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domingo, 26 de agosto de 2012

Por causa de você - Gal Costa


pelas ruas das cidades

 

Comida de rua brasileira e sua origem

por em 25 de ago de 2012
 
 
Porque a comida é só um dos encantos desse magnífico país que não cabe definição.
Uma das formas mais seguras de se conhecer um país, sua história, a construção de sua cultura é pela sua comida. È pelo sabor que se conhece o tempero de um povo. E no caso do Brasil, é pelas ruas das cidades, em suas inúmeras barraquinhas de guloseimas espalhadas, que conhecemos as variadas faces do povo brasileiro.
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Foto de Sergio Coimbra/O vendedor de milho

O Brasil é um país povoado por vários fragmentos de civilizações do globo, formando assim, um país de incríveis possibilidades para tudo. Assim como na música, na dança dentre tantos outros tópicos a culinária é um artigo extremamente criativo amoldado pelo povo brasileiro.
Ela é completa em suas misturas, e conta com uma variedade enorme de elementos fornecidos pelo clima propício e pela terra fértil. Sobre essa perspectiva o povo brasileiro improvisou receitas nas horas de dificuldade, reciclou receitas de outros povos, apimentou massas já esquecidas, e criou assim, uma das comidas mais saborosas do mundo. È o que dizem alguns dos chefs de cozinha mais renomados da atualidade como o chef Alex Atala e Claude Troisgros.
A apetitosa culinária brasileira não se faz só pelas mãos dos grandes mestres cucas atrás de bons restaurantes não, a originalidade dos temperos se faz pelo povo nas barraquinhas de ruas espalhadas pelo Brasil. A seguir, mostrarei alguns exemplos de comidas brasileiras nascidas e recriadas aqui.
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Acarajé

O Acarajé foi a primeira comida de rua brasileira. Surgiu na Bahia e era vendido pelas negras escravas, que colocavam suas guloseimas em tabuleiros e saiam a vender pelas ruas. È uma delícia tradicionalmente brasileira, que foi considerada Patrimônio Imaterial Nacional.
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Imagem de Sergio Coimbra/O vendendor de pastel

O pastel, muito popularizado nas feiras e nos estabelecimentos denominado popularmente de “Chinas”, também são uma boa pedida de comida gostosa e barata. A massa original do pastel é Chinesa, e foi inspirada no rolinho primavera Chinês. Mas essa iguaria foi popularizada no Brasil pelos Japoneses, que são na verdade, donos da maioria dos “Chinas” que conhecemos. Vieram para o Brasil na segunda-guerra mundial e tiveram que se dizer Chineses para fugir da discriminação que sofriam por terem aliança com alemães e italianos, inimigos do Brasil na época. A verdade é que tanto Chineses quanto Japoneses tiveram de adaptar os pastéis aos recheios disponíveis no Brasil como o queijo, banana, carne seca, palmito dentre outros.
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Hot dog

O hot dog, iguaria americana, muito popular nas ruas brasileiras. Em seu molho foram acrescentados temperos variados para dar um sabor bem brasileiro. Como cebola, pimentão, alho, milho, ervilha...
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Churros

Churros, tradicional da culinária espanhola. No seu país de origem não costuma ter recheio, mas o Brasil incrementou esse saborzinho extra, pondo-lhe recheios variados como doce de leite, chocolate ou doce de coco.
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Tapioca

A tapioca é um artigo muito valorizado tanto pelos brasileiros quanto pelos estrangeiros que vem conhecer o Brasil. È um sabor tipicamente brasileiro, originário da alimentação indígena.
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Empadinhas

Empadinhas são uma das perdições das barraquinhas. È uma iguaria Àrabe trazida para o Brasil e adaptada aos variados recheios tradicionalmente brasileiros.
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Yakisoba

Yakisoba é uma receita Chinesa muito popularizada no Brasil. Foi trazido para o Brasil pelos Japoneses que também incorporaram o prato a sua alimentação. O Yakisoba Chinês é mais gorduroso que o japonês. Os vendidos nas barraquinhas brasileiras são Yakisobas ao modo Japonês com muitos legumes, frango e carne vermelha.
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Açaí

Açaí é uma fruta originária da região amazônica, ficou super popular em todo o Brasil e fora dele. É utilizada pelos índios para fazer pirão junto com farinha e se come com peixe assado. Mas, dentre todas as suas utilidades as mais populares são a produção de bebidas, geléias e sorvetes. O açaí vendido nas barraquinhas brasileiras vem acompanhado de granola, confetes, guaraná em pó dentre outras gostosuras.
Todas as iguarias citadas acima são bastante apetitosas e com preço muito popular.
O prazer de desfrutar essas delícias não está somente na brasilidade dos temperos, está em não ter que se preocupar com comportamentos tradicionais exigidos em restaurantes, por exemplo; está em poder conversar com quem está em volta da pequena barraquinha comendo a mesma delícia que você; e está principalmente em poder parar em um espaço público e admirar tudo a sua volta como o céu aberto, os jardins e as pessoas.
A comida de barraquinhas brasileiras é um fenômeno culinário, cultural e social que só tende a expandir-se pelas fronteiras de quem se aventurar a experimentar. Não perca essa oportunidade.


Leia mais: http://lounge.obviousmag.org/entre_ocio_e_sonhos/2012/08/comida-de-rua-brasileira-e-sua-origem.html#ixzz24fjbNvDl

De pernas e janelas

 





Querer morada é tomar consciência da forma que os sonhos tem. Casa ou apartamento? Não! A pergunta é: queres chão ou vista? Queres o espaço que se constitui da memória dos afetos da infância? A casa da avó, da madrinha, da mãe? A casa que é, quase sempre, de posse feminina, e que existe como uma força de aterramento, de não abandono, de criação. Pensa casa, geralmente, quem quer filhos. E filhos correm. Têm bicicletas e cachorros. Na casa, os imaginamos com as mãos e os pés sujos, o pescoço e o rosto suados, a bola sob o braço e a dificuldade de reconhecer a hora de encerrar a brincadeira.
Se não for casa, ergue-se o apartamento sobre escadas que simulam outras seguranças. Não mais as da memória, mas as de um moderno citadino, do menos enraizado, do marco das liberdades de quem acredita começar em si mesmo. O apartamento carrega um sonho de vista à uma paisagem que nem sempre se consegue. A cidade vai fechando o olhar e o apartamento ganha cores de uma intimidade onde as janelas são telas. Sem vista, o apartamento joga seus moradores aos escapes, às saídas, que são a TV, a internet e, por vezes, as portas. Menos generalista e emotivo que a casa, o apartamento especializa e foca.
Não se há de achar que tamanho não é nada, se é grande ou pequena a casa ou o apartamento. O número de quartos é o número de filhos ou de necessidades. Um lugar para os livros, um lugar para os amigos, uma cama de passagem. Uma cozinha para quem cozinha ou uma combinação de refrigerador, microondas e chaleira elétrica.
Quanto vale desistir de um desses? Quanto vale desistir de um quarto? Isto que é, de fato, desistir de quem estaria ali. Desistir do universo que ele ou ela construiria dentro do seu mundo. Qual o tamanho da perda que é não ter daquela janela sob a qual se colocaria a mesa de trabalho e os olhos abertos do sonho? O que fica? O que vai?
Afinal, qual é seu espaço vital? Aquele sem qual lhe é impossível viver, impossível ser em plenitude? Querer morada é perguntar-se, e, na busca, encontrar respostas e o que elas dizem sobre o que se é e sobre os sonhos dos quais você pode abrir mão. Por quantos metros há se espalhar sua cama? E as suas pernas… você tem ideia de até onde elas poderiam caminhar antes de encontrar seu descanso? Talvez, suas pernas, não tenham a mesma paixão por janelas que você.

http://www.sul21.com.br/blogs/sapatinhosvermelhos/
 

Vinhos finos... cristais

 
 
 
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    Sartre diz em Que é a literatura? que a poesia, diferentemente da prosa, está lado a lado com a pintura, a escultura e a música. Estas artes, para ele, não são linguagem, não buscam significar algo através delas, são coisas: Aquele rasgo amarelo no céu sobre o Gólgota, Tintoretto não o escolheu para significar angústia, nem para provocá-la: ele é angústia feita coisa (...). Diz Sartre que as cores, as formas, os sons musicais são coisas que existem por si mesmas, não remetem a nada que esteja fora delas e o trabalho do artista será o de transformar estas coisas em objetos imaginários. Assim, o significado de uma melodia é a própria melodia: Diga que a melodia é alegre ou sombria; ela estará sempre além ou aquém de tudo que se possa dizer a seu respeito. As paixões do artista, que podem ser o motivo da sua criação, sofrem uma transubstanciação, transformam- se em som musical. Ouvindo o Prelúdio de Tristão e Isolda de Wagner, posso sentir isso, sim, a melancolia feita coisa, transubstanciada em música.

    Melancolia, tristeza profunda e vaga que toma conta da alma, rouba a vontade de viver. A tristeza não passa e o melancólico vive num mundo de sombras que se perpetua pois ele não consegue esquecer. J’ai plus de souvenirs que si j’avais mille ans, eu tenho mais recordações do que se eu tivesse mil anos, disse Baudelaire.
    Seguindo a senda de Sartre fico pensando que a música não traduz alguma coisa, ela encarna, incorpora algo; não é intérprete, é medium. A encarnação da melancolia está marcada e sincopada nas canções dos grandes sambistas cariocas dos anos 50 a 70, como Nelson Cavaquinho, Cartola e Paulinho da Viola.

    Trecho do documentário de Leon Hirzman

    Neste samba de Nelson Cavaquinho e Ary Monteiro, Paulinho da Viola canta a angústia da espera incerta, o vazio de sentido deixado pela ausência da mulher amada. Voltará? Nunca mais? Never more? O tempo, frio algoz, vai lentamente matando a esperança no sem lugar do desejo de quem foi, talvez, abandonado.
    O amor doente é feito canção na belíssima e estranha valsa de Paulinho da Viola e José Carlos Capinan, Vinhos finos..., cristais.

    O que me causou espanto quando ouvi esta valsa foi, além de sua estranha beleza, o choque entre o tema corrosivo da canção e a sua forma musical diáfana, pois há uma tensão quase insuportável entre a letra da canção, que fala de um mundo decadente, fragmentado e podre, com a forma delicada e leve do tema musical, uma linda valsa. O verso inicial refere-se à própria melodia, forma “elevada” da canção, valsa, dança de salão, mundo dos costumes requintados, mundo cristalino, polido e artificial, vinhos finos... cristais,talvez uma valsa.No segundo verso, o poeta já fala que este mundo está doente: os dentes da vida estilhaçam uma imagem cristalina que se parte e sangra, e tudo adoece e morre até, finalmente, apodrecer. Lembrei-me do famoso poema de Baudelaire, Uma carniça, da primeira e da última estrofe:

  • Lembra-te, meu amor, do objeto que encontramos
    Numa bela manhã radiante
    :
    Na curva de um atalho, entre calhaus e ramos,
    Uma carniça repugnante.

    - Pois hás de ser como essa infâmia apodrecida,
    Essa medonha corrupção,
    Estrela de meus olhos, sol de minha vida,
    Tu, meu anjo e minha paixão!

  • Em Baudelaire, a forma do poema é tradicional, bem ao estilo dos grandes poemas românticos, mas o conteúdo, a carniça, entra em conflito com esta forma e, desta tensão, surge o espanto e uma nova lírica. A gente sente o choque entre a estrutura tradicional e o tema corrosivo, como na valsa de Paulinho da Viola e Capinan. Nela, a aparência polida deste paraíso artificial adoece e é devorada pelos dentes da vida, pelos dentes da saudade, pelos dentes da morte, pelos dentes da engrenagem, pelos dentes de um cão, pelos dentes da paixão e, finalmente, a valsa e o mundo requintado que ela representa se mostra em toda a sua deterioração: ela é vazia, apenas um jogo de palavras entre tudo e nada, e os dentes devoradores também são devorados, dentes podres da canção. Tudo se corrói. Da síntese deste conflito, onde a aparência requintada vai revelando a podridão interior, forma-se o tecido da canção, encarnação do desengano amoroso e do topos do tempo que tudo devora, motivo que ecoa em nossa lírica desde os gregos.
    Com Sartre direi que esta canção não fala disto, mas que ela é isto, o amor doente feito valsa, invadindo o salão da nossa imaginação e, entre vinhos finos e cristais, fazendo sua bela e sinistra aparição.
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    Odôyá!!!