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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Bono em homenagem a Nelson Mandela


Cantor do U2 diz que líder sul-africano foi ‘presença forte’ em sua vida desde a adolescência






RIO — O líder do U2, Bono Vox, escreveu um ensaio em homenagem a Nelson Mandela, morto nesta quinta-feira aos 95 anos. No fim do mês passado, a banda irlandesa lançou sua primeira música em três anos, “Ordinary love”, que faz parte da cinebiografia “Mandela: Long walk to freedom”. O ensaio, entitutlado “O homem que não podia chorar”, foi publicado na revista Time.

“Como ativista eu basicamente tenho feito o que Nelson Mandela sugere desde a minha adolescência”, diz Bono no artigo. “Ele foi uma presença forte na minha vida desde 1979, quando o U2 fez seus primeiros esforços contra o Apartheid. E ele se tornou parte da consciência irlandesa ainda antes disso. O povo da Irlanda pode compreender com facilidade a subjugação de maiorias étnicas. Do nosso ponto de vista, a questão de quão sangrenta a África do Sul poderia se tornar na longa estrada para a liberdade não era abstrata.”

Bono então relata como, ao longo dos anos, os dois se tornaram amigos e a alegria que lhe trouxe a parceria de Mandela com o bispo Desmon Tutu. Além da luta contra o Apartheid, o músico destaca também os esforços de Mandela para enfrentar a epidemia de Aids que atingia tantos países africanos.

“Sem sua liderança, na última década o mundo teria aumentado o número de pessoas usando medicamentos contra a Aids para 9,7 milhões e diminuído o número de mortes de crianças em 2,7 milhões por ano? Sem Mandela, a África estaria vivendo sua melhor década em crescimento e redução de pobreza? O quanto ele foi indispensável não pode ser provado com matemática e métricas, mas eu sei no que acreditar.”

O cantor e ativista termina explicando o título escolhido para o artigo.

“O riso, não as lágrimas, eram o caminho preferido de Madiba — a não ser em uma ocasião na qual vi ele quase perder o ar. Foi na Robben Island, no pátio em frente à cela onde ele passou 18 de seus 27 anos de prisão. Ele estava explicando por que decidiu usar seu número de prisioneiro, 46664, para buscar uma resposta à pandemia de Aids que tomava tantas vidas africanas. Um de seus colegas de prisão me disse que o preço pago por Mandela pelo trabalho nas minas de calcário não foi a amargura nem mesmo a cegueira, causada pelo clarão do reflexo do sol dia após dia. Mandela podia ver, mas a poeira prejudicou seus olhos de modo que ele era incapaz de chorar. Com toda sua visão, não podia produzir lágrimas em momentos de dúvida ou dor. Ele passou por uma cirurgia para acertar isso em 1994. Agora, podia chorar. Hoje, nós podemos.”


 http://oglobo.globo.com/cultura/bono-vox-escreve-ensaio-em-homenagem-nelson-mandela-10989958#ixzz2mkEnVLEK