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domingo, 9 de junho de 2013

'Little French songs' - Carla Bruni

Carla Bruni reassume sua faceta de cantora, após cinco anos como primeira-dama.

Fernando Eichenberg - Correspondente em Paris (Email · Facebook · Twitter)
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Fã de Elis Regina, Carla Bruni diz que adoraria fazer duo com Chico e com Caetano e garante que, desta vez, traz sua voz para o Brasil, provavelmente em 2014.
Foto: Divulgação/Richard Dumas
Fã de Elis Regina, Carla Bruni diz que adoraria fazer duo com Chico e com Caetano e garante que, desta vez, traz sua voz para o Brasil, provavelmente em 2014. Divulgação/Richard Dumas
 
Há alguma influência da música brasileira em seu trabalho?
A bossa nova foi algo revolucionário para o mundo. Não existiam antes canções tão refinadas, tão sensíveis, com vozes tão delicadas e músicas tão criativas e complexas. Um amor à primeira vista foi Elis Regina. Nunca pude assistir a um show dela, mas via tudo sobre ela. Para mim era como uma voz ideal, um pouco como a italiana Ornella Vanoni. Obviamente, há vozes que admiro e que escutei ao infinito. Ouvi muito Nina Simone, Billie Hollyday, Dolly Parton, Emmylou Harris, Bessie Smith, Marianne Faithfull, Françoise Hardy, e Mina. Mas Ornella Vanoni e Elis Regina são modelos para mim. A maneira de cantar, a delicadeza, a precisão, a fineza musical e a sensualidade de suas vozes estão no máximo. O álbum “Elis & Tom” foi muito importante para mim bem antes que começasse a compor.
Você ainda o escuta?
Escutei novamente agora porque Georges Moustaki acaba de morrer, e ele havia feito uma adaptação de “Águas de março” muito bonita. É difícil adaptar canções em outra língua, sobretudo canções tão perfeitas como esta. Mesmo quando Moustaki canta em francês se escuta o “brasileiro” por trás. Mas a escrita do texto... (ela cantarola em francês). Que belo trabalho! E eu não conhecia a versão de Moustaki. Com a sua morte — infelizmente —, comprei todas as suas canções e escutei “Águas de março”. Sabe essas perguntas sobre os discos que você levaria para uma ilha deserta? Eu levaria “Elis & Tom”.
Você gostaria de fazer algum duo com músicos brasileiros?
Adoraria fazer duos e trabalhar com o Brasil. Já houve algum contato com Chico Buarque, espero que um dia aconteça. Caetano Veloso é outro com quem adoraria cantar. E há cantoras maravilhosas no Brasil. Você conhece alguma que combinaria comigo?
Se você for mesmo cantar no Brasil em 2014, como pretende, será no ano da Copa do Mundo.
É verdade. Uh la la la! Espero que vocês ganhem, senão será um trauma como foi para a Itália. Os italianos não suportam quando perdem.
Como será a turnê do show?
Começa em novembro, na França. Vai ser muito simples, com poucos músicos. Estou contente, porque já lancei quatro discos, tenho bastante material.
No início, no lançamento de seu primeiro álbum, “Quelqu’un m’a dit” (2002), você revelou não ter os meios psicológicos para enfrentar o palco. Hoje você se sente à vontade em cena?
Não digo que me sinta totalmente à vontade, porque não é algo tão simples, mas adoro isso. Tenho muito medo, mas adoro (risos).
O que você tem escutado agora?
Tenho escutado muito o israelense Asaf Vidan, é muito estranho, muito bonito. Escutei o último (David) Bowie, que é bonito. Também o disco de Lou Doillon, que adorei. Comprei no iTunes todas os Noturnos de Chopin tocados por Arthur Rubinstein. Comprei ontem, escutei, e... é maravilhoso! Uma quinzena de Noturnos de Chopin leva a uma melancolia profunda. Adoro.
Como foi para você saber, aos 28 anos, da existência de seu pai biológico, Maurizio Remmert, instalado há 35 anos no Brasil, e conhecê-lo?
Tive muita sorte com essa história. Poderia ter sido uma história sórdida, mas é algo maravilhoso. Acho que isso se deve à qualidade humana das pessoas envolvidas, não à minha. Meu pai é um homem que adoro e que apreciaria mesmo que não fosse meu pai biológico.
Você começou a tocar violão aos 9 anos, mas só se lançou na carreira bem mais tarde.
É verdade, foi muito tarde. Acho que estava um pouco inibida. Eu dizia a mim mesma que talvez fosse fazer isto um dia. Depois, meu pai morreu (Alberto Bruni Tedeschi), e talvez isso tenha liberado algo, não sei.
A canção “Mon Raymond”, declaração de amor a seu marido, Nicolas Sarkozy, saiu de forma espontânea?
Eu já tinha a ideia de compor uma canção mudando o seu nome, o que me fazia rir. Quando encontrei o nome, ela saiu de forma bem fluída. Eu me divirto mudando o nome, mas o profundo é o que digo na canção. É uma canção de amor, de uma mulher apaixonada.
O que mais a surpreendeu nestes anos vividos no Palácio do Eliseu?
É difícil sintetizar isso. Mas o que mais me surpreendeu foi o quanto era apaixonante, interessante, diferente, extraordinário. O que mais me apaixonou foi estar ao lado dele (Sarkozy), e de vê-lo trabalhar, lutar. Foi um belo momento de nossa vida. Brutal, mas belo. Estou feliz que a página tenha sido virada, mas foi uma grande honra.
O músico Julien Clerc, que participa de seu disco, disse que você subestimou a nocividade da política. Você concorda?
Eu não estimei nada. Fui sem nenhuma ideia preconcebida. Apenas observei trabalhar meu homem (Sarkozy). Isso me interessava. Em relação a mim mesma, aprendi, por exemplo, a ter sangue frio. Já tinha um pouco antes. Mas aprendi a olhar com perspectiva, a relativizar.
Foi difícil não poder prosseguir com a sua carreira musical neste período?
Foi um pouco frustrante, mas não difícil. Eu vivia um pouco numa bolha como artista. Quando meu marido foi presidente da França, tive que lidar com a vida dos outros, com suas dificuldades. Não foi difícil para mim não fazer turnês. Foi um pouco frustrante, mas para o ego. Frustrante mesmo é ter um emprego horrível, não poder oferecer nada aos filhos, não ter férias, ficar doente, ser só e abandonado quando velho, isso sim é difícil, todo o resto são pequenas dificuldades. Ninguém escapa das grandes dificuldades. Já não podemos escapar da morte, da nossa nem da dos outros, e isso já é bastante difícil.
Você tem medo de morrer?
Sim. Mas tenho sobretudo medo de que os outros morram. Tenho medo de sofrer. Você não?
E tem medo de envelhecer?
Menos. Menos do que quando era jovem (risos). Quando nos aproximamos da velhice, a ideia se torna bem mais simpática. De qualquer forma, não temos escolha, então o melhor é aceitar.
A atriz Charlotte Rampling...
Ela é bela, não?
... disse certa vez que quando se nasce bela, não há nada a fazer, é uma questão de genes, mas que a partir dos 50 anos é a pessoa que se faz bela.
Não tenho relação com a minha aparência física. Me foi útil. Quando faço fotos, sei que está relacionado ao meu físico. Mas isso não me interessa muito. Gosto da beleza, mas a dos outros, das mulheres, dos homens, das crianças, paisagens, pinturas... A minha é indiferente para mim. Faço o possível para não parecer feia, mas não penso muito nisso.
À parte sua polidez e seu respeito pelos outros, você teria um lado um desavergonhado, segundo disse o mesmo Julien Clerc.
Sou um pouco transgressora. Não provocadora, mas levemente transgressora. Suavemente. Gosto disso.
Você se manifestou a favor do casamento homossexual. Foi surpreendida pelas manifestações de rua contrárias à união gay na França, algumas delas com episódios violentos?
Não. A França é um país muito eruptivo, que reage muito. Conheço muitas famílias de pais do mesmo sexo, não vejo problema. Não tenho alma de militante. Nunca na vida participei de manifestações, nunca tinha votado antes de encontrar o meu marido — uma catatástrofe —, sou pouco cidadã. Mas sou muito aberta a todas as ideias e opiniões, à parte os extremismos, seja de direita ou esquerda, que me repugnam.
Você acredita que o mundo está se tornando mais sectário?
Acho isto triste, tedioso. Acho que o mundo de hoje está aterrorizado. E a economia não está florescente. Isto leva a um enclausuramento.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/carla-bruni-reassume-sua-faceta-de-cantora-apos-cinco-anos-como-primeira-dama-8632472#ixzz2VkxMb5WG

Chloe Isabella Sorensen - High School Graduation, Class of 2013

My granddaughter
Minha neta
CHLOE ISABELLA SORENSEN
CONGRATULATIONS!!!!!





















Mais pop que "50 Tons de Cinza"

livro apresenta Leminski complexo à geração do Facebook

Carlos Minuano
Do UOL, em São Paulo


Paulo Leminski, poeta, músico e jornalista (1944-1989)9 fotos

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O escritor Paulo Leminski posa para foto em bar de São Paulo, em 1984 Avani Stein/Folhapress
Feito raro num país que dá pouca bola à literatura, Paulo Leminski é pop. Morto em junho de 1989, aos 44 anos, os versos do escritor e jornalista paranaense circulam há décadas em agendas e cadernos de estudantes e, hoje, encontram terreno fértil também na internet, sobretudo em redes sociais como o Facebook. Um dos poemas mais populares na rede diz o seguinte: "Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além".

E é para além do universo de citações fáceis - e muitas vezes descontextualizadas ou incorretas - que uma série de lançamentos e projetos futuros, incluindo livros, filmes, discos e site, pretende levar a obra do autor descrito por Caetano Veloso como "concretista beatnik", por Haroldo de Campos como "polilíngue paroquiano cósmico" ou simplesmente como "samurai malandro", por Leyla Perrone-Moisés.
 

50 TONS DE LARANJA

  • Reprodução
    Capa do recém-lançado "Toda Poesia", que reúne mais de 600 poemas de Paulo Leminski
Recém-publicado pela Companhia das Letras, "Toda Poesia" reúne os seus mais de 600 poemas, de diferentes fases e estilos, e procura decifrar o complexo universo de Leminski, que transitou com desenvoltura pelos territórios distintos, e eventualmente opostos, do erudito e do popular.

Prova de que o poeta é mesmo pop, o livro está há semanas no topo da lista dos mais vendidos nas livrarias brasileiras na categoria ficção e já desbancou até mesmo o best-seller pornô soft "50 Tons de Cinza".

No conjunto, a criação poética de Leminski apresentada em "Toda Poesia" mostra como ele circulava livremente por diferentes estilos. Do concretismo ao coloquialismo, em haicais ou poemas-piadas, o caboclo polaco-paranaense (descendente de negro e polonês), exibe uma linguagem, que resiste ao tempo.

Apesar de não trazer nenhum texto inédito, o lançamento republica material de livros raros, quase todos já fora de catálogos. A maior parte organizada em livros pelo próprio Leminski, segundo a poeta Alice Ruiz, viúva do autor, e responsável pela seleção dos poemas reunidos na nova publicação.

"O que ficou de fora foi porque ele assim quis, e respeito isso", diz. "O que ele não considerou pronto não será publicado", completa.

Múltiplo Leminski
Os holofotes que se voltam sobre Leminski nesse momento, além de recolocar em destaque um nome de relevo da poesia brasileira, também devem jogar luz sobre facetas do autor mais desconhecidas do grande público.

Por trás de tudo isso, o esforço da família, Alice e as filhas Estrela e Áurea, que há anos trabalham na organização e difusão da extensa produção de Leminski nas mais diferentes áreas. Parte desse trabalho resultou na exposição "Múltiplo Leminski". A mostra, que fica em cartaz até junho em Curitiba e depois segue para Goiânia, Recife e Foz do Iguaçu, além da obra poética, destaca os trabalhos do artista na música, no cinema, grafite e quadrinhos.

Áurea também está à frente da digitalização do acervo de Leminski. "Trabalho muito extenso", desabafa. "Já são quase três anos debruçada sobre esse material", conta. O motivo de tanta labuta é lançar em agosto deste ano o acervo digital do autor, a ser distribuído em bibliotecas e universidades.

Outra parte deve se tornar um site oficial gerido pela família. Embora familiarizada com a obra do pai, Áurea diz ter se surpreendido com a multiplicidade de suas criações. "Ele era profundamente interessado em todas as formas de conhecimento, sobretudo as ligadas às áreas humanas".
 

QUASE PARCEIROS

  • Mônica Vendramini/Folhapress
    Uma história pouco conhecida de Leminski é sobre sua 'quase' parceria na canção "Tô Tenso", dos irmãos Arrigo e Paulo Barnabé e Itamar Assumpção. Paulo Barnabé conta que depois que se tornaram amigos em um boteco de Curitiba, e de se encontraram depois em shows e lançamentos de livros, ligou para o poeta em Curitiba para pedir uma ajuda. "Estava escrevendo a música e passei a ele a letra, queria ela mais comprida", explica.

    Depois de uns dias Leminski mandou o complemento, que segundo Paulo Barnabé ficou muito bom. Mas o trecho acabou não sendo usado. "Infelizmente eu perdi o papel. Naquela época não tinha internet, ficou difícil falar com ele sobre isso novamente, acabei deixando pra lá", justifica.
A produção musical de Leminski também é robusta. Suas canções foram gravadas por nomes como Caetano Veloso, Paulinho Boca de Cantor, Jorge Mautner e Itamar Assumpção. Do extenso cancioneiro do poeta pop (também compositor, cantor e músico), quem está cuidando é a outra filha, a compositora e escritora, Estrela.
É ela quem está digitalizando o acervo de gravações em fita cassete. "Tarefa nada fácil", garante. "Algumas estão com bolor, outras grudadas". Ela está reunindo todas as composições do pai para um songbook, que será lançado em 2014.
Em paralelo, ainda está gravando um CD duplo. "Um disco será composto de parcerias do meu pai com diversas pessoas, Itamar Assumpção e Moraes Moreira, por exemplo, e o outro com composições só dele", explica. "Estou mergulhando na linguagem dele, acho que é mais fácil pra mim por ter crescido ouvindo essas músicas e por saber bem o gosto musical do meu pai", observa Estrela.

Mas a falta de distanciamento embolou um pouco o meio de campo, na hora da seleção das músicas. "Minha vontade era de gravar todas as inéditas, mas já sei que nesse projeto não vai caber tudo". Segundo ela, os discos terão algumas participações especiais, como de Zélia Duncan e Zeca Baleiro.

Alice e Paulo
A vida e a obra de Paulo Leminski e Alice Ruiz também vai virar filme. Ou melhor, dois filmes. Segundo o produtor João Pedro Albuquerque, são dois projetos, paralelos e complementares, chamados provisoriamente de "Alice e Paulo". "Representarão toda a pulsação criativa destes poetas", adianta. Ambos em fase de captação serão lançados em 2014, de acordo com o produtor.

O longa, dirigido por Gustavo Tissot, vai retratar a vida e o amor do casal. "Uma incrível jornada de dois jovens que se conheceram e se apaixonaram em Curitiba, em 1968, e fizeram história em uma geração de contestação cultural", diz.

Em paralelo, ele conta que está sendo produzido um documentário sobre a vida e a obra dos dois poetas, dirigido por Oscar Rodrigues Alvez. "Trará diversas entrevistas e imagens reais da vida e construção da obra deles".

Para Estrela, o objetivo central de tantos projetos é preencher uma lacuna. "As pessoas hoje conhecem muitas coisas pela web, mas perdem o todo do autor, como o meu pai é múltiplo, sinto que há um buraco de informações".