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domingo, 23 de outubro de 2011

Closer To You - Cassandra Wilson

na Bahia, pode!

SETE DIAS - MANUEL BUARQUE

O Zé, a Anistia, o Oficina, mas nada cabe direito aqui




Etava eu em 1999 tocando com a Comadre Fulozinha, na Soparia, em Recife.
No público empolgadíssimo, um cara bonito e de cabelos verdes sobe no palco pra cantar Maracatu Atômico.
A galera lá embaixo (embaixo era da altura do palco) não parecia entender direito e nem gostar tanto daquele cara que vinha de fora cantar a música de Chico Science.
Em terra alheia todo mundo é alheio...
Pois é. Maracatu Atômico passou a ser de Chico Science, o que é um equívoco maravilhoso!
A música é de Nelson Jacobina e Jorge Mautner, mas Chico cantou de tal jeito e fez, junto com a Nação Zumbi, um arranjo tão incrível que a música passou a ser um pouco deles também. E cá estou eu perdendo o fio da meada.
Mas vou terminar o raciocínio pra voltar ao centro do assunto.

O cara de cabelo verde, Celso Sim, que estava ali com o Teatro Oficina (era o Festival de Teatro do Recife e eles foram, depois da peça, assistir o show) foi o cara que gravou Maracatu Atômico em 1992, num disco do próprio Jorge Mautner.
1992 foi mais ou menos quando começaram a acontecer coisas de revolução na música e na cidade do Recife.
A versão de Chico Science e Nação Zumbi está no Afrociberdelia, de 1996, 20 anos depois de Jorge Mautner ter feito a música com Jacobina.
São os caminhos maravilhosamente fazendo curvas e provocando encontros, assim, do nada, no meio de todas as loucuras diárias.

Assim começou minha história com o Teatro Oficina. Quando acabou o show, Zé convidou pra fazer Bacantes, que seria encenada na virada pro ano 2000, dizendo que nós, as Comadre Fulozinhas, éramos Bacantes. Só fui ter coragem de aceitar o convite em 2001, dessa vez pra temporada e gravação do DVD da peça. E chegando lá entendi tudo!
Ou melhor desentendi tudo pra depois começar, devagarzinho a entender.

Em 1999 estava eu em São Paulo no meio de uma turnê com a banda Eddie.
Eis que resolvo ir no Teatro Oficina assistir a peça Cacilda.
Eis que vou, mais uma vez, no Oficina assistir Cacilda.
Eis que vou, de novo, no Oficina assistir Cacilda.
Eis que volto mais uma vez ao Oficina pra assistir Cacilda.

A peça tinha 5 horas de duração divididas em dois atos.
Muita informação sobre a atriz que eu não conhecia. De Cacilda Becker só conhecia o nome incrível e sabia que era atriz.
Foi na peça de Zé Celso, no meio de toda aquela imensidão de beleza e de informações e de horas a correr, que passei a conhecer um pouco sobre essa mulher.
E a toda vez que assistia, cada vez de um lugar diferente da platéia, via uma nova peça.
Percebia a beleza de uma cena que ainda não tinha reparado tanto, descobria alguma coisa sobre Cacilda, ou simplesmente viajava sem entender bulhufas, em alguma cena absurda de linda.
Foi ali que descobri que Walmor era o Chagas e que Tônia era a Carrero e o quanto impressionantes e importantes pra tanta coisa na minha vida e na nossa eles eram.
E, vejam só, Tônia Carrero pra mim até então era a eternamente bela das novelas.
Walmor era o belo e grande ator...das novelas.
De todo modo agradeço aqui as novelas da Globo. Não fossem elas, muita gente que mora fora do eixo Rio/ São Paulo deixaria de conhecer esses e outros diamantes.
Se não fosse a Globo também não teria @naterciapontes fazendo a cobertura VAV (Viver a Visa) e nossa vida seria menos divertida.

Raul Cortez é outro nome que me vem agora. Guarnieri é outro. Enfim...descobri, dentro de uma peça genial, um bom pedaço do que é e do que foi o teatro brasileiro.
Não sou nenhuma expert no assunto, diga-se de passagem. Apenas apaixonada e semi ignorante.
Cacilda foi escrita por Zé Celso Martinez Correia, o Zé. Dirigida também por ele e com uma equipe translumbrante trabalhando junto.
Marcelo Drummond, Camila Mota, Sylvia Prado, Renée Gumiel, Bete Coelho, Leona Cavalli, Ligia Cortez, Iara Jamra, Cibele Forjaz, Elisete Jeremias, Vadim Nikitin...

Eis que, em 2001, como veio a acontecer tantas outras vezes, fui do aeroporto direto pro ensaio no Teatro Oficina e entrei, de mala, cuia e de cabeça na cena.
Era a cena do nascimento das Bacantes!
Peréio era Zeus, Denise Assumpção (!!!) era Agave, Vera Barreto Leite Hera, Pascoal da Conceição Kadmos, Zé Celso era Tirésias, Marcelo Drummond Dionysios, Renée Gumiel era Nanã Buruku...
e Renée ensinava sempre com seus “rrrrespira!” e seus “tá tudo errrrrrado!”.

Vou ter que frear totalmente as lembranças todas que me vêm agora na cabeça. Ou melhor, frear a descrição delas e a escrevência aqui.
Senão, danou-se tudo, ninguém consegue ler mais nada. É muita coisa prum texto de blog.

Pros que acaso não conhecerem os nomes que citei aqui, sugiro googles intensos e desejo boa viagem.
Denise Assumpção pode ser um bom começo. É uma deusa que atua e que canta e que deixa um buraco na vida da gente quando sai de cena.

Me proponho, nesse momento, a organizar as idéias e escrever mais sobre isso uma outra hora, de uma outra forma.
Aqui não vai caber, nem pra mim, nem pra você.
Pulando então de 2001 pra 2010...aconteceu, dia 7 de abril de 2010, uma coisa importantíssima lá na Jaceguai, 520, Bixiga, São Paulo.
Nesse dia, lá no Teatro Oficina, teve uma cerimônia oficial de encerramento do processo de anistia de Zé Celso.
Compareceram representantes da lei, público, moradores do Bixiga e de todos os lugares, apaixonados por Zé o diretor, o brasileiro e por esse e por outros teatros.
Eu faltei.
Estava eu no ofício e não pude aparecer com meu corpo, mas meu pensamento e minha vontade estavam lá.

Na minha intenção de terminar de escrever esse texto, pra que ele se torne possível nesse formato vai aqui um link de Zé falando sobre o tal 7 de abril.

http://www.youtube.com/watch#!v=9p_cgUWLnpM

Entre tantas coisas que foram importantes nesse processo de anistia, teve a indenização em dinheiro, acompanhando o pedido de desculpas do Estado.
Zé recebeu "por unanimidade do conselho da Comissão de Anistia Política do Ministério da Justiça indenização de R$ 596.083,33 retroativa a 5 de julho de 2001, além de pensão vitalícia de R$ 5.000, como reparação por males feitos ao artista e à sua companhia pelo Estado".


Abracíssimos,
Buhr

karinabuhr.com.br

Silêncio, soluços e aspirinas

 

É impossível não doer quando uma amiga chora




Algumas coisas nos fazem chorar. Não soluçar e dissolver, mas escorrer lágrimas que não são exatamente nossas. É um choro parceiro. Um choro de amiga. Aquele de quem quer, no fundo, roubar a tristeza alheia, quer chorar pra que ela possa, enfim, sorrir. É impossível não doer quando uma amiga chora. É impossível não borrar. Essas lágrimas são muitas vezes mudas, caladas pela dor, mas nunca (nunca) menos parceiras. Nunca menos sentidas. Se falasse, esse choro seria um misto de piadas antigas para descontrair e xingamentos duros a alguém, alguma coisa ou simplesmente ao maldito azar. O choro de uma amiga é tão nosso quanto o filho que acabamos, juntas, de perder. É tão nosso, quando o ódio sofrido pela traição que acabamos, juntas, de descobrir. É tão nosso quanto o erro que acabamos de cometer. Esse choro alheio que escorre em nosso rosto é tão sincero quanto aquela gargalhada que decora há anos a geladeira. E é esse choro, inteiro e dividido, que puxa o abraço. É esse choro, conjunto, que enraíza o que, em breve, florescerá. É ele, dolorido e intensamente nosso, que diz, sem dizer: vai dar tudo certo, amor. Eu prometo.



10 motivos para ir à Praia do Forte

Conhecida por ser berçário de tartarugas e baleias, a praia combina atrações gastronômicas, históricas e de aventura


Juliana Bianchi, iG São Paulo

 
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Foto: Getty Images
Próxima a Salvador, a Praia do Forte conta com 12 km de areia fofa e natureza exuberante
Antiga vila de pescadores, a Praia do Forte é um dos pontos mais fortes de ecoturismo do litoral baiano, graças à forte presença e trabalho das equipes do Projeto Tamar e do Instituto Baleia Jubarte para preservar as espécies ameaças de extinção que fazem da região seu berçário natural.
Localizada no limite entre a Estrada do Coco e a Linha Verde, a apenas 56 km do aeroporto de Salvador, a Praia, que faz parte do município de Mata de São João, atrai tanto os visitantes de passagem – que dão uma escapadinha da capital baiana para conhecer as belezas dos arredores – quanto aqueles que buscam tranquilidade e conforto nos resorts instalados ao longo da costa, como o Iberostar.
Se você ainda está em dúvida sobre a viagem ou não quer perder as melhores atrações, confira abaixo 10 passeios inesquecíveis na região.


1- Visitar o projeto Tamar

Foto: Juliana Bianchi
No Projeto Tamar, crianças e adultos se divertem vendo as tartarugas de pertinho
Todos os anos sete espécies de tartarugas desovam nas praias brasileiras, sendo quatro delas na Praia do Forte. Ameaçadas de extinção, elas passaram a ser protegidas, na década de 80 pelo Projeto Tamar, que tem na Praia do Forte uma de suas principais bases. No completo aberto ao público é possível ver alguns exemplares nascidos em cativeiro e diferentes espécies marinhas. Mas se você quer acompanhar a desova nas areias será preciso viajar para lá em dezembro, quando as tartarugas voltam ao local de seu nascimento para espalhar seus ovos.
Serviço:
Av. Farol Garcia D'Ávila, s/n
Tel.: (71)3676-1045
Diariamente, das 9h às 17h30. No verão, das 8h30 às 18h30
Entrada: R$ 15
www.tamar.org.br

2- Avistar baleia
Entre julho e novembro as baleias jubarte migram para as águas quentes e tranquilas do litoral Norte da Bahia para acasalar e dar à luz. Dóceis e, por isso mesmo, ameaçadas de extinção, elas podem ser vistas nesse período perto da costa, exibindo suas barbatanas, borrifos e corpos inteiros em eventuais saltos para fora da água. Os passeios para avistagem são feitos por operadoras credenciadas em parceria com os biólogos do Instituto Baleia Jubarte.
Serviço:
Portomar Passeios Turísticos
www.portomar.com.br
Instituto Baleia Jubarte
www.baleiajubarte.org.br

3- Mergulhar nas piscinas naturais
Quando a maré baixa, alguns pontos do litoral da Praia do Forte revelam verdadeiras piscinas naturais, com águas limpas e mornas. Um dos melhores lugares para aproveitar a natureza é a praia do Papa Gente, a poucos metros do Projeto Tamar. Antes de começar a caminhada, informe-se sobre a tábua de marés para garantir mais tempo de diversão. [Leia também: As piscinas naturais do Nordeste]

4- Perder-se pela vilinha
O centro do agito da Praia do Forte acontece ao longo da Alameda do Sol, até a praça de São Francisco, onde está a igreja de mesmo nome. Ali você vai encontrar artesanatos típicos, barraquinhas de acarajé e cocadas, sorveterias, bares e restaurantes. Nos finais de semana, shows de artistas locais dão ar ainda mais festivo à vila.


5- Conhecer uma das construções mais antigas das Américas

Foto: Juliana Bianchi
O Castelo de Garcia d'Ávila é um bom lugar para assistir ao pôr-do-sol
Construído a partir de 1551 por Garcia d’Ávila, o maior latifundiário que o Brasil já teve – com terras que iam da Bahia ao Maranhão –, o Castelo de Garcia d’Ávila (ou Casa da Torre) é a edificação que deu nome à Praia do Forte. Localizado no ponto mais alto do litoral baiano, a 75 km de Salvador, servia de posto de observação da chegada de possíveis navios invasores ao País.
Tombadas pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em 1937, suas ruínas de pedras trazidas de Portugal ainda reservam traços da arquitetura da época e algumas referências medievais. Logo ao lado, a Capela de Nossa Senhora da Conceição foi restaurada e pode ser visitada. Vale a pena ir no fim do dia para acompanhar o pôr-do-sol de suas janelas.
Serviço:
Alameda do Farol, s/n, Praia do Forte
Tel.: (71) 9985-3371
Entrada: R$ 6
www.fgd.org.br

6- Ver animais silvestres em seu habitat natural na Reserva de Sapiranga
Com 533,05 hectares de Mata Atlântica secundária, em recuperação, a reserva está dentro de uma APA (área de Proteção Ambiental) e é habitat natural de diferentes espécies de animais silvestres, flores e plantas nativas. É possível percorrê-la à pé em visitas guiadas, de bicicleta ou durante passeio de quadriciclo. Banhos nos rios Pojuca, Terebu e Sapiranga também podem fazer parte do trajeto. Os passeios são organizados por agências locais.

7- Comer a moqueca mista do restaurante Terreiro Bahia
Considerada uma das melhores chefs da Bahia, Tereza Paim é um dos pontos altos da visita à Praia do Forte. Sua moqueca mista, feita com peixe, polvo e camarão leva azeite de dendê produzido no próprio restaurante. Para a entrada, peça os famosos bolinhos de moqueca, sequinhos por fora e bem úmidos por dentro.
Serviço:
Rua do Linguado, s/nº, Praia do Forte
Tel.: (71) 3676-1754
Horário: Das 12h às 23h, de terça a dom, quando fecha às 18h
www.terreirobahia.com.br

8- Comer o bolinho de peixe do Souza
Foto: Juliana Bianchi
Aproveite a vista saboreando o bolinho de peixe do Souza
Verdadeira lenda da região, o bolinho de peixe do Souza – outra figura a área – é sequinho por fora, macio e verde por dentro, de tanto tempero. Durante o dia, pode ser degustado na beira da praia, dentro do Projeto Tamar, acompanhado de um refrescante suco de mangaba. À noite, serve como petisco perfeito para recuperar a energia entre um forrozinho e outro na sede do Souza Bar, na entrada da vila.
Confira a receita do famoso bolinho e teste em casa.
Serviço:
Alameda do Farol, s/n - Projeto Tamar - Praia do Forte
Tel.: (71) 3676-1262
Horários: De segunda a domingo, das 10h às 18h30
Avenida ACM, s/nº, Praia do Forte
Tel.: (71) 3676-1129/ 1033
Horário: De segunda à domingo, das 10h à 1h (sex. e sáb. até último cliente)
Nas noites com música ao vivo é cobrada entrada. O preço varia de acordo com a atração.

9- Tomar um sorvete de mangaba na Sorveteria da Ribeira
Uma das mais tradicionais sorveterias de Salvador, a Sorveteria da Ribeira, que fica ao lado do Tango Café, na alameda principal da vila de Praia do Forte é parada obrigatória nos dias de calor. Há mais de 70 anos, os sorvetes artesanais de umbu, cajá, mangaba, coco verde, coco e tapioca fazem sucesso.
Serviço:
Av. ACM
Tel.: (71) 8216-2301
Horário: Diariamente, das 10h às 22h


10- Jogar (ou aprender a jogar) golfe
Quem nunca jogou golfe – ou já é craque nas tacadas – poderá aproveitar a vista e os ventos fortes da Praia do Forte para testar seu swing ao longo dos 18 buracos do campo de golge do complexo Iberostar Praia do Forte. Projetado pelo prestigiado designer P.B. Dye, conta com driving range, aluguel de equipamento, lockers climatizados com chuveiros, carro bar, Club House e uma varanda panorâmica com vista para o campo. Se no fim do dia você estiver muito cansado, é possível relaxar os músculos no spa do hotel Iberostar Praia do Forte, ali ao lado.
Serviço:
Iberostar Resort
Rodovia BA 099, km 56, Praia do Forte
Tel.: (71) 3676-4200


Let's Face The Music And Dance

PREENCHENDO CADASTROS

 
 
— Qual é a sua profissão?
— Faço versos, sou poeta.
— Perdão, serei mais direta.
Senhor, não se ofenda,
estou lhe perguntando
a sua fonte de renda...
 
 
 
 
 

Frases de Nelson Rodrigues


Seleção feita a partir do livro: Flor de Obsessão - As 1000 melhores frases de Nelson Rodrigues - seleção e organização de Ruy Castro - Companhia das letras

"No dia em que a criatura humana perder a capacidade de admirar,
cairá de quatro, para sempre. O mal de todos nós, a nossa crise,
a nossa doença, é que admiramos pouco, admiramos de menos"

"O adulto não existe. O homem é o menino perene."

"A perfeita solidão há de ter pelo menos a presença
numerosa de um amigo real."
"Trair um amor é uma impossibilidade.
Mesmo com outra mulher, é o ser amado que estamos possuindo."

"Qualquer amor há de sofrer uma perseguição assassina.
Somos impotentes do sentimento e não perdoamos o amor alheio.
Por isso, não deixe ninguém saber que você ama."
"O artista tem que ser gênio para alguns e imbecil para outros.
Se puder ser imbecil para todos, melhor ainda."

"Cada um nós morre uma única e escassa vez.
Só o ator é reincidente.
O ator ou a atriz pode morrer todas as noites e duas vezes às quintas,
sábados e domingos, com vesperais a preços reduzidos."
"No Brasil, há platéia para tudo e o brasileiro é, por vocação, platéia.
Se um camelô vende caneta-tinteiro, junta gente;
se morre um cachorro atropelado, junta gente; e se,
passa um batalhão, nós vamos atrás.
O brasileiro tem uma alma de cachorro de batalhão."

"Invejo a burrice, porque é eterna."
"Só o cinismo redime um casamento.
É preciso muito cinismo para que um casal chegue às bodas de prata."

"Não admito censura nem de Jesus Cristo."

"Ou o sujeito é crítico ou é inteligente."

"Meus diálogos são realmente pobres.
Só eu sei o trabalho que me dá empobrece-los."

"Dinheiro compra tudo. Até amor verdadeiro."

"A família é o inferno de todos nós."

"A fome é mansa e casta. Quem não come não ama, nem odeia."

"O homem não nasceu para ser grande.
Um mínimo de grandeza já o desumaniza."

"Deus me livre de ser inteligente."

"O jovem só pode ser levado a sério quando fica velho."

"Acho a liberdade mais importante que o pão."

"Não reparem que eu misture os tratamentos de "tu" e "você".
Não acredito em brasileiro sem erro de concordância."

"Toda mulher gosta de apanhar. O homem é que não gosta de bater."

"Todo óbvio é ululante."

"Sou reacionário. Minha reação é contra tudo que não presta."

"Uma das coisas mais terríveis é quando alguém me telefona dizendo que leu minha crônica e que morreu de rir. Fico numa tristeza mortal. Sempre falo sério.
Se sou engraçado, é à revelia de mim mesmo."

"A platéia só é respeitosa quando não está entendendo nada."

"O torturador tem câncer na alma."
"No ano 2010, o Brasil será maior que os Estados Unidos,
a Rússia, e qualquer outro. O Brasil é que dirá a grande Palavra Nova."

"Toda unanimidade é burra.
Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar."
"Eu disse, certa vez, que toda unanimidade é burra. Nem todas, porém.
De cinqüenta em cinqüenta anos, aparece uma unanimidade cujo julgamento é preciso, inapelável, eterno, como o Juízo Final."

"Com sorte, você atravessa o mundo.
Sem sorte não atravessa a rua"

"Se a vida lhe der as costas, passe a mão na bunda dela"
Fonte: CCSP

"Espantalhos", de Oliverio Girondo


Não me importa uma porra que as mulheres tenham os seios como magnólias ou como figos secos; uma pele de pêssego ou de lixa. Também é indiferente se amanhecem com um hálito afrodisíaco ou um hálito insecticida. Sou perfeitamente capaz de suportar um nariz que arrecadaria o primeiro prémio numa exposição de cenouras; mas, isso sim – e nisso sou irredutível –, não lhes perdoo, sob nenhum pretexto, que não saibam voar. Se não sabem voar perdem tempo as que pretendam seduzir-me.

Foi esta – e não outra – a razão por que me apaixonei tão loucamente por Maria Luísa.
Que me importavam os seus lábios às prestações e os seus ciúmes sulfurosos? Que me importavam as extremidades de palmípede e os olhares de prognóstico reservado?
Maria Luísa era uma autêntica pluma!
Mal amanhecia, voava do quarto para a cozinha, da sala para a despensa. A voar preparava-me o banho, a camisa. A voar fazia as compras, terminava os seus afazeres.
Com que impaciência esperava que ela voltasse, voando, de algum passeio pelos arredores. Ali, bem longe, perdido entre as nuvens, um pontinho cor-de-rosa. «Maria Luísa! Maria Luísa!»… e em poucos segundos abraçava-me com as suas pernas de pluma, para me levar, voando, a qualquer parte.
Durante quilómetros de silêncio planejávamos uma carícia que nos aproximava do paraíso; durante horas inteiras habitávamos uma nuvem, como dois anjos, e de repente, caindo em espiral, como uma folha seca, a aterragem forçada de um espasmo.
Que prazer ter uma mulher tão ligeira…, ainda que, de vez em quando, nos faça ver estrelas! Que volúpia passar os dias entre as nuvens… e as noites num só voo!
Depois de conhecer uma mulher etérea, pode achar-se algum atractivo numa mulher terrestre? Existirá alguma diferença entre viver com uma vaca ou com uma mulher que tenha as nádegas a setenta e oito centímetros do chão?
Eu, pelo menos, sou incapaz de compreender o interesse de uma mulher pedestre, e por mais que tente, não consigo sequer imaginar que se possa fazer amor senão a voar.

Oliverio Girondo, "Espantalhos". Edição Língua Morta.

http://last-tapes.blogspot.com/2011/10/primeiro-texto-de-espantalhos-de.html


What Makes Life Worth Living?


Woody Allen talking about What Makes Life Worth Living in the movie Manhattan.
how about you?