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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Ensinamentos de Gandhi

 


 
 
Perguntaram numa ocasião a Mahatma Gandhi quais são os factores que destroem o ser humano, ele respondeu assim:


"A Política sem Princípios, o Prazer sem Responsabilidade, a Riqueza sem Trabalho, a Sabedoria sem Carácter, os Negócios sem Moral, a Ciência sem Humanidade e a Oração sem Caridade. A vida tem ensinado a mim, que as pessoas são amáveis, se eu sou amável; que as pessoas estão tristes, se estou triste; que todos me querem bem, se eu quero bem a eles; que todos são maus, se eu os odeio; que há rostos sorridentes, se eu sorrio para eles; que há rostos amargurados, se estou amargurado; que o mundo é feliz, se eu sou feliz; que as pessoas tem nojo, se eu sinto nojo; que as pessoas são gratas, se eu tenho gratidão. A vida é como um espelho: Se sorrio, o espelho me devolve o sorriso. A atitude que tomo na vida, é a mesma que a vida tomará ante mim."
"Quem quiser ser amado, que ame".

A única razão porque és feliz, é porque tu decides ser feliz!
 
Um feliz dia pra você!
 

LONGE DAQUI - poesia de Hernâni Correia




Em sonho lá vou de fugida,
Tão longe daqui, tão longe.
É triste viver tendo a vida,
Tão longe daqui, tão longe.
Mais triste será quem não sofre,
Do amor a prisão sem grades.
No meu coração há um cofre,
Com jóias que são saudades.
Tenho o meu amor para além do rio,
E eu cá deste lado cheiinha de frio.
Tenho o meu amor para além do mar,
E tantos abraços e beijos pra dar.
Ó bem que me dá mil cuidados,
Tão longe daqui, tão longe.
A lua me leva recados,
Tão longe daqui, tão longe.
Quem me dera este céu adiante,
Correndo veloz no vento.
Irás a chegar num instante,
Onde está o meu pensamento.
Tenho o meu amor para além do rio,
E eu cá deste lado cheiinha de frio.
Tenho o meu amor para além do mar,
E tantos abraços e beijos pra dar,
Tenho o meu amor para além do mar


Uma dose de CHICO...






O que é corrupção?


Corrupção significa deterioração, quebra de um estado funcional e organizado.

A palavra corrupção deriva do latim “corruptus” que, numa primeira acepção, significa “quebrado em peças” e numa segunda acepção, “apodrecido”, “pútrido”.

O verbo corromper significa tornar pútrido, podre.

Numa definição ampla corrupção política significa o uso ilegal - por parte de governantes, funcionários públicos e agentes privados - do poder político e financeiro de organismos ou agências governamentais com o objetivo de transferir renda pública ou privada de maneira criminosa para determinados indivíduos ou grupos de indivíduos ligados por quaisquer laços de interesse comum – como, por exemplo, negócios, localidade de moradia, etnia ou de fé religiosa.

Em toda as sociedades humanas existem pessoas que agem segundo as leis e normas reconhecidas como legais do ponto de vista constitucional.

No entanto, também existem pessoas que não reconhecem e atacam essas leis e normas para obter benefício pessoal. Essas pessoas são conhecidas sob o nome comum de criminosos. No crime de corrupção política, os criminosos – ao invés de assassinatos, roubos e furtos - utilizam posições de poder estabelecidas no jogo político normal da sociedade para realizar atos ilegais contra a sociedade como um todo.

A corrupção ocorre não só através de crimes subsidiários como, por exemplo, os crimes de suborno (para o acesso ilegal ao dinheiro cobrado na forma de impostos, taxas e tributos) e do nepotismo (colocação de parentes e amigos aos cargos importantes na administração pública). O ato de um político se beneficiar de fundos públicos de uma maneira outra que a não prescrita em lei – isto é, através de seus salários - também é corrupção.

Um exemplo clássico de corrupção é utilização por um político de seu conhecimento e de seu poder de tomada de decisão sobre fundos públicos na realização de um investimento particular (ou de seus companheiros políticos) para a compra de terras baratas que ele sabe que irão se valorizar em função de obras (como estradas e avenidas) que ele – enquanto governante - sabe que o governo fará com dinheiro público.

Todos as tipos de governos são afetados por crimes de corrupção, desde uma simples obtenção e dação de favores como acesso privilegiado a bens ou serviços públicos em troca de amizade até o pagamento superfaturado de obras e serviços públicos para empresas privadas em troca do retorno de um percentual do pagamento para o governante ou para o funcionário público (seja ele ou não seja ele uma figura preposta do governante) que determina o pagamento.



Nota: resposta de um leitor no Yahoo, siga lendo aqui: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20060821123818AAnfNA5
Desconheço a fonte.
 
 

money, money, money







O Capital



O Capital (em alemão: Das Kapital) é um conjunto de livros (sendo o primeiro de 1867) de Karl Marx como crítica ao capitalismo (crítica da economia política). Muitos consideram essa obra o marco do pensamento socialista marxista. Nesta obra existem muitos conceitos econômicos complexos, como mais valia, capital constante e capital variável, uma análise sobre o salário; sobre a acumulação primitiva, resumindo, sobre todos os aspectos do modo de produção capitalista, incluindo uma crítica exemplar sobre a teoria do valor-trabalho de Adam Smith e de outros assuntos dos economistas clássicos.

Livro 1 - o processo de produção do capital 1867
Único dos Livros lançado em vida por Marx e que por isso se beneficiou de refinamento de estilo, melhorias entre edições, acréscimos de posfácios do próprio autor e lançamentos das versões Alemã, Inglesa, Russa e Francesa (levemente distintas, apesar da 4° edição Alemã 1893 ser considerada a versão definitiva devido às correções de Engels e Eleanor Marx e por isso comumente usadas para a tradução para outras línguas).

Livro 2 - o processo de circulação do capital 1885

Publicado após a morte de Marx, ficando a edição a cargo de Engels. A diferença no estilo dos Livros 2° e 3° em relação ao 1° fazem com que alguns aleguem sua escrita a Engels, . Embora os Livros 2 e 3 tenham sido dedicados à esposa de Marx, Jenny, cogitou-se dedica-los a Darwin. Engels, no túmulo de Marx, disse Darwin mostrou a lei do desenvolvimento da natureza orgânica, e Marx a da natureza humana.

Livro 3 - o processo global da produção capitalista 1894

Com a publicação desse 3° Volume Engels termina a tarefa de tornar pública a teoria econômica de Marx ao conjunto do sistema capitalista. Em algumas partes ele relata que teve de preencher as lacunas como um co-autor, mas que identificou os tais acréscimos para que não houvesse dúvidas quanto a o que Marx queria dizer. Porém críticos[quem?] disseram haver problemas e lacunas, o que ainda hoje é tema de debates e uma das maiores lamentações quanto ao fato de o autor ter morrido antes da conclusão de sua obra máxima.
O problema mais comummente apontado é "o problema da transformação" (ver explicação resumida na ligação externa que leva ao texto de Callinicos).
Rosa Luxemburgo foi uma das autoras que admiraram o Livro 3; ela tentou preencher algumas das lacunas de O capital no seu livro "Acumulação do Capital"

Livro 4 - Teorias da mais valia 1905

Karl Kautsky, após a morte de Engels, e já no século XX, publica o 4° Livro, que são os comentários de Marx a outros autores de Economia Política. O Livro 4 é o menos conhecido justamente por ter sido publicado após a explanação da teoria econômica marxista por Marx e Engels. Acrescente a isso o agravante de Kautsky ter optado por publicar invertendo o título e subtítulo: "Teorias da Mais-Valia - A história crítica do pensamento econômico (Livro 4 de O capital)". Por causa disso, mesmo na coleção de traduções de Sant'Anna recebeu numeração do volume em separado (os Livros 1 a 3 são divididos em volumes numerados de I a VI, e Teorias da Mais-Valia começam do Volume I ao III, quando poderiam ter sido numerados como os volumes VII, VIII e IX de O Capital).
Esse material é de leitura interessante por incluir considerações sobre outras teorias do valor e de fontes que podem ter sido inspiração para as críticas dos antagonismos de classe (desde os que negavam o antagonismo, os que reconheciam mas negavam exploração de classe, os que ficavam ao lado dos oprimidos, e até mesmo os que defendiam a opressão sem dissimular), entre outras considerações não abordadas nos demais livros (como a questão do trabalho produtivo e improdutivo).

Conteúdo Livro 1

A compra e venda da força de trabalho: origem da mais-valia

Após analisar a mercadoria, era necessário entender a compra e venda da força de trabalho encarada como mercadoria. Por "força de trabalho" e não simplesmente "trabalho" foi possível resolver as contradições nas fórmulas de Adam Smith e David Ricardo.

Entesourador x capitalista

O capitalista, diferente do entesourador, não pode converter todo seu ganho para luxo pessoal, ele tem de investir na sua fonte de riqueza, que é a indústria. Enquanto o entesourador prefere guardar, o capitalista prefere investir. O capitalista se torna personificação da sede de riqueza. E no conjunto da sociedade, enquanto nos modos de produção anteriores era mais fácil conseguir a saciedade, até por haver um limite das riquezas existentes, no sistema capitalista essa sociedade não existe e se quer cada vez mais expandir as indústrias. Se nos modos de produção anteriores chega-se a sociedade se hipoteticamente um sultão consegue dominar e comprar todas as coisas, no capitalismo a sociedade por expansão não chega nem com o monopólio.

Teoria da Abstinência

Segundo essa teoria de Sénior, o capitalista praticava a abstinência pelo bem da empresa. e portanto era mais virtuoso que os empregados.E assim acumulava seu capital.

Acumulação primitiva

Fatores históricos atípicos do capitalismo que favoreceram os capitalistas e ajudaram no estabelecimento do capitalismo.

Conteúdo Livro 4

Reposição de máquinas (Capital constante)

No Livro 4 existe a seção 10 dentro do cap III: "Pesquisar como é possível ao lucro e salário anuais comprarem as mercadorias anuais que, além de lucro e salário, contém capital constante".
"É claro que o problema da reprodução do capital constante se enquadra no estudo do processo de reprodução ou de circulação do capital, mas isso não impede de se tratar aqui do que é essencial." (A circulação é assunto do Livro 2 e a reprodução, do Livro 3)
Embora muitos se contentem com a explicação da acumulação primitiva e da extrações de mais-valia (assuntos do Livro1) para a explicação da continuidade dos negócios do capitalista, ela se esbarra em problemas: a acumulação primitiva explica a compra da 1° máquina pelo capitalista mas não explica a reposição da maquinaria. Já a mais-valia explica a expansão dos negócios, a compra de mais máquinas ou máquina maior de modelo melhor, mas não a reposição da máquina já existente do mesmo modelo que eventualmente precise ser reposta. Se é preciso explorar o trabalhador para algo que inevitavelmente acontecerá, como a quebra da máquina velha, fica impossível de se alcançar o comunismo sem exploração.
"...de seu trabalho excedente -que forma o lucro- parte é fundo de consumo do capitalista, e parte se transforma em capital adicional. Mas não é com esse trabalho excedente ou com o lucro que o capitalista substitui o capital já gasto em sua própria produção. Se fosse assim, a mais-valia não seria fundo para formar novo capital e sim para manter o velho." (Livro 4, cap III seção10 - página 87 da tradução de Sant'Anna)
É um erro pensar que o $ para a máquina vem apenas da produção de mercadorias e do excedente chamado mais-valia: trabalho descontado o salário (assunto do Livro1), pois isso justificaria o capitalista (ou outro que comanda e extrai a mais-valia) e fomenta a Teoria da Abstinência, que diz que o capitalista repõe a máquina de seu próprio bolso (bolso aqui entendido como seu patrimônio do âmbito privado e individual, para seu consumo e da sua família, separado do caixa da empresa). Como o capitalista é dono do processo inteiro, tem-se uma ilusão de óptica de que ele tira do próprio bolso.
Então é necessário entender da onde vem o $$ que possibilita essa reposição. Como se calcula o valor da maquina? Ela se desgasta de tempos em tempos, usa combustível, etc. Então a gente vê o quanto ela conseguiu produzir em mercadorias, e dividimos por elas. Assim, o lote total da mercadoria contém: o salario, o lucro, o custo das matérias-primas e custo de máquina. Se ela quebrou após produzir mil latas de tomate, o valor da máquina vale essas mil latas (embora infelizmente não se saiba com precisão quando uma máquina quebrará, e no caso de máquinas novas, não se tem ainda nem uma média). O lote é dividido entre vários consumidores.
E quem são os consumidores? Os trabalhadores e capitalistas. O problema é que mesmo para um produto para todos, como uma lata de tomate, não se consegue vender o suficiente para cobrir os custos da maquina! Isso porque mesmo somando o salário e lucro, se compra uma parte do lote e não o lote inteiro.
Surge uma pista: a de que poderiam os outros trabalhadores e capitalistas produtores, de digamos latas de azeitona e de milho comprarem as latas de tomate. Ou seja, esferas de produção B e C comprarem de A. Mas Marx mostra que a pista é falsa: Pois então quem vai comprar de B e C? Talvez as pessoas de outras esferas como D, E ,F, G ... e ainda não se resolveu o problema, que aumenta cada vez mais, pois supondo que G compre de todos, alguém tem de pagar ao G, segundo cálculos de Marx, mercadorias caras com valor de 972 horas de trabalho. Os produtores de latas de azeitona e milho tiveram de gastar todo o $ para ajudarem a comprarem as latas de tomate e ficaram sem $ para comprar seus próprios produtos, dependendo de D, E, etc. E os de latas de tomate gastaram todo o $ no próprio produto.
OBS: Isso não é nada saudável. É melhor cada um comprar coisas diferentes, A comprar um pouco de B e C, B de A e C = quem faz lata de tomate comprar milho e azeitona e assim temos um comércio mais saudável. Pensando bem, não é necessário gastar todo o sala´rio+ lucro no próprio produto, pode-se gastar em outros: 1- Se todos gastarem em produtos variados, consome-se um pouco de cada, mas fica sobrando um enorme estoque de cada produto 2- Se resolverem comprar um produto só, fica sobrando o estoque de outros produtos, e o montante em valor estocado é mesma coisa. É o mesmo se depois do pessoal de A,B e C comprarem todo o estoque de A, se queixarem de enjoarem de A e irem ao armazém de B e C e trocarem (sem compra e venda) por latas de outros produtos.
O problema permanece igual, falta consumidores, ou $ para esses consumidores. Então ao invés de B e C, entramos no interior da produção de A, para chegar ao seu antecessor: quem vendeu as maquinas de fazer enlatados, ou então quem forneceu pregos, chapas para o funcionamento da fábrica de A (talvez pudéssemos denominar esses setores de -A, -B). Os trabalhadores e o dono da fabrica de máquina ganharam salário e lucro e podem gastar nas latas de tomate, e isso, (como vimos na OBS), é o mesmo que se gastarem nas latas de milho e azeitona. OK, mais consumidores, e comprando latas de tomate, eles ajudam a comprar mais do lote e paga-se mais um pedaço do custo da máquina. Só que acaba o $ também do pessoal da fabrica de maquinas, pois eles também tiveram de comprar a maquina de fazer maquina, ou pelo menos as peças como parafusos e chapas. Quem comprou da fabrica de maquinas? As pessoas de A, B e C: eles gastam $ para comprar a máquina e para trocarem de latas entre eles mesmos. Nessas trocas as pessoas da fabrica de maquinas também não precisam comprar sua própria produção e sim entrar no sistema de compra e venda diversificada (acrescentando a indústria de máquinas na OBS)
Permanece o problema de o total de pessoas de todas as indústrias não poderem comprar todas as mercadorias (agora incluindo as máquinas que são meios de produção), mas pelo menos diminuiu a proporção não-comprada. Porém daí em diante é fácil: acrescenta-se o salário+lucro dos produtores de pregos e produtores de chapas (anteriores à indústria de máquinas). e estes por sua vez não terão como pagar totalmente os produtores de alumínio e aço refinado. Acrescenta-se o salário desses, e não se tem para pagar o produtor de limalha de ferro e do extrator de bauxita e por aí vai. Marx admite: esse jeito de resolver o problema sempre vai deixar um resto, frações cada vez menores de horas que geraram salário e lucro, mas sempre um resto. Para pagar a maquinaria de esferas de produção maiores, busca-se horas trabalhadas de esferas menores que forneceram esses meios de produção (pois nessas esferas menores também acrescentaram trabalho à matéria-prima) e resta o valor de outra maquinaria/matéria-prima.
Chamando a maquinaria de capital constante (C) e o trabalho de capital variável (V), C de sicrano foi fabricado por beltrano, que veio da soma de S + V, ou seja, para se fabricar máquinas de sicrano foi preciso a máquina de beltrano somada ao trabalho contratado por beltrano. E C de beltrano, da soma de C+V fulano, e assim por diante.
C1+V1=C2; C2+V2=C3; C3+V3=C4... (C2 maior que C1, C3 maior que C2...)
Dizer que o $ para consumo veio de esferas de produção menores não quer dizer que aí o lucro do capitalista ou os salários sejam menores, se trata de menores em volume de $, e abrangendo esferas de produção e não uma fabrica ou outra. O número de fabricas de maquinas de enlatados será sempre menor que a de produtos em lata. Se empregam o mesmo número de gente (digamos que seja dificílimo produzir as maquinas) aí sim os salários e lucros são menores, ou se o capitalista tem o mesmo lucro (ou até maior), quer dizer que os metalúrgicos são mais explorados, mas não que em volume de $ a esfera dos fornecedores seja maior que a que compra essas maquinas/ferramentas. Talvez numa petrolífera por exemplo tanto os trabalhadores quanto seus donos ganhem bem, mas isso porque são poucas as petrolíferas perto do número de fabricas de plásticos e derivados e consequentemente seu volume de $ que forma o mercado consumidor também (pois não tem sentido haver mais petrolíferas que fabricas de seus derivados).
Marx admite: esse jeito de resolver o problema sempre vai deixar um resto, frações cada vez menores de horas que geraram salário e lucro, mas sempre um resto. Para pagar a maquinaria de esferas de produção maiores, busca-se horas trabalhadas de esferas menores que forneceram esses meios de produção (pois nessas esferas menores também acrescentaram trabalho à matéria-prima) e resta o valor de outra maquinaria/matéria-prima. Uma forma da conta não deixar resto é admitir que algo veio de graça, digamos de atividade ligada à natureza como extrativismo.
Mas reparem que tal procedimento mostra que a teoria do valor-trabalho não conseguiu dar conta de todo cálculo, pois uma pequena fração do valor veio da natureza, o que lembra um pouco a teoria do valor amparada pelos antecessores ao Smith, os Fisiocratas, que diziam que o valor vem da natureza.

http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Capital

O sonho

Matar o sonho é matarmo-nos.


É mutilar a nossa alma.


O sonho é o que temos de realmente nosso,


de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.


Fernando Pessoa




O sonho é uma experiência que possui significados distintos se for ampliado um debate que envolva religião, ciência e cultura. Para a Ciência, é uma experiência de imaginação do inconsciente durante nosso período de sono. Recentemente, descobriu-se que até os bebês no útero têm sono REM (movimentos rápidos dos olhos) e sonham, não se sabe com o quê. Em diversas tradições culturais e religiosas o sonho aparece revestido de poderes premonitórios ou até mesmo de uma expansão da consciência.


Foi em 1900, com a publicação de ‘A Interpretação dos Sonhos’ que Freud deu um caráter científico à matéria. Freud aproveitou o que já havia sido publicado anteriormente e fez novas investidas, definindo o conteúdo do sonho como “realização dos desejos”. Para o pai da psicanálise, no enredo onírico há o sentido manifesto e o sentido latente, este último sendo realmente importante. A fachada seria um despiste do superego, enquanto o sentido latente, por meio da interpretação simbólica, revelaria o desejo do sonhador por trás dos aparentes absurdos da narrativa.


O psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, baseado na observação de seus pacientes e em experiências próprias, tornou mais abrangente o papel dos sonhos, que não seriam apenas reveladores de desejos ocultos, mas sim, uma ferramenta da psique que busca o equilíbrio por meio da compensação. Ou seja, alguém masculinizado pode sonhar com figuras femininas que tentam demonstrar ao sonhador a necessidade de uma mudança de atitude. Na busca pelo equilíbrio, personagens arquetípicas interagem nos sonhos em um conflito que buscam levar ao consciente. Entre essas personagens, estão a anima (força feminina na psique dos homens), o animus (força masculina na psique das mulheres) e a sombra (força que se alimenta dos aspectos não aceitos de nossa personalidade). Esta última, nos sonhos, são os vilões. Um aspecto muito importante em se atentar nos sonhos, segundo a linha junguiana, é saber como o sonhador, o protagonista no sonho (que representa o ego) lida com as forças malignas (a sombra), para se averiguar como, na vida desperta, a pessoa lida com as adversidades, a autoridade e a oposição de idéias. Jung aponta os sonhos como forças naturais que auxiliam o ser humano no processo de individuação.


Para Jung, os sonhos não seriam uma fachada, mas a forma própria do inconsciente de se expressar. Para o mestre suíço, há os sonhos comuns e os arquetípicos, revestidos de grande poder revelador para quem sonha. A interpretação de sonhos é uma ferramenta crucial para a psicologia analítica, desenvolvida por Jung.


Os sonhos seriam uma demonstração da realidade do inconsciente. Sendo estudados corretamente pode-se descrever, ou melhor, conhecer o momento psicológico do indivíduo. Fazendo uma analogia séria como uma "fotografia" do inconsciente. Por isso, o sonho sempre demonstra aspectos da vida emocional. Os sonhos têm uma linguagem própria.


Ao ver duas pessoas estrangeiras que falam um idioma que não é do nosso conhecimento, nunca diríamos que elas não sabem falar.


O problema é que não conhecemos aquela língua (sua estrutura, sua gramática, etc). O mesmo acontece com os sonhos. Sua linguagem são os símbolos. Para entender seus variados conteúdos, temos que estudar os símbolos. Utilizando-se do conceito de "complexos" e do estudo dos sonhos e de desenhos, Carl Gustav Jung passou a se dedicar profundamente aos meios pelos quais se expressa o inconsciente. Em sua teoria, enquanto o inconsciente pessoal consiste fundamentalmente de material reprimido e de complexos, o inconsciente coletivo é composto fundamentalmente de uma tendência para sensibilizar-se com certas imagens, ou melhor, símbolos que constelam sentimentos profundos de apelo universal, os arquétipos.

http://mayralopes.blogspot.com/2011/10/o-sonho.html



As marchas dos indignados - Aninha Franco


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A última grande mobilização humana aconteceu nos anos 1960 contra as duas guerras mundiais, quase sequenciais, a segunda de crueldade insuportável. Propôs-se paz e amor em festivais de rock, criaram-se comunidades socialistas – uma delas, vista em Os filhos de João –, fizeram-se passeatas enormes, discutiram-se, mais uma vez, a Liberdade – mormente a sexual –, a Igualdade e a Fraternidade. Nos anos 1980, o capitalismo se apropriou dos figurinos e trilhas sonoras dos embates e ganhou muito dinheiro vendendo liberdades azuis e desbotadas, todas lindas, sem qualquer ideologia. Os ícones do movimento sobreviventes às drogas enricaram, tornaram-se políticos do sistema e o mundo seguiu seu curso capitalista até que o equilíbrio da balança, o sonho socialista, ruiu com o Muro de Berlim, em 1989.
O Brasil viveu o que pôde de tudo isso, paralisado em 13 de dezembro de 1968 pelo AI-5. Dia de Santa Luzia, e nos fecharam os olhos. Dia do forró, e nos cortaram a língua. Dia em que o AI-5 proibiu as festas de reunir, criticar, pensar com independência e ser inteligente. A ditadura, truculenta, desconectada de qualquer conteúdo, censurou Antígona e mandou prender Sófocles, proibiu Laranja Mecânica de Kubrick e empastelou desenhos eróticos de Picasso. E fizeram das pessoas inteligentes que não saíram do País, vítimas disso, merecedoras de bolsas-conteúdo.
As marchas cívicas – Diretas Já, Impeachment de Collor –, localizadas, combateram momentos específicos da democratização ou pós, em 1992. Mas a ocupação de Wall Street, as marchas dos indignados e contra a corrupção estão acontecendo contra o mesmo inimigo, contra o capitalismo que destrói instituições bancárias, mas não seus banqueiros, que devasta políticas públicas em benefício de interesses privados. Elas precisam existir para que restaurantes parem de explodir, cidadãos deixem de empobrecer em sociedades estáveis como os USA, crianças não sejam atiradas nas lixeiras, e 10% de humanos continuem analfabetos absolutos num País como o Brasil. Elas servem para bloquear humanos que ganham dinheiro com isso. Aqui, lá e sempre….

http://revistamuito.atarde.com.br/

A miséria cultural baiana - André Setaro

Diz-se que a Bahia já teve seu Século de Péricles, uma alusão ao período efervescente que se situou nos anos 50 e na primeira metade dos 60, quando Salvador congregava o que havia de mais criativo na expressão artística. Estimuladas pela ação da Universidade Federal da Bahia, comandada, e com mão de ferro, pelo Reitor Edgard Santos, as artes desabrocharam com o surgimento do Seminário de Música, da Escola de Teatro, do Museu de Arte Moderna, dos inesquecíveis concertos na Reitoria, da porta da Livraria Civilização Brasileira na rua Chile, dos papos ao por do sol frente à estátua do Poeta, no bar e restaurante Cacique, dos debates calorosos da Galeria Canizares (no Politeama), da "boite" Anjo Azul (na rua do Cabeça), entre tantos outros pontos que faziam da Bahia um recanto pleno de engenho e arte.

Na Escola de Teatro, por exemplo, que, inicialmente, foi dirigida por Martim Gonçalves, montava-se, lá, de Bertolt Brecht, passando por Ibsen, Eugene O'Neill, entre tantos, a Strindberg, com um rigor inusitado, e tal era a excelência de seus espetáculos que vinham pessoas do sul do País, e até do exterior, vê-los encenados "in loco". No curso de preparação de ator, o estudante levava alguns anos para poder participar de uma montagem teatral, iniciando a sua trajetória como um mordomo mudo ou de poucas falas. Somente ter o seu nome no programa da peça já era um prêmio, uma alegria, um consolo.

O livro Impressões Modernas - Teatro e Jornalismo na Bahia, de Jussilene Santana, analisa a configuração do teatro como temática na imprensa baiana em meados do século XX e, pela primeira vez, faz justiça a Martim Gonçalves, o responsável pela excelência das montagens teatrais, criador da Escola de Teatro (que hoje tem o seu nome), mas muito criticado na sua época e até mesmo denegrido pelos opositores. Após a leitura deste livro imprescindível, a conclusão é única e inequívoca: sem Martim Gonçalves não se teria um teatro baiano do nível a que chegou, ainda que, décadas depois, tenha perdido todo o seu vigor, transformando-se num grande proscênio destinado à proclamação de "besteiróis", honradas as exceções de praxe.

Cinqüenta anos depois, meio século passado, a realidade cultural baiana é uma antípoda da efervescência verificada, uma época que foi chamada, inclusive, de "avant garde" pela sua disposição de inovar, pela marca de vanguarda da mentalidade de seus artistas e intelectuais. Atualmente, a Bahia regrediu muito culturalmente a um estado, poder-se-ia dizer, pré-histórico, e o "homo sapiens" do pretérito se transformou no "pithecantropus erectus" do presente. Aquele estudante do parágrafo anterior, por exemplo, não existe mais.

Na Bahia miserável da contemporaneidade, qualquer um pode pular em cima de um palco, qualquer um se sente apto a dirigir uma peça, "mexer" com cinema, fazer filmes. Com as sempre presentes exceções de praxe, o teatro que se pratica na Bahia é um teatro besteirol, que faria corar aqueles que participaram da antiga escola de Martim Gonçalves.

A Bahia não está apenas mergulhada em bolsões de pobreza, na violência diuturna e desenfreada, com seu povo excluído de tudo - e até mesmo dos cinemas, mas do ponto de vista cultural a miséria é a mesma. Miséria cultural, descalabro, ausência do ato criador, apatia, desinteresse. Eventos existem para a satisfação de pseudo-intelectuais que não possuem as bases referenciais necessárias para a compreensão do que estão a ver ou a ouvir. O momento presente, se comparado aos meados do século passado, assinala uma regressão cultural sem precedentes. Como disse Millor Fernandes, a cultura é regra, mas a arte, exceção, o que se aplica sobremaneira sobre o estado atual da cultura baiana. Cultura se tem em todo lugar, mas arte é difícil, e a arte baiana praticamente não existe.

Com o desaparecimento dos suplementos culturais e o advento de normas editoriais que privilegiam o texto curto, além da incultura reinante pela assunção do império audiovisual em detrimento da cultura literária (vamos ser sinceros: ninguém hoje lê mais nada), a crítica cultural veio a morrer por falência múltipla das possibilidades de exercício da inteligência numa imprensa cada vez mais burra e superficial.

Sérgio Augusto, crítico a respeitar, que militou nos principais jornais cariocas, em entrevista ao "Digestivo Cultural", site da internet (vale a pena lê-la na íntegra: http://www.digestivocultural.com/entrevistas/entrevista.asp?codigo=10), do alto de sua autoridade no assunto, afirmou que o jornalismo cultural está morto e enterrado, ressaltando que se fosse um jovem iniciante não entraria mais no jornalismo porque não vê, nele, perspectivas para a crítica de cultura (área de sua especialidade).

Dava gosto se ler o Quarto Caderno do Correio da Manhã com aqueles artigos copiosos, imensos, que abordando cultura e artes em geral, eram assinados por Paulo Francis, Otto Maria Carpeaux, Álvaro Lins, José Lino Grunewald, Antonio Moniz Viana, entre tantos outros. A rigor, todo bom jornal que se prezasse tinha seu suplemento cultural. Aqui mesmo em Salvador, vale lembrar o do Diário de Notícias e o do Jornal da Bahia (em folhas azuis). Atualmente, resiste o Suplemento Cultural de A Tarde (mas, mesmo assim...).

A inexistência da crítica de arte não diz respeito apenas ao soteropolitano. É uma constatação geral no jornalismo brasileiro. Mas, e os cadernos culturais e as ilustradas da vida? Caracterizam-se pela superficialidade e servem, apenas, como guia de consumo, com suas resenhas ralas. Atualmente, os cadernos dois, assim chamados, são até contraproducentes porque elogiam o que deveriam criticar, colocando na posição de artistas personalidades que deveriam, no máximo, estar no departamento de limpeza de estações rodoviárias.

A crítica de arte serve justamente para isso: para, construtivamente, sem insultos, mas com argumentos sólidos, desmontar aquilo que não presta. Que falta não faz uma crítica de teatro séria, que, semanalmente, venha a apreciar o que se está a apresentar na cidade como literatura dramática! Ou uma crítica de artes plásticas. A interferência de um crítico faria corar muitos pintores que estão expondo na Bahia e posando como artistas. Assim também uma crítica de cinema que fosse menos paternalista com os "coitados' dos cineastas baianos cujas imagens são a de "franciscanos" em busca da expressão cinematográfica, mas cujos resultados, em sua grande maioria, remetem o espectador aos braços de Morpheu, quando não à aporrinhação.

Para se ter um pequeno exemplo: a emissora de tv de maior audiência da Bahia apresenta todos os dias, em seu noticiário, grupos de pagode, de arrocha, entre outros, que passam a impressão de que os soteropolitanos não possuem talentos musicais - o que não é verdade.

Se a miséria da cultura baiana é cristalina, a miséria da crítica cultural é, também, imensa. Que esmola pode ser dada para se acabar com ela?

A imagem. Retirantes, de Portinari