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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Killing Me Softly - Roberta Flack ( 1973 )


Strumming my pain with his fingers
Singing my life with his words
Killing me softly with his song
Killing me softly with his song
Telling my whole life with his words
Killing me softly with his song

I heard he sang a good song
I heard he had a style
And so I came to see him
To listen for a while
And there he was this young boy
A stranger to my eyes

Strumming my pain with his fingers
Singing my life with his words
Killing me softly with his song
Killing me softly with his song
Telling my whole life with his words
Killing me softly with his song

I felt all flushed with fever
Embarassed by the crowd
I felt he found my letters
And read each one out loud
I prayed that he would finish
But he just kept right on

Strumming my pain with his fingers
Singing my life with his words
Killing me softly with his song
Killing me softly with his song
Telling my whole life with his words
Killing me softly with his song

He sang as if he knew me
In all my dark despair
And then he looked right through me
As if I wasn't there
And he just kept on singing
Singing clear and strong

Strumming my pain with his fingers
Singing my life with his words
Killing me softly with his song
Killing me softly with his song
Telling my whole life with his words
Killing me softly with his song

[Break]

Strumming my pain with his fingers
Singing my life with his words
Killing me softly with his song
Killing me softly with his song
Telling my whole life with his words
Killing me

He was strumming my pain
Yeah, he was singing my life
Killing me softly with his song
Killing me softly with his song
Telling my whole life with his words
Killing me softly
With his song

Find Your Way (Back in My Life) - Kem

Pimenta Nos Olhos Dos Outros...

 

E se o corpo fosse percurso e tu andarilho?
E se houvesse fontes pra saciar a sede
e sombras onde recostar a cabeça?
Se ofegasses nas curvas,
tateasses as veredas e descobrisses os atalhos?
Se a partida fosse chegada,
alegria de esquecer o que já visitaste?


Pimenta
Eu me perco. Não publiquei nenhum livro. Não tenho namorado. Nunca aprendi a assoviar, piscar, nem levantar as sobrancelhas. Eu não sei responder minhas perguntas. Detesto lavar roupa. Não falo italiano. Não faço bolo. Não aprendi a nadar estilo borboleta. Às vezes confundo direita e esquerda. Empilho livros ao pé da cama. Nunca terminei de ler Ulysses. Invento rejeições. Tenho péssima memória.


Refresco
Sou carinhosa. Conjugo os verbos direitinho. Não tenho namorado. Sei fazer panqueca. Rio fácil. Não tenho frescura. Sento no chão, coloco salto. Aprendi a dizer adeus. Invento origens pra palavra patagônia. Divirto-me na cozinha. Sei fazer perguntas. Gosto de aprender. Durmo nua. Tenho paciência. Bebo cerveja, bebo vinho e, em noites de lua, bebo sonhos. Eu sei simplesmente segurar a mão. Nunca me falta assunto. Jogo buraco. Mudo de opinião.

Nos Olhos dos Outros
Esfrego os olhos, borrando o agora e brinco de confundir sonhos e realidade. Faço caretas pro espelho que não me sorri. A imagem no espelho é sempre de uma aterradora atualidade, não há antecedentes. Nenhuma história. O espelho ignora futuros. Despreza intenções. A imagem é o que é o que é o que é. Abandona a interrogação. Ela simplesmente está. A imagem no espelho não sabe sobrenomes e desconhece o passado. Como saber o viver se nenhuma memória é possível? O espelho decifra e devora. Não tem a ternura atroz das fotografias. Gentileza de nos apresentar o tempo e nos acenar com a morte. Nas fotografias, a trajetória. Cada sorriso congelado são todos os sorrisos que foram e todas as promessas de alegrias futuras. Uma fotografia nos comove porque nela converge o que há de mais familiar e estranho. Somos nós que inquirimos a foto e, ao nos decifrar, devoramos o tempo que nos assedia. Uma foto não tem agora, é na mirada que ela nos devolve que se coloca o vir a ser. Uma fotografia é terrível: carrega toda a vida.
 
 
 
 

Evoé! - Artur Xexéo


Nesta altura do carnaval, uma escola de samba tem que fazer uma bobagem muito grande durante sua apresentação na Avenida para não ser favorita ao título de campeã do ano. Não, você não lerá aqui mais uma ladainha de que escola de samba é tudo igual. Não é mesmo. Mas vai longe o tem-po em que, após a passagem de todas as escolas, o folião saía da Passarela do Samba com a certeza de que havia uma favorita. Ou porque uma escola era mais luxuosa que todas as outras, ou porque uma era mais criativa, ou porque um carnavalesco desenvolvia com mais inteligência o enredo. Tecnicamente, a escolas se igualam. Como apostar numa ou noutra?

É claro que não é difícil descartar algumas. Entre as “pobres”, por exemplo, é fácil imaginar que a Renascer do Jacarepaguá será rebaixada. Foi ruim? Não. Mas foi, evidentemente, a que se apresentou com orçamento mais baixo, o que ficou evidente na Avenida. Suas alegorias eram de bom gosto, mas como com- parar com os carros gigantescos da Beija- Flor? O problema deste carnaval de 2012 começa na outra escola pobre: a São Clemente. Quem terá coragem de descartar um desfile bem feito, divertido, de apelo popular como o que ela apresentou? Como castigar a escola que surpreendeu com as alegorias infláveis?

Ficando a São Clemente, então qual é a que sai? Aposto na Porto da Pedra. E não vai aqui nenhuma implicância com o esdrúxulo enredo do iogurte. É preciso admitir até que a escola de São Gonçalo soube desenvolvê-lo — se bem que se houvesse um mínimo de humor nas ideias do carnavalesco, a Porto da Pedra deixaria uma impressão melhor. Levar a sério o iogurte é uma daquelas bobagens que podem estragar a passagem de uma escola pelo Sambódromo. Mas houve uma bobagem maior. Com um enredo polêmico, a Porto da Pedra não poderia se dar ao luxo — já havia luxo demais em suas fantasias e alegorias — de escolher um samba-enredo ruim. E a esco-la teve o pior samba do ano.

Isso faz a diferença num ano em que a qualidade dos sambas foi um dos pontos altos do desfile. Há muito tempo o Sambódromo não via uma safra tão boa. O que parecia ser uma vantagem da Portela sobre as outras mostrou-se um lugar comum na Avenida. O samba da Portela era mesmo o melhor, mas todos os sambas funcionaram. E a Portela perdeu o que poderia ser um diferencial sobre as concorrentes. Pode-se descartar também a probabilidade de a Imperatriz estar entre as primeiras. Uma escola que apresenta um
carro alegórico se desmanchando como o do Pelourinho não pode chegar lá. Num ano em que a
competência fez todas as agremiações se igualarem, é motivo até para rebaixamento.

Nos últimos anos, um quesito que vinha fazendo a diferença era o da comissão de frente. Mas, agora, as comissões são tão criativas que é difícil fazer uma se destacar. Por sinal, estão criativas demais. Tão criativas que é até um alívio quando passa uma comissão simples e bonita como aconteceu este ano com a Portela e a Mangueira. As outras seriam mais bem assimiladas se viessem acompanhadas de legenda. Quem assistiu à transmissão pela TV soube que a mola colorida da Unidos da Tijuca representava a “alma da sanfona”. Quem estava no Sambódromo dançou.

A mola da Tijuca, aliás, poderia ser um exemplo de outro diferencial de uma escola no carnaval de 2012: a criatividade de Paulo Barros. Será? A mola com movimento humano é um velho número do grupo suíço Mummenschanz já mais do que conhecido por quem frequenta os espetáculos da trupe em suas excursões pelo Brasil. Pode-se sempre dizer que a “criatividade” está no uso carnavalesco da técnica de pantomima. Mas é exatamente assim, como sanfona, que a mola vem sendo mostrada no espetáculo “Ovo”, dirigido por Deborah Colker, para o Cirque du Soleil.

Nem por isso a Tijuca esteve menos criativa. Paulo Barros ainda é o carnavalesco a ser superado no desfile. Foi ele quem melhor utilizou um velho clichê dos desfiles: escola de samba é o grande teatro do povo. Não houve desfile mais teatral do que o da Tijuca. E o melhor exemplo disso esteve no sensacional carro alegórico que reproduzia a chegada da realeza mundial, pelo portão de desembarque de um aeroporto, para a coroação de Luiz Gonzaga. E Paulo Barros foi dos pouco que usaram o que é fundamental no carnaval: o bom humor. Suas alas, seus carros, suas coreografias foram sempre divertidas. Outra escola que soube ser bem-humorada este ano foi a União da Ilha com sua fantasia sobre a Grã-Bretanha e as Olimpíadas. Palmas para o carnavalesco Alex de Souza, que ainda provocou um dos momentos mais emocionantes das duas noites de desfile: as alas coreografadas que formavam os anéis olímpicos.

Então, qual foi o diferencial de 2012? Para igualar mais ainda todas as escolas, houve também a coincidência de muitos enredos fazerem referência ao Nordeste. Em todos os carnavais da minha vida, nunca vi tantas alas de cangaceiros.

Mas houve um diferencial. Até a madrugada de ontem, achei que ele seria o carro da Beija- Flor que homenageava Joãosinho Trinta. A reprodução da famosa alegoria de mendigos do enredo “Ratos e urubus”, com Joãosinho agora fazendo o papel do Cristo censurado em 1989, era sensacional. Mas aí a verde-e-rosa entrou na Passarela do Samba sob o comando da bateria de mestre Aílton. E fez aquela paradinha quase interminável, logo apelidada de paradona. Faz tempo que o som dos desfiles é pasteurizado (sem ne-nhuma referência ao enredo da Porto da Pedra), com a predominância do cavaquinho eletrificado e zero de canto das arquibancadas. A paradona da Mangueira fez com que o canto das arquibancadas voltasse a ser destaque, trazendo mais emoção ainda ao belo samba de Igor Leal, Lequinho, Junior Fionda e Paulinho Carvalho.

Eu não tenho a menor ideia de que escola vá ganhar esta competição (o Estandarte de Ouro apostou na Vila Isabel, não dá para descartar o Salgueiro, quem ousa não botar fé na Beija-Flor?), mas tenho certeza de que este foi o carnaval da Mangueira.

http://oglobo.globo.com/cultura/xexeo/

A CAMPEÃ!!! VIVA O REI DO BAIÃO!!!


Nessa viagem arretada
"Lua" clareia a inspiração
Vejo a realeza encantada
Com as belezas do Sertão!
"Chuva, sol" meu olhar
Brilhou em terra distante
Ai, que visão deslumbrante, se avexe não!
Muié rendá é rendeira
E no tempero da feira
O barro, o mestre, a criação!

Mandacaru a flor do cangaço...
Tem "xote menina" nesse arrasta-pé
Oh! Meu Padim, santo abençoado
É promessa eu pago, me guia na fé

Em cada estação, a "triste partida"
Eu vi no caminho Vida Severina
À margem do Chico espantei o mal
Bordando o folclore raiz cultural...
Simbora que a noite já vem, "saudades do meu São João"
"Respeita Véio Januário, seus oito baixo tinhoso que só"
"Numa serenata" feliz vou cantar
No meu pé de serra festejo ao luar...
Tijuca a luz do arauto anuncia
Na carruagem da folia, hoje tem coroação!

A minha emoção vai te convidar
Canta, Tijuca, vem comemorar
"Inté Asa Branca" encontra o pavão
Pra coroar o "Rei do Baião"