Pesquisar este blog

sexta-feira, 15 de março de 2013

"liberdade de criação"



UMA OFICINA INTENSA

Vanguardas poéticas, liberdade de criação, invenção melódica e identidade (uma voz própria) foram os temas abordados na Oficina de Exercício da Linguagem de hoje. Entre os exemplos debatidos, usei o magnífico poema/canção de Luiz Melodia

Fadas
...

Luiz Melodia

Devo de ir, fadas
Inseto voa em cego sem direção
Eu bem te vi, nada
Ou fada borboleta, ou fada canção

As ilusões fartas
Da fada com varinha virei condão
Rabo de pipa, olho de vidro
Pra suportar uma costela de Adão

Um toque de sonhar sozinho
Te leva a qualquer direção
De flauta, remo ou moinho
De passo a passo passo...


“Inseto voa em cego sem direção”. O apaixonado se movimenta a esmo, desorientado, como um inseto cego. Mas ele não diz “inseto cego voa sem direção”, ele prefere dizer “: “Inseto voa em cego sem direção”. E aí está a riqueza do poema. Há a melodia da canção e a nova estruturação do verso fatalmente foi pensada em função da melodia. Mas o que importa é a liberdade de criação.

Outro exemplo : “Eu bem te vi, nada/ Ou fada borboleta, ou fada canção/ As ilusões fartas/ Da fada com varinha virei condão”. Note a música do poema (que tem até o verso/passarinho Eu bem te vi), fundada na vogal a (nada, fada, farta). O poeta vira condão da fada de varinha! Bastou mudar a posição das palavras para conseguir esse efeito.

O poeta não sabe o que vai dizer antes de mexer na sequência das palavras. Ele vai experimentando, e quando funciona, ele dá por pronto, mesmo que aparentemente não faça muito sentido. Com o tempo, os poema que oferecem mais dificuldade são os mais admirados e que persistem por muito tempo.

Nei Duclós

(Imagem: Bem-te-vi)

UMA OFICINA INTENSA

Vanguardas poéticas, liberdade de criação, invenção melódica e identidade (uma voz própria) foram os temas abordados na Oficina de Exercício da Linguagem de hoje. Entre os exemplos debatidos, usei o magnífico poema/canção de Luiz Melodia

Fadas

Luiz Melodia

Devo de ir, fadas
Inseto voa em cego sem direção
 Eu bem te vi, nada
Ou fada borboleta, ou fada canção

As ilusões fartas
Da fada com varinha virei condão
Rabo de pipa, olho de vidro
Pra suportar uma costela de Adão

Um toque de sonhar sozinho
Te leva a qualquer direção
De flauta, remo ou moinho
De passo a passo passo...


“Inseto voa em cego sem direção”. O apaixonado se movimenta a esmo, desorientado, como um  inseto cego. Mas ele não diz “inseto cego voa sem direção”, ele prefere dizer “: “Inseto voa em cego sem direção”.   E aí está a riqueza do poema. Há a melodia da canção e a nova estruturação do verso fatalmente foi pensada em função da melodia. Mas o que importa é a liberdade de criação. 

Outro exemplo : “Eu bem te vi, nada/ Ou fada borboleta, ou fada canção/ As ilusões fartas/ Da fada com varinha virei condão”. Note a música do poema (que tem até o verso/passarinho Eu bem te vi), fundada na vogal a (nada, fada, farta). O poeta vira condão da fada de varinha! Bastou mudar a posição das palavras para conseguir esse efeito. 

O poeta não sabe o que vai dizer antes de mexer na sequência das palavras. Ele vai experimentando, e quando funciona, ele dá por pronto, mesmo que aparentemente não faça muito sentido. Com o tempo, os poema que oferecem mais dificuldade são os mais admirados e que persistem por muito tempo.

Nei Duclós

(Imagem: Bem-te-vi)