Pesquisar este blog

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Samba na Gamboa

Caetano Veloso e Thalma de Freitas




Diogo Nogueira canta e conversa com um dos maiores representantes da Música Popular Brasileira
Caetano Veloso, Diogo Nogueira e Thalma de Freitas - Samba na GamboaCaetano Veloso, Diogo Nogueira e Thalma de Freitas - Samba na Gamboa
Afinal, o samba nasceu no Rio de Janeiro ou na Bahia? Não importa a procedência: "O samba é o pai do prazer e é o filho da dor. O samba tem o grande poder transformador. Desde que o samba é samba, é assim. E como quem não gosta de samba, bom sujeito não é.." Caetano Veloso e Thalma de Freitas, que não são nem ruins da cabeça, muito menos doentes do pé, participam do Samba da Gamboa, da TV Brasil, que vai ao ar na terça-feira, dia 7 de fevereiro, às 23h.
Diogo Nogueira recebe esses ilustres convidados para explicarem como o vírus do samba os contagiou. Num programa repleto de boas histórias, o que não falta são clássicos como É de manhã, Pé do meu Samba, Menino do Rio e Desde que o Samba é Samba.
Voltando um pouquinho no tempo, Caetano conta como foi seu primeiro contato com o samba. "Cresci tendo aquele samba de roda em todas as festas na minha casa. Era o samba do Recôncavo, muito antigo, e que já nascia com a terra. A gente aprendia a sambar desde pequeno, aquele jeitinho do Recôncavo, sem tirar o pé do chão. O samba fazia parte da educação doméstica", diz o tropicalista.
Como compositor, Caetano teve seu primeiro registro de samba com a música É de manhã. "Esse samba foi feito numa manhã de 1963. Eu era novinho. Ai a Betânia veio pro Rio e já gravou. Depois o Simonal e a Elizete Cardoso gravaram também", diz o cantor. "Foi seu primeiro sucesso no samba," completa Diogo.
De outra geração, Thalma de Freitas se apresenta como a "filha do maestro", e diz se orgulhar de ser uma artista negra brasileira. Filha do instrumentista, arranjador e compositor Laércio de Freitas, a cantora e atriz apresenta, entre outros sambas, "Não foi em vão", de sua autoria, e "La vem a baiana", de Dorival Caymmi.
Provocados pelo anfitrião Diogo Nogueira sobre onde teria nascido o samba, os músicos contam muitas histórias. Mas todas com o mesmo final, de que o samba teria nascido mesmo na Bahia. Para Caetano, "opinião forte e importante foi a de Vinícius de Moraes, que botou a letra em uma música O samba nasceu lá na Bahia. E ele era carioca", completa. Para finalizar, os três músicos dividem uma roda de samba cantando Desde que o samba é samba, de autoria do baiano Caetano Veloso.
Samba na Gamboa já está em sua terceira temporada, promovendo encontros entre artistas que, além de conversarem sobre música, têm a chance de soltar a voz ao vivo. O programa estreou na grade da TV Brasil em dezembro de 2008, com Marcelo D2 e Monarco comentado "causos" do samba de malandro e do trabalhador. Nomes como Walter Alfaiate, Moysés Marques, Moacyr Luz, Tia Surica, Dudu Nobre, Arlindo Cruz, Beth Carvalho, Mart"nália, Nelson Sargento, Martinho da Vila, Noca da Portela, Zé Katimba, Dona Ivone Lara, Dicró, Nilze Carvalho, João Bosco, Tantinho da Mangueira, Luiz Melodia, Roberta Sá, Alcione, Zeca Pagodinho, Jorge Ben Jor, Neguinho da Beija-Flor, também passaram por lá.



Nas Margens de Mim - O Teatro Mágico e Leoni



Eu me senti como um rei/ Me larguei, dormi, nas margens de mim/ Me perdi por querer, eu não fiz, não fui/ Me desaprendi/ Eu quis prestar atenção/ Tudo o que é menor, mais lento e baldio/ Deixo o rio passar/ tão voraz, veloz/ Me deixo ficar/ Quando o sol acena bate em mim/ Diz valer a pena ser assim/ Que no fundo é simples ser feliz/ Difícil é ser tão simples/ Difícil é ser tão simples/ Difícil mesmo é ser/ Me recolhi, fiquei só/ Até florescer/ Desapego e raiz, improviso e razão/ Canto pra colher, agora e aqui/ De qualquer maneira parte em mim/ Diz valer a pena ser assim/ Que no fundo é simples ser feliz/ Difícil é ser tão simples/ Difícil é ser tão simples/ Difícil mesmo é ser. (Teatro Mágico) 

Boa Sexta-feira / Good Friday



Vou caminhar no Golden Gate Park in San Francisco, CA. Vambora?????

Nailed it.



One Guy Totally Predicted What Today's Big Problem Would Be—94 Years Ago!

Porque há tantos nus na Arte?

 

publicado em artes e ideias por |
 Arte Nu Pintura Fotografia Escultura Erotismo Pornografia Sexo Homens Mulheres Corpo
Amedeo Modigliani - Nu vermelho (1917).
A nudez sempre foi muito apreciada na Arte. É provável que tal facto fique a dever-se mais ao seu cariz sexual, eco distante da nossa natureza animal, do que a questões estéticas - a beleza. No entanto é inegável que as representações de nus proliferam na Pintura, na Escultura ou na Fotografia. Será que o corpo humano é intrinsecamente belo ou todos nós - artistas incluídos - somos voyeurs compulsivos?
A questão é complexa e foi já por várias vezes aqui abordada. A linha que demarca a arte erótica da pornografia é ténue e a nossa predisposição genética para achar belo o género que nos atrai sexualmente - homem ou mulher - acaba por nos toldar ainda mais o raciocínio e o sentimento. Não sabemos se o que realmente gostamos é da composição, da forma, da cor, do ritmo, do contraste, ou do(s) modelo(s) propriamente dito(s). As nossas reacções são então simultaneamente curiosas e reveladoras.
Quase sempre o senso comum tem uma de duas atitudes perante a representação do corpo humano nu: ou o condena, apodando-o de indecente, ou lhe confere o estatuto de Arte. Esta segunda posição é a que nos interessa; apenas na aparência é mais culta e com frequência mascara ignorância e o receio de a mostrar perante os outros.
 Arte Nu Pintura Fotografia Escultura Erotismo Pornografia Sexo Homens Mulheres Corpo
Praxiteles - Afrodite de Cnido (séc. IV a. C.); Policleto - Doríforo (séc. V a. C.)
As primeiras representações de nus com uma finalidade estética surgiram na Grécia Antiga. É preciso relembrar a grande proximidade, para não dizer coincidência, entre aquilo a que então se chamava Arte e a Religião. A Mitologia grega era composta por figuras antropomórficas, seres perfeitos que o Homem tentava igualar. Esta busca pela perfeição levou à instituição de um verdadeiro culto do corpo de proporções ideais que as esculturas de Fídias, Praxíteles e outros artistas plasmaram no mármore e no bronze. Nunca, desde então, se assistiu a outra representação de um nu com estes propósitos tão "puros" - Arte verdadeira.
Não obstante o nu continuou a preencher uma quota importante das temáticas utilizadas pelos pintores, escultores e, mais recentemente, pelos fotógrafos com todas as implicações trazidas pelo realismo próprio da fotografia. A uns interessa-lhes o jogo formal proporcionado pelas linhas ondulantes dos corpos; a outros o significado.
 Arte Nu Pintura Fotografia Escultura Erotismo Pornografia Sexo Homens Mulheres Corpo
Giorgione - Vénus adormecida (1510)
 Arte Nu Pintura Fotografia Escultura Erotismo Pornografia Sexo Homens Mulheres Corpo
Nan Goldin - Joana Topless at the Chateau le Bastion (2000)
Porém há uma dimensão da obra de arte que se reveste de um carácter sensual na acepção original do termo, ou seja, a percepção e estimulação dos sentidos. Não há artista que se preze que não deseje fazer vibrar o seu público. E que melhor meio para isso, então, do que o corpo humano nu? Os artistas sabem-no bem, como sabem também que a Arte deve ter sexo... e nexo.


Leia mais: http://obviousmag.org/archives/2008/01/porque_ha_tanto.html#ixzz1tGFUywpO



Minha resposta: Por que há muita arte no nú.


regina

Klimt e a eterna atração pelo feminino

 

Este ano comemoram-se 150 anos do nascimento de Gustav Klimt (1862-1918), um dos grandes artistas europeus e um dos percursores da vanguarda vienense. Sua vida foi tão intensa quanto sua obra, e em ambas a paixão pelas mulheres - em seu intimo e despidas de vestes e valores morais - foi seu guia. Nuas, vestidas, deitadas, em movimento ou em momentos íntimos - poucos artistas estiveram tão envolvidos com o universo feminino.


erotismo;, Klimt;, moda;, mulheres;, ornamentação, Secessão;, Simbolismo;
© Gustav Klimt, "Beethoven Frieze" (1901-02) , Belvedere, Viena.
Gustav Klimt viveu em Viena em um momento de efervescência. Durante o século XIX, a cidade se urbanizou; novas ideias a invadiam e atraiam intelectuais de diversas localidades. Um cenário intenso que permitiu muitas alterações no conhecimento científico, na sociedade e na arte. Antes de Klimt, a pintura praticada na cidade era provinciana e a maioria das obras eram retratos da elite vienense. O artista traz uma percepção do espirito humano, um estilo pictórico e decorativo, que vai influenciar o art nouveau. Suas obras são caracterizadas como pertencendo ao simbolismo, e dialogam com a arte japonesa e africana, o que resultou em uma pintura peculiar e muito própria.
erotismo;, Klimt;, moda;, mulheres;, ornamentação, Secessão;, Simbolismo;
© Gustav Klimt, "Palas Atena" (1898).
Foi nesse período que Klimt e mais dezoito artistas dissidentes da Associação dos Artistas Vienensesa criaram a Secessão Vienense, uma crítica à liberdade de criação tolhida pelas academias. Os membros da Secessão foram influenciados pelo movimento Arts and Crafts, da Inglaterra. O grupo buscava resgatar as qualidades do fazer artesanal contra a mecanização, integrando-o com a arte e arquitetura. O afresco Beethoven Frieze é um dos grandes exemplos desse período.
erotismo;, Klimt;, moda;, mulheres;, ornamentação, Secessão;, Simbolismo;
© Gustav Klimt, "As Três Idades da Mulher" (1905).
Ao deixar a Secessão, a obra de Klimt passou a ter um caráter mais pessoal. Assim, as mulheres tornaram-se o foco de atenção, uma verdadeira obsessão do pintor - que soube como retratá-las diante do novo século. Klimt utilizou-se das curvas femininas e do olhar evocativo das mulheres, sempre colocadas como figuras centrais, como verdadeiras armadilhas de sedução para o observador. A nudez é sempre crua, e as mulheres não são objetos passiveis para o prazer, mas para excitar com o seu próprio prazer. E o nu frontal, mostrando até mesmo os pelos pubianos, rompeu totalmente com o conservadorismo tanto da sociedade quanto das artes.
erotismo;, Klimt;, moda;, mulheres;, ornamentação, Secessão;, Simbolismo;
© Gustav Klimt, "Serpentes Aquáticas" (1904-1907).
A obra de Klimt possui um equilíbrio e um diálogo único entre o refinamento sensível e decorativo e a morbidez de sua figuras, que pendem para o simbolismo. Os ornamentos aparentam ser simbólicos em diversos momentos, criando ritmos nos elementos de cinzas e pérolas pálidos e dourado e prata vívidos. A ornamentação foi o caminho escolhido pelo artista para criar uma atmosfera de sonho, onde as figuras não estão ligadas a nenhum tempo ou local, repleta de alegorias que estimulam a imaginação.
erotismo;, Klimt;, moda;, mulheres;, ornamentação, Secessão;, Simbolismo;
© Gustav Klimt, "Fritza Riedler" (1906) , Belvedere, Viena.
erotismo;, Klimt;, moda;, mulheres;, ornamentação, Secessão;, Simbolismo;
© Gustav Klimt, "Frizo Stoclet - O abraço" (1905).
As joias, parte desta ornamentação, são de uma delicadeza e cuidado que atraem o olhar. Assim como as vestimentas. Em 2008, John Galliano apresentou em um desfile da Dior uma coleção totalmente inspirada nos vestidos usados pelas mulheres de Klimt em suas obras. O artista fez parte do Movimento pela Reforma do Vestuário, que pregava um novo tipo de vestimenta para as mulheres – assim como uma reforma nas regras de comportamento. Os vestidos tinham inspiração nas túnicas africanas de cortes largos e com tecidos de estampagem étnicos.
erotismo;, Klimt;, moda;, mulheres;, ornamentação, Secessão;, Simbolismo;
© Gustav Klimt, "Adele Bloch Bauer" (1907).
Outro elemento recorrente nas pinturas de Klimt são as ruivas. Influenciado pelos pré-rafaelitas, que popularizaram a imagem da mulher ruiva, nas obras do artista as madeixas vermelhas ganham o status de sedução e feminilidade.
erotismo;, Klimt;, moda;, mulheres;, ornamentação, Secessão;, Simbolismo;
© Gustav Klimt, "Danae" (1907-08).
Klimt realizou cerca de 3.000 desenhos eróticos, muitas vezes com cenas de sexo explícito – a maioria publicada após a sua morte. Além dos desenhos, muitas de suas pinturas trazem uma carga de intenso erotismo. O ato sexual é revisto através dos personagens clássicos da mitologia grega. A vida também é vista através da passagem do tempo e do sexo. Outra questão explorada por Klimt é o amor entre as mulheres, como na obra As Amigas. E quando o homem se faz presente nas pinturas, é como voyeur ou como complemento.
erotismo;, Klimt;, moda;, mulheres;, ornamentação, Secessão;, Simbolismo;
© Gustav Klimt, "Danae" (1907-08).
erotismo;, Klimt;, moda;, mulheres;, ornamentação, Secessão;, Simbolismo;
© Gustav Klimt, "O Beijo" (1908), Belvedere, Viena.
Klimt sentia-se atraído pela mitologia, principalmente pelas sereias – que eram vistas pelo artista como um símbolo ambíguo da feminilidade e perversidade da mulher. Em Água Agitada, as sereias são mulheres de extrema sensualidade, com seus corpos nus de formas sinuosas como se acompanhassem o movimento da água. Um verdadeiro simbolismo erótico. Muitas das mulheres retratadas pelo artista possuem corpos de uma incrível leveza, como se estivessem flutuando no ar ou na água, sem direção ou orientação.
erotismo;, Klimt;, moda;, mulheres;, ornamentação, Secessão;, Simbolismo;
© Gustav Klimt, "Água Agitada" (1898), Private Collection, Galeria St. Etienne, Nova Iorque.
Já em Judith I, o artista traz uma inovadora versão do mito. Ícone da mulher fatal capaz de submeter qualquer homem aos seus desejos, na obra de Klimt ela aparece sem disfarçar o prazer da dominação – como um prazer sexual - ao segurar a cabeça do general assírio por cuja morte foi responsável. Repleta de ouro – com um fundo em que Klimt buscou reproduzir os relevos assírios do palácio de Nínive – Judith aparece com a roupa transparente e os seios nus. Seus cabelos negros contrastam com os trabalhos em dourados. Uma feminilidade agressiva, onde a mulher tem o pleno poder, mas ainda é repleta de sensualidade.
© Gustav Klimt, "Judith" (1901), Belvedere, Viena.
No final da vida, Klimt abandonou o dourados e as cores fortes e passou a utilizar os tons pastel. Uma viagem à França também fez com que se encantasse pelo impressionismo e com isso alterasse suas pinceladas. Mas seu olhar permaneceu eternamente atraído pelas mulheres.
erotismo;, Klimt;, moda;, mulheres;, ornamentação, Secessão;, Simbolismo;
© Gustav Klimt, "Mäda Primavesi" (1912-13), Belvedere, Viena.
erotismo;, Klimt;, moda;, mulheres;, ornamentação, Secessão;, Simbolismo;

© Gustav Klimt, "Família" (1912-13), Belvedere, Viena.


Leia mais: http://obviousmag.org/archives/2012/04/klimt_e_a_eterna_atracao_pelo_feminino.html#ixzz1tGCofeX5

TOLERÂNCIA ZERO



 
Quando a boca cala.... o corpo fala!!!


Este alerta está colocado na porta de um espaço terapêutico.

O resfriado escorre quando o corpo não chora.
A dor de garganta entope quando não é possível comunicar as aflições.
O estômago arde quando as raivas não conseguem sair.
O diabetes invade quando a solidão dói.
O corpo engorda quando a insatisfação aperta.
A dor de cabeça deprime quando as duvidas aumentam.
O coração desiste quando o sentido da vida parece terminar.
A alergia aparece quando o perfeccionismo fica intolerável.
As unhas quebram quando as defesas ficam ameaçadas.
O peito aperta quando o orgulho escraviza.
A pressão sobe quando o medo aprisiona.
As neuroses paralisam quando a criança interna tiraniza.
A febre esquenta quando as defesas detonam as fronteiras da imunidade.

Muniz Sodré de Araújo Cabral -Doutor em Comunicação

O professor doutor e hoje Obá de Xangô


Por Carolina Carvalho em 24/04/2012 na edição 691

Reproduzido do ECOS Online

Talvez seja sua modéstia – mesmo sendo um dos maiores nomes da comunicação na América Latina. Ou ainda o jeito descontraído com que caminha pelos corredores da Eco. O fato é que o carinho de alunos e professores pelo baiano Muniz Sodré de Araújo Cabral vai muito além de seus títulos. “Sou absolutamente grata a ele”, afirmou a professora Cristiane Costa, com um sorriso largo estampado no rosto. Como outros colegas da UFRJ, ela foi aluna de Muniz Sodré na graduação, além de ter sido sua orientanda no mestrado e no doutorado. “Devo muito a ele, desde aprender a escrever para jornal até ter meus trabalhos acadêmicos publicados”, emendou.

Muniz Sodré é um sujeito alto e de cavanhaque alinhado que se define como um “negro moderno”. Aos 70 anos, os cabelos pretos e espessos começam a aparecer num tom mais grisalho. Ele nasceu em São Gonçalo dos Campos, uma cidade no interior da Bahia que hoje tem pouco mais de 30 mil habitantes. Carrega no currículo mais de 40 livros publicados, além de quase uma centena de artigos científicos. É um dos poucos pesquisadores brasileiros da área que tem circulação e respeitabilidade internacional.

Como professor, sempre tentou extrair o melhor dos alunos. Segundo Cristiane, que hoje ministra técnica de reportagem, a mesma disciplina que cursou com Sodré na UFF, ele é duro em sala de aula – ou pelo menos era, no início dos anos 80. “Quando o lead ficava horrível, ele dizia”, contou a professora, numa sala repleta de alunos que aguardavam para se sentar junto a ela e discutir seus textos. “Não bastava o lead responder às perguntas básicas. Ele tinha que estar ‘sensual’”, lembrou, num tom carinhoso.

O quarto bios

Em uma tarde recente, sentando em uma carteira no corredor da Eco, Muniz garantiu que não é rígido como professor, mas analisa as produções dos alunos com apuro. “Quero que eles escrevam”, reforçou, com seu tom de voz levemente rouco. “Quero o vernáculo ali, quero criatividade, mas não sou rígido gramaticalmente.” Os estudantes não precisam se sentir intimidados, pois ele analisa até os próprios escritos. “Eu olho um texto meu e digo ‘Rapaz, você com essa idade toda escreve mal, como é que pode?’”

Gustavo Barreto é doutorando em Comunicação e Cultura e teve aulas com Sodré, a quem deve parte de sua pesquisa. Ele atribui a contextualização de seu trabalho a quatro pensadores e um deles é o professor da Eco. “A ideia que mais me influenciou é a do quarto bios, grande marco da teoria dele”, explicou, sentado em uma sala de um núcleo de pesquisa da Escola. “Em toda a minha graduação eu li e citei Muniz Sodré.”

O conceito de quarto bios foi apresentado pelo professor no livro Antropológica do Espelho, publicado em 2002 pela editora Vozes. Em linhas gerais, é um complemento aos três ambientes filosóficos citados por Aristóteles – o conhecimento, o prazer e a política. Sodré coloca a mídia como o quarto bios, tratando-a como uma forma de vida, e não apenas um meio de transmitir informações.

Pulso firme

A trajetória de Muniz na Eco vem desde a criação da instituição. Após um decreto do presidente Castelo Branco, em 1967, que criava nas universidades as escolas de comunicação, José Carlos Lisboa, professor da escola de Letras, fundou e se tornou o primeiro diretor da Escola de Comunicação da UFRJ. Localizada ao lado de uma delegacia policial na Praça da Bandeira, entre o Centro e a Tijuca, a instituição já foi inaugurada em condições precárias. “Dando aula, a gente ouvia gritos de presos apanhando”, rememorou Sodré. Lisboa recrutou vários jornalistas e intelectuais interessados na área para impulsionar o novo estabelecimento. No grupo, estavam nomes como Danton Jobim, Luiz Costa Lima, Francisco Antônio Dória e, claro, Muniz Sodré, recém-chegado de um mestrado em Sociologia da Informação e da Comunicação em Paris. O professor teve papel fundamental no início do curso. “Os primeiros currículos são todos montados por mim”, disse, orgulhoso.

José Carlos Lisboa foi sucedido pelo jornalista José Simeão Leal, criador da pós-graduação da Eco, com a ajuda do filósofo Emmanuel Carneiro Leão. Juntos, conseguiram também a transferência da faculdade para a Praia Vermelha, onde está até hoje. “Isso aqui não tinha nada”, lembrou Sodré. “Não tinha equipamento nenhum, mas havia um ambiente intelectual interessante.” Em tempos de ameaça de realocação do curso para o Fundão, ele defende a manutenção da escola na Urca. “Nossa história está nessas paredes”, sustentou.

Entre 1986 e 1990, Muniz Sodré dirigiu a Eco. Nessa época, um dos estudantes era Cláudio Besserman Vianna, o falecido Bussunda. O ex-diretor, que considera ter sido “durão” em seu mandato, foi intransigente com o uso de maconha, mas sem recorrer à polícia. “Eu disse que jogaria na piscina quem estivesse vendendo maconha aqui dentro”, contou, com uma risada. Bussunda e outros alunos se divertiam às custas do pulso firme de Muniz, inventando para ele apelidos como “o fodão da Praia Vermelha” e pregando charges cômicas no mural de avisos.

“Já me aposentei, mas não vou parar”

Quase quatro décadas após chegar à Eco, o professor assumiu a presidência da Fundação da Biblioteca Nacional, a pedidos do então ministro da Cultura, Gilberto Gil. A instituição estava passando por uma crise. Sodré digitalizou os mapas, investiu na conservação dos documentos e na restauração de títulos do acervo e trabalhou pela instalação de quase duas mil bibliotecas municipais pelo Brasil. Ele avalia sua gestão como bem-sucedida, mas não voltaria a ocupar o cargo por causa da burocracia de prestação de contas. “É um péssimo negócio ser gestor público”, queixou-se. “Não quero nunca mais uma carga dessas.”

Engana-se, no entanto, quem pensa que os títulos acadêmicos são as conquistas mais valiosas para o professor. A posição que ostenta com mais orgulho é a de Obá de Xangô no terreiro Axé Opô Afonjá, uma das três casas matrizes do candomblé na Bahia. Jorge Amado e Dorival Caymmi ocuparam o mesmo posto, pertencente hoje também a Gil. A denominação é concedida a um corpo de trinta e seis pessoas encarregadas de cultuar o orixá Xangô e mediar a relação entre o terreiro e a sociedade. “Vejo a possibilidade de sair dali uma filosofia genuinamente brasileira. Estudei filosofia estrangeira, mas isso só serve na medida em que eu possa pensar o Brasil”, destacou.

De olho na celebração de seus 70 anos, comemorados em janeiro, a Eco sediará neste ano uma série de homenagens ao professor. A partir deste mês, o Laboratório de Estudos em Comunicação Comunitária, o Lecc, abrirá rodas de debate sobre suas principais obras. No final de abril, acontecerá a “Semana Muniz Sodré”, um seminário internacional que trará à escola intelectuais como Cícero Sandroni, Alberto Dines, e Henri-Pierre Jeudy. A organização do evento é assinada por Raquel Paiva, coordenadora do Lecc e esposa de Muniz. Desde seu aniversário, de acordo com as leis que regulam o funcionalismo público, Muniz entrou na aposentadoria compulsória. Mas ele já disse que não vai arredar pé da sala de aula. “Eu me aposentei, mas já pedi minha emerência. Não vou parar, quero continuar dando aulas. Vou fazer como o Márcio Amaral, que é um dos melhores professores desta escola”, resumiu.

[Carolina Carvalho é estudante de Comunicação]


Livros

"Abaixo o Celular"

27/04/2012

Reino Unido põe à venda suas tradicionais cabines telefônicas


DA EFE, EM LONDRES

As tradicionais cabines telefônicas vermelhas que ainda existem em algumas ruas do Reino Unido poderão ser adquiridas por qualquer cidadão pelo preço de 1.950 libras (R$ 5.881), informa nesta sexta-feira o diário "The Times".
Segundo o periódico, a companhia BT planeja desfazer-se de 60 cabines do modelo "K6", produzido em 1936 para comemorar o 25º aniversário da coroação do rei George 5º.
É a primeira vez desde a década de 1980 em que a antiga empresa pública, privatizada nessa década, põe à venda as clássicas cabines, que foram desenhadas pelo arquiteto inglês Giles Gilbert Scott.

Alessandro Abbonizio - 18.jun.04/France Presse
Transeunte passa diante das cabines telefônicas vermelhas em Londres, símbolo da vida britânica para os turistas
Transeunte passa diante das cabines telefônicas vermelhas em Londres, símbolo da vida britânica para os turistas
Embora Scott odiasse a cor vermelha com a qual foram pintadas, seu design se tornou muito popular entre o público, e atualmente algumas destas velhas cabinas em desuso, algumas doadas pela BT a entidades sem fins lucrativos, são reutilizadas como centros de informação, "esculturas" ou pequenos estabelecimentos comerciais.
"Agora se pode comprar um ícone do design do século XX para a casa ou o jardim, ou ainda como presente para alguém que já tem tudo", disse ao periódico a diretora do departamento de cabines telefônicas da multinacional, Katherine Ainley.
Nos anos 60, havia 70 mil cabines do modelo "K6" no Reino Unido, que progressivamente foram substituídas por novos modelos.
Atualmente, restam 11 mil dessas cabines vermelhas no país, e há outras 51 mil de um tipo mais moderno, muitas das quais geram prejuízo pela queda do uso

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1082274-reino-unido-poe-a-venda-suas-tradicionais-cabines-telefonicas.shtml

Que pena!!!!!