"Vão as velas côncavas/ sobre o mar aberto/ vão levando o amor/ ao destino certo".
H. Dobal
AMOR I
No áspero cálculo da paisagem:
a tarde
o domingo.
O verão:
a cidade ereta
no planalto seco.
A cidade masculina.
A cidade armada de ângulos
de concreto. Sua couraça
de vidro, sua indiferença
de mármore.
Seu amor:
o apressado atrito dos sexos.
De Os Signos e as Siglas (1987)
AMOR II
Na calma da tarde
vem um pensamento.
Partir para sempre.
Só. No adeus do vento.
Vão as velas côncavas
sobre o mar aberto
vão levando o amor
ao destino certo.
Turva calmaria
afunda o verão.
Naufragado amor.
O amor é somente
uma dessas cousas
que vêm e que vão.
De Ephemera (1995)
MULHER
A brisa e a luz cantarão nos teus cabelos.
A luz que acende a cor:
a saudade no sol nas dunas do teu corpo.
A brisa sobre as águas: o fogo no sangue,
os árdegos cavalos que a manhã dispara.
A tarde do fauno:
a doçura da pele sob o tremor dos dedos.
À noite a luz crescente
sonha o amor nas tuas areias.
De Ephemera (1995)
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