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sábado, 17 de março de 2012

Caçador de Mim - Milton Nascimento



Por tanto amor
Por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz
Manso ou feroz
Eu caçador de mim
Preso a canções
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar
Longe do meu lugar
Eu, caçador de mim
Nada a temer senão o correr da luta
Nada a fazer senão esquecer o medo
Abrir o peito a força, numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura
Longe se vai
Sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir
O que me faz sentir
Eu, caçador de mim

VIDA

Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa só porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso.
Charles Chaplin

A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.
Charles Chaplin

Greetings from the White House

 ..
Huuuuuuuummmmmmmmmmmmmm, must be an election year!

Elis Regina




30 anos sem Elis Regina

30 anos sem Elis Regina
No dia em que se completam 30 anos da morte da cantora Elis Regina, ÉPOCA publica uma seleção de fotografias raras da cantora. Elis, que nasceu em Porto Alegre no dia 17 de março de 1945, começou a cantar ainda criança em programas de rádios da capital gaúcha. O sucesso veio com “Arrastão”, em 1965, música defendida por ela no I Festival de MPB. Elis fez discos e shows históricos, como a série "Dois na Bossa", “Elis & Tom”, “Falso Brilhante”, “Saudade do Brasil” e “Trem Azul”. Ao longo da carreira, cantou em diversos países, como Japão, França, Itália, Portugal, Alemanha, Suíça e México. Morreu aos 36 anos, no dia 19 de janeiro de 1982.   

 
    
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Elis Regina, ainda menina, quando cantava em rádio. Foi nessa época que ela gravou seus primeiros discos
Arquivo /Editora Globo
 

A bunda de Simone de Beauvoir

 17/03/2012

Em outubro do ano passado, durante rápido período de férias na Califórnia, resolvemos, eu e minha companheira de viagem e de vida, conhecer Carmel, cidadezinha do litoral ao sul de São Francisco, famosa por conta de sua arquitetura peculiar, seus frequentadores milionários e do "rancho" do ator e ultimamente grande diretor Clint Eastwood, moradia de verão do artista transformada num charmoso hotel --também para abonados, claro.
De fato, Carmel, sobretudo o centro da cidadezinha, é um encanto, com suas ruas tranquilas, antiquários, galerias, construções multicoloridas de teto baixo, floreiras abundantes, gente hospitaleira. Além de algumas Ferraris percorrendo calmamente as ruas estreitas e as muitas lojas de grife ali instaladas para atender à demanda dos que têm o que gastar e gastam o que tem.
Num passeio de fim de tarde por uma calçada de muitas lojas, chamou nossa atenção a atividade de umas moças que reformulavam a vitrine de uma butique de roupas femininas. Quando passamos em frente à vitrine descendo a rua, elas retiravam as roupas das manequins de gesso, certamente para exibir produtos da nova estação que adentrava. Algum tempo depois, quanto subíamos a mesma via com a noite fechada, as moças tinham ido embora, provavelmente deixando para o dia seguinte o fim da tarefa.
Antes disso, porém, tinham "vestido" cada um dos manequins com papel de seda, escondendo assim as "partes pudendas" daquelas mulheres de gesso e tinta. O papel cor-de-rosa estava enrolado gentilmente em torno das bonecas, preso na cintura, de maneira a cobrir seus seios artificiais e sua genitália inexistente.
Arquivo pessoal
Manequim em loja de Carmel com suas 'vergonhas" escondidas
Manequim em loja de Carmel com suas 'vergonhas" escondidas
Sim, comentou minha namorada entre risos, é preciso proteger as velhinhas ricas de Carmel de cenas tão chocantes, afinal elas são americanas e exageradamente moralistas...
Claro que esta não foi a primeira nem será a última manifestação de pudicícia explícita do americano médio --sim, porque, como sabemos, os fora da média são capazes de loucuras sensacionais, e aí estão seu cinema, sua literatura e suas outras artes para demonstrar isso.
Mas o episódio veio à lembrança por conta da censura aplicada há pouco pelos administradores da rede social Facebook ao fotógrafo carioca Fernando Rabelo: ele teve sua página de perfil retirada do ar por alguns dias como punição ao fato de ter publicado uma foto da escritora francesa Simone de Beauvoir (1908-1986) nua de costas.
Art Shay/Divulgação
Simone de Beauvoir na foto de Art Shay
Simone de Beauvoir na foto de Art Shay
Para quem não sabe, esta foto, de 1952, é famosíssima, foi realizada pelo fotógrafo norte-americano (!) Art Shay, em Chicago, durante uma estadia da libertária escritora na cidade. Uma foto roubada, mas posteriormente autorizada, enquanto a escritora estava ao toucador.
Ao que tudo indica, o surto de defesa da moral e dos bons costumes, que grassou aqui pelo Brasil nos tempos da ditadura, teve um espera-se que fortuito retorno pelas mãos dos gestores do Face, aparentemente um território livre para ideias e estéticas, cujos parâmetros deveriam ser apenas o respeito ao próximo, o bom senso e os limites da lei.
Que obviamente não foram transgredidos pelo belo derrière da companheira de Jean Paul Sartre (1905-1980), uma pioneira dentre as mulheres libertárias, defensora tenaz seu gênero como plenamente capaz de dispor de sua vida, de suas ideias e certamente de seu corpo, como deixou claro nesta frase:
"Nenhuma educação pode impedir a menina de tomar consciência de seu corpo e de sonhar com seu destino; quando muito pode impor-lhe estritos recalques que pesarão mais tarde sobre toda a sua vida sexual".
Luiz Caversan
Luiz Caversan é jornalista e consultor na área de comunicação corporativa. Foi repórter especial, diretor da sucursal do Rio da Folha, editor dos cadernos "Cotidiano", "Ilustrada" e "Dinheiro", entre outras funções. Escreve aos sábados para a Folha.com.