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domingo, 30 de março de 2014
Poesia de Priscila Rôde
morrer poema e morar
noutro lado da curva
onde as regas avançam
e as coisas quentes
ficam ainda mais rentes
ao meio-dia
querer quase fundo
de morar no ar
demorar
orar
noutro lado do corpo
onde o sol se põe
prenhe de sons e uma luz
bem à frente dos olhos
sempre dentro deles
sempre dentro
me adentra
nua
Priscila Rôde
Ócio
céus pousados nos ombros
sais vários temperando o rosto
calando as chuvas
meus ais
domingos
antigos cansaços
todos espremidos
num canto da sala
decompondo-se em
tácitos azuis
desenrolo o dia
cotovelos na janela
queimados de sol
e esquecimento:
um fio de cinza
quase beija meu corpo.
Priscila Rôde
parto e esqueço quem fui, se fui –
para que o corpo permaneça corpo,
para que o tempo permaneça tempo e o peito
esse imenso lago sem fundo, sem fluxo.
Priscila Rôde
http://priscilarode.com/
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