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terça-feira, 25 de outubro de 2011

As marchas dos indignados - Aninha Franco


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A última grande mobilização humana aconteceu nos anos 1960 contra as duas guerras mundiais, quase sequenciais, a segunda de crueldade insuportável. Propôs-se paz e amor em festivais de rock, criaram-se comunidades socialistas – uma delas, vista em Os filhos de João –, fizeram-se passeatas enormes, discutiram-se, mais uma vez, a Liberdade – mormente a sexual –, a Igualdade e a Fraternidade. Nos anos 1980, o capitalismo se apropriou dos figurinos e trilhas sonoras dos embates e ganhou muito dinheiro vendendo liberdades azuis e desbotadas, todas lindas, sem qualquer ideologia. Os ícones do movimento sobreviventes às drogas enricaram, tornaram-se políticos do sistema e o mundo seguiu seu curso capitalista até que o equilíbrio da balança, o sonho socialista, ruiu com o Muro de Berlim, em 1989.
O Brasil viveu o que pôde de tudo isso, paralisado em 13 de dezembro de 1968 pelo AI-5. Dia de Santa Luzia, e nos fecharam os olhos. Dia do forró, e nos cortaram a língua. Dia em que o AI-5 proibiu as festas de reunir, criticar, pensar com independência e ser inteligente. A ditadura, truculenta, desconectada de qualquer conteúdo, censurou Antígona e mandou prender Sófocles, proibiu Laranja Mecânica de Kubrick e empastelou desenhos eróticos de Picasso. E fizeram das pessoas inteligentes que não saíram do País, vítimas disso, merecedoras de bolsas-conteúdo.
As marchas cívicas – Diretas Já, Impeachment de Collor –, localizadas, combateram momentos específicos da democratização ou pós, em 1992. Mas a ocupação de Wall Street, as marchas dos indignados e contra a corrupção estão acontecendo contra o mesmo inimigo, contra o capitalismo que destrói instituições bancárias, mas não seus banqueiros, que devasta políticas públicas em benefício de interesses privados. Elas precisam existir para que restaurantes parem de explodir, cidadãos deixem de empobrecer em sociedades estáveis como os USA, crianças não sejam atiradas nas lixeiras, e 10% de humanos continuem analfabetos absolutos num País como o Brasil. Elas servem para bloquear humanos que ganham dinheiro com isso. Aqui, lá e sempre….

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