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terça-feira, 18 de outubro de 2011
Smile: It makes a world of difference.
Dance: Who knows when you won’t be able to?
Cry: Holding those emotions inside is bad for you.
Kiss: It’s one of d most wonderful things in this world.
Laugh: What’s the point in hiding happiness?
Frown: Why not let them know your’re unhappy?
Dance: Who knows when you won’t be able to?
Cry: Holding those emotions inside is bad for you.
Kiss: It’s one of d most wonderful things in this world.
Laugh: What’s the point in hiding happiness?
Frown: Why not let them know your’re unhappy?
Apologize: You don’t wanna lose friends.
Hug: There’s no better feeling than being wrapped
up close to someone you love.
Live: Because life is beautiful
Hug: There’s no better feeling than being wrapped
up close to someone you love.
Live: Because life is beautiful
Do prazer & Do Desejo
Do prazer
Não se pode receber prazer sem dar prazer; que cada gesto, cada carícia, cada aspecto, cada parte do corpo esconde em si um segredo, cuja descoberta causará delícia a quem a fizer. Dela aprendia Sidarta que os amantes não devem separar-se após a festa do amor, sem que um parceiro sinta admiração do outro; sem que ambos sejam vencedores tanto como vencidos, de maneira que em nenhum dos dois possa surgir a sensação de enfado ou de vazio e ainda menos a impressão desagradável de terem-se maltratado mutuamente.
Hermann Hesse. Sidarta, pp. 58-9 (Globo)
Do Desejo
“Não é todos os dias que se encontra o que é feito para lhe dar a imagem exata do seu desejo” (Lacan, Seminário, I, 163)
Encontro pela vida milhões de corpos; desses milhões posso desejar centenas; mas dessas centenas, amo apenas um. O outro pelo qual estou apaixonado me designa a especialidade do meu desejo.
Foram precisos muitos acasos, muitas coincidências surpreendentes (e talvez muitas procuras), para que eu encontre a Imagem que, entre mil, convém ao meu desejo. Eis um grande enigma do qual nunca terei a solução: por que desejo Esse? Por que o desejo por tanto tempo, languidamente? É ele inteiro que desejo (uma silhueta, uma forma, uma aparência)? Ou é apenas uma parte desse corpo? E nesse caso, o que, nesse corpo amado, tem tendência de fetiche em mim? Que porção, talvez incrivelmente pequena, que acidente? O corte de uma unha, um dente um pouquinho quebrado obliquamente, uma mecha, uma maneira de fumar afastando os dedos para falar? De todos esses relevos do corpo tenho vontade de dizer que são adoráveis. Adorável quer dizer: este é meu desejo, tanto que único: “É isso! É exatamente isso (que amo)!”
Roland Barthes, Fragmentos de um discurso amoroso, pp.31-2 (Francisco Alves)
Dicas sobre Nova York? Não.
Quer fazer compras em outlet? Não pague um hotel em Nova York. Vá pra Miami, Orlando, sei lá eu. Assuma que seu lance é comprar! Não há nada errado em comprar, mas só isso? Quer realmente dica de locais? Então escute pessoas que moram aqui (ou qualquer cidade que você visitar): os brasileiros em geral (sim, a maioria) chegam com uma lista pronta de "lugares onde brasileiros vão", que inclui os restaurantes Baltazar, Pastisse, além da Macy's, Bloomingdale's. Bem, há vida além desses lugares (que nem são tão fantásticos assim). Mas se esses brasileiros não forem no lugar onde o "amigo recomendou", pra dizer que foram, não adianta. Este tipo de turista não está aberto ao novo, e não sou eu, nem a Time Out Magazine que vai mudar essa mentalidade. Sequer estudam o mapa da cidade, não sabem o que é um Metrocard, e repetem a frase "ah, já conheço o Metropolitan Museum, fiquei uma hora lá." Piada?
Por outro lado, tenho amigos como o Rafael, que chegam aqui com ingressos incríveis comprados, descobre restaurantes novos, fazem uma pesquisa minuciosa e depois me passam...e eu sigo! Fiz tudo o que ele me recomendou, mas não vou falar o que é, porque como prometi, não dou mais dicas! Estou em greve.
ps - se eu perguntar a algum turista brasileiro do perfil citado acima onde fica essa fonte de água aqui em Manhattan, poucos saberiam responder.
Tania Menai
Eros e Civilização - Resumo pela lente da Razão
Herbert Marcuse, em seu livro Eros e Civilização quer desmembrar os passos que se sucedem gradativamente acerca da civilização humana, desde o logos e o Eros gregos até os termos mais modernos da psicanálise, a fim de demonstrar as conseqüências desta genealogia bissocial. O autor não refaz apenas os passos freudianos, mas explica sob um novo aspecto a humanidade e os princípios de prazer e realidade que parecem ligar intrinsecamente a barbárie ao homem. Marcuse ao retraçar a história metafísica, indica cada momento como frágil e precário, sempre em crise entre as exigências do Universal e do Particular, da Razão e da Paixão, do Logos e do Eros, do Ser e do Desejo . Ademais, o mecanismo individual humano da psiquê e a estrutura deste aparelho psíquico são definidos como resultado de um longo processo inegavelmente biológico e social, onde a primeira se versa sobre os princípios de prazer e Nirvana, e a segunda sobre o princípio de realidade. Contudo, o princípio de realidade obscurece o princípio de prazer, não apenas hoje quando os homens se submetem às horas diárias de uma tortura trabalhista, mas desde os primórdios se pode observar tal evento implicando no aparecimento da civilização. Esta inibição do Nirvana cresce conforme o progresso, como se a civilização incutisse em cada membro constituinte de seu todo que há uma esperança vindoura, seja na forma de finais de semana, ou folgas, ou gratificações, essas satisfações substitutivas, tal como as oferecidas pela arte, são ilusões, em contraste com a realidade; nem por isso, contudo, se revelam menos eficazes psiquicamente, graças ao papel que a fantasia assumiu na vida mental, não com o intuito de uma destruição da massa, mas sugerindo que o progresso permanece ligado a uma tendência regressiva na estrutura instintiva.
Marcuse faz uma retomada histórico-filosófica deste ‘destino’ humano que, aliás, é trilhado continuamente, desde o conceito metafísico defendido por Platão, Aristóteles e Hegel, até Freud, Nietzsche e Marx, que ultrapassaram esta linha metafísica mediante uma ótica filosófica, mostrando um processo constitutivo da civilização como uma perfeição de um processo repressivo e destrutivo. O autor sugere “certos pontos nodais no desenvolvimento da Filosofia ocidental” revelando os limites históricos de seu sistema da razão, e a incessante tentativa de ultrapassá-lo. Neste contexto se observa a luta antagônica entre o progresso e o eterno retorno. A razão é tal qual um instrumento repressor da civilização, e que está na base para regulamentar toda e qualquer tentativa humana de felicidade prazerosa. A hostilidade entre a razão e a supressão é tamanha que se referir ao prazer é estar contra a tudo o que seja racional, ainda mais quando a linguagem permanece com este caráter semântico de profanação, a difamação do princípio de prazer provou seu irresistível poder, acusar-lhe era mais desejoso do que entender-lhe. Desta forma, Marcuse revela em seu livro não apenas a razão como um instrumento propriamente humano desde os primórdios, mas que além de capacitar a sociedade a progredir lhe aprisiona e cerceia qualquer tentativa de prazer.
O sexo da vovó
Os mais velhos dizem que as coisas eram melhores antes, mesmo que não fossem assim tão boas...
No interior do Brasil nasciam os quatro rios do Jardim do Éden de Adão e Eva e, como cantou o filho Chico com as lições que aprendeu do pai, Sérgio, não havia pecado do lado de baixo do Equador. O mundo repressor e reprimido cristão só lambia, então, a beira da praia. Não entrava terra adentro. Lá bem longe, embrenhando-se mata adentro, corria a história, havia uma terra generosa em riquezas, prazeres e eterna juventude. Nem um nem dois, foram muitos os europeus que, fugindo da repressão, sumiram no sertão, morrendo ou virando “índios”. A ilusão, porém, não haveria de durar. A cultura da cana, a descoberta do ouro e a consequente extensão dos braços do Estado escravista e da Igreja para os interiores da terra carregou junto os olhos punitivos dos padres e dos soldados. O Brasil que era o Éden, o paraíso na Terra, ficou cada vez mais distante, restrito ao folclore, ao Carnaval, aos anúncios do Ministério do Turismo. O prazer ficou lá longe, ora longe no espaço, ora longe no tempo.
Num mundo que foi ficando cada vez mais repressor e reprimido, nos acostumamos a ver o prazer real com desconfiança e a cultivar uma ideia abstrata de prazer inalcançável, porque distante e irreal. O melhor lugar do mundo, você já ouviu muitas vezes, nunca é o aqui e agora. É aquela nostalgia típica dos mais velhos, que não se cansam de repetir como eram melhores as coisas no tempo deles, mesmo que no tempo deles não achassem as coisas tão boas assim. Uma nostalgia, de qualquer forma, com um razoável poder de contaminação, e acabamos acreditando, muitas vezes, que o amor antes era mais verdadeiro, os relacionamentos mais duradouros, o sexo mais intenso, que o LP era melhor que o MP3. Será que as coisas “antes”, “lá longe”, eram mesmo melhores? Será que um tempo em que as mulheres eram obrigadas a casar virgens era melhor que hoje? É curioso como convivem, lado a lado, como as duas faces da mesma moeda fatalista, as ideias de que as coisas sempre melhoram e a ideia de que elas sempre pioram. Nem uma coisa nem outra, a verdade é que as coisas mudam.
Rios de prazer
A sexualidade e os prazeres a ela ligados, por exemplo, foram muito mais livres até o século 18 do que no século 19 e primeira metade do 20 quando, como escreveu Michel Foucault, foram aprisionados no cárcere privado do matrimônio burguês. A partir daí, especialmente após os anos 60, voltaram a ser gradativamente liberados. Ou seja, é difícil negar que a nossa vida sexual é melhor que a dos nossos avós. O que também não quer dizer grande coisa, pois a vida sexual de nossos avós foi das piores de todos os tempos. E não há garantias de que daqui para a frente as coisas irão automaticamente evoluir; a história não acabou, nunca andou em linha reta e não vai fazer isso agora.
Como hoje, em todas as épocas conviveram as forças da repressão e da liberação. Os olhares severos e vigilantes dos padres e dos soldados do rei podem ter sido trocados pela visão científica e politicamente correta dos médicos e dos policiais do colesterol, do cigarro e do bafômetro, mas o fato é que hoje, como antes, há sempre alguém dizendo a você o que pode e o que não pode, o que é prazer lícito e saudável e o que não é. E também, como sempre, tem gente que não se conforma e continua a procurar os quatro rios do Éden do prazer sem pecados, só que agora não se entra mais sertão adentro para isso (até porque hoje no sertão só há soja, gado, cana e Brasília). E como agora pelo menos a diversidade é respeitada, os quatro rios do Éden podem estar, para alguns, no Nepal, na ioga e no sexo tântrico. Para outros, numa conexão de internet rápida levando a um intenso, real e verdadeiro sexo virtual. Para outros, ainda... bem, você pegou a ideia.
Texto por André Caramuru Aubert,
QUER TRANSAR?
Não resisto à tentação de dividir com os leitores, algumas pérolas que vão aparecendo durante os levantamentos levados a cabo
Já comentei aqui sobre o grande garimpo que estamos empreendendo com o objetivo de transformar o lançamento da TPM, a Trip Para Mulheres, em algo minimamente relevante para os homens e mulheres que não aceitam a idéia amplamente difundida, de que habitam duas metades inconciliáveis e não comunicantes do universo. A difusão dessa noção, diga-se, cabe ao braço mediático de um universo desenhado e 'comandado'por homens, cujo interesse pela evolução (a própria e a desse ser medíocre , intelectualmente inferior e subserviente, que insiste em ficar ao seu lado, e cuja única qualidade reconhecida é a anatomica), não está definitivamente entre as prioridades. Deixo o aprofundamento desta e de outras teses, para a própria revista que tem e assume a pretensão de servir de forum competente, mas não resisto à tentação de dividir com os leitores, algumas pérolas que vão aparecendo durante os levantamentos levados a cabo. Por mais inacreditável que possa ser, as duas aspas que seguem, tem entre si uma separação de mais de 30 anos. A primeira, foi retirada da revista Claudia n.208 de janeiro de 1979. A segunda, em forma de 'dicionário' , como se vê pela linguagem mais moderninha revestida de uma ironia que apesar de divertida, não consegue ocultar os mesmos valores,circulou em março passado nas listas de email, uma das mais eficazes formas de difusão de informação nesta propalada 'era do conhecimento'. Aí vão. Divirta-se (ou lamente). 1) 'A mulher deve procurar, sempre que possível, não se despir na frente do marido, pois se o fizer com muita frequencia, ele se acostumará com sua nudez , e passará a não valorizar o seu corpo. Contudo, se não tiver outra alternativa,ela deve estar preparada, vestindo por exemplo, um belo conjunto íntimo, com uma tanga insinuante. Neste caso, em se tratando de uma peça nova,precisa fazer tudo para chamar-lhe a atenção. A mulher deve ler jornais, revistas e livros para se inteirar dos acontecimentos do mundo. Isso facilitará o diálogo com o marido. Procure estar sempre bela perto dos amigos, pois elogios feitos por terceiros, ficarão gravados nas lembranças dele. Você será a melhor mulher do mundo. ' 2) ' DICIONÁRIO FEMININO: Sim = Não Não = Sim Talvez = Não Sinto muito = Vai ser como eu quero Nós queremos = EU quero É você que manda = Você vai pagar por isso Faça como quiser = Você vai pagar muito caro por isso Precisamos conversar = Quero me queixar de você Vá em frente = Não quero que você vá Não estou chateada = Lógico que eu estou chateada Você é tão másculo = Você está suando e precisa fazer a barba Você está muito atencioso esta noite = Você só pensa em sexo? Seja romântico, apague as luzes = Estou me sentindo gorda Esta cozinha é desajeitada = Quero uma casa nova Quero cortinas novas = ... e carpete, e móveis, e máquina de lavar Pregue o quadro ali = NÃO, pregue-o aqui Ouvi um barulho = Você está quase dormindo Você me ama? = Vou te pedir algo bem caro Quanto que você me ama? = Eu fiz algo que você não vai gostar Estou pronta em um minuto = Tire os sapatos e escolha um canal de TV Estou gorda? = Me diga que estou bonita Você precisa aprender a se comunicar = Apenas concorde comigo Tá me ouvindo? = (muito tarde, você está morto) Era o bebê? = Por que você não levanta e faz ele dormir? Não estou gritando! = Sim, estou gritando porque é importante. A mesma história de sempre = Nada Nada = Tudo Tudo = Minha TPM está à toda Nada, mesmo = Você é um... DICIONÁRIO MASCULINO: Estou com fome = Estou com fome Estou com sono = Estou com sono Estou cansado = Estou cansado Quer ir ao cinema? = Gostaria de transar? Posso te levar para jantar? = Gostaria de transar? Posso te ligar? = Gostaria de transar? Me concede esta dança? = Gostaria de transar? Bonito vestido! = Que decote! Gostaria de transar? Você parece tensa, deixe-me fazer uma massagem = Gostaria de transar? O que há de errado? = Não sei porque você tá dando tanta importância a O que há de errado? = Que trauma psicológico auto-infligido sem sentido você está querendo me empurrar? O que há de errado? = Estou vendo que hoje, sexo, nem pensar Estou chateado = Quer transar? Eu te amo = Quero transar, agora! Eu também te amo = Tá bom, eu já sei disso. Agora.^^~-_- vamos transar? Sim, gostei do seu cabelo = Gostava mais do jeito que estava. Seu cabelo ficou bem = 50 paus pra ficar como estava! Vamos conversar = Estou querendo te mostrar como sou uma pessoa profunda e talvez você queira transar comigo Quer casar comigo? = Não quero que você transe com outros No shopping: Gostei mais desse = Pegue qualquer vestido e vamos embora pra casa transar.'
http://revistatrip.uol.com.br/revista/colunas/quer-transar.html
QUAL OBRA DE ARTE TRANSFORMOU SUA VIDA?
Perguntamos a sete personalidades muito diferentes sobre suas epifanias com a arte
Qual a função da arte? Expressar beleza, traduzir o espírito, provocar pensamentos e emoções... Nada disso parece explicar o poder do encontro entre uma obra de arte e uma pessoa que soube vê-la além da superfície. É sobre esse instante raro, transcendente e fundamental que perguntamos a sete personalidades muito diferentes.
Luiz Maximiano
ELKE MARAVILHA, atriz
ELKE MARAVILHA, atriz
O filósofo alemão Friedrich Nietzsche dizia que nós temos a arte para nos salvar da nossa dura realidade. Pois A vitória alada de Samotrácia é o que me salva. A obra de arte da minha vida. É uma escultura que representa a deusa grega da vitória, Niké, uma mulher alada que, com o tempo, ficou sem cabeça. Mas o tempo é um grande escultor, ela ficou melhor desse jeito. É de um autor desconhecido e foi trazida da ilha de Samotrácia, no mar Egeu. Niké representa o ideal de um povo, não de uma única pessoa. A gente nem sabe quem a esculpiu! Na época em que foi criada, por volta de 190 a.C., era comum que as estátuas fossem feitas por várias pessoas diferentes. A primeira vez que eu a vi foi em 1965, no Museu do Louvre, em Paris. Eu tinha 20 anos. Durante 20 dias, bati ponto no local para observar aquela maravilha. É difícil traduzir em palavras a sensação que ela provocou. É algo que transcende, sabe? Se existisse uma só obra de arte no mundo, eu pediria a Deus que fosse ela. É um absurdo de maravilhosa!
Luiz Maximiano
CARLOS BURLE, surfista
CARLOS BURLE, surfista
Como não dizer que o que transformou minha vida foi a arte de deslizar sobre as ondas? Um momento marcante foi quando assisti pela primeira vez ao filme Free ride [de Bill Delaney, 1977]. Eu estava com Eraldo Gueiros, Helio Coutinho, Claudio Marroquim e mais alguns amigos na casa da prima do Eraldo. Fiquei impressionado com as ondas, as cores e aquele mundo tão vivo. Me emocionava a cada cena. Era uma coisa física. Dava pulos e gritava! Eu sabia que tinha que viver aquilo. O filme me deu a certeza de que um dia chegaria ao Havaí. No fim da minha primeira temporada lá, me senti tão bem e feliz que prometi que voltaria sempre. Não importava o que acontecesse, eu estaria lá. E foi isso o que aconteceu. Hoje já são 24 temporadas, construídas com amor e perseverança. Já fui ao Havaí machucado, sem dinheiro, sem patrocínio e muitas vezes vendi o que tinha para cumprir essa promessa. E o que seria de mim sem as ondas grandes? Devo meu sucesso na profissão a essa relação com as ilhas havaianas.
Luiz Maximiano
SÓCRATES, ex-jogador de futebol
SÓCRATES, ex-jogador de futebol
O que me marcou na infância foi o fato de ter sido criado em uma biblioteca que meu pai construíra com muito esforço em nossa casa em Igarapé-Açu, no Pará. José de Alencar, Monteiro Lobato e, mais tarde, Machado de Assis e Gabriel García Márquez foram meus primeiros e mais importantes professores. Alencar e Machado, com obras como Iracema e Dom Casmurro, mexeram muito comigo por conta de suas origens e suas lutas contra a discriminação. Monteiro Lobato pelos sonhos e ensinamentos a que nos levava nas histórias do Sítio do picapau amarelo. García Márquez, por Cem anos de solidão. Encontrei na literatura uma relação íntima com a minha história, minhas origens, as lutas do meu pai, nordestino que não tinha o fundamental completo, mal tinha o que comer e vivia em casa sem água encanada. Além de terem formatado minha alma, esses livros levaram-me a mundos que jamais imaginei viver e acabei por ter o privilégio de conhecê-los e com eles aprender muito do que sou.
Luiz Maximiano
TERESA CRISTINA, sambista
TERESA CRISTINA, sambista
O culpado do meu envolvimento com o samba foi Antônio Candeia Filho. Ao reencontrar o álbum Samba de roda, que meu pai ouvia na minha infância na Vila da Penha (zona norte do Rio), me senti na obrigação de correr atrás da história daquela voz tão marcante. E, ao percorrer a história de Candeia, me reencontrei com o passado. A forte ligação com o Recôncavo Baiano (berço de meu pai), as atitudes racistas estúpidas de meninos do ginasial, a relevância da cor da minha pele, o orgulho e a alegria de me descobrir negra... estava tudo ali... naquela voz rouca do Candeia. Foi ouvindo ele que tive vontade pela primeira vez de subir ao palco e cantar. A sede de saber sobre meu ídolo me levou até seu biógrafo, que me apresentou ao Wilson Moreira e este me levou à Velha Guarda da Portela. Quando dei por mim já estava em Madureira, ouvindo os ensaios da Velha Guarda e mostrando meus sambas para a verdadeira aristocracia da música brasileira.
Luiz Maximiano
KARINA BUHR, cantora
KARINA BUHR, cantora
Em 1998 fui ao Teatro Oficina assistir à peça Cacilda. A minha falta de conhecimento da história de Cacilda Becker e dos personagens que faziam parte dela me deu o privilégio de, em cada uma das cinco vezes que assisti, descobrir uma peça diferente dentro da mesma. Me impressionou a direção em cada detalhe, as atuações, tudo misturado com música e imagens estonteantes. Ali senti o valor imenso do convite que Zé Celso me fez pra atuar em Bacantes após um show meu com a Comadre Fulozinha em Recife. Completou o meu ciclo de sustos magníficos com o Teatro Oficina a turnê que fizemos de Os sertões, que começou em Berlim em 2005 e terminou em Canudos em 2007. Fazer Os sertões em Canudos foi como ter vivido e morrido e ter valido a pena. Contracenar com aquele lugar e as pessoas de lá, após imersão profunda no livro de Euclides da Cunha, na direção de Zé Celso e integrando um coro de atores, músicos, técnicos e apaixonados por essa história, é algo que não cabe em palavras.
Luiz Maximiano
ZÉ CELSO, diretor de teatro
ZÉ CELSO, diretor de teatro
Veio em ondas: vindas de músicas que saíam de uma jukebox de um bar de putas na esquina da rua onde eu morava em Araraquara; jorrando no céu estrelado do natal junino; em sopros de Pixinguinhas duetando com a voz de Isaurinha Garcia cantando “Último desejo”, de Noel Rosa. Veio em imagens: de cinema, com Antonin Artaud respirando, arfando diante da intensidade monstruosamente contida de Renée Falconetti no papel de Joana D’Arc, no filme mudo de Carl Theodor Dryer; de jornal, na Noite ilustrada do Rio, numa foto de Maria Della Costa, descalça, de meias de nylon, dormindo no teatro Phoenix, que queriam destruir (Getúlio Vargas imediatamente se tocou e decretou que onde quer que se destruísse um teatro se construísse outro). Veio pelo sopro de Olorum, na primeira música que compus ao violão, após ter perdido uma pipa num vento forte. A música inspirou a minha primeira peça, que saiu em 40 min. Foi o meu segundo nascimento, dessa vez para o Teatro. Descobri aí o meu Outro.
Luiz Maximiano
LAERTE, cartunista
LAERTE, cartunista
Até uns 14 anos, fui um adolescente superconservador em meu modo de ver e pensar o mundo – era um jovem católico, parnasiano e erudito, com vontade imensa de construir coisas. Minha ansiedade era igual ao medo que sentia diante da enorme liberdade com que os anos 60 pipocavam no mundo – aqui, o tropicalismo florescia em cores e estéticas heterodoxas. De 1966 a 1968, fiz um curso na Faap, em São Paulo. Tínhamos aulas de desenho, pintura, gravura e teatro – com Naum Alves de Souza. O curso foi um processo de mudança – minha visão das artes plásticas se abriu. Mas o que mudou minha vida mesmo foi a montagem de Fausto que nosso grupo fez em 1967. Era uma adaptação muito livre da história de Goethe, com um tratamento inspirado no teatro musical burlesco, no circo, na linguagem pop da televisão. Dali pra frente me senti outra pessoa, dona de uma maneira própria de ver o mundo, com uma síntese de humor e imaginação desenfreada.
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