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terça-feira, 3 de janeiro de 2012

100 GREATEST SINGERS OF ALL TIME


prev Intro/100
 
This is an excerpt from Jonathan Lethem's introduction to the Greatest Singers of All Time feature in the November 27, 2008 issue of Rolling Stone, available in the digital archive. A panel of 179 experts ranked the vocalists.
There's something a bout a voice that's personal, not unlike the particular odor or shape of a given human body. Summoned through belly, hammered into form by the throat, given propulsion by bellows of lungs, teased into final form by tongue and lips, a vocal is a kind of audible kiss, a blurted confession, a soul-burp you really can't keep from issuing as you make your way through the material world. How helplessly candid! How appalling!
Contrary to anything you've heard, the ability to actually carry a tune is in no regard a disability in becoming a rock & roll singer, only a mild disadvantage. Conversely, nothing in the vocal limitations of a Lou Reed guarantees a "Pale Blue Eyes" every time out, any more than singing as crazy-clumsy as Tom Waits guarantees a "Downtown Train." Yet there's a certain time-tested sturdiness to the lowchops approach forged by touchstone figures like Bob Dylan and Jim Morrison and Jonathan Richman, one that helps define rock & roll singing.
For me, Bob Dylan and Patti Smith, just to mention two, are superb singers by any measure I could ever care about — expressivity, surprise, soul, grain, interpretive wit, angle of vision. Those two folks, a handful of others: their soul-burps are, for me, the soul-burps of the gods. The beauty of the singer's voice touches us in a place that's as personal as the place from which that voice has issued. If one of the weird things about singers is the ecstasy of surrender they inspire, another weird thing is the debunking response a singer can arouse once we've recovered our senses. It's as if they've fooled us into loving them, diddled our hard-wiring, located a vulnerability we thought we'd long ago armored over. Falling in love with a singer is like being a teenager every time it happens.


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The Ten Most Popular Politics Stories of 2011

By Rolling Stone
January 3, 2012 9:50 AM ET



Cpl. Jeremy Morlock, member of the Afghanistan "Kill Team"



2011 was a hell of a year in politics: The battle for the GOP presidential nomination kicked into high gear; the machinery of government ground to a halt over the debt ceiling debate; the Occupy Wall Street movement surged out of nowhere to make economic equality topic No. 1; one war wound down, while another rumbled on, no closer to resolution; Wall Street took a (rhetorical) beating in the streets, but continued to evade real accountability for the economic pain it caused. We covered the whole crazy carnival here at Rolling Stone, and we've crunched the numbers to see which stories went over biggest with you. Here, the ten most-read politics stories of 2011.












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''Someone Like You'' #1 on the Rolling Stone's Best of 2011

The 50 Best Albums of 2011

Adele, '21'
1/50 next
"Turn my sorrow into treasured gold," cried Adele Adkins on "Rolling in the Deep." It was a confession and a prophecy. 21 was this year's most stunning pop success, transmuting the young Brit's personal sorrow – the collapse of an 18-month relationship – into a 13-million-selling smash that leapt across borders and oceans and united everyone from teeny-boppers to baby boomers to hip-hop-heads. The sound is state-of-theart retro soul, with touches of Motown, bossa nova and 1970s piano pop. But at its heart was that voice: giant, classic-sounding, promising emotional depth way beyond its years. More than any other album this year, 21 made you feel its pain – from the triple-hankie tear-jerker "Someone Like You" to ripsnorting revenge songs like "Rumour Has It," where Adele rides a roiling groove and flattens everything in her path.



Amor e Sexo - Rita Lee

O QUE O HOMEM DEVERIA ENXERGAR


Arte de Matisse

Fabrício Carpinejar



Uma faxineira me contou.

Ela demorou muito tempo para entender a insatisfação de sua patroa.
Lavava, arrumava, ordenava com esmero e recebia alguma reclamação sobre a falta de capricho no fim do expediente.

Da onde tirava essa conclusão?

Ela já confiava na hipótese de que não recebia elogio de propósito, para não se acomodar, que era um método de superação. Ou uma maldade produtiva.

Ameaçou largar o endereço, desistir de convencê-la da injustiça, reclamou ao marido a tortura de viver esmolando elogio.

Mas ela acabou capturando o motivo da cisma constante e semanal. Libertou-se da dúvida.

A patroa não vistoriava a casa, não observava o conjunto, não conferia o chão ou as roupas dobradas. Talvez nem fiscalizasse o pó das mesas. Reparava em um único detalhe: os interruptores de luz. Se apareciam brancos e brilhantes, tomava como princípio que o trabalho foi bem feito. Quem lavava o interruptor pensaria em todo o resto. Logo ao acender a luz, a dona da residência aprovava ou criticava o serviço. Nem lançava as pupilas pelos aposentos.

Essa percepção da patroa, que elege o ínfimo como senha da limpeza, e o cuidado da faxineira, que compreende a mensagem invisível, revelam as sutilezas femininas.

O homem deveria ficar mais distraído. Só a distração nos conduz ao indispensável.

Por exemplo, eu enlouqueço com mulher que mexe os brincos no meio de uma conversa. Há um desinteresse charmoso nesta atitude. Quase um desprezo desafiador. Redobro as gentilezas. Ofereço o que ela não ousou pedir. Sinto que vou perdê-la no próximo instante, que algo que lembrou supera a minha voz.

Para me torturar, ela vira o pescoço sutilmente ao lado. Tal apresentadora atendendo a um ponto dos produtores. Não posso acusá-la de indiferença - mantém os olhos no meu rosto.

Comemoro sua sofisticação, a complexidade dissimulada. Concluo que esteja conversando com seus demônios. E que o demônio no ombro direito ameaça, bem desaforado:
- É sempre dia para o corpo. Vai, abraça esse canalha!

Já a percebo como uma feiticeira, uma bruxa, uma doida, que está definindo sua vida tocando as curvas do lóbulo. É o detalhe que decide. O detalhe conspira, inunda, confunde. Ela diz sim a partir dos ouvidos mais do que da boca. O ouvido tem que gostar de mim.

Por isso minha escola são os interruptores de luz: uma mulher fica realmente nua quando tira os brincos.
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OVOS QUEBRADOS


Arte de Arthur Dove

Fabrício Carpinejar



Chega um momento em que a relação precisa quebrar os ovos. É bom estar preparado.

Será como o trabalho doméstico: transparente. Lava-se louça, roupa, estende, retira os vincos com ferro, limpa casa, recolhe o lixo, arruma os brinquedos e os filhos nem reparam que tudo está novamente no lugar e no armário, apesar da bagunça feita recentemente. É óbvio que não vão agradecer. É o que chamo de passado secreto. Aconteceu, mas não merece memória. Entretanto, a raiva fica: não fui valorizado e resta um desmemoriado mal-estar.

Minha namorada resolveu comer omelete. Ela já fez o prato outras vezes em seu apartamento.

Estava em casa e me antecipei na captura dos ingredientes, louco para agradá-la. Mas a minha menção de executar a tarefa a desagradou. Entenda, é o passado secreto. O ardiloso passado secreto. Com minha efusiva disposição, ela desconfiou de que não gostava de suas omeletes e que somente agora, decorrido um ano, estava com coragem de falar.

Raciocinei que significava uma informação dispensável, meu modo era dourar os dois lados e o dela era envelopar a massa ao final, mas ela tratava o assunto com tamanha energia que até me assustou.

- Quer que eu faça?
- Não gosta do jeito que faço?
- Gosto, é que eu mostraria minha predileção...
- Gosta nada, quem já fez omelete para você? Quer do jeito de quem? Confessa?
- De ninguém.
- Ora, vai nessa, qual é a receita? Com queijo ralado, requeijão, fatias? Por que nunca me disse que não gostava da minha omelete? Eu me sinto uma idiota...
- Eu gosto, só busquei uma maneira diferente.
- Que maneira?
(Daí eu me danei)

Levaremos mais tempo discutindo na tentativa de prevenir a discussão. A conversa durou duas horas. Duas horas sobre absolutamente nada, a não ser o medo do que não foi vivido junto. Se aliso seu umbigo, acreditará que repito um convite libidinoso com uma antiga namorada. Quanto mais a gente se entrega, maior é o pânico de estar sozinho na doação, de ser uma miragem afetiva. Tanto que após desfiar um "eu te amo tanto", não ouse nunca mais declarar "eu te amo" - é como se amasse menos.

O ciúme está dobrado em cada gesto, fazendo contas e pedindo estornos. Não há saída; passe manteiga na conversa, aqueça a frigideira e admire os ovos quebrados na pia.

Repare como o negócio é tinhoso. Durante as compras, no caixa, costumava perguntar se ela estava naquele momento com troco. Não falava dinheiro, mas troco. Uso troco para tudo. Para quê? Ela já formulou uma tese de que empregava o código com a ex. Igual sina em nossas rotas românticas. Relaxados, sozinhos e prontos para namorar, peço que ela me alcance o champanhe do balde: - Por favor, me passe a "champs"? “Champs”? Feito o entrevero. Usava também esse dialeto com a ex.

O grave é que ela tem razão. Só não desejava brigar, ainda mais quando não tenho defesa. Ela poderia ser mais justa e me dar tempo para preparar uma mentira.
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O lado sensual da força

 
 
Por que o romantismo vira safadeza – ou morre
 
Outro dia eu ouvi no rádio uma moça reclamando de que o sexo com o namorado dela tinha se tornado “pervertido”. Segundo ela, os dois repetiam, toda vez, um mesmo enredo de “palavrões e baixarias”, que ela achava excitante, mas, de alguma forma, frustrante. “Com o namorado que eu tive antes não precisava de nada disso”, ela disse. “Era mais intenso, mais natural. Eu tenho saudades.”

Quando ela terminou de falar, o médico fez as perguntas que eu tive vontade de fazer: há quanto tempo vocês estão juntos? Quanto tempo você ficou com o namorado anterior? As respostas eram previsíveis: alguns anos com o namorado presente, uns poucos meses com o anterior.

A gente nem sempre gosta, mas o sexo muda com a idade e com a duração das nossas relações. Parece haver uma tendência geral em direção ao lado negro e sensual da força.

Quando somos garotos, bem garotos, fazemos sexo com pouco mais do que bons sentimentos. Somos ternos, apaixonados, quase assustados ao transar. É um milagre que dessa combinação romântica e ingênua resulte uma relação sexual completa. Satisfatória? Raramente.

A experiência, porém, muda as pessoas. O desejo feito exclusivamente de delicadezas e suspiros vai dando lugar, aos poucos, a outro tipo de sensações. Em algum momento as mulheres começam a perceber a “pegada” masculina e os homens descobrem, dentro de si, com o auxílio sutil ou descarado das parceiras, um repertório de possibilidades eróticas mais viscerais.

Nessa hora o sexo deixa de ser um esporte (algo feito apenas com o corpo), para se tornar um teatro, em que as palavras e os personagens (antes ocultos pelo pudor) ocupam o centro da cena. Ou da cama. Transar passa a ser, intensamente, uma descoberta do outro e de se mesmo.

Quando essas coisas acontecem? Depende de cada um. Há pessoas que cedo descobrem seu lado escuro e sensual. Outras vão topar com essa parte de si mais tarde. Experiências, sobretudo as de iniciação, parecem determinantes. Assim como a personalidade e a idade dos parceiros. Pesa muito o temperamento de cada um. Às vezes a criação.

Você pode conversar com uma mulher de 30 anos com uma experiência exclusivamente romântica e adocicada de sexo. E topar com outra, 10 anos mais jovem, que surpreende o parceiro pela safadeza ou aspereza do erotismo. Vale o mesmo para os homens. Precoces e degenerados estão em toda parte, assim como o seu oposto. Sexo é uma faceta da personalidade. Cada um tem a sua – e nem sempre é fácil expressá-la.

Quando um sujeito ou uma moça começa a descobrir suas preferências profundas pode topar com uma barreira de ignorância ou resistência. Quem não se lembra de experiências desastradas desse tipo?

O sujeito cheio de desejo começa a dizer umas baixarias no ouvido da moça e ela reage péssimo: “Pare com isso, eu não gosto”. Ou então é ela quem decola sozinha na fantasia, pede umas coisas que moças finas nem sabem que existe e depara com um olhar de reprovação – ou da mais pura perplexidade. Esse tipo de descompasso é sempre broxante.

Mas, a despeito dos acidentes de percurso, parece haver uma regra geral: com o passar do tempo, o romantismo dá lugar à sacanagem como o jeito mais recorrente de fazer sexo, sobretudo no interior dos casais.

Minha impressão é que os casais, com o passar do tempo, descambam inexoravelmente para a sacanagem. Talvez seja o único jeito de manter o sexo vivo no longo prazo. Suspiros e “eu te amo” se esgotam com alguma rapidez. No lugar deles costuma entrar uma robusta e saudável... putaria. Essa não se esgota tão rapidamente e pode ser alimentada interna e externamente por uma infinidade de recursos. Casais com alto grau de cumplicidade e interesse recíproco costumam ter sexo intenso por muito tempo – mas ele raramente é cândido.

Então voltamos à moça do rádio.

Ela estava insatisfeita com a baixaria que tem em casa. Preferia o sexo espontâneo e “natural” que conheceu antes. Pode ser uma questão real de adequação com o parceiro, mas ela talvez tenha apenas saudades de estar apaixonada. Todo mundo já sentiu isso num momento ou em outro. Não há substituto para os hormônios da paixão. Tudo parece sublime, mesmo os fluídos e ruídos mais humanos. É pena que o tempo leve com ele essa sensação maravilhosa. Quando isso acontece, há duas alternativas: explorar o lado escuro e sensual da força ou correr atrás de outra paixão. A moça do rádio, pelo visto, já estava pronta para outra.

  Reprodução
Ivan Martins
IVAN MARTINS
É editor-executivo de ÉPOCA

(Ivan Martins escreve às quartas-feiras)

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI256330-15230,00.html

Pra que seduzir se você pode cutucar?

Pra que seduzir se você pode cutucar?

Havia um tempo em que conquistar uma mulher era dançar o Charleston num campo minado.


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Não falo apenas de eras passadas, do tempo em que a pipa do vovô ainda subia. Há uns 15 anos, quando uma garota encantava um rapaz, o macho logo sentia a necessidade de saber mais sobre a mulher.
E será que eu devo colocar Roxette na mixtape?

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Ter essas informações era fundamental para ganhar o coração da pequena. Somos o que lemos, ouvimos, assistimos, comemos. (Na verdade, somos mais que isso. Mas por meio de nossos gostos é possível fazer um retrato – ainda que em cores opacas e imperfeito – de como nos comportamos, de como pensamos a vida.)
Cada gosto, traço da personalidade da menina descoberto pelo homem era uma peça encaixada no quebra-cabeça. Um quebra-cabeça que todo homem adepto da boa sedução adoraria passar a vida completando, peça a peça.
Assim, seduzir era matar um leão por dia, amigo. E era uma tarefa deliciosa. Você se encantava por uma garota e, em seguida, o que mais desejava era passar as horas descobrindo cada polegada da mulher.
Este tempo acabou. Pelo menos é o que dizem.
Hoje está tudo ali, impresso no perfil de Facebook, postado em 140 caracteres ou menos no Twitter, nas ondas do rádio fake que é o Last FM.
Será que ela gosta de blues? Basta checar sua playlist.
Será que ela era aficionada por Anos Incríveis? Dê uma olhada nas páginas que ela curtiu.

Link YouTube | Se eu disser que choro vendo este trecho, vocês vão me julgar?
Eu mesmo já escrevi que:
Amor em tempos de internet é algo frio. Os amantes de amanhã não conhecerão hoje a sensação de ver o rosto abobalhado da menina que recebe uma mixtape em mãos. Não saberão o que é ter febre de tanta vergonha na hora de entregar o cassete. São meninos tristes e serão homens tristes.
Este é exatamente o pensamento corrente: os alicerces para a sedução não mais existem, pois tudo está exposto. Não há o que ser descoberto. E sedução é isso: descoberta.
Não é bem assim.
Hoje eu revejo este conceito de que a sedução está no limbo. Creio que, de fato, está tudo exposto e muito não precisa ser descoberto. O que exige dos homens sedutores malabarismos de diversas sortes. Isto se explica porque aquilo que se vê não é o que se tem. Ou seja, a persona criada para Facebook, Twitter, Last FM e afins serve não para que se conheça mais sobre a mulher, mas sim para que ela se esconda por sobre aquilo que ela julga ser sua personalidade.
Nas redes sociais, o homem é desconstruído – de estratos de carne e osso e personalidade e a coisa toda. É a desfragmentação de quem realmente somos. Viramos avatares. Você tem milhares de conexões no Facebook e ninguém com quem sair no fim de semana. Você é tendência no Twitter porque só fala coisa interessante mas não sabe conversar nem com seu vizinho.
Como nos tornamos muitos e nenhum, o que resta de nós – a nossa porção offline – cria uma aura de novidade. Torna-se difícil conhecer alguém de fato, por mais que conheçamos seus perfis na internet e saibamos todos os seus gostos.
É então que o mistério da mulher é realçado e ganha outros níveis. Aquela com quem você troca mensagens no chat não é a mesma menina com quem você bate papo na mesa de um bar ou durante um jantar.
O que aqueles olhares na mesa do restaurante querem dizer, meu Deus? E o que eles escondem? É um qualquer coisa que não cabe em 140 caracteres.
O mistério acabou com as redes sociais, com esses lugares onde se escancaram gostos e opiniões? Não. Muito ao contrário. Ele apenas tornou-se mais difícil se ser decifrado.

Algumas coisas ainda são misteriosas e não podem ser descritas em sua plenitude no perfil de Facebook. Como o perfume. O cheiro, este sentido extremamente ligado à afeição, nunca é revelado.


por

Scotch, por favor. Sem gelo.

Um doente estafado de uma cavalgada que cruzou grande parte do território escocês foi medicado com uma droga anestésica na primeira metade do século 15.

Os monges celtas que o tratavam, já haviam utilizado este medicamento mais de uma centena de vezes. Devido à crença que esses religiosos depositavam na bebida que aliviava a dor daqueles que portavam graves enfermidades, batizaram-na de aquavitae, ou água da vida.

Esse registro (historicamente não confirmado) levanta a suposição que a arte de destilação da aquavitae já era conhecida na Irlanda, onde operava a Igreja Celta. Essa droga que os monges produziam era baseada em uma mistura de maltes especiais destilados. Quando a droga popularizou-se na Escócia, a palavra aquavitae foi traduzida para o gaélico escocês como uisge beatha e, posteriormente, usquebah (cuja pronúncia se parece com uísque).
Entretanto, mesmo que os monges já destilassem em toda Europa o malte que entraria para a história, foi na escócia que eles encontraram o mais formidável de todos os terroirs.
Para o leitor que não está familiarizado com a expressão, terroir significa uma reunião de todas as características climáticas e geológicas de uma determinada região que, quando juntas influenciando a produção de uma determinada iguaria, a tornam única e diferenciada de outra produzida em uma região de terroir diferente.
Em 1845 o Frade John Cor publicou o famoso pedido de compra de oito bolls (1300L) da bebida, em nome do rei da Escócia. Esse foi o primeiro registro de uma transação de Whisky conhecida na história. Em 1850, burgueses escoceses como John Walker, George Ballantine, James Chivas, John Dewar e Matthew Gloag começaram a produzir blends com grãos leves. Desde então o Whisky escocês vêm liderando as vendas em relação aos produzidos em qualquer outro lugar do planeta.
A produção de Whisky foi se diversificando e tornando-se mais complexa na medida em que as principais destilarias escocesas cresciam. Entretanto os Whiskys que realmente vendiam eram os Malt Whisky que podem ser formados por um único malte, por um malte puro de uma só destilaria, ou por um blend deles, e o Grain Whisky que pode ser destilado a partir de grãos de milho ou de trigo.
Em uma garrafa de Scotch Whisky existem cerca de 800 compostos químicos dos quais 44 vêm do carvalho do barril. Não existem 2 scotch whiskies iguais, embora algumas vezes duas ou mais destilarias pertençam ao mesmo dono, usem a mesma cevada, água, barril, etc. Elas sempre produzirão produtos finais diferentes. Uma vez engarrafado a bebida torna-se complexa através de seu envelhecimento.
Um Whisky pode ser feito 100% com cereais maltados, provenientes de uma única destilação e, por isso mesmo, pode apresentar sabores diversos de acordo com cada processo. Esse tipo de Scotch é chamado de Puro Malte. Os “Puro Malte” podem ser engarrafados como “Single Malt” no qual apenas uma destilação é utilizada ou como “Vated” no qual várias destilações “single malt” são misturadas para se conseguir o profuto final. Entre os apreciadores é comum afirmar que o “single malt” é um músico solista se apresentando, enquanto o “vated” é toda a orquestra tocando junta.
Essa bebida é envelhecida por no mínimo 6 anos. Um Scotch tradicional, por no mínimo 8. Considerando que um blender especialista cuja formação de toda uma vida o tornou capacitado para preparar essa ilustre iguaria por 12, 15, 18, 21 anos ou mais, você não acha que seria uma pouco de desrespeito da sua parte misturar guaraná, soda ou energético com seu Whisky?
Amanhã, na continuação da matéria, você irá conhecer alguns dos melhores scotchs do mundo e os “Whiskys” fabricados em outras regiões, tais como Estados Unidos e Irlanda do Norte.

... continuação...

Continuando a matéria anterior, agora que você já conhece a história do Whisky escocês, vamos direto onde interessa: ao Scotch.
Jack Danie'sEm tempo: relembro que o Scotch legítimo é, necessariamente, produzido na região de Highlands na Escócia. Um “Whisky” de outra região do planeta recebe a nomenclatura de Whiskey. Os mais conhecidos Whiskeys são os irlandeses e americanos. Um (dos únicos três) excelente Whiskey Irlandês cujo rótulo começa a se tornar conhecido no mundo inteiro é o Jameson, engarrafado em Dublin, que reúne um aroma suave com um paladar intenso, porém não tanto encorpado.
Entre os Whiskeys americanos, sempre houve confusão quanto à nomenclaturas. Algumas bebidas são maltadas por lá com milho, ao invés de trigo, e eram popularmente conhecidas como Bourbons. Entretanto, o estado do Kentuck adquiriu a patente da marca Bourbon obrigando todos os fabricantes americanos de Whiskey de milho retirarem a nomenclatura de seus rótulos. Um exemplo é a mais fomosa marca de Whiskey Americano Jack Daniel’s que, por engarrafar a bebida no estado de Tennessee, passou a rotulá-la como Tenessee Whiskey. Embora se trate de um Whiskey maltado com milho, os fabricantes de Tennessee Whiskey garantem que há diferenças no processo produtivo entre seus produtos e os Bourbons. Para os que ainda não conhecem o excelente Jack Daniels, vale a pena conferir seu aroma leve e adocicado que acompanha um paladar macio e de corpo moderado.
Porém, em se tratando de Whiskies escoceses a variedade é muito grande. Não tenho a pretensão de citar todos os rótulos aqui, entretanto pretendo falar de algumas bebidas em que você poderá degustar no happy hour, logo mais, quando terminar de ler essa matéria; no restaurante hoje à noite ou no importador local mais próximo da sua casa.
Johnnie WalkerFalando em Scotchs populares, não poderia jamais deixar de iniciar essa lista com aquele que é a mais famosa marca já estampada em um garrafa de Whisky. É verdade que o brandão publicitário “Keep Walking” criou uma aura de produto cult em torno dos rótulos Johnnie Walker, mas não acredito que esse tenha sido o único fator de sucesso responsável por emplacar 7 em 10 garrafas de Whisky vendidas no planeta.
A JW é uma das três destilarias do grupo United Distillers And Vintners ao lado de J&B e Bell`s.
Sem dúvida alguma é a destilaria com os processos de produção mais industrializados e eficientes. Talvez seja essa, uma das razões por seu faturamento historicamente elevado. Poucos que passam em frente a destilaria na parte baixa das montanhas Ochil podem imaginar que lá dentro há mais de 3 milhões de garrafas em processo de maturação!
Essa capacidade de produzir em larga escala associada à notável campanha de marketing, fez desse o Whisky mais comercializado e popular do mundo (e o mais falsificado também). Logo, por essa razão, criou-se o boato entre os “pseudo-conhecedores” de que o rótulo Johhnie Walker representa um singelo modismo. Isso não é verdade.
É fato que a competência administrativa do pessoal da destilaria levou uma garrafa da escócia para praticamente cada casa noturna, bar e restaurante da terra. Entretanto esse era o rótulo predileto de célebres apreciadores como Winston Churchill e James Stevenson.
O patriarca da família Walker após desenvolver o blend de maior sucesso na história do Scotch, produzido até hoje sob o rótulo de Johnnie Walker Black Label 12-year Old, resolveu criar o mais impressionante blend de todos os tempos. Com a ajuda de seus filhos, Johnnie Walker produziu artesanalmente (e ainda permanece assim) o blend que reúne maltes selecionadíssimos maturados somente em uma breve época do ano e o envelheceu por 21 anos. Estava criado o Blue Label 21-year Old que, nas palavras de John Walker era “o blend criado para nunca ser batido”. O Blue Label é sem dúvida nenhuma o rótulo mais premiado da história do Whisky escocês e, em eleição recente, a maior publicação do gênero o agraciou com o prêmio resumido em “muitos tentaram superá-lo, mas Johnnie Walker permanece como referência”.
Para os que não podem pagar um fortuna para saborear o Scotch que, na minha opinião, é a mais bela obra de arte já selada em uma garrafa, há várias excelentes opções de rótulos JW. O mais popular é o Red Label que é uma bebida de qualidade impressionante quando analisada sob o aspecto de seu baixíssimo preço. E, como minha sugestão para os que desejam apreciar uma excelente bebida sem ter de hipotecar seu automóvel, eu recomendo o Black Label que, apesar de custar relativamente muito pouco, possui uma complexidade de sabor que se aproxima de seus irmãos mais caros como Gold e Green Label.
Outros rótulos que encontramos com facilidade nos cardápios de bares nacionais são o Ballantines, Grant’s e White Horse. Esses Whiskies em suas versões de entrada também possuem um custo bastante reduzido, entretanto, nessa faixa de preço o Johnnie Walker Red Label permanece referência, na minha opinião.
ChivasUm Scotch de considerável qualidade que reúne um aroma leve associado à um corpo razoável e uma complexidade impressionante para um Whisky de custo relativamente baixo é o Chivas Regal 12 anos. Fácil de ser encontrado, é uma sugestão que, ao lado de Johnnie Walker Black Label representa o melhor custo-benefício para quem não quer gastar muito para beber bem. A diferença entre a qualidade dos dois é sutil, quase subjetiva. Eu, pessoalmente, ainda prefiro o JW Black Label.
Famous GrouseDois outros rótulos, que já não são tão populares ou fáceis de serem encontrados, são os Whiskies especiais The Famous Grouse e Old Parr. São Whiskies cuja faixa de preço ficam entre JW Black Label ou os especialíssimos JW Gold Label e Swing. Contudo, apreciar um desses rótulos mais “raros” não se trata de beber o melhor Scotch e sim de conhecer o completamente diferente.
Old Parr
O paladar menos apurado pode mal perceber a sutil diferença entre um Chivas Regal 12 anos e um JW Black Label. Todavia, a produção artesanal confere ao The Famous Grouse e Old Parr um toque simplesmente diferente. Aqueles que querem entrar de cabeça no mundo do Scotch podem vir a se tornarem puristas e se apaixonarem por rótulos que como esses, permanecem produzidos tal como eram há dois séculos atrás.
Finalmente, já que estamos falando em sair da rotina a sugestão é um Scotch que pertence há uma categoria diferente dos Blended citados acima: os Puro Malte. Na minha opinião, não é certo comparar um Puro Malte com um Blend com até 18 espécies de maltes distintas! Eles são, simplesmente, diferentes. Para entender do que estou falando sem ter de investir bastante numa cara garrafa de Johnnie Walker Green Label, a dica é o Glenfiddich 12-year Old Pure Malt, cujo valor não se afasta tanto dos Whiskies populares.
Agora, já que falamos de tantos rótulos diferentes, você já possui um ponto de partida para sair com seu carrinho no supermercado. Gostaria de lembrar que essa lista não é uma referência e sim uma sugestão subjetiva. Entretanto, após descobrir os rótulos aqui citados você, que nunca bebeu um Scotch, certamente terá formado uma opinião para elaborar a sua própria lista.
Também gostaria de lembrar que o gelo do Whisky se dissolve em água alterando as propriedades da bebida. Apesar disso, não há um concenso sobre o modo correto de beber Scotch. Os puristas acreditam que o sabor verdadeiro só pode ser identificado no estilo Cowboy(sem gelo); os defensores do on-the-rocks(com gelo) afirmam que as duas pedras liberam aromas escondidos que podem imprimir uma nova carecterística à bebida. Independente da discordância, o certo é que todos os apreciadores ficariam ofendindos em nome dos Blenders escoceses ao verem essa extraodinária bebida ser misturada com refrigerantes, sodas, energéticos e outras coisas mais.
Agora abra o jogo e compartilhe conosco suas melhores histórias e porres com o famoso Whisky…

Rodrigo Almeida

Engenheiro, apaixonado pela vida e por qualquer coisa com um motor potente, nostálgico entusiasta de muitas daquelas boas coisas que já não mais se fazem como antigamente.

Yokohama: onde o Japão encontra a China

A cidade japonesa que sediou a final do Mundial de Clubes tem a maior Chinatown da Ásia
Claudia Sarmento


Os templos da Chinatown de Yokohama: atração à parte Foto: Claudia Sarmento / O Globo
Os templos da Chinatown de Yokohama: atração à parte

TÓQUIO - Tão falada nas últimas semanas por causa da expectativa em torno do confronto entre os jogadores Messi e Neymar, Yokohama é uma cidade na qual os turistas não prestam muita atenção quando vão a Tóquio. A capital fica a 20 minutos de trem-bala dali e existe um ponto de Yokohama que justifica o passeio: a Chinatown, maior comunidade de imigrantes chineses de toda a Ásia. O colorido dos templos (o Mazu Temple é o mais famoso), das lojas e das lanternas vermelhas espalhadas pelas ruas dão a impressão de que você realmente atravessou uma fronteira. A comida em Chinatown é famosa, há mais de 200 restaurantes, que oferecem a culinária típica de diferentes partes da China. O lugar começou a ser construído no século XIX, quando o Japão abriu os portos para o mundo e Yokohama, na beira do mar, atraiu os comerciantes chineses. Resistiu a terremotos, à guerra entre Japão e China e à Segunda Guerra Mundial. Comer um dim sum ali, entre vendedores que só falam mandarim, pode até ser um programa barulhento para quem se apaixona pelo silêncio e a organização de Tóquio, mas é bem divertido.

Saquê: um amigo japonês
Se no Rio os restaurantes japoneses se limitam a oferecer saquê nacional ou importado, em Tóquio a coisa é bem mais complicada. O cardápio de saquês é interminável e indecifrável para um estrangeiro. O gosto da bebida varia de acordo com as diferentes regiões produtoras, mas a boa notícia é que os bares estão sempre dispostos a ajudar quem está totalmente perdido. Um endereço bem autêntico, voltado para quem realmente aprecia a bebida japonesa, é o bar Kamozou, em Shinjuku, que tem uma seleção de 150 tipos de saquê (MS Kagurazaka Bldg. 2F, 1 Iwatocho, Shinjuku-ku, tel. 03 3268-4612). Mas é bom estar acompanhado por alguém que fale japonês porque o Kamozou não foi feito para turistas.

Hong Kong: alfaiataria chinesa
A velha crença de que homem não tem paciência para bater perna em shopping não funciona em Hong Kong, um verdadeiro templo de consumo asiático. O Landmark Men (landmarkmen.com) foi aberto recentemente e é dedicado só à clientela masculina. Como tudo em Hong Kong, que atrai muitos milionários vindos da China Continental, são as marcas de luxo, como Louis Vuitton e Gucci, que se destacam. Mas estrangeiros também têm ido ao lugar procurar a mundialmente famosa alfaiataria da região.


Cingapura: mergulho no aeroporto
Parar no Aeroporto Internacional de Changi, em Cingapura, ponto de passagem para muita gente que está em trânsito pela Ásia, está longe de ser um tormento. O aeroporto sempre figura na lista dos melhores do mundo e seus luxos não se resumem aos lounges vips. Tem quartos para quem quiser dormir só por algumas horas (por cerca de US$ 20), piscina para um mergulho rápido (US$ 11) e ônibus de graça para um tour pela cidade-Estado. Outro serviço que faz sucesso: um tanque para mergulhar os pés e ser massageado por mordidinhas de peixe. Dizem que é melhor do que qualquer pedicure, caso você consiga vencer a aflição.


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