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sábado, 29 de dezembro de 2012

SEGUNDA PELE - ROBERTA SÁ




Segunda Pele

Carlos Rennó e Gustavo Ruiz

À noite eu lhe convido:
"Querido, vem pra cá"
Um som no seu ouvido
Sussurra logo: "Vá!"
Por perto alguma gata
Já grita que nem fã
E logo o amor nos ata
Na noite, nossa irmã
Quando ele vem, faço dele
Minha luva, meu collant
A minha segunda pele
O meu cobertor de lã
São Paulo tá tão frio
Três graus, a sensação
Mas o seu arrepio
Não é de frio, não
Sou eu na sua pele
Que afago com afã
Pra que seu fogo pele
A sua anfitriã
Quando ele vem, faço dele
Minha luva, meu collant
A minha segunda pele
O meu cobertor de lã
Enquanto a noite passa
Aos braços da manhã
A gente ainda passa
Os dentes na maçã
O nosso amor é massa
Pra lá de Amsterdam
O resto é o resto, e passa
O resto é espuma, é spam
Quando ele vem, faço dele
Minha luva, meu collant
A minha segunda pele
O meu cobertor de lã
Quando ele vem, faço dele
Minha luva ou sutiã
A minha segunda pele
O meu cobertor de lã

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Virada do Ano

Virada do Ano…Superstições, crenças e mitos que valorizam a chegada do próximo ano. Confira!

Veja uma lista de crenças que os brasileiros acreditam e se divertem

O povo brasileiro adora festejar o Ano Novo, pois assim sentem que se renovam. Valorizam a passagem de ano, e assim criam crenças, superstições, mitos, que os façam se sentir com sorte para o próximo ano.
São promessas, simpatias; coisas doidas não faltam para quem tem desejos e sonhos para o futuro. Se as superstições dão resultado, não se sabe, mas que vale a pena a brincadeira e todos sempre querem começar um novo ano com o pé direito, isso não dá para negar, e claro, não custa tentar, vale a bagunça, as comilanças e ainda deixa as festas mais divertidas.
E para aqueles que querem se renovar e se expressam através dos ritos, algumas dicas que provavelmente você conheça e até já tenha feito.
Confira!
- Comer lentilha: uma colher de sopa é suficiente prá assegurar um ano inteiro de muita fatura à mesa. A origem desta superstição é italiana e foi trazida para o Brasil pelos imigrantes.
- Comer romãs: serve para atrair dinheiro. Coma sete partes do fruto guardando as sementes na carteira durante o ano todo.
- Comer sementes de uva: para os portugueses, comer 3, 7 ou a quantidade correspondente ao seu número de sorte garante prosperidade e fartura de alimentos. Para garantir também dinheiro, guarde as sementes na carteira ou na bolsa, até a troca do próximo ano novo.
- Comer carne de porco: deve ser o prato principal da ceia, servida à meia-noite. Como o porco fuça pra frente, garante armários cheios o ano todo. Evite o peru, que cisca para trás.
- Comer nozes, avelãs, castanhas e tâmaras: estas, trazidas para cá pelos imigrantes de origem árabe, são recomendadas para garantir fartura.
- Usar calcinha ou cueca nova: sorte nos relacionamentos amorosos, porque deixam os amores mal resolvidos para trás. São recomendadas principalmente para quem está com um relacionamento novo ou no começo de um namoro, pois garante um futuro promissor.
- Usar roupa branca: é um hábito relativamente recente, trazido para o Brasil com a popularização das religiões africanas. O branco representa luz, pureza, bondade.
- Usar uma peça de roupa amarela: Você pode usar qualquer peça íntima, um lenço, uma faixa ou um pequeno laço amarelo. O amarelo representa o poder do ouro, das riquezas materiais e do dinheiro.
- Colocar uma nota de dinheiro dentro do sapato: Os orientais acreditam que a energia do nosso corpo entra pelos pés. Quanto maior a nota mais riquezas e prosperidades virão.
- Lençóis Novos: a dica é especial para recém-casados. Dizem que os lençóis novos, na primeira noite de ano, deixam as possíveis ameaças do ano passado na máquina de lavar.
Após a 00h.
- Pular só com o pé direito: você estará atraindo boas coisas para a sua vida, pois, segundo a Bíblia, tudo que está à direita é bom.
- Jogar moedas da rua para dentro de casa: dizem que atrai riqueza para todos que moram no lugar.
- Dar 3 pulinhos com uma taça de champanhe na mão sem derramar: depois, jogar todo o champanhe para trás, de uma vez só, sem olhar. Você deixa para trás tudo de ruim. E não se preocupem em molhar os outros: quem for atingido pelo champanhe terá sorte garantida o ano todo.
- Subir num degrau (ou algo alto, cadeira, em qualquer coisa em nível mais alto): diz o folclore que isso dá impulso a sua vontade de subir na vida. Comece, é claro, com o pé direito.
- Acender velas na praia para Iemanjá: a deusa africana protege seus fiéis, com saúde, amor e dinheiro o ano todo, dia o candomblé.
- Pular as 7 ondas do mar: tradições africanas, trazidas pelos escravos, o ritual homenageia Iemanjá, dona das águas salgadas. Sete é um número cabalístico, representado por Exu, filho de Iemanjá. Os sete pulos servem para que os caminhos sejam abertos, na certeza de garantir sorte no futuro. Após a homenagem, não dê as costas para o mar.

Além das dicas, superstições também são alvos de quem quer realmente ter mudanças no ano seguinte.
- Não passar a virada com os bolsos vazios.
- Comer doze uvas verdes a meia noite, assim garante mais dinheiro em todos os meses do ano.
- Guardar um lugar seguro, que ninguém encontre, a tampa da garrafa de champagne da festa da virada, isso chama dinheiro.
- Acender todas as luzes da casa na hora da virada.
- No dia de Reis (6 de Janeiro), coloque três caroços de romã dentro da carteira, para ter dinheiro no ano.
Indepentente de ser superticioso ou não, o importante é estar com as pessoas que amamos, felizes, fluindo boas energias…e é claro se divirtir muito!
BOM MESMO É SER FELIZ!!!!!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Tocando em Frente



Tocando em Frente

Composição: Almir Sater e Renato Teixeira

Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Ou nada sei

Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir

Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando dias pela longa estrada eu vou
Estrada eu sou

Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir

Todo mundo ama um dia todo mundo chora,
Um dia a gente chega, no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz

Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir

Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história,
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz

Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

UM CIDADÃO BRASILEIRO

 
 
Ah, Seu Oscar, eu já estava apostando na sua imortalidade física também!!!!
Seu traço, sua obra, são poemas moldados em concreto!!!
Sua vida uma lição a ser preservada para gerações vindouras!!!
Sua bondade e simplicidade características de um grande homem,
UM CIDADÃO BRASILEIRO.
Ele mesmo se autodefine quando, traça, quando fala, quando escreve, quando vive o que acredita, quando É!!!!

Autodefinição

Na folha branca de papel faço o meu risco.
Retas e curvas entrelaçadas.
E prossigo atento e tudo arrisco na procura das formas desejadas.
São templos e palácios soltos pelo ar, pássaros alados, o que você quiser.
Mas se os olhar um pouco devagar, encontrará, em todos,
os encantos da mulher.
Deixo de lado o sonho que sonhava.
A miséria do mundo me revolta.
Quero pouco, muito pouco, quase nada.
A arquitetura que faço não importa.
O que eu quero é a pobreza superada,
a vida mais feliz, a pátria mais amada.

 

Oscar Niemeyer




Oscar Niemeyer declarou paixão pela arquitetura em "Poema da Curva"


Poema das Curvas, de Oscar Niemeyer
...

“Não é o ângulo reto que me atrai.
Nem a linha reta, dura, inflexível,
criada pelo homem.
O que me atrai é a curva livre e
sensual.
A curva que encontro nas
montanhas do meu país,
no curso sinuoso dos seus rios,
nas nuvens do céu,
no corpo da mulher amada.
De curvas é feito todo o universo.
O universo curvo de Einstein.”
 
 
 
 

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

‘P.S. Eu te amo’

Dedicatórias e cartas encontradas em livros revelam histórias emocionantes que mexem com corações e mentes de donos de sebos do Rio.


Sylvio Massa e a foto da mulher. No sebo Baratos da Ribeiro, ele reencontrou a dedicatória que escreveu para a falecida esposa em um livro de J.D. Salinger, em 1966
Foto: Leonardo Aversa / Agência O Globo
Sylvio Massa e a foto da mulher. No sebo Baratos da Ribeiro, ele reencontrou a dedicatória que escreveu para a falecida esposa em um livro de J.D. Salinger, em 1966Leonardo Aversa / Agência O Globo

 


RIO - Era uma noite de terça-feira insuspeita em Copacabana. No fim daquele dia, 23 de outubro, um grupo de frequentadores do sebo Baratos da Ribeiro faria exatamente o que faz há cinco anos: se espremeria entre as prateleiras abarrotadas da livraria para mais um encontro do Clube da Leitura, evento quinzenal em que leem trechos de livros e trocam impressões sobre contos próprios. Quando chegou a sua vez na roda, o dono do sebo e fundador do clube, Maurício Gouveia, tirou da gaveta um livro que guardava há dez anos escondido no acervo: um exemplar em italiano de “Nove contos”, do escritor americano J.D. Salinger.
Não tinha coragem de vendê-lo. Com as bordas amareladas e as páginas carcomidas, aquele “Nove racconti” guardava uma dedicatória em português na página de rosto que Maurício considerava mais bonita do que todo o livro do autor do clássico “O apanhador no campo de centeio”. Um homem comum — que poderia ser um médico, um vendedor de sapatos ou um trapezista de circo — declarava seu amor a uma mulher, em Milão, em 26 de dezembro de 1966. Maurício leu a dedicatória enorme, que começava com a frase “De tudo que vem de você, permanece em mim uma vontade de sorrir” e se encerrava com a oração “a vida é um contínuo chegar de esperanças”. Ao final, subiu o tom para ler o nome do santo: Sylvio Massa de Campos.
Foi quando um dos frequentadores do clube soltou um “opa!”. O jornalista George Patiño conhecia a família Massa, da qual Sylvio era o patriarca. Ele não vendia sapatos, trabalhava em circo ou morava em Milão: o matemático e escritor Sylvio Massa de Campos estava vivo, trabalhara a vida toda na Petrobras, tinha 74 anos e morava logo ali, no Leblon.
— Tem certeza? — perguntou Maurício.
— Trago ele aqui no próximo encontro — prometeu George.
Feito. No dia 6 de novembro, um senhor de cabelos brancos, sorriso fácil e porte altivo entrou no sebo acompanhado de duas filhas e três netos. Emocionado, recebeu das mãos de Maurício o livro perdido. Releu a dedicatória em voz alta, com pausas longas entre uma frase e outra, o que só aumentava o suspense na livraria, entrecortado pelo ruído dos netos inquietos. Depois de ser longamente aplaudido, contou aos novos colegas a história por trás daquela mensagem.
Em 1966, ele fazia mestrado em Matemática em Milão com uma bolsa do governo brasileiro. Lá, conheceu uma italianinha de nome Febea, que tinha concluído os estudos em Literatura em Londres, e acabava de retonar à Itália. Quando ela comentou que conhecia José Lins do Rego e João Cabral de Melo Neto, e que adoraria aprender português para ler Guimarães Rosa, Sylvio se apaixonou na hora: apesar de trabalhar com algoritmos, era na literatura que descansava seus teoremas. Prestes a terminar a pós-graduação, no entanto, logo voltaria ao Brasil. O amor foi construído à distância.
— Nosso namoro durou um ano, 136 cartas, nove livros, dois telegramas e um telefonema — contou Sylvio, para suspiro coletivo da plateia, e espanto das filhas, que não conheciam todos aqueles números. — Naquele tempo, dar um telefonema era uma fortuna. Esta dedicatória escrevi no dia do meu aniversário, já doido por ela. Eu nem sei como perdi o livro, acho que foi numa mudança nos anos 80.
Um ano depois, Febea veio morar no Brasil, e Sylvio montou um apartamento no Méier para ela. Tiveram duas filhas, Isabella e Gabriella — que a essa altura se debulhavam em lágrimas na livraria —, e viveram felizes para sempre. Até que um câncer levou Febea aos 41 anos de idade. Sylvio nunca mais se casou.
— A arte de viver é a arte de acreditar em milagres, disse o poeta italiano Cesare Pavese, e se hoje eu estou aqui é porque ele está certo. Febea foi a pessoa que eu amei mais profundamente em toda a minha vida. E ela está presente aqui, nessas cinco pessoas que fizemos, nossas duas filhas e três netos. Esse é o milagre — declarou Sylvio, lembrando, ao final, uma frase que ouvira do neto quando ele tinha 4 anos, e que levava como mantra de vida: “Vovô, nada é grave.”
Na rotina dos livreiros de sebos, dedicatórias anônimas aparecem com muita frequência. Mais até do que os exemplares usados de “O Xangô de Baker Street”, de Jô Soares, um campeão nacional em rotatividade. Os livros já chegam com cantadas, desculpas, felicitações, despedidas, malfazejos.
— O livro usado traz uma história que muitas vezes é mais interessante do que aquela que ele conta. Aqui na Baratos nós tínhamos uma caixinha para guardar os objetos encontrados dentro das páginas, como cheques, receitas médicas, ingressos de cinema, flores, contas, fotos... Daria uma exposição — comenta Maurício, que também guardou por algum tempo dois livros trocados entre amigos, com dedicatórias irônicas em que tentavam dissuadir o outro das suas convicções políticas (um era de direita; o outro, um anarquista convicto).
Mas acabou vendendo os exemplares. É da natureza da profissão: o livreiro não é um colecionador, mas um comerciante.
— Todo sebo começa do mesmo jeito, quando a pessoa precisa vender os próprios livros. Esta é a diferença de um livreiro para um colecionador. Só o livreiro tem coragem de se desapegar. Ele sabe que os livros que são de verdade voltam. Já encontrei livro que tinha sido meu em acervo que fui comprar. Todo lote sempre está cercado de histórias, seja uma morte, uma herança, uma mudança repentina de casa, de estilo de vida — explica Marcelo Lachter, que começou a vender livros usados há 14 anos e hoje é dono da Gracilianos do Ramo, um sebo virtual.
Mesmo defendendo o caráter comercial do ofício, Marcelo tem um “Nove racconti” para chamar de seu: há seis anos, guarda na gaveta um exemplar de “Recortes”, livro de ensaios de Antonio Candido publicado em 1993, na esperança de devolvê-lo à família do antigo dono. A história teve início em 2006, quando Marcelo recebeu o telefonema de uma moradora da Barra da Tijuca, interessada em se desfazer da biblioteca do marido, morto meses antes. Como era uma coleção especializada em Humanas, área com muita procura, Marcelo arrematou o lote todo. Antes de fechar negócio, no entanto, a viúva fez um pedido: caso ele encontrasse ali perdido um exemplar com uma dedicatória do ex-ministro da Fazenda Pedro Malan ao marido, que devolvesse o título. Ambos tinham sido amigos de infância, perderam o contato e retomaram pouco antes de Malan tornar-se o braço forte de Fernando Henrique Cardoso.
Marcelo encontrou o livro e a dedicatória: “Meu melhor, apesar de distante, amigo. Espero que você goste deste ‘Recortes’, deste gênio literário e excepcional figura humana que é Antonio Candido. Precisamos ler coisas como estas para que não esqueçamos nunca de que há muito mais coisas na vida e no mundo que o nosso trabalho e nossas pequenas procupações cotidianas. Feliz aniversário, um abraço deste amigo e saudoso, Pedro Malan.” Mas perdeu a viúva de vista.
Outra história que aguarda um desfecho parecido é a de Nice Motta, de 46 anos, livreira há dez. Assim como Marcelo, Nice desistiu de uma loja física para se dedicar às vendas pela internet, suporte que salvou da falência milhares de livreiros no país, através do sucesso de sites como o Estante Virtual. Dona da Bola de Gude Livros, um acervo que ocupa 98% do seu apartamento na Vila da Penha, Nice é ainda mais romântica do que os colegas livreiros: ela embarga a voz cada vez que se depara com um fragmento de história perdida nos livros que compra e vende. É mais metódica também. Os objetos encontrados nos livros são reunidos numa caixa que ela guarda como um pequeno museu alheio.
Em meio aos objetos, há fotos, desenhos infantis, ingressos de espetáculos e até um passaporte para o Museu do Holocausto, na Alemanha. Há uma carta bem alegre: “Esta porra foi concebida pelo maior amigo putinho, mas com carinho. Uma beijunda e um abraçaralho deste que te escreve, com muito amor, 27/10/86, Edinho”); e uma muito triste (“À amiga Katia: cursei faculdade e não terminei, namorei cinco anos e não me casei, escrevi um livro e não publiquei. Minha vida segue em frente, sempre pela metade. Wagner, 73.”
Mas a pepita é um livro encontrado por ela em 2007: “O poder do jovem”, best-seller de autoajuda do parapsicólogo Lauro Trevisan. O exemplar tem duas dedicatórias. Uma escrita nas costas da primeira página: “Bruno, eu vi este livro e achei que você ia gostar. É coisa de mãe, fica tentando adivinhar o gosto do filho, eu queria te dar o mundo, mas é melhor você descobrir com a ajuda deste livro o seu mundo inteiro. Estou sempre aqui, filho, conte comigo, sua mãe, beijos, te amo, te amo e te amo, Rio, 15/03/02.”
Seria só uma mensagem emocionada, não houvesse a segunda, na página seguinte: “Rafael, este livro foi o último presente que eu dei para o Bruno, ele não chegou a ler. Como eu sei que ele te adorava, gostaria de dar a você, leia por ele e por você, com carinho, Clara, 15/03/06.”
— É muito emocionante pensar no amor desta mãe, que o filho morreu, e que ela teve o carinho de dividir o amor com o amigo do filho. Eu sou mãe, e sei como é inconcebível pensar na perda de um filho. Se ao menos eu pudesse repará-la em relação à perda do livro... — diz Nice, sonhando com um acaso que a coloque no caminho daquela mãe. — Trabalhar com livros é apaixonante. O livro não é só a história que o autor conta, mas a história que o antigo dono também conta.
No início deste ano, Nice encontrou outro volume de “O poder do jovem”, que ela ainda está pensando se vai para a caixinha ou não. A mensagem na folha de rosto diz o seguinte: “Para o meu querido neto Fábio conservar à sua cabeceira, e enfrentar a caminhada da vida sempre forte! E vencedor! 05/88, vovó Abigail Araújo.” Por enquanto, vai ficar lá.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/ps-eu-te-amo-6826279#ixzz2DNra0Tic


NOTA: Não pude resistir à publicação desse artigo... O sussurro fica aberto para preciosidades , como essa... regina

 

Você vai ver - Miucha


sábado, 17 de novembro de 2012

Outono - ROSA PASSOS



Outono

Rosa Passos

Luz do sol no chão molhado,
acerolas temporãs,
som de vento no telhado,
cores mortas nas manhãs.
Fogem nuvens, passa o rio,
vão-se as cores do verão,
passa um tudo um calafrio
que me aperta o coração.
Tudo um dia vai-se embora
Tudo existe de passagem.
Mais que nunca sinto agora
que sou parte da viagem.


 

Quando o Amor Acontece - João Bosco



Quando o Amor Acontece

João Bosco e Abel Silva

Coração sem perdão, diga, fale por mim
Quem roubou toda a minha alegria
O amor me pegou, me pegou pra valer
É que a dor do querer muda o tempo e a maré
Vendaval sobre o mar azul
Tantas vezes chorei, quase desesperei
E jurei nunca mais seus carinhos
Ninguém tira do amor, ninguém tira, pois é
Nem doutor nem pajé, o que queima e seduz, enlouquece
O veneno da mulher
O amor quando acontece a gente esquece logo que sofreu um dia
Ilusão
O meu coração marcado tinha um nome tatuado que ainda doía
Pulsava só a solidão
O amor quando acontece a gente esquece logo que sofreu um dia
Esquece sim
Quem mandou chegar tão perto se era certo um outro engano coração cigano
Agora eu choro assim
O amor quando acontece a gente esquece logo que sofreu um dia
Esquece sim
Quem mandou chegar tão perto se era certo um outro engano coração cigano
Agora eu choro assim.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Chega De Saudade - Tom Jobim



Não quero mais esse negócio de você longe de mim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Get Yourself Another Fool - Paul McCartney - Live From Capitol Studios 2012 (HD)




  • Goodbye - English
  • Farewell - English (formal)
  • Bye - English (casual)
  • totsiens / tot siens - Afrikaans (standard)
  • tot weersiens - Afrikaans (informal)
  • tot wederom - Afrikaans (informal)
  • wederdom - Afrikaans (informal)
  • koebaai - Afrikaans (informal; derived from English "Good-Bye")
  • ghoebaai - Afrikaans (informal; derived from English "Good-Bye")
  • baai - Afrikaans (informal; derived from English "Bye")
  • arriewarie - Afrikaans (informal; folk etymology from "Au revoir")
  • tatta / tata - Afrikaans (children's language)
  • vaarwel - Afrikaans (formal)
  • elalleqa - Arabic
  • khodaa haafez _ Persian
  • aabar dekha hobey - Bengali
  • Donadagohvi - Cherokee
  • ba bye - Creole
  • Hagoonea' - Navajo
  • Ahoj - Czech
  • Ja ne / じゃね (informal) - Japanese
  • Ja mata ne / じゃまたね (formal) - Japanese
  • Sayonara / さよなら (if you will not see them for a long time) - Japanese
  • Auf Wiedersehen - German
  • Bis dann - German
  • Tschüss - German
  • Ade - German
  • Tschau - German
  • Bis Spater (Bis Schpaater)- German
  • Viszlát! - Hungarian
  • Arrivederci - Italian
  • Addio - Italian
  • Ciao - Italian
  • Buona sera - Italian
  • Adieu - French [add-ee-uh] (farewell) very formal
  • Au Revoir - French (aw reh-VWAH)
  • À bientôt - French (see you later)(ah bee-EN-toe)
  • À demain - French (see you tomorrow)(ah deh-MAN)
  • Hejdå - Swedish
  • Aloha - Hawaiian
  • Le'hitraot - Hebrew
  • Shalom - Hebrew
  • Aavajo - Gujarati
  • Punha Bhetu - Marathi
  • Sampai Jumpa - Indonesian
  • Adios - Spanish
  • Paalam - Filipino
  • Zai Jian - Chinese, Mandarin
  • Zoi Geen (the "g" is pronounced like geek) - Chinese, Cantonese
  • Farvel - Danish
  • Namaste (same as hello) - Hindi (this video shows you how to pronounce namaste)
  • Fir Milenge (see you) - Hindi
  • Alvida (Goodbye, bit formal) - Hindi
  • Ayo - Papiamentu
  • Rub Rakha - Punjabi
  • Feri bhetaula (lit. we'll meet again) - Nepali
  • Do zobaczenia (see you) - Polish
  • Żegnaj - Polish
  • Adeus - Portuguese
  • Tchau - Portuguese
  • Do svidan’ya/До Свидания (until we meet again, formal) - Russian
  • Poka/Пока (pronounced pa-ka, informal) - Russian
  • Do vstrechi/До Встречи (until we meet again) - Russian
  • Selamat jalan - Malay
  • Selamat tinggal - Malay
  • Tot ziens - Dutch
  • Dag - Dutch
  • Doei - Dutch
  • 再见 - Chinese
  • Yasou (YAH-soo) - Greek
  • Hwyl fawr - Welsh
  • Annyeonghi Kyeseyo(if the person you're talking to isn't leaving) - Korean
  • Anyeonghi Gasyeo(if the person you're talking to is leaving) - Korean
  • Näkemiin (See you) - Finnish
  • Hyvästi (Farewell) - Finnish
  • Hasta La Vista (see you later) - Spanish
  • Adios - Spanish
  • Te veo despues - Spanish
  • Vale- Latin (to one person)
  • Valete- Latin (to more than one person)
  • La revedere - Romanian
  • Veloma - Malagasy
  • Sige la - Pangasinan
  • Khuda Hafiz - Urdu
  • zai jian - Chinese
  • Ha det bra - Norwegian
  • Ha det - Norwegian
  • Sees - Norwegian
  • Snakkes - Norwegian
  • Vida parayunnu - Malayalam
  • Ok maams - Tamil (very informal, use with mates only)
  • Poitu Vaarein (Taking leave but will visit again) - Tamil (standard fare)
  • Vaarein (Will come again) - Tamil short for Poitu Vaarein
  • Slan - Irish
  • Aavajo - Gujarati
  • Чао - Macedonian
  • Doviđenja - Croatian (literally means "Until we see again")
  • Bog - Croatian (literally means "God", but can be pronounced “bok,” so it is differentiated from the word "God")
  • Ćao - Croatian (Primarily used in Coastal Croatia, because of it location very close to Italy, where you would say "Ciao" and the pronunciation of Ciao and Ćao are similar, if not the same)
  • Mattae Sigona - Kannada (Used for meet you again sometime)
  • Chao - Serbian/Bulgarian
  • Nawatha hamu wemu - Sinhalese (This means "Catch you later")
  • Subha dawasak - Sinhalese (This means "Have a nice day")
  • Nasvidenje - Slovene (Formal)
  • Adijo - Slovene (Bye)
  • Čav - Slovene (Also čao and is pronounced as Italian ciao)
  • Velli vostanu - Telugu

  • sexta-feira, 12 de outubro de 2012

    Dizendo Adeus



    Esse blog acaba aqui.... A razão principal de sua existência se foi... Aos meus queridos amigos que me acompanharam até aqui, eterna gratidão...

     

     

     



    A gente chora

    Quando o amor se vai

    Quando os sonhos findam

    Quando o coração se parte

    Quando os planos deixam de ser

    Quando a ilusão acaba

    Quando não se encontra felicidade nem constâncias

    Quando se perde as palavras e o orgulho

    Quando só restam as lembranças

    Das mãos, da boca, dos olhos, do futuro desejado.

    Dói, não poder ver o mundo da sua janela...

    Vou ali, deitar e chorar mais um pouquinho....
     

    RS 10/12/12





    Foi AMOR!!!!!





    domingo, 23 de setembro de 2012

    Ô sorte!


     
     
     
     
     
     


    Wilson das Neves

    Instrumentista. Compositor. Cantor. Baterista. Estudou música com Joaquim Naegle e, mais tarde, com Darci Barbosa.
    Conhecido pelo bordão "ô sorte", com o qual é saudado e reconhecido no meio artístico, mas segundo o próprio Wilson a criação deste bordão foi do cantor e compositor Roberto Ribeiro, que assim costumava comprimentar o amigo baterista nas rodas de samba na Escola de Samba Império Serrano.

    sábado, 22 de setembro de 2012

    " SALMO " - MARIA BETHANIA


    "amor é uma coisa, sexo é outra"

    Regina Navarro Lins

     
     
    17.09.2012 | Texto por Nina Lemos Fotos Christian Gaul / Estilo: Helena Luko
     
    Christian Gaul


    A psicanalista Regina Navarro Lins bate na mesma tecla há mais de duas décadas: amor é uma coisa, sexo é outra. Em sua obra mais recente, O livro do amor, declara guerra ao idealismo: “As pessoas precisam parar de acreditar em fidelidade e amor romântico. Dentro de 30 anos, o sexo será mais livre. A bissexualidade é uma tendência”

    Falar de sexo não é problema para Regina Navarro Lins. Carioca de Copacabana, mãe de dois filhos e avó de uma menina, a escritora e psicanalista de 63 anos ganha a vida falando “daquilo”. E fala sem travas, sem tabus, sem moralismo, de um jeito que incomoda muita gente e põe em xeque os sonhos de uma vida amorosa e sexual ideal. E irreal.
    Regina se considera “uma libertária”. Palavras como masturbação, sexo grupal (“são uma tendência”), bissexualidade (“outra tendência”) e orgasmos fingidos (“um absurdo”) saem da sua boca com uma facilidade que justifica os 12 livros que ela publicou. Todos sobre sexo e relacionamentos. Por causa deles, participa de programas de rádio, escreve colunas em jornais, artigos em revistas, blogs, e, este mês, ganha um quadro na terceira temporada de Amor e sexo, apresentado por Fernanda Lima, na Globo. Tornou-se uma espécie de militante da liberdade sexual e amorosa.
    Em sua mais recente obra, O livro do amor, volumes 1 e 2, ela conta como evolui o sentimento desde a Pré-História até os dias de hoje. “Passei cinco anos debruçada sobre esse assunto”, diz. “A gente tem que saber do passado para entender por que as coisas são como são no presente.” Seu objetivo: esclarecer o maior número de pessoas possível. “Elas não percebem que são infelizes porque seguem padrões que não levam a nada, como acreditar que em um casamento é possível a exclusividade.” Regina prefere este termo: “exclusividade”. “Traição não é uma pessoa sentir desejo por outra, isso é natural. Traição é enganar um amigo, um irmão.” A psicanalista também ataca outras frentes carregadas de polêmica. Incentiva, por exemplo, o uso de vibradores (“para que mais mulheres gozem”) e é “absolutamente” contra o cavalheirismo. “Por que um homem tem que pagar a sua conta ou tirar uma cadeira para você sentar? É porque a mulher é um ser frágil e incapaz até de puxar uma cadeira?”
    Essa filosofia de vida é um espelho da sua rotina. Há 11 anos está casada com o escritor Flávio Braga, seu terceiro marido. “Não temos um pacto de exclusividade. As pessoas estranham até coisas bobas na gente”, diz. Exemplo: ela não gosta de cozinhar, seu marido gosta. Ele vai além, cuidando da casa, lavando os pratos... “Tenho amigos intelectualizados que acham isso um absurdo”, conta Regina. “Fico chocada com essas reações.”
    A cama na varandaFalar e escrever sobre relacionamentos foi um caminho natural para Regina. “Sempre gostei do tema”, diz. Filha de uma família de classe média da zona sul carioca, casou aos 23 anos (“não virgem e não na igreja, claro”). Até então, seguia o destino de uma psicóloga comum. Abriu um consultório, fez formação psicanalítica. “Mas percebi que esse não era o meu caminho”, explica. “Precisava falar mais de amor e sexo. Eram assuntos que toda hora surgiam na minha clínica.”
    Em 1992, ela compilou suas posições sobre o tema e lançou A cama na varanda. Um best-seller com mais de 50 mil cópias vendidas. Nele, fez uma previsão que balançou certezas e atiçou a atenção de quem desconfia de que esse negócio de viver a dois é uma luta arriscada e dolorosa por algo quase impossível. Para Regina, num futuro que deverá chegar dentro de 30 anos, viveremos a era do poliamor e de um sexo menos encanado.
    Com essas teses todas no colo, a escritora passou a ser uma das pessoas mais ouvidas do Brasil sobre o tema. “Acho um absurdo que em um país como o nosso não existam mais especialistas que pensem sobre isso”, diz a psicanalista, que cutuca seus colegas de profissão. “Um psicanalista normal fica fechado lá com seus dez pacientes. Assim, fica difícil ter uma visão do mundo.”
    Para ter essa visão, ela usa a internet e conversa regularmente com seus leitores por e-mail e Twitter. Ou em palestras. Ou mesmo na rua. “Ouço as pessoas. Vejo o que está acontecendo e, a partir daí, posso apontar tendências.” Entre elas: o fim do casamento tal qual o conhecemos. “Quem disse que não é possível amar mais de uma pessoa? É sim!”
    Na entrevista, a psicanalista demoliu até mesmo os contos de fadas. “Uma mãe que lê um livro de uma Cinderela da vida está sendo irresponsável com a sua filha.”
    Tpm. Você se considera uma pessoa libertária. Como isso surgiu?Regina. Acho que já nasci libertária. Sou filha de uma família de classe média. Minha mãe sempre foi muito careta. Ela só começou a trabalhar depois que meu pai morreu, em um desastre de avião, quando eu tinha 14 anos. Minha irmã, que é quatro anos mais velha, também é assim, supermoralista. Mas eu tive uma avó maravilhosa, que veio do Líbano com 14 anos e desquitou com quatro filhos pequenos. Isso na década de 30! Imagina o que era isso? Essa avó deve ter me influenciado de alguma maneira. Ela sustentou sozinha os quatro filhos e ainda ajudava o meu avô com dinheiro.
    E quando ficou claro que você era como ela? Aos 8 anos, fui fazer primeira comunhão, porque todas as minhas amigas faziam. Minha mãe não me forçou. Isso é uma coisa que agradeço a ela – minha mãe não tinha essa religião. Agradeço mesmo por não terem me colocado a culpa católica [risos]. Na primeira aula de catecismo, lembro até hoje, vi um livrinho em que tinha uma menina entrando num pote de melado e estava escrito: “Deus tudo sabe e tudo vê”. Nunca mais voltei.
    Você foi adolescente nos conservadores anos 50. Casou virgem? Não. Perdi a virgindade com meu primeiro marido, quando a gente namorava. Antes já tinha tido dois namorados. Não transei com eles porque eles não quiseram! Era uma época em que se gozava nas coxas [risos]. Lembro que para um deles eu falava: “Tira a minha virgindade!”. E ele respondia: “Não, porque se eu tirar a sua virgindade e depois a gente se separar você vai sofrer”. E eu falava: “Pode tirar, não vou sofrer” [risos].
    A vontade de ser psicóloga e trabalhar na área da sexualidade e do amor surgiu de que jeito? Sempre quis fazer psicologia, desde os 15 anos. Por 18 anos, trabalhei como psicanalista comum, tinha consultório, dava aula em universidade e atuei até em uma penitenciária. Até que descobri que grande parte dos problemas das pessoas era ligada a amor e sexo. Daí me senti mal em ficar naquela coisa só de interpretação. Comecei a me especializar nesses dois temas, a dar palestras sobre isso. Sempre quis trabalhar com um grande público. Achava que com quanto mais gente eu falasse, melhor. Em 1992, assinei com a editora Rocco para lançar meu primeiro livro, A cama na varanda. Foi um grande sucesso. Tinha um programa diário de sexo no rádio. Fui indo. Hoje dou palestras pelo Brasil todo. Sinto que tenho muito material e que é absurdo guardar isso só para mim.
    Você está no seu terceiro casamento e prega o amor livre. Como é isso dentro das suas uniões? Primeiro casei com 23 anos e tive minha filha [a advogada Taísa, 37 anos]. Separei depois de cinco anos. Era um casamento normal. A gente não questionava isso. Mas também não tinha pacto de exclusividade. Já sabia que, se eu quisesse transar com alguém, isso seria um direito meu. Nunca pensei diferente. Depois casei outra vez, tive outro filho [o jornalista Deni, 27] e fiquei nove anos sozinha. E fiquei muito bem. Isso é bastante importante. É fundamental que as pessoas saibam que podem ficar bem sozinhas. Que se livrem dessa ideia do amor romântico, essa coisa que diz que você tem que ter um par. A pessoa tem que saber ficar sozinha até para escolher quando quiser se juntar com alguém, e não ficar com o primeiro que aparecer só por medo da solidão.
    Como foi ficar nove anos sem alguém? Foi uma fase meio radical. Não queria casar nem namorar. Queria ficar sozinha. Eu já tinha publicado A cama na varanda e tinha lançado também uma coletânea de minhas colunas no Jornal do Brasil. Aí, escrevi um novo livro chamado Na cabeceira da cama, em que fui bem contundente. Nessa época, achava impossível o tesão continuar em um casamento. Completamente impossível! Hoje, estou mais amena. Acho viável desde que você não tenha um pacto de exclusividade.
    Foi nessa fase radical que você conheceu seu atual marido? Foi. Conheci o Flávio em 1999, quando eu dava palestra, publicava livros e todo o resto. Ele já sabia quem eu era, o que eu pensava. Em 12 anos, não vi nenhum moralismo nele. Não temos pacto de exclusividade. Se ele transar com alguém, não tenho nada a ver com isso. E se eu transar com outra pessoa, ele também não tem nada a ver com isso. Mas estamos sempre juntos, somos superparceiros, trabalhamos juntos [o casal já escreveu livros em parceria, entre eles, Fidelidade obrigatória e outras deslealdades]. E ele é muito delicado, muito respeitador. Jamais me pergunta o que fiz, aonde fui. Nosso casamento é ótimo, inclusive sexualmente. Acho difícil o tesão se manter quando existe controle. A coisa mais comum de ver no casamento é dependência emocional de um e do outro. Quando você sabe que o outro tem pavor de te perder, que ele está ali no seu pé... o tesão fica inviável. Tem que existir um mínimo de insegurança para você ter tesão.
    “É fundamental que as pessoas saibam que podem ficar bem sozinhas. Que se livrem dessa ideia do amor romântico, essa coisa que diz que você tem que ter um par”

    Como é a rotina de vocês? O Flávio gosta muito de cozinhar, eu detesto. Ele lava prato cantando, eu não suporto cuidar da casa. Eu cuido de ir ao banco, chamar o encanador, essas coisas. Mas as pessoas são muito caretas. Outro dia estava ao telefone com um amigo e o Flávio gritou: “O almoço está na mesa”. E meu amigo disse: “Então você é o homem da casa?”. Fiquei chocada! Como uma pessoa intelectualizada fala uma coisa dessas?
    Você acha que existe diferença entre o masculino e o feminino? Tenho horror daquela história de “meu lado masculino, meu lado feminino”. Minha irmã sempre me falava: “Você tem alma masculina”. Essa coisa de masculino e feminino são estereótipos para aprisionar as pessoas. As mulheres têm que ser sensíveis e frágeis. E os homens, corajosos e bravos. Imagina! Isso é tudo criação. Todos nós somos fortes e fracos, ativos e passivos, depende do momento.
    Sexualmente, existe diferença? Claro que não! É tudo cultural. Existem pesquisas no exterior que dizem que as mulheres transam fora do casamento praticamente tanto quanto os homens e que não sentem mais tanta culpa. Eu recebo uma quantidade imensa de mensagens que provam isso. Vejo que as mulheres estão tendo mais relações extraconjugais. Tenho a impressão de que a sexualidade, com o tempo, vai ser mais livre. Você vê as casas de suingue, por exemplo. O número de casais que frequenta casas de suingue é enorme! E pessoas que você nem imagina. Com o meu trabalho, minhas pesquisas, posso apontar tendências.
    E quais são as outras “tendências sexuais”? Sexo grupal, por exemplo. O sexo vai ser mais livre, a bissexualidade também é uma tendência. Acho que ela será predominante daqui a uns 30 ou 40 anos. Porque o patriarcado está se dissolvendo. A tendência é que as pessoas busquem mais objetos de amor entre seus interesses do que entre ser homem e mulher. Outra tendência é o fim do amor romântico.
    Como assim? O amor romântico é aquele que está nas músicas, nos filmes, aquele que diz que você vai encontrar a pessoa certa. A busca por esse tipo de amor está em baixa. Ainda bem! Por quê? Porque esse amor prega a fusão completa, ao mesmo tempo que estamos vivendo um momento em que existe uma busca clara pela individualidade, que não tem nada a ver com o egoísmo, como muitos conservadores acham. A grande viagem do ser humano hoje é para dentro de si mesmo. O amor romântico propõe o oposto dos anseios atuais. Claro que você vai encontrar muitas mulheres que vão largar tudo, trabalho, mestrado, por causa do homem. Mas isso está começando a sair de cena. Vai surgir outro tipo de amor.
    Que tipo? Um amor não calcado na idealização. Acho que você vai poder se relacionar com mais de uma pessoa. E, ao sair de cena, o amor romântico está levando com ele a sua principal característica: a exclusividade.
    Traição ainda é um grande tabu? É. E fidelidade para mim não tem nada a ver com sexualidade. A palavra traição é muito inadequada para definir uma relação sexual com outra pessoa. Traição é uma coisa muito séria. É você trair um amigo, um irmão. As pessoas falam muito a palavra traição por hábito. Prefiro chamar de exclusividade. O que as pessoas precisam é parar de fazer um pacto que não vão cumprir. Com o amor romântico saindo de cena, ele leva junto a exclusividade. Acredito que cada vez mais as pessoas vão optar por não se fechar em uma relação e preferir relações múltiplas. Porque essa coisa de você amar duas pessoas, três, isso acontece o tempo todo. Eu atendo pessoas nessa situação e elas sofrem muito por isso. Acho que existem muitas chances de esse poliamor predominar. Porque amor é uma construção social. As pessoas pensam que o amor é só o amor romântico, mas não é nada disso. Quando eu critico o amor romântico, tem gente que acha que sou contra o amor.
    Mesmo depois da contracultura e do feminismo ainda tememos coisas como a traição. Você acha que seguimos muito caretas? Não acho. No meu O livro do amor descobri que há 5 mil anos, quando o sistema patriarcal se instalou, a mulher foi aprisionada. Na Idade Média, houve concílio para decidir se mulher tinha alma ou não. Até o século 19, ainda se discutia o tamanho da vara com que os homens podiam espancar a mulher. Por isso que eu acho engraçado, sabe? Uma vez me ligaram de uma revista semanal dessas e me perguntaram: “Você é feminista?”. Respondi horrorizada: “Claro, por quê? Você não é?” [risos]. Acho que não ser feminista é concordar com todos esses
    absurdos. As pessoas não entendem isso porque são ignorantes. Mas com tanta opressão, olha, acho que estamos até bem.
    A religião é um outro problema para a sexualidade? Nossa! E como! O que houve de culpabilização do desejo sexual na Igreja durante todo esse tempo! Tanto moralismo... A Igreja fez barbaridades, como por exemplo apoiar a caça às bruxas. Esse foi um período terrível de violência contra a mulher, em que aconteceram atrocidades das mais horríveis. É importante conhecer o passado para a gente entender o presente. A Igreja usava uma coisa chamada danação eterna para assustar as pessoas. Imagina isso! A repressão era tanta que muita gente fugia para o deserto do Egito para se mortificar, para tirar os pensamentos da cabeça e fugir dessa “danação eterna”. Essa ideia foi de profissional, né? [Risos] Imagina, danação eterna! A nossa história é um hospício. É inacreditável!
    “Sexo grupal é uma tendência, a bissexualidade também. Acho que ela será predominante daqui a uns 30 ou 40 anos”

    Em um dos seus livros, você diz que é contra o cavalheirismo. Por quê? O conceito de cavalheirismo não serve para nada, né? O que é cavalheirismo? Que vergonha! Gentileza, sim. O homem tem que ser gentil com a mulher, a mulher com o homem. Cavalheirismo implica que a mulher é incompetente para puxar uma cadeira? Ela malha, segura 10 quilos, mas não consegue puxar uma cadeira ou abrir uma porta? Cavalheirismo é um horror! Precisamos pensar sobre isso, gente! A mulher deve dividir a conta do motel com o homem? Outro dia joguei essa questão para uma amiga. E ela: “Ah, divido restaurante, cinema, mas motel não”. E eu pergunto: “Motel não por quê?”. É como se a mulher quisesse os benefícios da emancipação, mas não quisesse os ônus! Então, depois não reclama que ganha menos.
    O que você acha desses guias de autoajuda com regras para “conquistar” um homem? Acho um absurdo! As mulheres foram condicionadas a acreditar que são frágeis, que precisam de um homem para cuidar delas. Quando você chega à idade adulta, foi tão condicionada que não sabe mais se faz as coisas porque deseja ou porque te educaram para isso. Por exemplo, uma mulher vai a uma festa, está aos amassos com um cara. Ele a chama para fazer sexo e ela diz: “Não tenho vontade, não faço sexo no primeiro encontro!”. Até parece! Isso é para agradar o homem, porque se criou essa ideia de que homem não gosta de mulher que é fácil! Então, ela tem medo de que os caras não liguem no dia seguinte. Muitas mulheres ainda acreditam em príncipe encantado.
    E essa ideia de príncipe, dos contos de fadas? Essas histórias tipo Cinderela e Branca de Neve não deviam ser lidas para as crianças. Elas incentivam as mulheres a ser o quê? O que você quer para a sua filha? Passar uma imagem subliminar de que ela só vai ser salva se aparecer um homem? O que diz a história da Cinderela? Que o pé tem que caber naquele sapatinho! Ou seja, que a mulher tem que ajustar a sua imagem aos padrões masculinos. Os contos de fadas são muito nocivos. As mães não sabem. Não pararam para pensar. Espero que menos gente conte essas histórias para seus filhos.
    Você já contou para seus filhos? Contei porque era ignorante. Mas para a minha neta, de jeito nenhum!
    O casamento tende a acabar? Não consigo acreditar que quem está nascendo agora vai ter, daqui a 30 ou 40 anos, casamentos do jeito que eles são hoje. Li uma pesquisa que diz que 80% dos casamentos são infelizes. Bom, infelizes no sentido de uma convivência boa, de bom relacionamento sexual, de acrescentar coisas para a pessoa. Esse modelo de casamento que está aí é um horror.
    “Fidelidade não tem nada a ver com sexualidade. A palavra traição é muito inadequada para definir uma relação sexual com outra pessoa. Traição é você trair um amigo, um irmão. Prefiro chamar de exclusividade”

    Por quê? As pessoas precisam reformular as expectativas a respeito da vida a dois. Como todo mundo casa regido pelo amor romântico, a pessoa acha que vai ser aquilo, que o outro vai cuidar de todas as suas necessidades, e por aí vai. Mas isso não é real! As pessoas têm que ter vida própria, têm que ter liberdade de ir e vir, amigos separados, não pode haver controle da vida do outro, controle da sexualidade do outro. A exigência de exclusividade é uma obsessão.
    Uma insegurança. Sim. As pessoas são muito inseguras. Nós nascemos do útero. No útero temos todas as nossas necessidades garantidas, mas, quando saídos de lá, somos tomados por um sentimento de desamparo. A nossa cultura prega o tempo todo que você tem que encontrar alguém que te complete.
    As pessoas passam a vida inteira procurando alguém que vá dar aquela sensação que você tinha no útero. O amor romântico se presta a isso. A criança pequena também é assim: ela sem a mãe por perto morre. Por isso, as crianças são ciumentas, possessivas. Quando meus filhos eram pequenos percebia isso.
    Se você está muito tempo no telefone, a criança dá um jeito de machucar o pé, de cair, de fazer qualquer coisa para chamar sua atenção [risos]. O adulto é capaz de lidar com seus problemas cotidianos razoavelmente bem. Ele resolve tudo, uma briga com o síndico, uma briga no trabalho. Mas é entrar em um relacionamento e mudar. Ele se torna ciumento, possessivo, controlador. Ele reedita o que fazia quando era criança.
    Que conselho você dá para as mulheres que vivem com medo de perder a “exclusividade”? Ninguém deveria se preocupar com quem o parceiro ou a parceira transou. Dentro de um relacionamento, você só tem que responder a duas perguntas: “Me sinto amada? Me sinto desejada?”. Se a resposta para essas duas perguntas for “sim”, tudo bem. Agora, ficar se perguntando o que o seu parceiro faz quando não está com você? Ora, isso não é da sua conta!
    Mas muitos jovens ainda acreditam naquele modelo da “família margarina”, não é? Muitos acreditam mesmo. E isso vem dos anos 50. A década de 50 era uma década de modelos. Se você saísse deles, ficava marcado. Tenho uma amiga que, quando separou, nunca mais foi convidada para as festas do prédio. Isso nos anos 80. Porque são modelos: “Você tem que ser casado, ter dois filhos, uma geladeira, uma televisão de não sei quantas polegadas”. Acho anacrônico quem fala hoje: “Ah, porque a sociedade não aceita isso”. Gente, a sociedade somos nós! Mas o mais importante disso tudo é: não estou propondo outro modelo. Estou propondo que não haja modelo. Se alguém quiser ficar casado 30 anos com uma pessoa e só fazer sexo com essa pessoa, tudo bem. Se quiser ficar casado com quatro, tudo bem também. O importante é não ter modelos. Os modelos aniquilam as singularidades.
    Você disse em uma entrevista que usava vibrador muitas vezes quando fazia sexo com seu marido. Isso ainda choca as pessoas? Essa questão de vibrador tem muito tabu também. O sexo ainda é visto como algo sujo. Mas há 2 mil anos era pior. Era visto como uma coisa tão terrível que acho até um milagre que as pessoas conseguissem ter orgasmo. Era tanta repressão acumulada que cada orgasmo é quase um milagre e um sucesso [risos]. Outro dia estava conversando com uma psicanalista e falei de vibrador. Sabe o que ela me disse: “Eu não, não preciso desses brinquedinhos”. Virei para ela e falei: “Escuta, não é precisar de brinquedinho, é uma coisa concreta. Se você estimula duas zonas erógenas ao mesmo tempo, isso tem um efeito. Se o cara está te penetrando e você usa um vibrador no clitóris, vai ter um orgasmo melhor!”. E não tem dedinho que substitua um vibrador. Agora, não só as mulheres, mas os homens também têm problema com isso. Eles competem com o vibrador. Acham que, se a mulher usa, é porque ele não está dando conta. As mulheres em geral usam sozinhas, para masturbação, mas não com o parceiro.
    Por que os homens temem a concorrência do vibrador? Na verdade, os homens são muito inseguros. São dependentes das mulheres como crianças. E isso é culpa do sistema patriarcal. O menino aprendeu a se defender da mãe muito cedo. Imagine a seguinte cena: um menino e uma menina estão brincando no play. Se a menina cai e rala o joelho, começa a gritar, pede o colo da mãe, que faz chamego na filha, fala que ela é meiga. O menino tem que engolir o choro, coitado. O menino passa o tempo todo negando a necessidade da mãe, e por isso começa a desvalorizar a mulher. Mais tarde, quando entra em uma relação amorosa, fica frágil. E a mulher acaba cuidando dele. Tem casos de homens que têm empresas de 10 mil empregados e não conseguem decidir a roupa! É uma loucura! Muitos são extremamente dependentes! O sistema patriarcal foi o maior inimigo dos relacionamentos. Colocou a mulher e o homem, cada um de um lado, e criou uma guerra dos sexos.
    Essa guerra dos sexos cria que tipo de desencontro na cama? O homem vai pro sexo, inconscientemente, para provar que é macho. Então, tem que ficar de pau duro e ejacular. As preliminares ficam pra lá. Para estar no ponto, a mulher precisa de cinco vezes mais sangue irrigando os órgãos sexuais do que o homem. E também de mais tempo para ter um orgasmo. Já o cara, ele quer gozar logo para não perder a ereção. E fica naquele movimento igual, de ir pra frente e pra trás, que faz com que a mulher tenha cistite, mas não tenha orgasmo [risos]. Agora, a mulher aprendeu que tem que corresponder à expectativa feminina. E aí, ela finge orgasmo.
    Você já afirmou que a última vez que fingiu um orgasmo foi com 20 anos... Sim! Eu não faço isso e ninguém devia fazer. É um absurdo! Se uma mulher fingir um orgasmo, vai ser muito difícil ela ter um. E por que ela está fazendo isso? Só para agradar o homem! Para o cara não trocar ela por outra, para segurar o homem.
    Como foi educar dois filhos, um menino e uma menina, tendo esse pensamento libertário? Sempre denunciei para os meus filhos o moralismo. Nessa área do amor e do sexo, busquei mostrar para eles o que havia de preconceito. Lembro que uma vez fui botar meu filho para dormir e ele estava vendo um seriado em que tinha um padre que se torturava, sofria por causa do seu desejo sexual. E falei para ele: “Meu filho, isso não pode ser assim, sexo não é algo ruim, é uma coisa boa”. Sempre expliquei tudo. E meus filhos sempre dormiram com namorado em casa. Às vezes chegam pais com essa questão pra mim e falam: “Ah, porque é muito complicado...”. E eu falo: “Não é, não”.
    Você acha que as coisas estão melhorando? Sim! Muito! A minha filha, por exemplo, teve um filho de produção independente. Ela tinha 20 anos e um namoradinho de 17. E foi maravilhoso. Assisti ao parto da minha filha e, imagina, ela nunca foi discriminada por ninguém por causa disso. Na minha geração, as mulheres eram muito discriminadas nessa situação. Aconselho homens e mulheres a questionar tudo isso e jogar o moralismo no lixo. Isso se quiserem viver melhor. Mas para isso é preciso uma coisa muito difícil: ter coragem.

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    Aos 3 anos, na rede do sítio da família, em Miguel Pereira (RJ)