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domingo, 6 de novembro de 2011

"I'm a Fool to Want You".

Chet Baker


elvis costello & chet baker


Billie Holiday


Maysa



CLARA - CAETANO VELOSO & GAL COSTA


tenham todos, um bom domingo!!!!

FUI

rs

A Preguiça e seus Benefícios

*(conto apimentado, pra esquentar o dia, que aqui tá frio pra caralho!)



Autora: Kuchiki Rukia

Desclaimer: Naruto e sua trupe não me pertencem, o que é uma benção, e escrevo esse fic apenas para a minha diversão e para a diversão de quem vai ler e sem nenhum fim lucrativo.

Summary: Estranhou quando se aproximava da entrada de Konohagakure no Sato. Normalmente era ele quem ficava parado a entrada esperando-a, mas ali estava ela encostada em uma arvore olhando para o lado de fora da vila.
Ps: Escrevi esse fic, porquê fiquei feliz com o que fiquei sabendo essa madrugada! E AQUI É SHIKATEMA!

Capítulo Único

Estranhou quando se aproximava da entrada de Konohagakure no Sato. Normalmente era ele quem ficava parado a entrada esperando-a, mas ali estava ela encostada em uma arvore olhando para o lado de fora da vila. E notou o sorriso miúdo que ela deixou escapar ao vê-lo.
Teria que entregar o relatório da missão para a Hokage, mas isso poderia esperar, não? Tudo poderia esperar quando ela estava ali. A demora da entrega daquele relatório não causaria uma guerra ou um desastre, então não teria problema. Viu-a desencostar da arvore e andar para dentro da vila, ela não o esperaria. Já estava acostumado com aquilo. Segui-a de uma distância segura, para que ninguém os percebessem. E também sabia exatamente para onde ela iria. Então tomou um caminho diferente.
Quando chegou a entrada do prédio, nem precisou avisar que estava entrando, somente apanhou suas chaves e entrou, subia as escadas preguiçosamente, para que pressa? Eles teriam todo o tempo do mundo. Sentia o chakra dela emanar pelas escadas, era sempre assim, ela se fazia sentir, para atiçá-lo o máximo que podia, ela sabia o poder que tinha sobre ele, mas também sabia do poder que tinha sobre ela e por isso escondeu o seu chakra o máximo que pôde.
Quando chegou ao apartamento que pertencia a eles, sentiu suas costas baterem a porta, ele mal havia entrado e seus lábios estavam sendo capturados pelos dela, em um beijo saudoso e sôfrego, que logo foi substituído por um beijo apaixonado e luxurioso.
- No final das contas você acaba sendo o mais problemático entre nós – reclamou a loira entre o beijo – nunca vi, buscar apenas um relatório demorar tanto tempo assim!
Shikamaru nada respondeu, não deixaria que ela tivesse tempo o suficiente para continuar reclamando. Levou as mãos ao quadril dela puxando-a para cima, enquanto depositava leves beijos na curva do pescoço dela.
- Nunca vi tanta preguiça em uma única pessoa. – escutou Temari dizer antes de suspirar pesadamente.
Curvou os lábios sobe o pescoço dela, formando um fino sorriso e caminhou em direção ao quarto, enquanto ela enlaçava sua cintura com as pernas.
- Preguiça, hm? – perguntou ele olhando diretamente nos olhos dela. E antes que ela pudesse pronunciar qualquer palavra, tomou os lábios dela em um beijo voraz.
Quando chegou ao quarto, deitou-a sobre a cama, deitando-se levemente sobre ela. Beijou-lhe a face lentamente e voltou aos lábios. Os pensamentos que passavam por sua mente eram maquiavélicos. Ela odiava sua preguiça, e ele usaria isso contra ela.
Tomou os lábios dela e um leve e intenso beijo. As mãos dela não paravam em um ponto fixo em seu corpo, moviam-se como se o contato prolongado queimasse. E sorriu, como sempre ela era apressada. Segurou as mãos dela, e separou seus lábios dos dela. E sorriu novamente.
- Não precisamos ter pressa! – sussurrou ao ouvido dela e sentiu ela se arrepiar. – Como você mesma disse, sou preguiçoso.
- Mas não necessariamente lerdo! – escutou ela afirmar e o que fez seu sorriso aumentar, levou os braços dela a altura da cabeça, prendendo-os, e disse:
- Mas hoje sim! – sussurrou novamente, com a voz rouca e sentiu ela se arrepiar mais uma vez.
Depositou um leve beijo na parte de trás da orelha dela e escutou o leve suspiro de prazer que ela deixou escapar. Beijava, chupava e mordiscava a pele macia, fazendo o caminho até a curva do pescoço. Amava o cheiro dela, era único, o embriagava de prazer. Segurou os braços dela somente com uma mão, utilizando a outra para se livrar daquelas malditas peças de roupa que estavam o atrapalhando. Seus lábios não se afastavam da pele dela um único segundo, sabendo exatamente onde beijar, onde mordicar para lhe dar prazer, e ela não poderia negar.
Livrando-se da parte de cima da roupa que ela usava juntamente com o sutiã, beijou-lhe entre os seios, vendo-a curvar a coluna por mais contato. Ela tentava em vão livrar-se de sua mão, para poder tocá-lo, e beijá-lo, mas estava era obvio que ela estava gostando.
Normalmente quando estavam juntos ela sempre o dominava, fazia da forma que queria, mas não naquele momento.
Tomou um dos mamilos dela entre os lábios e sugou, mordiscou e ela gemeu. A voz dela era como musica para seus ouvidos, aquela tortura estava acabando com os dois, sabia disso. O corpo dela era como um imã, puxava-o para a escuridão dos prazeres.
Seus lábios sentiam o gosto da pele dela, e era viciante, quanto mais provava mais queria. Com a mão livre, se livrava da saia que ela usava, estava sendo um obstáculo, mas quem disse que ele não gostava de acabar com os obstáculos? Que com um pouco de agilidade se livrou da impertinente peça.
Separou seus lábios do corpo dela, escutando um gemido em protesto, e levantou um pouco rosto para poder apreciá-la. Sabia que ela odiava quando ele a olhava, mas não conseguia ficar sem olhar. Seu corpo era perfeito, com traços delicados, mas com a musculatura firme, que os treinos lhe presentearam. Somente de olhá-la sentia uma vontade insana de fazê-la sua. Olhou diretamente nos olhos dela, e podia ver o desejo refletindo por eles, as faces coradas e um sorriso brincando no canto dos lábios.
Não deixaria que ela falasse, e era o que ela iria fazer naquele exato momento, e selou seus lábios novamente, pressionando seu corpo contra o dela, para mostrá-la o poder que ela tinha sobre ele, mesmo sem mover um único dedo. E ela sorriu contra o beijo.
Soltou-a, levando suas mãos a ultima peça de roupa que restava. Sentiu as mãos dela trabalharem arduamente, na tentativa de lhe arrancar o colete. Mas não deixaria. Depositou beijos por toda a extensão da barriga dela, sentia o corpo dela tremer com seus beijos e suas caricias. Aquela peça desnecessária fora feita em tiras por suas abeis mãos, que se deliciavam em acariciá-la arrancando-lhe gemidos e urros de prazer.
Levou seus lábios a feminilidade dela, queria vê-la pedir, gritar por ele. Sabia exatamente onde tocar, onde lhe provocar prazer extremo, e era o que estava acontecendo, via o corpo dela tremer, os músculos se contraírem e a coluna se curvar, a boca dela dizia coisas desconexas e sem sentido. E amava vê-la sentir prazer, prazer que proporcionava. Escutar seu nome ser chamado entre gemidos e suspiros.
Parou, e ela reclamou. Levantou-se em frente a ela e se despiu, sua calça apertava e machucava. Os olhares dela queimavam sua pele. E com impaciência que era dela, lhe ajudou a se despir. Seus lábios se encontravam e seus corpos se roçavam, o prazer era inexplicável.
Deitou-se sobre ela, encaixando-se perfeitamente nas curvas que o corpo dela tinha. A pele dela queimava a sua, as unhas dela arranhavam suas costas, puxando-o para sentir-lo mais, e sem nenhum aviso penetrou-a, mas ela já esperava, gemeram.
Ela queria o controle, enlaçava as pernas em sua cintura, querendo ditar a velocidade a intensidade, mas não deixaria. Faria tudo lenta e preguiçosamente. Sabia que ela gostava da relação intensa, mas se contorcia quando feita lentamente. Era uma tortura, uma doce tortura. Para ambos.
Deixou seus lábios se perderem novamente na curva do pescoço dela, gemia e falava coisas desconexas e excitantes em seu ouvido. E ela, Temari correspondia, arfando e arranhando-o.
Sentia que ela logo explodiria, seus corpos chocavam-se de forma lenta e precisa. Da forma que proporcionaria mais prazer. E então veio, as pernas dela se apertaram em sua cintura, as unhas o arranhavam e de sua boca só se ouvia uma palavra, um nome.
- Shika... Shikamaru. – era dito de forma baixa e sussurrada, mas carregado de prazer.
Sentiu ela lhe apertar em seu interior, e chegaria ao seu ápice, aumentou sua investida, sentindo-a ainda tremer em seus braços. E finalizou aquele ato, chamando-a como se fosse a única coisa que importasse em seu mundo, e realmente era.
Tentava manter sua sanidade ao lado dela, mas quando se entregava, era como um furacão que destruía tudo dentro de seu peito, corpo e alma, mas de uma forma boa e prazerosa, muito prazerosa.
Deixou seu corpo cair sobre o dela, chamando-a uma ultima vez. Sentia o suor escorrer de seu corpo, e molhando o dela, suas peles brilhavam com a pouco aluminação do ambiente. Deixou o corpo escorregar para o lado puxando-a contra o seu corpo.
- Odeio quando faz isso! – escutou Temari dizer em um sussurro.
- Eu também! – disse sorrindo, pois sabia que ela mentia.
Escutaram alguém bater a porta, escutou ela esbravejar. Não queria levantar, mas era inevitável. Pegou algumas peças de roupa que estava jogada e saiu.
Genma havia ido buscar o tal relatório, que logo foi lhe entregado, e voltou para o quarto com um sorriso no canto dos lábios. Temari o encarou sem entender.
- Ser preguiçoso tem seus benefícios... – Shikamaru disse enquanto deitava novamente ao lado dela. – Pois mandaram vir buscar o relatório e poderei passar o resto do dia ou até da semana dentro desse quarto!
Temari sorriu, movendo o corpo para que ficasse em cima do dele.
- Então isso quer dizer que agora, será a minha vez!
Nada pôde responder pois seus lábios foram capturados pelos dela, enquanto ela já lhe arrancava a camisa que havia vestido.

Fim





...e por falar em "CABRA DA PESTE"...

CONTO

 

Vinícius interroga os espíritos

Há muitas passagens dO observador no escritório, do Drummond, que eu transcreveria aqui, de tão ricas que me parecem. Poderia muito bem ser os flertes de Manuel Bandeira com as pequenas, ou as histórias do gato, que chama Garrincha, até as conversas ocasionais com Guimarães Rosa, que diz coisas místicas e incompreensíveis – soam muito bem na prosa, mas ao vivo, ficam engraçadas. Mas escolhi o episódio da mediunidade, pois, francamente, eu venderia um pedaço da minha alma pra ver a cara do Cabral enquanto o Drummond conta a noite que passou. Segue o relato.
.:
Abril, 26 – Domingo à noite, com João Cabral e Vinícius de Morais, no apartamento de Fernando Sabino. O primeiro retira-se logo. Vinícius conta-nos suas experiências mediúnicas. Em sua casa, os móveis do quarto de dormir trepidam e falam. Com o auxílio de Tati, sua mulher, que registra os fenômenos num bloco de papel, e às vezes é presa de sonolência, o poeta conversa a noite inteira com o pintor Carlos Scliar, que está vivo e combatendo alemães na Itália. Scliar chegou a fazer um desenho para ele, com dedicatória. Já ao amanhecer, exausto, Vinícius implora: “Scliarzinho, tem paciência, vai embora…” Mais tarde, soube-se que a mãe de Scliar morrera naquela mesma noite, em Porto Alegre. O poeta interceptara, pois, fluidos do artista. E o desenho que a mão de Vinícius fizera durante a comunicação à distância é reconhecido por amigos: traço de Scliar.
Diante desses e de outros fatos, proponho a Vinícius invocarmos o espírito de Mário de Andrade, falecido há dois meses. Levamos uma mesinha para a varanda, apagamos as luzes deixando acesa apenas uma, na sala de jantar, e concentramo-nos, com o pensamento em Mário. Colocamos nossas mãos sobre a mesinha, unindo os dedos. Vinícius cerra os olhos, estremece, começa a rabiscar a lápis na folha de um bloco que tem em frente. Traços desconexos, que se sobrepõem. Fernando retira a folha, e o poeta continua escrevendo em outra. As linhas não formam palavras nem desenhos perceptíveis. Afinal, sempre de olhos fechados, ele escreve canhestramente: “Direito de morrer de fome.” E o repete, várias vezes. Que significa?
Vinícius interroga o espírito, que não esclarece. Reitera a pergunta, e obtém esta informação: “Morais.” É Mário? O espírito responde: “Não.” Fernando sugere que deve ser algum parente, e o espírito responde: “Avô.” Todas as respostas são escritas pela mão de Vinícius, o que não impede que este conserve sua personalidade: pergunta lúcido e responde invocado. E há um momento em que ele interrompe a comunicação para degustar uma cerveja.
A conversa é naturalmente confusa. Não se apura se há alguém morrendo de fome, quem é esta pessoa, e o que se pode fazer para socorrê-la. Surge finalmente um nome, Glorinha. O poeta conhece uma Glorinha; será ela? O espírito manda-nos recados: Fernando está sob influências benéficas, eu sigo no caminho do dever, quanto ao poeta, precisa vencer o demônio da carne.
Há um intervalo, findo o qual o espírito que atende é Norma Leuzinger, morta há dois dias em consequência de um choque elétrico. Afirma a existência de Deus, mas não afirma coisa com coisa. Meio chateados, despedimo-nos dela, depois que Vinícius, cerimonioso, lhe perguntou se devia tratá-la de senhora ou de você.
Tentamos a comunicação através do copo, que fracassa. Então recorremos ao banco de banheiro, que se move e range penosamente sob nossas mãos. Também provoco seus movimentos, fazendo-o levantar-se ora de um ora de outro lado, com pancadinhas no chão. Não é difícil obter essas manifestações. Fernando introduz uma folha escrita no bloco usado por Vinícius para recolher a mensagem dos espíritos. A essa altura já não se pode distinguir o que vem do espaço e o que é elaborado na Terra.
Já madrugada, saímos para o Alcazar, em demanda de uns bifes. Nosso poeta insiste em não achar explicação racional para os fenômenos de que vem participando; admite que resultem de pensamentos obscuros dele próprio,Vinícius, formulados como sendo de um espírito, através de burla inconsciente. Garante que Tati, materialista convicta, vem presenciando tudo. João Cabral, a quem conto tudo depois os sucessos da noite, diz que Tati, diante do estado de transe do marido o aconselha a deixar de besteiras e ir dormir.


SIGNO DA RODA 21 de junho a 21 de julho (Câncer)





Metal regente: Prata

Perfume: Rosa e Patchouli

Dia da Sorte: Segunda-feira

Pedra: Esmeralda ou Brilhante

Cores: Branco, Prateado e coral

Planeta: Marte



Por representar o ir e vir e estar relacionada à Lua, pela sua forma arredondada, as pessoas regidas por esse signo têm uma forte ligação com as mulheres e gestantes em geral.

A emoção é a palavra que traduz a sua essência.

A Roda move a vida na alegria e na tristeza.

A pessoa costuma ser dócil e tranqüila, mas, quando se irrita, pode ser muito agressiva.

É um pouco insegura e tem uma certa tendência à nostalgia.

Ama com intensidade e sente muito ciúme.

A emoção move todos os seus passos, está presente nas horas de alegria e nas de tristeza também.

E a inconstância junta-se a essa emoção aflorada quando você precisa tomar alguma decisão.

Nos momentos de ciúme, tudo fica mais intenso e perturba sua clareza de visão.



Conselho:

Pare de andar com a cabeça e os pés nas nuvens.

Você pode se machucar.



CIGANO PROTETOR- Esmeralda.





Infortúnios da linguagem


Há palavras portuguesas (ou aportuguesadas) que me irritam de duplicidade, outras que me ofendem pela sua sonoridade, outras que me assinalam o seu utilizador como um perfeito cretino – e por aí fora. Não é certamente uma fatalidade nacional, mas é aqui que vivo e é aqui que as sinto activas, saltitantes, a rabear de boca em boca, de jornal em noticiário, de político em intelectual – seja lá o que esses alargadíssimos conceitos queiram abraçar.
Existem duas que se diz possuírem um significado específico mas que têm outro muito mais adequado e compreensível. Fazem parte do léxico político, mas sujeitam-se a transvases popularicados pelo jornalismo enfatuado e desnutrido e pelos seus principais attachés de presse – os analistas profissionais.
O primeiro é um vocábulo de sonoridade ofensiva e, tanto quanto julgo saber, um anglicismo recente.
Procrastinação – que, no fim de contas, é uma actividade muito próxima da auto-castração (por requisito próprio ou a mando de outrem).
Esta coisa horrorosa podia perfeitamente ser substituída de forma muito mais eficaz em termos de comunicação directa com o povo que se quer conhecedor dos seus líderes – e não exactamente escondido da realidade dos factos, esse semáforo das ditaduras – por termos que todos entendemos à primeira. Tais como o absolutamente nacional empata fodas ou mesmo pelo mais nortenho, regional e humilhante, caga na saquinha – adjectivos todos eles consequentes com o espírito da coisa.
Resolvido o problema da política empata fodas (ou caga na saquinha) e respectivas caixas de ressonância, marra-se logo na primeira esquina com a advocacial inverdade – que realmente não quer dizer aquilo que supostamente quer dizer.
Inverdade utiliza-se habitualmente como forma vagamente polida de chamar ao outro barreteiro – gajo que mete garrunços, trapaceiro, que falseia dados ou os manipula com fins ínvios ou inexplicáveis. Um mentiroso puro e simples, portanto.
Mas o que de facto acontece quando alguém recorre à macia inverdade é que no íntimo, acossado pelas acusações, apenas consegue esbracejar mentalmente um alto lá que isso não foi bem assim!... E lá sai a inverdade!...
Poupo-me a mim e aos que ainda não se fartaram de me ler de citar exemplos da flagrância oculta de tão estúpido vocábulo.
Para acabar (que já chateia), lembro um acontecimento que é feliz no seu sentido específico mas que sai cá para fora deturpado de forma exemplarmente nacional. E parva.
O episódio que me tornou a sua visibilidade insuportável gira à volta da magnífica Livraria Lello, no Porto.
Nada que já não tivesse sido constatado pelas mais variadas publicações: a Lello foi considerada pela editora australiana Lonely Planet como a terceira mais bela do mundo.
No entanto muitos jornais, noticiários e edições on-line fizeram as suas chamadas à primeira página, em alegre e levíssimo disparate, afirmando que a livraria portuense tinha sido considerada como a terceira melhor do mundo. Depois, no miolo, a verdade vinha ao de cima como o velhíssimo azeite. Logicamente.
A única coisa que então me apeteceu fazer quando vi isto – na SIC-Notícias, por exemplo, mas também em jornais ditos de referência – foi escrever aos editores todos de Portugal a dizer-lhes que este país nunca em dias da vida poderá ter a terceira melhor livraria do mundo porque as cem primeiras estão e vão continuar a estar em cidades muito concretas que toda a gente sabe, incluindo eles, quais são.
Não lhes escrevi porque para eles não lhes basta a Lello ser belíssima.
Porque são burros e pretensiosos.
ANTÓNIO EÇA DE QUEIROZ
http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/2575999.html

VIDAS SANGRANDO





amor e dor - Gonzaguinha e Luiz Gonzaga

Coração sanfoneiro

Breno Silveira vai filmar a história de amor e dor entre Gonzaguinha e seu pai, Luiz Gonzaga





RIO - De um lado, um ícone da cultura nordestina na música popular brasileira. Do outro, o filho adotivo que lutou por toda a vida para arrebatar sua admiração. No dia 13 de dezembro, aniversário de nascimento de Luiz Gonzaga (1912-1989), Breno Silveira, diretor de "2 filhos de Francisco" (2005), que arrastou 5,3 milhões de espectadores para os cinemas, começa a rodar "Gonzaga de pai pra filho", levando às telas a história do sanfoneiro mais folclórico do país e de seu filho, o cantor e compositor Gonzaguinha (1945-1991). Uma história com direito a dores, alegrias, omissões e conciliação. Previsto para estrear no segundo semestre do ano que vem, de carona no centenário de nascimento de Gonzagão, o filme, orçado em cerca de R$ 10 milhões, nasceu de uma caixa de fitas cassete nas quais Gonzaguinha conversa com o pai.
- Fica claro naquelas gravações o quanto ele desconhecia aquele pai que morreu admirando o filho. Há trechos da conversa deles em que você chora. Trechos em que Gonzaguinha diz: "Tô chegando no sertão. Sertão que era do meu pai. Pai que eu não conheci direito." Já Gonzagão fala: "Mesmo que não tenha sangue meu nas suas veias, você é meu filho" - conta Breno.
As fitas foram entregues ao diretor por Marcia Braga, uma das produtoras, e por Maria Rachel, que colabora com o roteiro do filme.
- Depois que "2 filhos de Francisco" estourou, comecei a receber biografias de todo tipo. Todas eram bonitas. Mas aí me caíram nas mãos as fitas que o Gonzaguinha gravou - lembra Breno, que atualmente finaliza o drama "À beira do caminho", a ser lançado no primeiro semestre do ano que vem.
O gaúcho Julio Andrade caracterizado como Gonzaguinha. 'Ele era um cara introspectivo, movido pela música', diz
No papel de Gonzaguinha estará o gaúcho Julio Andrade, de 31 anos, protagonista de "Cão sem dono" (2007). Gonzagão será vivido por três atores diferentes, de acordo com as faixas de idade enfocadas no longa-metragem, que será rodado em 35mm, com fotografia de Adrian Teijido, de "O palhaço". Na maior parte do filme, que abrange a ascensão artística do músico, dos 30 aos 50 anos, o Rei do Baião será o sanfoneiro Nivaldo Expedito de Carvalho, de 31 anos, um paulista de São Bernardo, conhecido como Chambinho do Acordeon (os outros nomes ainda não foram divulgados).
- Em 13 de dezembro, levo Chambinho para Recife, para registrar a multidão no show de aniversário de Gonzagão. Depois, retomo as filmagens de época em fevereiro, rodando em Exu, onde Gonzagão nasceu, nos arredores da Serra do Araripe e no Rio - diz o cineasta, que vai contar com Gilberto Gil para a trilha sonora do longa-metragem.
Chambinho do Acordeon, sanfoneiro que será Gonzagão na maior parte do filme: 'Cresci ouvindo essas músicas que ele consagrou', conta
Estreante na telona, Chambinho contracena com Nanda Costa, que interpreta a dançarina e cantora Odaléia Guedes dos Santos, mãe de Gonzaguinha.
- Meu berço é musical - diz Chambinho. - Desde o meu bisavô, a minha família tem tradição de sanfoneiros. Cresci ouvindo essas músicas que Luiz Gonzaga consagrou e levanto a bandeira dos forrozeiros tradicionais. Aos 7 anos ganhei meu primeiro instrumento: um pandeiro. Aos 11, ganhei a sanfona. E nunca mais larguei. Desde 2000, vivo dela, que agora vai me levar ao cinema.
No elenco, haverá ainda participações de José Dumont e Angelo Antonio, com quem Breno rodou "2 filhos de Francisco", e João Miguel, astro de "À beira do caminho".
- Testei alguns atores, mas não encontrava a essência do Gonzagão. Resolvi então trazer para o Rio cinco sanfoneiros que foram treinados para atuar. No sorriso do Chambinho e no jeito como ele bate o pé dançando baião, encontrei o espírito que eu queria. Um espírito chapliniano marca as histórias de Gonzagão, que, após a morte de Odaléia, por tuberculose, deixa o filho de 2 anos para ser criado pelos padrinhos, no Morro de São Carlos - diz Breno. - Gonzagão foi um fenômeno de venda de discos. E o filme mostra que ele fica na pior numa época em que a carreira do filho está explodindo.
Em preparação para viver Gonzaguinha, Julio está buscando elementos da relação do músico com seus pais de criação: o casal Dina e Henrique Xavier.
- O Gonzaguinha era um cara introspectivo, movido pela música, que falava sempre na terceira pessoa. Preciso recuperar a relação dele com o padrinho Xavier, que o ensinou a tocar violão - diz Julio.
Além das fitas, Breno calça a narrativa do filme no livro "Gonzaguinha e Gonzagão - Uma história brasileira", de Regina Echeverria. Ele entra na base do roteiro, escrito por Patrícia Andrade ("2 filhos de Francisco") em colaboração com Maria Rachel e George Moura ("Linha de passe") e sob a consultoria do dramaturgo Domingos Oliveira.
- O roteiro já chegou a ter 300 páginas de tanta história que me contaram. E olha que ainda falta gente para ouvir. Pesquisando, cheguei a encontrar uma gravação de "Pra não dizer que não falei de flores" feita por Gonzagão. Levei seis anos escrevendo esse filme porque aqui estamos tratando de um personagem mítico - diz Breno.
Segundo o diretor, se "2 filhos de Francisco" era a história de um sonho sob a ótica de um pai, seu filme sobre o clã Gonzaga é a saga de um mito vista pelo olhar de seu filho.
- Quando Gonzaguinha tinha uns 17 anos, teve uma briga com o pai, que se espantou ao ver um garoto barbado, de esquerda, fazendo música. Gonzagão quebrou o violão do filho e disse que só iria reconhecê-lo se ele tivesse anel de doutor. Sem pedir ajuda, Gonzaguinha se formou em Economia só para entregar um diploma ao pai e foi viver de música. Esse cara fez tudo para conquistar o amor do pai - diz o diretor, que fala de paternidade também no inédito "À beira do caminho".
Concebido enquanto o roteiro de "Gonzaga de pai pra filho" era escrito, "À beira do caminho" traz João Miguel como um caminhoneiro obrigado a cuidar de um menino enquanto exorciza nas estradas o fantasma da morte da mulher.

- Meu pai, arquiteto, sempre foi tarado por fotografia. Esse amor pela imagem me aproximou do cinema - diz o cineasta, que encara "Gonzaga de pai pra filho" como um épico sobre o amor paterno. - Por onde viajo preparando locações para filmar com Chambinho, ouço Gonzagão. Sua música uniu o país.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2011/11/05/breno-silveira-vai-filmar-historia-de-amor-dor-entre-gonzaguinha-seu-pai-luiz-gonzaga-925743666.asp#ixzz1cvYhVhat
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