a sua ausência me estilhaça, me rasga como um raio rasga os céus em noites tempestivas...
e fico assim, como fera enjaulada em pleno cio, sem ter como fugir, como escapar, cercada pelo nada e pelo silêncio, onde só escuto os gemidos da minha fome engolida, porém não saciada.
Despi-me de todos os meus receios, dos meus medos, dos meus pudores, e por três longas noites esperei por você na minha nudez envergonhada e trêmula;
(eu nua de todos meus outros eus, eu nua de máscaras, eu apenas eu, em todas aquelas horas).
enquanto esperava vislumbrei outros vultos, senti-os debaixo das unhas, mas não fui de nenhum...
(que outro olhar não quero. que outra boca meus lábios não beijam. que outro peso meu corpo não sustenta).
o nome que me cala é o seu. é você a sede que me abrasa. é seu o sabor da minha saliva, o gosto que sinto na minha língua.
por três solitárias noites supliquei-lhe em silêncio:
vem! toca-me/ lambe-me/ desgoverna os meus rumos/ desvenda os meus segredos/ despe-me desta casca casulo em que me guardo/ consome tudo o que há em mim para consumir...
mas você não veio e eu continuei deserta.
por três frias noites eu queimei até que virei cinzas.
(e ainda assim restou mais e mais de mim a arder).
e agora
quem irá me soprar?
quem irá me espalhar?
(imagem Pino Daeni)
(eu nua de todos meus outros eus, eu nua de máscaras, eu apenas eu, em todas aquelas horas).
enquanto esperava vislumbrei outros vultos, senti-os debaixo das unhas, mas não fui de nenhum...
(que outro olhar não quero. que outra boca meus lábios não beijam. que outro peso meu corpo não sustenta).
o nome que me cala é o seu. é você a sede que me abrasa. é seu o sabor da minha saliva, o gosto que sinto na minha língua.
por três solitárias noites supliquei-lhe em silêncio:
vem! toca-me/ lambe-me/ desgoverna os meus rumos/ desvenda os meus segredos/ despe-me desta casca casulo em que me guardo/ consome tudo o que há em mim para consumir...
mas você não veio e eu continuei deserta.
por três frias noites eu queimei até que virei cinzas.
(e ainda assim restou mais e mais de mim a arder).
e agora
quem irá me soprar?
quem irá me espalhar?
(imagem Pino Daeni)
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