Buarque, um amigo comentou assim, meio como se falasse com o próprio útero: “Se eu fosse mulher, cairia fácil-fácil nos braços do Chico”. Eu ri e perguntei se ele sucumbiria ao cantor por causa do par de olhos azuis, pelo seu charme singular e coisa e tal. “Não. Eu seria sua amante por causa da poesia. O Chico é foda…”, emendou.
Comentários surpreendentes à parte, a mim parece que, sem música, a vida seria insuportável, inviável. Eu sigo, portanto, o meu próprio caminho a carregar na memória a obra de uma eclética legião de heróis formada por cantores e compositores, não necessariamente brasileiros, já que a música é tão universal quanto a dor, o amor e uma rima pobre.
Em tempos de diarreia cultural, quando tantas músicas onomatopeicas descartáveis são vomitadas pela mídia, diuturnamente, nos ouvidos das novas gerações, eu percebo que o meu amor pela música não só se fortalece, mas, cresce ainda mais, principalmente quando recorro aos mártires da MPB, como Tom Jobim, Chico Buarque, Luiz Gonzaga, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Caetano Veloso, dentre outros.
Eu sinto pela obra de Chico Buarque um afeto particular pois, foi por meio das suas canções, tanto as românticas quanto as politizadas, que eu me aventurei a cantar, tocar o violão na solidão honesta do quarto ou na euforia manifesta dos saraus e festinhas da minha juventude. Bons tempos aqueles em que eu tive gana, cabelos, fãs volúveis, e sabia tocar de cor mais de cinquenta canções do Chico, sem reclamar de calos nas pontas dos dedos. Meus caros, tenho que admitir: eu era foda.
A Revista Bula convocou os seus leitores para um atrevimento, uma diversão, uma homenagem dentre tantas que virão, a escolha de uma seleção musical para o justo tributo a uma joia da MPB: pedimos para que os nossos leitores elegessem, dentre centenas de composições estupendas, as dez melhores canções de Chico em todos os tempos, as essenciais, as mais belas, as que tocassem fundo na alma, um suposto repertório para Deus ouvir — caso Chico nele acreditasse — durante a happy-hour celestial, sentado numa nuvem, a tomar licor de amarula, exaurido pelas lamentações, desanimado por ter criado o ser humano a sua imagem e semelhança. “Será que sou tão ruim assim?”, teria ele perguntado a um arcanjo.
A lista será, certamente, controversa. Mas, entendam dessa forma, viciados criadores de celeumas: a seleção, per se, é simbólica. Servirá, contudo, como lenitivo àqueles que jamais saciam a sua sede musical. Aquele tipo de música que, a despeito do declarado ateísmo de Chico, comprova a existência de um Criador emanado, não das páginas emboloradas de um calhamaço de parábolas antiquadas e reacionárias, ou da frieza longínqua de uma nuvem vaporosa estacionada no céu, mas, sim, da voz honesta de um cantor ou do som cativante da sua ferramenta de melhorar mundo: o instrumento musical. Ficou assim a lista da Revista Bula.

“Unforgettable”



A fita cassete perdida que Paul McCartney gravou para John, George e Ringo, em 1965


A fita cassete perdida que Paul McCartney gravou para John, George e Ringo, em 1965




No Natal de 1965, Paul McCartney, à época integrante da lendária banda britânica “The Beatles”, presenteou os colegas de grupo com uma gravação de áudio caseira. A fita, nomeada por ele como “Unforgettable”, foi registrada em apenas três cópias, entregues a John Lennon, George Harrison e Ringo Starr. A sequência de gravações, com duração de 18 minutos, incluía amostras de músicas conhecidas e esboços de músicas originais.
Durante décadas tudo o que se conhecia sobre as gravações eram detalhes revelados pelo próprio Paul. O que fez com que as fitas se tornassem um dos itens colecionáveis mais cobiçados e valiosos dos Beatles. Contudo, o mistério sobre o seu conteúdo finalmente chegou ao fim. Os áudios surgiram em formato digital na internet e, agora, podem ser acessados gratuitamente.
McCartney já havia revelado ao escritor britânico Barry Miles que gravar fitas caseiras era um de seus hobbies. “Eu tinha um par de gravadores Brenell e costumava fazer experimentos com eles quando tinha um dia de folga”, comentou o cantor.
The Beatles foi uma banda de rock britânica, formada em Liverpool em 1960. É o grupo musical mais bem-sucedido e aclamado da história da música. Formado por John Lennon (guitarra rítmica e vocal), Paul McCartney (baixo, piano e vocal), George Harrison (guitarra solo e vocal) e Ringo Starr (bateria e vocal). Enraizada do skiffle e do rock and roll da década de 1950, a banda veio mais tarde a assumir diversos gêneros que vão do folk rock ao rock psicodélico, muitas vezes incorporando elementos da música clássica e outros, em formas inovadoras e criativas. Sua crescente popularidade, que a imprensa britânica chamava de “Beatlemania”, fez com que eles crescessem em sofisticação.
Formado por John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr, em Liverpool, Os Beatles é o grupo musical mais bem-sucedido e aclamado da história da música. Estima-se que tenham vendido 1 bilhão de discos em todo o mundo. Em 1999, foram coletivamente incluídos na compilação da revista Time das 100 pessoas mais importantes e influentes do século 20.

http://www.revistabula.com/12599-a-fita-cassete-perdida-que-paul-mccartney-gravou-para-john-george-e-ringo-em-1965/




sábado, 16 de dezembro de 2017

O ser e o tempo de Maciel


“Se você se acostumar com a sua morte, ela não mete mais medo”



















Por Claudio Leal

A fusão entre vida e ideias se manifestava em qualquer conversa do jornalista e ensaísta Luiz Carlos Maciel (1938–2017), o principal pensador da contracultura brasileira, morto no último 9 de dezembro, no Rio de Janeiro. “A rigor, só eu mesmo entendo meu pensamento abstrato; bem observada, a tentativa de comunicá-lo parece sempre fadada ao fracasso. Por outro lado, a minha vida concreta parece mais compreensível. Quando a conto, revelo o que aconteceu comigo”, ele advertiu no livro memorialístico As Quatro Estações (2001).

Maciel absorveu autores como Jean-Paul Sartre, Heidegger, Albert Camus, Norman O. Brown, Carlos Castaneda e Herbert Marcuse, sempre articulados para interpretar os nós da história e as utopias geracionais. Em 1959, enlaçou filósofos existencialistas e teatro do absurdo em seu primeiro livro, Samuel Beckett e a Solidão Humana, logo depois de dirigir Esperando Godot com o Teatro de Equipe, em Porto Alegre. Nos anos 60 e 70, refletiria sobre a presença do existencialismo na gênese da contracultura, mais próximo do estilo de vida do “existencialismo americano”, a partir das leituras de Norman Mailer e da literatura beat.

Um olho no repertório internacional, outro no brasileiro, pois tornou-se grande intérprete dos companheiros de viagem contracultural. Pensou a obra de Caetano Veloso — que este ano destacou seu ensaio sobre Verdade Tropicalno prefácio à segunda edição das memórias –, Gilberto Gil, Rogério Duarte, Zé Celso, Jorge Mautner e José Agrippino de Paula. Dialética da Violênciapermanece como uma das análises mais originais de Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha. Em 2016, empolgou-se com a autobiografia Entre Duas Fileiras, de Gerald Thomas, seu amigo e correspondente.

Alguns desses amigos e autores favoritos pintam neste depoimento sobre sua vida.

Em maio de 2015, o primeiro encontro para falar do recém-lançado O Sol da Liberdade (Ed. Vieira & Lent). Maciel estava cercado de gatos e dezenas de caixas de papelão, à espera da mudança de endereço no Leblon. Abandonava o apartamento onde morara por 30 anos em troca de outro menor, mais adequado às barras do desemprego, exposto dali a semanas num apelo por trabalho no Facebook.

O segundo encontro aconteceu na nova residência. “Acho que vai ser legal, estou a fim de falar”, avisou, perto de encerrar o tratamento de uma pneumonia. Havia cores fortes em suas palavras. Selamos as duas sessões de seu depoimento sobre filosofia, contracultura, tropicalismo, teatro, Pasquim, sexo (e drogas), jazz, morte e história.

*Leia a magnifica e longa entrevista aqui:

https://medium.com/revista-bravo/o-ser-e-o-tempo-de-maciel-4d6f8dd0b76c

https://medium.com/revista-bravo