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domingo, 23 de outubro de 2011

Silêncio, soluços e aspirinas

 

É impossível não doer quando uma amiga chora




Algumas coisas nos fazem chorar. Não soluçar e dissolver, mas escorrer lágrimas que não são exatamente nossas. É um choro parceiro. Um choro de amiga. Aquele de quem quer, no fundo, roubar a tristeza alheia, quer chorar pra que ela possa, enfim, sorrir. É impossível não doer quando uma amiga chora. É impossível não borrar. Essas lágrimas são muitas vezes mudas, caladas pela dor, mas nunca (nunca) menos parceiras. Nunca menos sentidas. Se falasse, esse choro seria um misto de piadas antigas para descontrair e xingamentos duros a alguém, alguma coisa ou simplesmente ao maldito azar. O choro de uma amiga é tão nosso quanto o filho que acabamos, juntas, de perder. É tão nosso, quando o ódio sofrido pela traição que acabamos, juntas, de descobrir. É tão nosso quanto o erro que acabamos de cometer. Esse choro alheio que escorre em nosso rosto é tão sincero quanto aquela gargalhada que decora há anos a geladeira. E é esse choro, inteiro e dividido, que puxa o abraço. É esse choro, conjunto, que enraíza o que, em breve, florescerá. É ele, dolorido e intensamente nosso, que diz, sem dizer: vai dar tudo certo, amor. Eu prometo.



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