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sábado, 3 de dezembro de 2011

Jussara Silveira canta e dá o recado...







The Sound Of Silence!

Bicho Indomável, eu diria com Drummond

 

Amor é bicho instruído
Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.

Transformação é lavagem cerebral

Luiz Mendes: "Não creio em modificações ou metamorfoses da natureza humana"
Luba Lukova

Não creio em modificações ou metamorfoses da natureza humana, em mudanças que são fruto de autossugestões ou de autoajuda. Mas acredito em evolução, em fracassos, vitórias e inércias que vão se acumulando e nos constituindo


Transformar significa dar nova forma ou novo caráter. Tornar diferente do que era, alterar, modificar e, por último, metamorfosear. Eu talvez fosse uma das pessoas mais indicadas para falar em transformação, tendo em vista meu histórico de vida. De prisioneiro condenado por homicídios e assaltos a escritor com vários livros publicados e até finalista do Jabuti, o maior prêmio da literatura nacional. Uma transformação e tanto, não é mesmo?
Mas não acredito em transformações. Uma nova forma é até tolerável, mas outro caráter, jamais! Não creio em modificar, muito menos alterar ou metamorfosear a natureza humana. Isso é lavagem cerebral! É insustentável no tempo.
Tudo indica que a vida se processa paulatinamente. Trabalha com sedimentos que vão se acumulando camada a camada. Fracassos, vitórias ou inércias vão nos constituindo. O que um homem construir ou conquistar fará parte dele. Serão componentes que o consistirão.
Já ficou claro que não somos isso e muito menos aquilo. Não somos. Quando muito vamos sendo como podemos. Escolhemos e algumas vezes conseguimos forças para alcançar o que nos parece melhor. Isso é tudo. Estamos em processo, fluência e construção. Não somos transformáveis, somos transcendentes. Faz parte da condição humana ultrapassar e seguir além.
Viciado em impossibilidade
Acredito em evolução. Vamos desenvolvendo nossos potenciais pela vida afora. Não me transformei em nada. Estou crescendo desde que nasci. Estou aprendendo. Um patamar me leva a outros. Caso admitisse transformação teria que responder à pergunta seguinte: “Por que os outros presos não se transformam assim também?”. Não possuo respostas conclusivas nem para mim, como poderia ter para os outros?
Estou com todas as idades que já vivi. Dentro de mim ainda mora aquele menino carente e solitário, com enorme dificuldade de se relacionar com os outros. O adolescente acelerado, confuso e impulsivo. O rapaz triste, ferido, maltratado pela vida, achando que o mundo tinha culpa de suas dores. Um viciado em sonhar impossibilidades. O homem sofrido que vai entrando na terceira idade e que continua inquieto e insatisfeito. Incompleto, sigo ainda cheio de sonhos e vontade de acertar. É sempre o mesmo tumulto, a mesma voracidade por viver tudo e a toda hora que não cessa.
No que me transformei? Em nada. Continuo Luiz. Ansioso, impaciente e cansado de esperar não sei bem pelo quê. Apenas esse ser apaixonado que vive ainda a correr atrás de algo que devia estar, mas nunca esteve, e que nem imagina o que seja.
Tenho uma história que vem de uma evolução, de um crescimento pessoal ao qual eu me propus. Hoje possuo estruturas e entranhas para encarar o que vier numa boa. Certo ou errado, fui eu quem quis, e tem sido um processo que tem durado a vida toda.Quebrei algumas vezes. Mas fiquei mais resistente nas partes quebradas.
Jamais foi uma transformação. Nada instantâneo, fruto de autossugestões ou autoajuda. Tem sido concreto e substancial. Agora chega a ser um crescimento estável e atuante. A minha atividade profissional, escrever e ensinar, hoje se conjuga a minha necessária ação social. O que vou sendo tem me custado bem caro, mas, garanto, tem valido 100% a pena.

*Luiz Alberto Mendes, 58, é autor de Memórias de um sobrevivente

Para Viver Um Grande Amor - Vinicius de Moraes

e o amor, vai bem?... *;-)



amar é bom, não é? eu acho. faz bem à alma, à pele, ao corpo todo. isso sem contar os novos ânimos, o brilho no olhar, a vontade de estar mais bonita, de ser e estar mais leve.

porque amor é estado de encantamento e felicidade, traz leveza, nos deixa com outra cara, com outra disposição. o amor não nos modifica a essência, mas nos faz descobrir múltiplas formas de lidar melhor com o mundo, de olhá-lo com mais tolerância.

o amor é bom quando é assim. mas nem sempre é e nem sempre dura conforme nossa vontade ou a de quem nos ama. e um dia pode acabar, como, de fato, acaba. porque eternas somente a alma, a disposição para amar e para se deixar amar. eterno é o aprendizado.

e quando acaba a gente sofre, e é natural que se sofra, que a alma se esvaia em lágrimas e que o vazio se instale. é necessário viver todo o processo de desconstrução de um sentimento para poder seguir em frente e, mais à frente, abrir-se novamente.

o amor ensina, mas é na solidão que aprendemos muito mais sobre esse sentimento que encanta e movimenta a alma, porque é, também, na solidão, que aprendemos a nos amar em primeiro lugar.

amar é bom? é ótimo e todo mundo quer e todo mundo pode. o que não se deve é estabelecer o amor como meta de toda uma vida. porque o amor não acontece ao sabor de nossa vontade. o que não se deve é buscá-lo desesperadamente para preencher vazios, para suprir lacunas de outros amores que terminaram.

eu amo amar, a bem da verdade eu não saberia viver sem estar próxima do amor, mas preciso admitir que, para mim, o amor só tem valia se me trouxer liberdade e aprendizado. só tem valia se, ao final, me deixar plena da certeza de ter crescido mais um pouco.

estou certa de que o amor é para todos, não se trata de privilégio especial concedido a pessoas especiais. senti-lo é dádiva. no entanto, não senti-lo o tempo todo não é crime, nem castigo. e aproveitar sua ausência para lapidarmos nossa essência é obrigação.

eu amo amar e a cada amor liberto-me mais um pouco. e a cada ausência, meu coração se transforma, se amansa e se prepara para um novo (re) começo. e não existe nada melhor e transformador do que empreender uma nova jornada. porque é na estrada e, de surpresa, que nos assalta sempre o amor.

prosita? *;)


prosa miúda

começou do nada. de uma certa admiração. de sorrisos amarelos e palavras bobas. de uma vergonha engraçada.

(coisa de gente grande quando volta a ser criança).

começou do nada e, de repente, como um susto, o ar ficou cheio de corações soletrando nomes, de desejos insistentes. e pulsos acelerados.

do nada surgiram as cores. todas juntas e misturadas num arco-íris de possibilidades.

(as impossibilidades foram parar na desimportância do futuro).

e tudo ficou claro. os dias desandaram a nascer surpreendentemente novos. as noites ficaram quentes e as madrugadas orvalharam sem pudor.

(como uma primeira chuva de verão).

começou do nada e já era tanto. e de tanto ser, transbordou.

agora anda por aí, independente, feito uma vontade teimosa. e bonita.

acho que se chama amor.


mariza lourenço


http://duasportodas.blogspot.com/


Palavras do CHE


É preciso ser duro, mas sem perder a ternura, jamais...
Ernesto Che Guevara



Composição: Gilberto Gil e Capinan


Soy loco por ti America
Yo voy traer una mujer plajera
Que su nombre sea Marte
Que su nombre sea Marte
Sou loco por ti de amores
Tenga como colores
La espuma blanca de latinoamerica
Y el cielo como bandera
Y el cielo como bandera

Soy loco por ti America
Soy loco por ti de amores
Sorriso de uase nuvem
Os rios, canções, o medo
O corpo cheio de estrelas
Com o corpo cheio de estrelas
Como se chama a amante
Desse país sem nome
Esse tango, esse rancho
Esse povo, dizei-me
Arde o fogo de conhecê-la
O fogo de conhecê-la

Soy loco por ti America
Soy loco por ti de amores
El nombre del hombre muerto
Ya no se puede decirlo quien sabe
Antes que o dia arrebente
Antes que o dia arrebente
El nombre del hombre muerto
Antes que a definitiva noite
Se espalhe em latinoamérica
El nombre del hombre es pueblo
El nombre del hombre es pueblo

Soy loco por ti America
Soy loco por ti de amores
Um poema ainda existe
Com palmeiras, com trincheiras
Canções de guerra, quem sabe
Canções do mar
Ay estate como ver
Ay estate como ver

Soy loco por ti America
Soy loco por ti de amores
Estou aqui de passagem
Sei que adiante um dia vou morrer
De susto, de bala ou vício
No precipício de luzes
Entre saudades, sou luz
Eu vou morrer de bruços
Nos braços, nos olhos
Nos braços de uma mulher
Nos braços de uma mulher
Mais apaixonado ainda
Dentro dos braços da camponesa
Guerrilheira, manequim
Ai de mim
Nos braços de quem me queira
Nos braços de quem me queira

Soy loco por ti America
Soy loco por ti de amores

Dilma em dois tempos - a vida ensina



Dilma na sede da Auditoria Militar no Rio de Janeiro, em novembro de 1970. Ao fundo, os oficiais que a interrogavam sobre sua participação na luta armada escondem o rosto com a mão (Foto: Reprodução que consta no processo da Justiça Militar)

Dilma,
faça valer essa coragem!




- Eu tenho 63 anos de idade. Uma filha com 34 anos, um neto com um ano e dois meses. Eu não sou propriamente uma adolescente, eu diria também uma romântica. Acho que a vida ensina a gente. Acho que a gente tem de respeitar as pessoas, mas eu faço análises muito objetivas - disse Dilma, sorrindo.



Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/dilma-da-sinais-de-que-nao-vai-se-deixar-levar-pelo-amor-de-lupi-3372222#ixzz1fV2jx3Pt

Romantismo

http://andreigalkowski.blogspot.com/

 


Nos últimos 30 anos do Neoclássico surge um outro movimento: O Romantismo, onde o que prevaleceria seria a emoção, pela primeira vez na história da arte temos dois movimentos acontecendo ao mesmo tempo.
A parir do século XVI vemos a razão e emoção se contrapondo a todo momento, no século XIX surge o trem, as fábricas e a produtividade aumenta com a revolução Industrial, o surgimento da enciclopédia surge no Iluminismo que era composto por um conjunto de preceitos que constituem uma nova visão de mundo.
No Iluminismo a questão do indivíduo é muito forte, um dos seus pensamentos aponta a morte de Deus, o liberalismo, marxismo e o positivismo surgem nesse momento.
Alguns autores alegam que o modernismo tenha se iniciado a partir do Romantismo. O movimento romântico veio para romper o clássico, dando liberdade para o artista escolher o tema partindo daquilo que via.
"A era romântica de 1800-50 foi a idade da sensibilidade, pintores como Turner e Constable elevavam o status da pintura dando a cenas naturais ricas em cores e movimentos, nesse meio tempo do Romantismo temos a unificação da Itália e da Alemanha.
Alguns historiadores afirmam que Théodore Géricault (1791-1824) lançou o Romantismo na França com a pintura. A balsa de Medusa que foi inspirado em um acontecimento da época, um naufrágio que antecedeu um escândalo político, dos 149 tripulantes sobreviveram apenas 15.
Géricault entrevistou os sobreviventes para compor a obra, fez o máximo para ser autêntico.


"A balsa de Medusa, Géricaut 1818-19"




A linguagem dos corpos em luta contorcidos, diz tudo sobre a luta pela sobrevivência, tema que obcecava o artista, a pintura não estava mais ligada ao passado, a fama da pintura rompeu a camisa-de-força da academia clássica.
Embora tenha expostos publicamente apenas três trabalhos ao longo de sua carreira, Géricault deixou sua marca registrada, sua maneira de lidar com a tinta e criar cenas de luta deslanchou a era romântica na arte francesa.
Eugène Delacroix, tornou-se líder do movimento romântico após a morte de Géricault, o artista
pregava que para criarmos deveríamos sentir a agonia da criação, Frederic Chopin foi seu amigo.
Suas imagens eram carregadas de violência, uma de suas primeiras obras foi "Massacre em Chios", decidiu trabalhar com esse tema logo que soube dos turcos matando cristãos na ilha de Chios, os espectadores choravam quando viam o bebê mamando no peito da mãe morta.
Abaixo vemos a obra intitulada " A Morte de Sardanapalus ", Delacroix-1827,a pintura teve como base os versos do imperador assírio Sardanapalus, o artista retrata o exato momento em que servos executam as meninas do harém e os cavalos.






Os ingleses J.M.W. Turner e John .Constable tinham apenas um ano de diferença de idade, Constable acreditava que as paisagens deveriam se basear em observação, suas cenas rurais demonstrava seu amor pela natureza, devido à sua devoção pelas aparências reais, se rebeliou contra os tons cor de café então na moda para as paisagens, era comum ele colocar pontos vermelhos nas folhas retratadas para energizar o verde, abaixo vemos a obra " A carroça de Feno"-1821 de Constable.


A carroça de Feno"-1821 de Constable





Turner (1775-1851)
Filho de um barbeiro pobre de Londres, Turner faltava nas aulas da escola para fazer esboços
dos clientes de seu pai. Aos 12 anos vendia as aquarelas e aos 15 expôs na Academia Real.
Seu estilo foi se tornando gradualmente mais abstrato ao longo do tempo.
Chuva, Vapor e Velocidade ´-é uma pintura típica da fase em que Turner eliminou o detalhe para se concentrar na forma essencial de uma locomotiva em velocidade sobre uma ponte, vindo em direção ao espectador, o trem havia sido inventado 20 anos antes apenas.
Embora o artista jamais tenha se considerado um pintor abstrato, as pinturas encontradas após sua morte não contém temas reconhecíveis consistindo em apenas massas de cores radiantes.
Seus últimos trabalhos anteciipam a arte moderna, em que a pintura em si é o único tema.
Turner se isolou de todos em seus últimos anos de vida, inventou outro nome rejeitou belos preços por seus trabalhos e guardou as melhores pinturas, no leito de sua morte Turner pediu para ser levado até a janela para morrer vendo o pôr-do-sol. "(STRICKLAND, BOSWELL,1999)



Arquitetura

Os pintores e escultores não estavam aptos a abandonar os hábitos renascentistas de representação," os arquitetos por sua vez não estavam presos à essa limitação, por conta disso o reflorescimento de estilos persistiu mais em suas obras do que as outras artes.
Iniciaram também o reflorescmento gótico nas construções. O sentimento nacionalista foi fortalecido durante as guerras napoleônicas, o gótico expressava o nacionalismo de forma particular."(H.W. Janson,1999, p.314)
Em 1834 a reconstrução do Parlamento de Londres foi feita em estilo Gótico como podemos observar na figura ao lado. O apogeu da construção romântica aconteceu na obra Ópera de Paris que foi construída entre os anos de 1861 até 1874.



Escultura
No campo da escultura podemos dizer que os artistas tentavam adaptar o estilo neoclássico, o mais famoso entre os escultores para muitas pessoas foi o artista Antonio Canova, entre suas obras construiu uma estátua de Napoleão. Pauline Borghese que era irmâ de Napoleão permitiu ser esculpida como a Vênus reclinada como podemos ver na figura abaixo.



Pauline Borghese como Vênus. 1808

"A Praça É Do Povo" (Sérgio Ricardo & Glauber Rocha) 1967


Direto do forno do Blogbar
“A PRAÇA É DO POVO” (Sérgio Ricardo & Glauber Rocha)

Nota: video roubado do http://bahiaempauta.com.br/
mas, em fim, estamos todos em casa (rsrsrsr)


O POVO AO PODER - Castro Alves

O POVO AO PODER

Castro Alves


Quando nas praças s'eleva
Do Povo a sublime voz...
Um raio ilumina a treva
O Cristo assombra o algoz...

Que o gigante da calçada
De pé sobre a barrica
Desgrenhado, enorme, nu
Em Roma é catão ou Mário,

É Jesus sobre o Cálvario,
É Garibaldi ou Kosshut.

A praça! A praça é do povo
Como o céu é do condor
É o antro onde a liberdade
Cria águias em seu calor!

Senhor!... pois quereis a praça?
Desgraçada a populaça
Só tem a rua seu...
Ninguém vos rouba os castelos

Tendes palácios tão belos...
Deixai a terra ao Anteu.

Na tortura, na fogueira...
Nas tocas da inquisição
Chiava o ferro na carne
Porém gritava a aflição.
Pois bem...nest'hora poluta

Nós bebemos a cicuta
Sufocados no estertor;
Deixai-nos soltar um grito
Que topando no infinito

Talvez desperte o Senhor.

A palavra! Vós roubais-la
Aos lábios da multidão
Dizeis, senhores, à lava
Que não rompa do vulcão.
Mas qu'infâmia! Ai, velha Roma,
Ai cidade de Vendoma,
Ai mundos de cem heróis,
Dizei, cidades de pedra,
Onde a liberdade medra
Do porvir aos arrebóis.

Dizei, quando a voz dos Gracos
Tapou a destra da lei?
Onde a toga tribunícia
Foi calcada aos pés do rei?
Fala, soberba Inglaterra,
Do sul ao teu pobre irmão;
Dos teus tribunos que é feito?
Tu guarda-os no largo peito
Não no lodo da prisão.
No entanto em sombras tremendas
Descansa extinta a nação
Fria e treda como o morto.
E vós, que sentis-lhes os pulso
Apenas tremer convulso
Nas extremas contorções...
Não deixais que o filho louco
Grite "oh! Mãe, descansa um pouco
Sobre os nossos corações".

Mas embalde... Que o direito
Não é pasto de punhal.
Nem a patas de cavalos
Se faz um crime legal...
Ah! Não há muitos setembros,
Da plebe doem os membros
No chicote do poder,
E o momento é malfadado
Quando o povo ensangüentado
Diz: já não posso sofrer.

Pois bem! Nós que caminhamos
Do futuro para a luz,
Nós que o Calvário escalamos
Levando nos ombros a cruz,
Que do presente no escuro
Só temos fé no futuro,
Como alvorada do bem,
Como Laocoonte esmagado
Morreremos coroado
Erguendo os olhos além.

Irmão da terra da América,
Filhos do solo da cruz,
Erguei as frontes altivas,
Bebei torrentes de luz...
Ai! Soberba populaça,
Dos nossos velhos Catões,
Lançai um protesto, ó povo,
Protesto que o mundo novo
Manda aos tronos e às nações.

A Praça Castro Alves




História

Na época conhecida como Largo do Teatro, foi o local no qual D. João, príncipe regente de Portugal, e sua corte foram recebidos pelos representantes da Câmara Municipal, no dia 23 de janeiro de 1808.
No lugar onde está situada existia o importante Teatro São João, destruído em um incêndio no ano de 1923.
Foi no São João que o poeta dos escravos conheceu a atriz portuguesa Eugênia Câmara por quem apaixonou-se e viveu um romance.
A estátua de Castro Alves foi fundida na oficina de Angelo Aureli, em São Paulo, chegando à Bahia, em dezembro de 1922.É um trabalho do escultor italiano Pasquale de Chirico e representa o poeta na atitude de fala ou está declamando, tendo a cabeça descoberta, fronte erguida, olhar perdido no infinito, chapéu mole de estudante à mão esquerda, braço direito estendido.
Na manhã de 20 de junho de 1923, a estátua, me bronze do poeta, foi levantada até o topo da coluna que lhe serve de base.
Os blocos que serviram para o pedestal e o (...) são de granito. Concluída a obra, inaugurou-se o monumento no dia 6 de julho de 1923.
O monumento, em sua totalidade, mede 10,74m de altura. O pedestal tem 6 degraus, o primeiro com 0,35m de altura e os outros com 0,25m, cada um.
O (...) mede 6,80m e a estátua de bronze do poeta mede 2,34m de altura. De um lado da coluna, há um grupo em bronze, com 2,16m representando um anjo em posição de vôo, a levantar uma mulher escrava pelo braço, erguendo-a à altura.
Do outro lado da coluna, encontra-se um livro aberto com uma espada atravessada, tendo em letras douradas o seguinte verso: Não cora o sabre de hombrear com o livro.
Em placa de mármore, numa das faces da base, lê-se: A Bahia a Castro Alves. A estátua do poeta, excelente
Em 1971, por ocasião do centenário de morte do poeta, seus restos mortais foram transferidos do cemitério do Campo Santo para o monumento que, assim, passou também a ser túmulo de Castro Alves.
A Praça é o ponto central do Carnaval de Salvador.[1] Ali, a partir da década de 1970, passou a acontecer, nas noites de terça-feira da folia (último dia de carnaval) o que veio a se tornar mais uma tradição do festejo: o "Encontro de Trios", onde vários trios elétricos e seus blocos se juntam para o encerramento da festa.[2]

O compositor e cantor Caetano Veloso, parafraseando o poeta homenageado, que recitara no seu poema O Povo ao Poder - "A praça! A praça é do povo/Como o céu é do condor" - imortalizou o logradouro na sua canção “Um Frevo Novo”, com os versos: "A Praça Castro Alves é do povo / Como o céu é do avião".[3]

UM FREVO NOVO

Caetano Veloso

A praça Castro Alves é do povo
Como o céu é do avião
Um frevo novo,
um frevo novo,
um frevo novo
Todo mundo na praça,
manda a gente sem graça pro salão
A praça Castro Alves é do povo
Como o céu é do avião
Um frevo novo,
um frevo novo,
um frevo novo
Todo mundo na praça,
manda a gente sem graça pro salão
Mete o cotovelo
e vai abrindo caminho
Pega no meu cabelo
pra não se perder
e terminar sozinho
O tempo passa,
mas na raça eu chego lá
É aqui nesta praça
Que tudo vai ter que pintar
A praça Castro Alves é do povo
Como o céu é do avião
Um frevo novo,
um frevo novo,
um frevo novo
Todo mundo na praça,
manda a gente sem graça pro salão
Mete o cotovelo
e vai abrindo caminho
Pega no meu cabelo
pra não se perder
e terminar sozinho
O tempo passa,
mas na raça eu chego lá
É aqui nesta praça
Que tudo vai ter que pintar




Antônio Frederico de Castro Alves, o poeta Castro Alves, nasceu em Muritiba - BA, no dia 14 de março de 1847, e morreu em Salvador - BA, em 6 de julho de 1871, portanto, aos 24 anos de idade. Ele é o patrono da Cadeira nº 7, da Academia Brasileira de Letras - ABL, por escolha do fundador, Valentim Magalhães. Hoje fazem 140 anos que ele morreu!

Castro Alves era filho do médico Antônio José Alves, professor na Faculdade de Medicina de Salvador - BA, e de Clélia Brasília da Silva Castro, que morreu quando o poeta tinha apenas 12 anos de idade.

Em 1853, quando mudou com a família para a capital, Castro estudou no colégio de Abílio César Borges, futuro Barão de Macaúbas, onde foi colega de Rui Barbosa. Foi nessa ocasião que ele começou a demonstrar sua vocação apaixonada e precoce pela poesia. Em 1862 ele foi para Recife - PE, onde concluiu os preparatórios para o estudo superior. Depois de duas reprovações, já em 1864, ele matriculou-se na Faculdade de Direito.


Em 1863, tendo contraído tuberculose, Castro Alves revelou em seu poema Mocidade e Morte que sentia um enorme desalento por se ver tão jovem e estar acometido de doença tão grave.


Mesmo assim, logo que se integrou na vida literária e acadêmica, Castro Alves passou a ser admirado graças a seus versos. E cuidou cuidou mais deles e dos amores que dos próprios estudos. Perdeu o pai em 1866, pouco depois, iniciou a apaixonada ligação amorosa com Eugênia Câmara, que desempenhou importante papel em sua lírica e em sua vida.


O Navio Negreiro – Tragédia no Mar, um de seus mais conhecidos poemas e destaque da própria literatura brasileira, foi concluído por ele em São Paulo - SP, em 1868, quase vinte anos depois da promulgação da Lei Eusébio de Queirós, aprovada em 4 de setembro de 1850, que proibiu o tráfico de escravos. A proibição, no entanto, não vingou de todo, o que levou Castro Alves a se empenhar na denúncia da miséria a que eram submetidos os africanos na cruel travessia oceânica. É preciso lembrar que, em média, menos da metade dos escravos embarcados nos navios negreiros chegavam ao final da viagem vivos.


Composto em seis partes, o poema alterna métricas variadas para obter o efeito rítmico mais adequado a cada situação retratada. Assim, inicia-se com versos decassílabos que representam, de forma claramente condoreira, a imensidão do mar e seu reflexo na vastidão dos céus.


Destacamos aqui a quinta parte da obra, feita em heptassílabos, na qual o poeta faz um retrocesso temporal, descrevendo a vida livre dos africanos em sua terra, criando um contraponto dramático com a situação dos escravos nos navios negreiros. Na última estrofe Castro Alves retoma os decassílabos do início para protestar com veemência contra a crueldade do tráfico de escravos:

Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?

Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto!...
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...

Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...

Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!

Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!