Antes mesmo do avião aterrar na pista o ar
já é de alegria, nota-se os rostos sorridentes dos que chegam antecipando as
emoções da chegada, o céu é claro e a manhã alvorece dourada. A Bahia me
espera, penso presumida, estou em casa outra vez!
Para mim é indescritível esse sentimento
de “voltar a casa”, a adrenalina sobe, as lágrimas baixam, o coração dispara...
Quando enfim me encontro nos braços dos que foram me receber, no afago familiar
do irmão, no sorriso acolhedor da cunhada, eu descanso...
Da minha janela, sétimo andar de um
edifício de frente pro mar, vejo toda a belezura do mar da Bahia, azul
esverdeado, nem violento nem manso, na medida perfeita, batendo nas pedras,
embalando meu sono, até um arcoiris veio trazer mais cor e brilho minha
recepção.
Já com os pés na terra quero sair e
abraçar a cidade. Ignorei as advertências contra a violência, os buracos, os
maus cheiros, o tráfico confuso, a cidade desgovernada, saí com a alma aberta,
como sempre, pra ver o povo na rua, nos mercados, nos restaurantes, nas praias,
e gostei!!!
No Mercado Modelo é onde se sente a
baianidade em toda sua pujança, todos se tratam de “meu amor”, “meu bem”, “meu
neguinho”, as coisas da Bahia, seus santos e orixás misturados com sons,
figuras, trabalhos manuais, pinturas, a arte do povo que conta sua historia com
orgulho.
- O que é que você tá procurando, minha
linda?
- Uma figa de prata, nem grande nem
pequena, pra pendurar aqui com meus amuletos
- pois não, temos sim, e se não tiver aqui
uma do seu gosto eu lhe levo onde tem
Todos se conhecem e repartem os
conhecimentos...
O meu tempo era curto e um dos propósitos
dessa visita era ver o Chico Buarque cantando no palco do Teatro Castro Alves,
onde o vi antes de “sair de casa” em 73, portanto, graças a atenção e carinho
de Maria Olivia, minha irmã e anjo da guarda, sentei-me em duas ocasiões para
realizar esse desejo e saí encantada com a elegância, a doçura, o carisma, o
humor, a voz e as canções, desse compositor/cantor genial da música brasileira.
Que presente!!!!
O Chico maduro e vivido de agora ainda
lembra muito o tímido e atrevido menino que nos deu tantas alegrias naqueles
anos 60/70 quando nossa juventude tomou seu lugar no palco da nossa historia.
Seu show é também uma mistura do novo com o velho, provando que, em verdade, é
o mesmo.
Ainda tive tempo de ir ao Cinema da UFBA
assistir “Raul – O Inicio, O Fim e o Meio”, não poderia perder essa
oportunidade de apreciar esse magnífico trabalho de Walter Carvalho, e saí
chorando pela perda e falta que um genial “Maluco Beleza” nos faz nos dias de
hoje.
Um dia de praia, eu que trouxe comigo a
chuva, não podia faltar e a escolha não poderia ser outra senão a “Praia do Forte”, ali
encontrei sol, mar, moquecas deliciosas e adorável companhia de velhos e
queridos amigos.
A reunião de familia e amigos mais próximos
deu-se na casa do editor do blog “Bahia em Pauta”, meu dileto irmão Vitor Hugo
Soares e Margarida sua mulher, ponto de encontro para um bom papo, bom som e
desfrutar dos quitutes preparados pela dona da casa uma cozinheira de “mão
cheia”. Entre as grandes alegrias incluo a visita do Marco Lino, comentarista
fiel do Sussurro e do Bahia em Pauta, grande menino baiano em toda sua
sabedoria e doçura!!!
Entre afagos e beijos os dias passaram
voando. A Bahia ainda tá lá linda e mágica para quem vê com os olhos do
coração. A baianidadade está viva no tratamento do povo, nas ancas da baiana,
no andar sem pressa do baiano faceiro, até mesmo no sofrido rosto desse povo
forte e lutador abandonado pelos administradores dessa Cidade Mãe que deveria
ser tratada como merece.
O meu desejo é ficar, mas tenho que ir
embora. O dia de "ficar de vez" tá demorando, vivo namorando com a
possibilidade, enquanto isso, faço do aguardo o motivo para continuar
vivendo...
regina
regina