Então, confesso. Quero. Quero não precisar dizer mais nada e já saber-me narrativa tua. Quero não precisar tecer histórias, mas já sabê-las em seus olhos, como se o amar pudesse ser de trás pra frente e soubéssemos todos os finais e nos bastasse desconhecer o início.
Quero tuas mãos grandes, teus olhos famintos, teu desejo tão novo e direto. Quero naufrágios. Quero os sonhos antigos, as palavras novas, as madrugadas se fazendo anseio.
Quero encontros. Quero os abismos e também as pontes. Quero rir pro tempo. Pra você. Da gente. Quero o leve. Quero as certezas absurdas e os medos triviais. Quero que chegues e eu já não possa respirar. Quero que me tire o fôlego, pode ser? Quero adivinhar teu cheiro, encaixar-me em teus anseios. Quero que o que eu não te digo seja como um grito, agora: gosto de ti.
Quero o ímpeto e quero o descanso. Quero rotinas. Dias se fazendo encanto. Encostar no teu peito. Quero saber. De ti, do ontem, da vida. Quero marcas. Quero ter pressa, antecipar os futuros, precipitar todos os tempos que não vivemos. Quero minha pele desenhada com teus projetos.
Quero, em delicada urgência, ignorar o que não sabemos, não dissemos, não tivemos. Quero o depois, mas quero agora. Porque eu já sei onde me encontro: no teu abraço que desconheço. Confesso: quero tudo, eu não conheço amanhãs.
Luciana Nepomuceno em http://borboletasnosolhos.blogspot.com/
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