Por mais algumas semanas funcionarão pelo mundo afora salas de distribuição de bom humor. Seja qual for a aporrinhação que azara a vida do sujeito, ele poderá entrar num cinema e o filme "La La Land" o ajudará a ficar de bem com a vida. (O juiz Moro deveria fazer sessões terapêuticas para os seus hóspedes de Curitiba.)
"La La Land" tem romance, poesia e a mágica da máquina de moer gente de Hollywood. Tudo isso e mais dois grandes atores: Ryan Gosling (um músico à procura de um cantinho para seu talento) e Emma Stone (uma jovem atriz sem futuro). Isso e mais os olhos dela, capazes de cantar.
Passarão os anos para que se saiba o nome dos diretores de elenco que humilharam Ryan e Emma. (A cena do diretor que encerrou o teste para combinar um almoço aconteceu com ele, não com ela.)
Quase tudo ali é fantasia e verdade. Ela não trabalhava numa lanchonete, mas numa loja de petiscos para cachorros. A Emma da vida real é muito mais obstinada. Quando tinha 14 anos montou para os pais uma apresentação de PowerPoint intitulada "Projeto Hollywood". Meses depois, a mãe mudou-se com ela para Los Angeles. O resto é o sonho americano no cenário de Hollywood.
Desde 1951, quando o diretor Vittorio De Sica botou os favelados de Milão montados em vassouras e voando felizes sobre a praça do Duomo, essa mágica dá sorte aos filmes. Em 1982, Steven Spielberg botou o E.T. para voar na caçamba da bicicleta do garoto. Emma e Ryan voam dançando.
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/eliogaspari/2017/01/1853945-la-la-land-cura-qualquer-mau-humor.shtml