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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Eros e Civilização - Resumo pela lente da Razão



Herbert Marcuse, em seu livro Eros e Civilização quer desmembrar os passos que se sucedem gradativamente acerca da civilização humana, desde o logos e o Eros gregos até os termos mais modernos da psicanálise, a fim de demonstrar as conseqüências desta genealogia bissocial. O autor não refaz apenas os passos freudianos, mas explica sob um novo aspecto a humanidade e os princípios de prazer e realidade que parecem ligar intrinsecamente a barbárie ao homem. Marcuse ao retraçar a história metafísica, indica cada momento como frágil e precário, sempre em crise entre as exigências do Universal e do Particular, da Razão e da Paixão, do Logos e do Eros, do Ser e do Desejo . Ademais, o mecanismo individual humano da psiquê e a estrutura deste aparelho psíquico são definidos como resultado de um longo processo inegavelmente biológico e social, onde a primeira se versa sobre os princípios de prazer e Nirvana, e a segunda sobre o princípio de realidade. Contudo, o princípio de realidade obscurece o princípio de prazer, não apenas hoje quando os homens se submetem às horas diárias de uma tortura trabalhista, mas desde os primórdios se pode observar tal evento implicando no aparecimento da civilização. Esta inibição do Nirvana cresce conforme o progresso, como se a civilização incutisse em cada membro constituinte de seu todo que há uma esperança vindoura, seja na forma de finais de semana, ou folgas, ou gratificações, essas satisfações substitutivas, tal como as oferecidas pela arte, são ilusões, em contraste com a realidade; nem por isso, contudo, se revelam menos eficazes psiquicamente, graças ao papel que a fantasia assumiu na vida mental, não com o intuito de uma destruição da massa, mas sugerindo que o progresso permanece ligado a uma tendência regressiva na estrutura instintiva.

Marcuse faz uma retomada histórico-filosófica deste ‘destino’ humano que, aliás, é trilhado continuamente, desde o conceito metafísico defendido por Platão, Aristóteles e Hegel, até Freud, Nietzsche e Marx, que ultrapassaram esta linha metafísica mediante uma ótica filosófica, mostrando um processo constitutivo da civilização como uma perfeição de um processo repressivo e destrutivo. O autor sugere “certos pontos nodais no desenvolvimento da Filosofia ocidental” revelando os limites históricos de seu sistema da razão, e a incessante tentativa de ultrapassá-lo. Neste contexto se observa a luta antagônica entre o progresso e o eterno retorno. A razão é tal qual um instrumento repressor da civilização, e que está na base para regulamentar toda e qualquer tentativa humana de felicidade prazerosa. A hostilidade entre a razão e a supressão é tamanha que se referir ao prazer é estar contra a tudo o que seja racional, ainda mais quando a linguagem permanece com este caráter semântico de profanação, a difamação do princípio de prazer provou seu irresistível poder, acusar-lhe era mais desejoso do que entender-lhe. Desta forma, Marcuse revela em seu livro não apenas a razão como um instrumento propriamente humano desde os primórdios, mas que além de capacitar a sociedade a progredir lhe aprisiona e cerceia qualquer tentativa de prazer.

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